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Aula 05

Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXV Exame - Com videoaulas


Professor: Renan Araujo

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 05

AULA 05: DAS PENAS (ESPƒCIES, COMINA‚ÌO,
APLICA‚ÌO E EXECU‚ÌO). EFEITOS DA CONDENA‚ÌO.
EXTIN‚ÌO DA PUNIBILIDADE. A‚ÌO PENAL NO CîDIGO
PENAL.

SUMçRIO
1. DAS PENAS .................................................................................................. 4
1.1. Conceito ................................................................................................ 4
1.2. Princ’pios .............................................................................................. 4
1.3. Finalidade: teorias ................................................................................ 5
1.3.1. Teoria absoluta e sua finalidade retributiva ....................................... 5
1.3.2. Teoria relativa e sua finalidade preventiva ................................................ 5
1.3.3. Teoria Mista (unificadora ou eclŽtica ou unit‡ria) e sua dupla finalidade ........ 6
1.4. EspŽcies ................................................................................................... 6
1.5. Penas em espŽcie ..................................................................................... 7
1.5.1. Privativa de liberdade ........................................................................... 7
1.5.1.1. Regras do regime fechado ................................................................... 8
1.5.1.2. Regras do Regime semiaberto ................................................................. 9
1.5.1.3. Regras do regime aberto ...................................................................... 10
1.5.1.4. Disposi•›es gerais acerca dos regimes de cumprimento da pena ................ 11
1.5.2. Penas restritivas de direitos ..................................................................... 14
1.5.2.1. Regras da substitui•‹o ......................................................................... 15
1.5.2.2. Penas restritivas de direitos em espŽcie.................................................. 18
(i) Presta•‹o pecuni‡ria .................................................................................. 18
(ii) Perda de bens e valores .......................................................................... 19
(iii) Presta•‹o de servi•os ˆ comunidade ......................................................... 19
(iv) Interdi•‹o tempor‡ria de direitos .............................................................. 21
(v) Limita•‹o de fim de semana ....................................................................... 23
1.5.3. Pena de multa ..................................................................................... 24
1.6. Aplica•‹o das penas ............................................................................... 26
1.6.1. Etapas da fixa•‹o da pena privativa de liberdade ................................ 26
1.6.1.1. Fixa•‹o da pena-base .......................................................................... 27
1.6.1.2. Segunda fase: an‡lise das agravantes e atenuantes ................................. 30
(i) Reincid•ncia ............................................................................................. 31
(ii) Disposi•›es gerais acerca da segunda fase de aplica•‹o da pena...................... 33
1.6.1.3. Terceira fase: aplica•‹o das causas de aumento e diminui•‹o da pena ........ 34

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1.6.1.4. Disposi•›es finais ................................................................................ 36
2. SUSPENSÌO CONDICIONAL DA PENA ........................................................ 43
2.1. Conceito ................................................................................................. 43
2.2. Requisitos objetivos ............................................................................... 43
2.3. Requisitos subjetivos ............................................................................. 44
2.4. EspŽcies de sursis e condi•›es ............................................................... 45
2.5. Revoga•‹o do sursis, prorroga•‹o do prazo e cumprimento das
obriga•›es....................................................................................................... 45
3. LIVRAMENTO CONDICIONAL ..................................................................... 48
3.1. Conceito ................................................................................................. 48
3.2. Requisitos .............................................................................................. 49
3.2.1. Requisitos objetivos ................................................................................ 49
3.2.2. Requisitos subjetivos .............................................................................. 50
3.3. Regras gerais relativas ao Livramento Condicional, revoga•‹o e extin•‹o
do benef’cio..................................................................................................... 51
4. MEDIDAS DE SEGURAN‚A ......................................................................... 54
5. EFEITOS DA CONDENA‚ÌO ........................................................................ 57
5.1. Natureza e espŽcies ............................................................................... 57
5.2. Reabilita•‹o ........................................................................................... 59
5.2.1. Sigilo das condena•›es ........................................................................... 60
5.2.2. Efeitos secund‡rios extrapenais da condena•‹o .......................................... 60
5.2.3. Pressupostos e requisitos para a Reabilita•‹o ............................................. 60
6. EXECU‚ÌO PENAL ...................................................................................... 62
6.1. Dos regimes de cumprimento. Progress‹o e regress‹o de regime .......... 62
6.2. Das autoriza•›es de sa’da ...................................................................... 68
6.3. Da remi•‹o ............................................................................................. 70
6.4. Disposi•›es jurisprudenciais importantes sobre execu•‹o penal ............ 72
7. PUNIBILIDADE E SUA EXTIN‚ÌO .............................................................. 75
7.1. Introdu•‹o ............................................................................................. 75
7.2. Causas de extin•‹o da punibilidade diversas da prescri•‹o .................... 75
7.3. Prescri•‹o .............................................................................................. 80
7.3.1. Prescri•‹o da pretens‹o punitiva .............................................................. 80
7.3.2. Prescri•‹o da pretens‹o execut—ria ........................................................... 88
7.3.3. Disposi•›es importantes sobre a prescri•‹o................................................ 89
8. A‚ÌO PENAL NO CîDIGO PENAL ............................................................... 95
9. RESUMO .................................................................................................... 97
10. EXERCêCIOS DA AULA .......................................................................... 116
11. GABARITO ............................................................................................ 127

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Ol‡, meus amigos concurseiros!

Hoje Ž dia de entrarmos na ÒTeoria Geral da PenaÓ.


Veremos as espŽcies de pena, sua comina•‹o, aplica•‹o e
execu•‹o. Estudaremos, ainda, a extin•‹o da punibilidade e a a•‹o
penal no C—digo Penal.

