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8286 Análise Do Conforto Quanto A Vibração em Automveis de Passeio PDF
8286 Análise Do Conforto Quanto A Vibração em Automveis de Passeio PDF
de passeio
Francisco Kaderli1
Herbert Martins Gomes2
Resumo
Abstract
The use of automobiles is currently growing. So, it is extremely important that these
vehicles propitiate well-being to the drivers and passengers. This article aims to
determine the degree of the driver’s comfort in relation to vibration transmitted by
a vehicle by measurements performed on four vehicles of same category available
in Brazil. The evaluation was performed under different pavement type conditions,
vehicle speed and vibration measurement location. Also, for the situation of
professional drivers, it is evaluated the daily exposure to vibration A(8) for different
work situations, which is compared to the exposure limits defined by current
standards. According to comfort analysis, it is verified, in a general average, that
one of the vehicles presented more comfortable than others. In terms of human
exposure to vibration, it is clear that for certain conditions, vibrations may exceed
the exposure limits defined by official standard.
1 Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. Gerente da Kaderli Motor
Peças Ltda. E-mail: kikokaderli@gmail.com
2 Doutor em Engenharia Mecânica pela UFRGS e professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFRGS, Porto Alegre, RS,
Brasil. E-mail: herbert@mecanica.ufrgs.br
Artigo recebido em 11/03/2011 e aceito em 27/06/2011.
KADERLI, F., GOMES, H. M.
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10
-10
-20
-30
Ponderação, dB
-40
-50
-60
-70
-80
-90
0,016 0,0315 0,063 0,125 0,25 0,5 1 2 4 8 16 31,5 63 125 250
Frequência Hz
WK
Wd
Fonte: ISO 2631-1 (1997).
fator de ponderação. Devido ao fato da me- em m/s2. Além disso, são utilizados fatores de
dição da vibração ser realizada, seguindo um multiplicação ki, os quais têm como objetivo
sistema de coordenadas tri-axial, deve ser ob- atribuir pesos para os diferentes eixos de co-
tido, para cada um dos eixos x, y e z, um valor ordenadas, de acordo com a medição realiza-
de aceleração rms, ponderada pela frequên- da. Fato que se justifica, pois segundo Griffin
cia, representados por awx, awy e awz, dados (1990), a vibração, em diferentes frequências
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ou em diferentes eixos, pode produzir diferen- total av, em m/s2, conforme a equação (3).
______________________
tes sensações, em diferentes partes do corpo. av = √kx2 awx2 +ky2 awy2 + kz2 awz2 (3)
Ainda, vale citar que, pela grande quantidade
de dados experimentais na direção z, utiliza- onde kx, ky e kz são os fatores de multiplicação
se um fator de ponderação de 1,0 para os ca- aplicados a seus respectivos eixos.
sos de análise de saúde. Para outras direções, Ainda, para casos onde a exposição à vi-
por falta de dados experimentais e informa- bração consiste em dois ou mais períodos de
ções, utiliza-se o fator 1,4 por questões de exposição para diferentes durações e magni-
segurança (ISO 2631-1, 1997 e ISO 5349-1, tudes de vibração, calcula-se a vibração total
2001). No quadro 1, podem-se visualizar as equivalente av,e correspondente à duração total
diferentes curvas de ponderação e fatores de de exposição, de acordo com a equação (4):
multiplicação empregados nas medições e têm
∑ avi2.Ti ½
como referência as normas ISO 2631-1 (1997)
e ISO 5349-1 (2001).
[
av,e = _______
∑Ti ] (4)
Observa-se ainda que esses fatores de onde avi é a vibração total para a duração da
multiplicação em questão podem ser empre- exposição Ti.
