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Milho comum
O consumo de milho no estado “verde” sempre foi uma tradição no
Brasil e hoje é comum a comercialização tanto do milho verde como de
seus produtos (pamonha, curau, suco etc.) durante o ano todo, nos
principais centros consumidores.
A crescente demanda de milho verde de qualidade obrigou as empresas
produtoras de sementes de milho para grãos a desenvolver cultivares
que atendam as exigências do mercado consumidor quanto às
seguintes características: grãos dentados amarelos, espigas grandes e
cilíndricas, sabugo branco, boa granação, pericarpo delicado e bem
empalhadas (Figuras 1a e 1b), com longevidade de colheita. Devem
apresentar também boa resistência à lagarta-da-espiga (Heliothis zea)
(Ishimura et al. 1986; Wann & Hills, 1975 e Fornasieri Filho, 1987).
Sete Lagoas, MG
Janeiro, 2002
Autores
Figura 1a Figura 1b
Israel A. Pereira Filho
José Carlos Cruz Figura 1. a) Espiga de milho comercial mostrando grãos profundos,
Pesquisador da Embrapa
Milho e Sorgo. Caixa
sabugo claro e cor amarelo-clara, b) espigas de milho verde
Postal 151. 35701-970 bem empalhadas dificultam a ação de insetos. Embrapa Milho
Sete Lagoas, MG. E-mail:
israel@cnpms.embrapa.br
e Sorgo. Sete Lagoas, MG. 2001.
toras de semente para a produção de milho valores de r (correlação) foram obtidos com o
verde (Tabela 1), não sendo seu uso, entre- comprimento da espiga sem palha e o peso
tanto, exclusivo para esse fim, assim como da espiga com palha. Por outro lado, o peso
qualquer cultivar de milho pode ser utilizada da espiga sem palha foi influenciado pelos
para o consumo “in natura” ou seus produ- caracteres peso de espiga com palha,
tos tradicionais. Verifica-se uma grande comprimento da espiga com e sem palha e o
variação nos tipos de sementes existentes diâmetro da espiga, sendo que os maiores
no mercado: de variedades com menor poten- valores de r (correlação) foram obtidos com o
cial produtivo e de menor custo até híbridos peso de espiga com palha e o diâmetro da
simples de maior potencial produtivo e maior espiga. Baseado nesses critérios, os autores
custo de sementes. Também se verificam separaram, dentre algumas cultivares
alternativas em termos de ciclo e característi- avaliadas, aquelas mais promissoras para
cas do grão, como cor e textura. milho verde que se destina às feiras e
quitandas daquelas mais promissoras para o
Em trabalho pioneiro sobre a obtenção de
milho verde que se destina aos
cultivares para a produção de milho verde,
supermercados.
Ikuta e Paterniani (1970), além dos aspectos
relativos ao tamanho e aspectos da espiga,
Tabela 1. Caracterização de algumas cultiva-
já alertavam para a necessidade de as
res de milho explicitamente reco-
cultivares permanecerem no ponto de
mendadas pelas firmas produtoras
colheita por um maior período de tempo.
de semente para a produção de
Segundo esses autores, haveria inúmeras
milho verde. Sete Lagoas, MG.
indicações no sentido de que endospermas
2001.
mais duros, do tipo flint, passam mais
rapidamente do ponto de milho verde (tipo
leitoso), enquanto que os endospermas mais
moles, tipo dente, e amiláceo, duram mais
tempo nesse estado. Também afirmaram,
respondendo a uma argumentação de
agricultores de que o milho híbrido passa do
ponto muito rapidamente, que isso poderia
ser devido a que o híbrido é, por sua própria
natureza, um material relativamente
uniforme, enquanto que as variedades são
mais variáveis
Considerando que as características Do trabalho de Ikuta e Paterniani (1970),
quantitativas comerciais para milho verde são verificou-se que, sem levar em conta o fator
o comprimento da espiga com palha, quando de “tempo de permanência no ponto”, os
se destina às feiras livres e quitandas e o genótipos já conhecidos quanto à boa
peso de espigas sem palha, quando se capacidade produtiva foram também os
destina aos supermercados, Oliveira et melhores para a produção de milho verde,
al.(1987) estudaram as relações existentes bem como quanto à proporção de espigas
entre essas características com outros ótimas e boas do ponto de vista comercial.
