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Os fungos são organismos diversos pertencentes ao reino Fungi, estima-se que exista
69.000 espécies descritas. São seres eucariontes, unicelulares ou multicelulares,
possuem a parede celular a base de quitina, membrana plasmática composta por
ergosterol. Os primeiros estudos morfológicos assemelhavam os fungos com as
plantas, entretanto há diversos pontos divergentes entre esses. O produto de reserva
de carboidrato dos fungos é o glicogênio, são seres heterotróficos, não
fotossintetizantes e que realizam a reprodução por meio de esporos.
Figura 1: Colônia Filamentosa, também chamado de bolor. Figura 2: Colônia Levedura. Fonte:
Departamento de Biologia da UFMG
Infecções Fúngicas
Os fungos estão presentes em diversos processos industriais e cotidianos, como na
fabricação de alimentos e bebidas alcoólicas, na agricultura, na síntese de
medicamentos, uso recreativo de propriedades alucinógenas, no setor de cosméticos.
Muitas espécies também são relevantes clinicamente por desencadear patologias nos
animais e plantas. Aos seres humanos, os fungos causam infecções fúngicas
(micoses) locais e sistêmicas tanto em indivíduos imunocompetentes e
imunocomprometidos. Primeiramente, pode-se dividir os fungos em patogênicos
primários que são capazes de invadir tecidos de um hospedeiro hígido e provocar
alterações clínicas. Já os oportunistas acometem hospedeiros com sistema
imunológico debilitado e descompensado.
Os fungos patogênicos causam micoses que podem ser classificadas em 4 grupos:
● Micoses superficiais: o fungo invade as camadas superficiais do corpo, como
as córneas ou haste de pelos. Tais como piedra Negra, pitiríase versicolo e
tinha negra;
● Micoses cutâneas: o fungo invade tecidos queratinizados como pele, pelo e
unha. São exemplos a dermatofitose, candidose, hialohifomicose;
● Micoses subcutâneas: o fungo necessita de um implante traumático para
invadir tecidos cutâneos e subcutâneos. Estão dentro dessa classificação a
cromoblastomicose, lobomicose, feo-hifomicose, micetoma, zigomicose;
● Micose sistêmica: o fungo invade diversos sítios anatômicos, sendo o pulmonar
o principal colonizado. Pode-se citar a blastomicose, histoplasmose e
coccidiodomicose.
Cada micose citada apresenta seus próprios agentes etiológicos, manifestações
clínicas, patogenia e principais formas de infecção.
Nas micoses superficiais, o contágio com o patógeno é direto. Alterações bioquímicas
e fisiológicas na pele ou secreções, desencadeadas por fatores genéticos e
ambientais tornam indivíduos hígidos vulneráveis. Algumas condições podem
contribuir como alterações neuropsicológicas, aumento de secreção de ácidos
graxos, comorbidades crônicas, elevação sérica do cortisol, hipovitaminose e uso de
substâncias externas e falta de higiene pessoal.
A Ptiríase versicolor, também chamada popularmente de pano branco, é uma micose
superficial comum que provoca manchas brancas, acastanhadas ou vermelhas que
ao serem expostas ao sol percebe a incapacidade de produção de melanina na área
afetada. Os locais mais frequentes são os quais há maior oleosidade como a face,
couro cabeludo e pescoço.
Por último, as micoses sistémicas são causadas por fungos que vivem no solo, por
via inalatória provoca inicialmente a colonização do pulmão e depois de outros
órgãos. A Blastomicose ocorro por meio de infiltrado pulmonar gerando
sintomatologia característica de IVAS, como febre, mal-estar, sudorese noturna, tosse
e algia. A evolução cursa para pneumonia crônica, além de acometer outros sítios
provocando lesões ósseas, epididimais e testiculares.
Também conhecido como antimetabólito, o antifúngico que tem como modo de ação
a inibição da síntese de ácidos nucleicos mais conhecido dessa classe é a Flucitosina.
Possui efeito fungistático e fungicida sobre diversas espécies como Crytococcus
neoformans, Candida sp., Torulopsis sp. e Apergillus. Sendo portanto, indicada para
o tratamento de candidíase sistêmica, pneumopatia e meningite provocadas por
Cryptococcus neoformans
A via de administração é oral sendo bem absorvida e distribuindo amplamente pelo
plasma e sistema nervoso central. Possui meia vida de 4 horas, podendo ser
prolongada até 24 horas devido eliminação renal.
A dose média recomendada pela bula é entre 100 a 200 mg por quilo por dia, que
devem ser administrados a cada 6 horas durante 30 a 90 dias.
Devido risco de resistência, geralmente a Flucitosina é associada à Anfotericina B
para obtenção de sinergismo sobre alguns organismos como Aspergillus e
Crytococcus. Alguns estudos apontam que tal combinação terapêutica pode
potencializar toxicidade e intolerância.
A contra-indicação absoluta é a hipersensibilidade ao princípio ativo, insuficiência
renal grave e crônica, gravidez e lactação.
Algumas reações adversas também indicadas pela bula são transtornos
gastrointestinais, náuseas, diarréia, alterações hematopoiéticas como leucopenia e
depressão da medula óssea.
Referência:
ANCOTIL: flucitosina. São Paulo: Roché quims, 2012. Bula de remédio. Disponível
em: http://www.remediopedia.com.br/bula/ancotil/
Esposito, E. & Azevedo, J.L. 2004. Fungos: uma introdução à biologia, bioquímica e
biotecnologia. EDUCS, Caxias do Sul, 510 p.