gados para diferentes situações. Dependendo Como observado na equação (3), as
se a avaliação da exposição humana à vibração vibrações transmitidas ao corpo humano de-
está vinculada ao conforto ou à saúde, ou ain- vem ser medidas em três direções, tanto para
da, ao diferente local de medição, onde os fa- medições de vibrações referentes ao corpo
tores de multiplicação devem ser observados. inteiro, quanto para o sistema mão-braço, de
Com esses valores, por meio da soma acordo com um sistema de coordenadas orto-
dos quadrados da aceleração de cada compo- gonal. Na figura 2, pode-se visualizar o sistema
nente multiplicados pelo quadrado do fator de de coordenadas adotado de acordo com as
multiplicação específico, obtém-se a vibração duas normas utilizadas. Cabe frisar que ambas
Figura 2 - Sistema de coordenadas basicêntrico adotado para vibração (a) mão-braço e (b) corpo inteiro
Encosto
Assento
Sistema de coordenadas
basicêntrico Pés
(a) (b)
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Figura 3 – Limites para fadiga, saúde e conforto versus frequência para o eixo z (m/s²)
20 m/s
2
16
12,5
10
8,0
6,3
5,0
4,0
3,15
2,5
Aceleração ax, aj (rms)
2,0
1,6
1,25
1,0
0,8
0,63
0,5
0,4
0,315
0,25
Para obter:
0,20 -limites de exposição: multiplicar os valores
0,16 de aceleração por 2 (2dB maior)
0,125 -nivel de conforto reduzido: dividir acelera-
ção por 3,15 (10dB menor)
0,1
0,016 0,4 0,5 0,63 0,88 1,0 1,25 1,6 2,0 2,5 3,15 4,0 5,0 6,3 8,0 10 12,6 16 20 25 31,5 40 50 63 80
Frequência ou banda de frequência de 1/3 de oitava, HZ
Porém, opta-se em utilizar os valores 0,315 m/s2 a 0,63 m/s2 Levemente confortável
de aceleração rms ponderados pela frequên- 0,5 m/s2 a 1,0 m/s2 Levemente confortável
cia nos três eixos de coordenadas obtidos por 1,25 m/s2 a 2,5 m/s2 Desconfortável
meio das equações (2) e (3) com diferentes Maior do que 2,5 m/s 2
Extremamente desconfortavel
curvas de ponderação e fatores multiplicado-
Fonte: ISO-2631-1 (1997).
res visualizados no quadro 1, obtendo assim,
um valor único para fins de comparação, se- 2.1.3 Metodologia de avaliação da saúde
guindo a recomendação da mesma norma de quanto à vibração
1997. A norma ISO 2631-1 (1997) fornece os
seguintes valores de aceleração rms pondera- A única norma, atualmente vigente no
das pela frequência como uma indicação das Brasil, para fins de avaliação da saúde, quan-
reações com relação ao conforto. to à vibração, é a Norma Regulamentadora
A referida norma para o sistema mão- No 15 (NR 15). Em seu Anexo no 8, há a indi-
braço não quantifica, em qualquer momento, cação que todos seus limites de exposição à
valores para análise de conforto. Assim, o pre- vibração são definidos pelas normas ISO 2631
sente trabalho utiliza as mesmas metodologias e ISO 5349.
presentes na norma do corpo inteiro, para veri- Assim, além da análise e avaliação do
ficar o conforto dos automóveis, apenas como conforto, o presente artigo tem como objetivo
critério de comparação entre os mesmos e não avaliar a exposição humana à vibração, verifi-
para avaliar o nível de conforto transmitido ao cando se essas podem ser fontes de possíveis
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danos à saúde do motorista. Para avaliação, está ou não sendo prejudicial à saúde, há va-
deve-se levar em consideração a duração diária lores limites para exposição diária à vibração
de exposição T, em h, o tempo total em que o A(8). Um desses limites pode ser denominado
indivíduo fica exposto à determinada situação como VAE (valor de ação de exposição diária -
durante um dia. A exposição diária à vibração exposure action value) no qual, para valo-
A(8), em m/s2, é baseada na __ equação (5) res acima desse limite, há a necessidade de
A(8)= av.e
T
T0
(5) √ medidas que visem à diminuição ou à elimi-
nação dessa exposição, porém sem um grau
onde: de preocupação muito elevado. O outro li-
- av,e é a vibração total, equivalente em m/s2, mite é VLE (valor limite de exposição diária –
dada pela equação (4), sendo que, para casos exposure limit value), sendo que, para valores
onde haja apenas um período de exposição; acima desse limite, há a necessidade de me-
- av,e pode ser substituído por av, definido como didas imediatas para sua diminuição, pois há
a aceleração ponderada, combinada nos três potencial risco à saúde. Na figura 4, verificam-
eixos, dada pela equação (3); se os limites de aceleração ponderada em
- T0 é uma duração de referência de 8 horas. função do tempo de exposição adotados pela
Esse tempo de referência T0 é adotado a norma ISO 2631-1 (1997).
fim de facilitar comparações entre exposições A norma possui a opção de utilizar duas
diárias à vibração de diferentes durações. equações (indicadas pela Norma ISO como
A exposição diária à vibração A(8) pode equação B.1 e equação B.2 na figura 4), para
ser entendida como um valor total da acele- obter esses limites, verificados por dois tipos
ração (vibração) ponderado pela frequência, de marcações no gráfico. Porém, neste artigo,
equivalente a 8 horas de exposição diária. utiliza-se a equação, onde os limites de expo-
Para poder avaliar se o nível de vibração sição resultem em valores menores, em função
Figura 4 – Limites de tempo de exposição diária em função da aceleração ponderada pela frequência para o corpo inteiro
10
6,3
equação (B.1)
4
2,5
Aceleração ponderada, m/s2
0,63
0,4
0,315
0,25
10 dB
0,16
0,1
10 min 0,5 1 2 4 8 24
Duração da exposição , h
Fonte: ISO 2631-1 (1997).