caracteres da espiga. O comprimento da Chamaram a atenção para a variedade
espiga com palha foi influenciado pelos Centralmex, para a produção de milho verde
caracteres comprimento da espiga sem palha, ou como material de seleção, pois sua
peso de espiga com e sem palha e o produção foi satisfatória e, além disso, é de
diâmetro da espiga, sendo que os maiores tipo mole (dentado), tem grãos bem grandes
Em Pernambuco, Tabosa et al. (2000), Cargill 653, AG 1051, Cargill 553 e DINA 170
baseando-se na produção de espigas verdes apresentaram a maior porcentagem de
empalhadas e despalhadas, concluíram que massa. Os híbridos Cargill 654, Cargill 956 e
as cultivares BR 473, BR 106, CMS 50, BR AGRO 2012 apresentaram menor
453, BR 5037, CMS 52 e o híbrido triplo BR porcentagem de pericarpo em relação ao
3123 podem ser recomendados na Zona da grão, quando comparados com os demais. O
Mata, Norte do Estado. Concluíram, ainda, tempo de banca variou de dois a cinco dias,
que nem sempre os materiais que sendo que os híbridos CO 9560, Cargill 956,
apresentaram maiores produções de espigas CO 9621 e Z 8501 apresentaram menor
despalhadas apresentavam também os mais tempo, ao passo que o híbrido Agx 1791
elevados índices de rendimento comercial. apresentou o maior tempo (Tabela 2).
No Estado do Rio de Janeiro, Valentini & Tabela 2. Valores médios de peso de espigas
Shimoya (1998), levando em consideração total (PET), peso de espigas comer-
que o comprimento de espigas com palha e cial (PEC), porcentagem de espigas
o peso de espigas com palha são comercializáveis (EC), diâmetro de
importantes quando o milho verde se destina espiga comercial (DEC), comprimen-
às feiras livres e que o comprimento de to de espiga comercial (CEC),
espigas sem palha e o peso de espigas sem porcentagem de massa e de
palha são importantes quando o milho verde pericarpo e tempo de banca de 13
se destina aos supermercados, concluíram híbridos de milho.
que as cultivares AGX 1791, Ag 4051 e
AGX4595 foram promissoras para a
comercialização tanto em feiras livres como
em supermercados.
Ainda no Estado do Rio de Janeiro, verificou-
se que as variedades IAC Pariquera, IAC
Mococa, BRS 4157 e BR 4158, por
apresentarem menor incidência de Heliothis
zeae, melhor padrão de espigas com
comprimento superior a 17 centímetros,
Pereira Filho et al. (1998) verificaram que,
melhor rendimento e maior peso das espigas
exceto a variedade Metro RN, uma cultivar
sem palha, são adaptadas em sistema
utilizada no Nordeste, entre as demais
orgânico de produção (Araújo et al. 2000).
cultivares praticamente não houve diferenças
Em Lavras, MG, 13 híbridos foram avaliados quanto à produção total de espigas. Em
para a produção de milho verde (Paiva Júnior, relação ao rendimento de espigas comerciais,
1998). Os híbridos Cargill 553, 653 e 956 a cultivar Ag 4051 superou as demais, sendo
apresentaram maior produtividade de espigas que a Ag 1051, DINA 170, PL 6880 e HS 205
totais e comerciais/ha, com valores tiveram rendimentos semelhantes, o que
superiores a 21 t/ha. Os híbridos DINA 170 e também ocorreu entre as duas variedades
AG 4051 foram os que apresentaram maior (Metro RN e BR 106). O rendimento médio de
percentagem de espigas comerciais, com peso de espigas comerciais dos híbridos
valores de 94,455 e 93,25%, (8.187 kg/ha) foi cerca de 28% superior ao
respectivamente. Com relação ao rendimento médio das variedades (5.894 kg/
comprimento de espigas comerciais, os ha). Essa superioridade dos híbridos é
híbridos CO 9621 e AG 4051 foram inferiores também observada na percentagem de
em relação aos demais. Os híbridos Z 8501, espigas comerciais, embora não tenha havido
Circular Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: Ivan Cruz
Técnica, 15 Embrapa Milho e Sorgo publicações Secretário-Executivo : Frederico Ozanan M. Durães
Endereço: Caixa Postal 151 Membros: Antônio Carlos de Oliveira, Arnaldo Ferreira
35701-970 Sete Lagoas, MG da Silva, Carlos Roberto Casela, Fernando Tavares
Fone: (31) 3779-1000 Fernandes e Paulo Afonso Viana
Fax: (31) 3779-1088 Expediente Supervisor editorial: José Heitor Vasconcellos
E-mail: sac@cnpms.embrapa.br Revisão de texto: Dilermando Lúcio de Oliveira
Tratamento das ilustrações: Tânia Mara A. Barbosa
1a edição Editoração eletrônica: Tânia Mara A. Barbosa
1a impressão (2002): 500 exemplares