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Figura 7 – (a) Vista do seatpad e (b) Corte com dimensões (mm) de acordo com a SAE
Z
X
Y direções de aceleração
3 cavas para tiras
(a) (b)
Fonte: Griffin (1990).
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fície vibrante, tanto para a região do encosto dições. Na superfície do assento, o seatpad foi
quanto para região do assento. Cada medição posicionado abaixo do cóccix. Para a vibração
foi realizada isoladamente, tendo um tempo nas costas transmitida pelo encosto, na área
de duração de aproximadamente 60 segundos de apoio principal das costas com o banco. Há
em cada condição de velocidade de tráfego e a necessidade de que ambos os transdutores
tipo da pista. Este tempo de 60s foi estabele- estejam em um alinhamento com relação aos
cido como valor suficiente para caracterizar as eixos determinados na norma, apesar da mes-
vibrações nas faixas de frequência medidas. ma permitir uma tolerância angular de até 15o.
A importância do correto posicionamen- A figura 8 apresenta os locais de acoplamento
to dos transdutores, em concordância com a dos transdutores, juntamente com o sistema
norma utilizada, foi observado durante as me- de coordenadas adotado.
Figura 8 – Acoplamento dos respectivos transdutores no volante, assento e encosto juntamente com o sistema de
coordenadas adotado
Dois tipos de pavimentação foram es- As medidas das vibrações nos quatro
colhidos para realização dos testes: pavimen- veículos foram realizadas durante 60s, nas
tação de asfalto e de paralelepípedos. A pavi- seguintes faixas de velocidade constante:
mentação de asfalto, onde os testes foram rea- 0 km/h, 30 km/h e 60 km/h, marcadas no ve-
lizados, localiza-se na avenida A. J. Renner em locímetro de cada veículo em ambos os pavi-
Porto Alegre, que tem como característica ser mentos. Essas faixas de velocidade foram es-
uma superfície de rolamento lisa, porém com colhidas, pois são comumente desenvolvidas
algumas irregularidades, decorrentes do des- em meios urbanos. A medida da vibração com
gaste excessivo e falta de manutenção, cenário o veículo parado (0 km/h) tem como objeti-
muito comum nas vias do Brasil. vo simular os frequentes congestionamentos e
A pavimentação de paralelepípedos, lo- paradas em sinais de trânsito, característico de
calizada na rua José Pedro Boéssio, na mes- cidades com elevada densidade populacional
ma cidade, apresenta uma superfície com e alto número de veículos. As vibrações cap-
constantes interrupções, devido as pequenas tadas são decorrentes do funcionamento do
dimensões de cada paralelepípedo e pelo motor em marcha lenta e dos demais compo-
fato da via possuir um alto número de juntas/ nentes do automóvel. O trabalho limita-se a
remendos, tornando a superfície rica em irre- utilizar três valores de velocidade, devido ao
gularidades. A figura 9 indica os dois tipos de grande número de medições realizadas em di-
pavimentos, onde os testes foram realizados. ferentes condições e locais.
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(a) (b)
Fonte: Os autores (2010).
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No gráfico apresentado na figura 12, vi- dios), onde cada cor de barra representa um
sualiza-se a aceleração verificada em cada lo- veículo específico (Gol, Sandero, Fiesta e Palio,
cal de medição e veículo, considerando que o respectivamente da esquerda para a direita).
mesmo esteja parado, sem qualquer desloca- Além disso, as barras da extremidade direita
mento, apenas com o funcionamento do seu fornecem a média das acelerações de todos os
motor em marcha lenta e demais componen- locais de medição para cada automóvel. Ob-
tes. Esta análise tem como principal objetivo servando os valores apresentados na figura 12
avaliar o conforto dos automóveis, simulando e comparando-os com a escala de desconfor-
as frequentes paradas em congestionamentos to do quadro 2, todos os automóveis podem
comuns em meios urbanos. ser considerados confortáveis nessa situação,
O gráfico da figura 12 é dividido por li- de acordo com a norma ISO 2631-1 (1997).
nhas verticais finas que separam o local de me- Percebe-se que em vibrações no volante
dição (volante, assento, encosto e valores mé- e no assento, o Volkswagen Gol apresenta va-
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lores de aceleração menores, podendo-se atri- lhante à análise anterior. É de se esperar que
buir um nível de conforto mais elevado para o nível de vibração no pavimento de paralele-
a dada condição. Ainda, de um modo geral, pípedos deve ser maior que o de asfalto. Fato
apresentou níveis de vibração inferiores que que se comprova, ao visualizar a figura 13,
os demais automóveis e tem uma aceleração pois a média total de todos os locais de medi-
média decorrente dos três locais de medi- ção e de todos os automóveis foi superior no
ção no valor de 0,0667 m/s², uma diferença pavimento em questão. A diferença média em
de 92,6 % em comparação com o Fiat Palio, relação ao tipo de pavimento ficou em torno
o pior colocado. de 85,9 %, levando em consideração as medi-
A figura 13, a seguir, apresenta as mé- das realizadas em todos os automóveis.
dias de aceleração de todos os locais de medi-
ção e velocidade com relação aos pavimentos, 4.2 Da avaliação da vibração quanto à saú-
em função de cada veículo, numa tentativa de de
comparar, de forma global, o desempenho de
cada um deles. Como nas figuras anteriormen- Analisando os dados referentes ao con-
te citados, os automóveis são representados forto e comparando-os com os valores de ace-
pela legenda, respectivamente da esquerda leração da escala de desconforto da norma
para a direita, os carros: Gol, Sandero, Fiesta ISO-2631-1 (1997), observados no quadro 2,
e Palio. As barras, localizadas na extremida- várias situações apresentaram dados que, de
de esquerda, representam a média aritméti- acordo com a norma, podem ser interpretados
ca de todas as medições realizadas no pavi- como valores de aceleração extremamente
mento de asfalto, onde cada barra representa desconfortáveis. Verifica-se a necessidade de
a média de cada veículo. Na região central, uma análise de exposição humana à vibração
encontra-se a média realizada no paralelepí- com foco na saúde, especialmente de moto-
pedo e na extremidade direita, a média total ristas profissionais, a fim de avaliar se os pre-
de aceleração, englobando todas as medi- sentes valores de aceleração podem ser pre-
ções realizadas em cada automóvel. judiciais à saúde do homem com o uso dos
Figura 13 – Médias totais das acelerações rms em relação referidos automóveis.
aos pavimentos De posse do quadro 1, utilizam-se ago-
ra as curvas de ponderação e fatores mul-
tiplicadores referentes à saúde, de acordo
com a norma ISO. Por meio da equação (3),
calcula-se novamente a aceleração rms pon-
derada pela frequência ou vibração total e,
em seguida, calcula-se a vibração total equi-
valente, dado pela equação (4). Levando em
consideração que um motorista profissional
está exposto a diferentes magnitudes de vi-
bração e tempos de exposição durante sua
jornada de trabalho, simulou-se uma jorna-
Fonte: Os autores (2010).
da de trabalho de 8 horas, por meio de di-
Visualizando a média geral, nota-se que, ferentes rotinas, englobando as diferentes
apesar do Ford Fiesta apresentar resultados combinações de velocidades e pavimentos
favoráveis na superfície de rolamento lisa, o contidas no presente trabalho. No quadro 5,
Volkswagen Gol apresentou um melhor nível pode-se verificar as três rotinas de trabalho
de conforto, quando referido a todas as medi- propostas a um motorista profissional.
ções. Ainda, destaca-se o Fiat Palio, o qual ob- Nota-se no quadro 5 que cada rotina
teve valores de aceleração mais elevados em apresenta uma característica diferente. A roti-
ambos os pavimentos, comportamento seme- na A apresenta uma maior utilização dos auto-
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uma análise de variância (ANOVA) nos dados ficativas na vibração interna do carro em fun-
coletados. Juntamente com a primeira verifi- ção do tipo da superfície de rolamento, dado
cação, uma análise do nível de vibração em um tanto quanto intuitivo, porém comprova-
relação ao tipo de pavimento foi feita, tendo do estatisticamente.
como objetivo verificar o que as figuras indi-
cavam a respeito das diferenças do nível de 5 Conclusões
vibração, em relação à variação da velocida-
de e tipo de pavimento. No presente artigo,
De acordo com a avaliação do confor-
utiliza-se a análise de variância de fator úni-
to quanto à vibração, analisando cada veícu-
co. Aqui, assumem-se duas hipóteses: H0,
lo em função de cada faixa de velocidade e
os tratamentos não afetam a variável de in-
de pavimento isoladamente, não houve uma
teresse; H1, os tratamentos de alguma forma
predominância dos valores de vibração atri-
afetam a variável de interesse, sendo possível
buídos a um veículo específico, em relação à
investigar de que forma é essa relação. Se o
mudança do tipo de pavimento e velocidade.
parâmetro da análise F for maior que F crí-
Ou seja, para dadas condições, automóveis
tico, a hipótese H1 é aceita, indicando uma
em determinadas situações, manifestaram
correlação entre os tratamentos e a variável.
comportamentos diferentes, sendo que, para
Caso contrário, a hipótese H1 é rejeitada e
alguns casos, apresentaram valores de acele-
adota-se H0. Essas análises, de uma forma
ração superiores, porém em outras situações,
padrão, são realizadas para um nível de sig-
o mesmo comportamento não foi seguido.
nificância de 0,05, ou seja, uma confiança de
Todavia, verifica-se que a diferença entre as
95 % ( CALLEGARI - JACQUES, 2003).
médias das acelerações rms totais de cada ve-
Para verificação de diferenças do nível
ículo, apresenta valores muito próximos. Ob-
de vibração com relação à velocidade, sepa-
servaram-se diferentes comportamentos para
rou-se a velocidade em 3 grupos (0, 30 e 60
cada veículo, medido de acordo com a veloci-
km/h), onde cada grupo engloba os valores de
dade e tipo de pavimento. Porém, de maneira
aceleração medidos em todos os automóveis
geral, o Volkswagen Gol apresentou uma mé-
e todos os locais de medição. Para análise da
dia de vibração inferior aos demais automó-
influência do pavimento, procedeu-se de ma-
veis, seguidos do Ford Fiesta, Renault Sandero
neira semelhante, porém dividindo a análise
e Fiat Palio. Podendo ser atribuído um nível
em apenas dois grupos: asfalto e paralelepípe-
de conforto superior ao Volkswagen Gol em
dos. Destaca-se que, em ambas as análises, o
relação aos demais.
fator a ser verificado é a aceleração ponderada
Ainda, em acordo com a escala de des-
rms. A análise foi realizada com o auxílio do
conforto da norma ISO-2631-1 (1997), vá-
software Microsoft Excel 2007. Os resultados
rias situações em determinados automóveis
para ambas as análises encontram-se no apên-
apresentaram níveis de vibração que podem
dice C. Em ambas as análises, o valor de F (va-
ser considerados desconfortáveis. Conclui-se
riância entre os grupos) foi bem superior ao
também que as magnitudes das vibrações de-
valor crítico Fcrit. Observa-se também nos qua-
correntes do funcionamento do veículo são
dros, que o valor-p (probabilidade) em ambas
as situações resultaram menores que o nível significativamente menores em compara-
de significância de 0,05. ção com aquelas originadas de seu des-
Com base nesses dados, pode-se asse- locamento. Elas têm pouca influência nas
gurar que os resultados em ambas as análises vibrações transmitidas ao ocupante, em
são significativos, ou seja, existem diferenças relação àquelas geradas pelo rolamento
e relações significativas da vibração dentro do veículo em superfícies irregulares.
do veículo em relação às faixas de velocidade Quanto à avaliação do efeito da vi-
para o nível de significância de 0,05. E, tam- bração na saúde, destaca-se que uma roti-
bém existem diferenças estatisticamente signi- na de trabalho de um motorista profissional
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APÊNDICES
APÊNDICE A – Tabela geral dos resultados
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APÊNDICE B – Exposição diária à vibração A(8) em função dos automóveis avaliados e rotinas
propostas
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APÊNDICE C – Resultados das análises de variância – Teste Estatístico ANOVA entre (a)tipos de
pavimentos e (b)velocidades.
(a)
Resumo
Grupo Contagem Soma Média Variância
Asfalto 24 20,48216 0,853423 0,380675
Paralelepí- 24 39,04638 1,626932 1,692388
pedos
ANOVA
Fonte da SQ gl MQ F valor-P F crítico
variação
Entre 7,179794936 1 7,179795 6,926752 0,011519 4,051749
grupos
Dentro dos 47,68043915 46 1,036531
grupos
Total 54,86023408 47
(b)
Resumo
Grupo Contagem Soma Média Variância
Velocidade 24 2,225141 0,092714 0,00969
0 km/h
Velodidade 24 26,5752 1,1073 1,063286
30 km/h
Velociade 24 32,95334 1,373056 1,285093
60 km/h
ANOVA
Fonte da SQ gl MQ F valor - P F crítico
variação
Entre 21,91428 2 10,95714 13,93998 8,23E-06 3,129644
grupos
Dentro dos 54,23558 69 0,786023
grupos
Total 76,14986 71
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