Esta Ž uma aula especialmente importante para aqueles que


pretendem fazer a segunda fase de Direito Penal, pois os temas aqui
trabalhados s‹o cobrados em praticamente todas as pe•as pr‡tico-
profissionais.

Se voc• n‹o vai fazer a segunda fase de Direito Penal e est‡


sem tempo, sugiro estudar diretamente pelo resumo, pois pode te
poupar muito tempo!

Bons estudos!
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1.! DAS PENAS

1.1.! CONCEITO
A pena criminal Ž, acima de tudo, um castigo1. Trata-se de um mal
que se aflige a alguŽm em raz‹o da pr‡tica de um delito2. O conceito n‹o
se confunde, porŽm, com os fins (ou finalidades) da pena.
A pena possui como pressuposto de sua aplica•‹o a
culpabilidade do agente3. J‡ as medidas de seguran•a n‹o possuem
a culpabilidade como pressuposto de sua aplica•‹o (atŽ porque o agente
n‹o Ž plenamente imput‡vel, n‹o possuindo, portanto, culpabilidade),
mas sim a periculosidade. Isto Ž importante!
A pena pode ser conceituada como a resposta que a sociedade d‡
ao indiv’duo que transgride a ordem jur’dico-penal estabelecida, e
consiste na priva•‹o ou restri•‹o de um bem jur’dico do condenado
(liberdade, patrim™nio, etc.), de forma a castig‡-lo e reeduc‡-lo.

1.2.! PRINCêPIOS
Alguns princ’pios norteiam a Teoria Geral da Pena:
a) Reserva legal ou legalidade estrita Ð Somente a Lei (em sentido
estrito) pode cominar penas: ÒNulla poena sine legeÓ. Est‡ previsto no
art. 5¡, XXXIX da Constitui•‹o e art. 1¡ do CP;
b) Anterioridade Ð A Lei que prev• a pena para a conduta deve ser
anterior ˆ pr‡tica do crime: ÒNulla poena sine praevia legeÓ. TambŽm
est‡ previsto no art. 5¡, XXXIX da Constitui•‹o e art. 1¡ do CP, sendo,
juntamente com o princ’pio da reserva legal, subprinc’pios do princ’pio da
LEGALIDADE;
c) Intranscend•ncia da pena Ð A pena deve ser cumprida somente pelo
condenado, n‹o podendo, em caso de morte deste, ser transferida aos
seus familiares, salvo a obriga•‹o de reparar o dano e o perdimento de
bens, que podem ser cobrados dos sucessores atŽ o limite do patrim™nio
transferido pelo condenado falecido. CUIDADO: A pena de multa,
embora patrimonial, n‹o pode ser cobrada dos sucessores!
d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena Ð Presentes os
requisitos para a condena•‹o, a pena n‹o pode deixar de ser imposta e
cumprida. ƒ mitigado, atualmente, por institutos como o sursis, o
livramento condicional, etc.;


1
BATISTA, Nilo; ZAFFARONI, EugŽnio Raœl. Direito Penal brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed.
Revan, 2011. Tomo I, p. 99.
2
MIR PUIG, Santiago. Introducci—n a las bases del Derecho penal. 2. ed. Montevideo, Buenos
Aires: Ed. B. de F., 2003, p. 49.
3
DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito penal, parte geral. 2. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2007.
tomo I, p. 46-47

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e) Princ’pio da humanidade ou humaniza•‹o das penas Ð A pena
n‹o pode desrespeitar os direitos fundamentais do indiv’duo, violando sua
integridade f’sica ou moral, e tambŽm n‹o pode ser de ’ndole cruel,
desumano ou degradante (art. 5¡, XLIX e XLVII da Constitui•‹o);
f) Princ’pio da proporcionalidade Ð A san•‹o aplicada pelo Estado deve
ser proporcional ˆ gravidade da infra•‹o cometida e tambŽm deve ser
suficiente para promover a puni•‹o ao infrator e sua reeduca•‹o social;
g) Princ’pio da individualiza•‹o da pena Ð A pena deve ser aplicada
de maneira individualizada para cada infrator em cada caso espec’fico.
Essa individualiza•‹o se d‡ em tr•s fases distintas: a) comina•‹o: O
legislador deve prever um raio de atua•‹o para o Juiz aplicar a pena no
caso concreto, estabelecendo penas m’nimas e m‡ximas, de forma que o
Juiz possa aplicar a quantidade de pena que achar conveniente no caso
concreto; b) aplica•‹o: Saindo da esfera legislativa, passamos ˆ esfera==dc29b==

judicial, segunda etapa, que consiste na efetiva aplica•‹o individualizada


da pena, que ser‡ imposta conforme as circunst‰ncias do crime e os
antecedentes do rŽu, de acordo com a margem estabelecida pelo
legislador; c) Na terceira e œltima fase temos a aplica•‹o deste
princ’pio da na execu•‹o da pena (esfera administrativa), de forma
que o cumprimento da pena, progress‹o de regime, concess‹o de
benef’cios devem ser analisados no caso concreto, e n‹o abstratamente,
pois entende-se que Òcada caso Ž um casoÓ, e n‹o cabe ao legislador
retirar do Juiz a possibilidade de analis‡-lo e proceder da forma que
melhor atenda aos anseios da sociedade. Est‡ previsto no art. 5¡, XLVI da
Constitui•‹o da Repœblica.

1.3.! FINALIDADE: TEORIAS


Quanto ˆ finalidade da pena, tr•s teorias surgiram:
1.3.1.! TEORIA ABSOLUTA E SUA FINALIDADE RETRIBUTIVA
Para esta teoria, pune-se o agente simplesmente porque ele cometeu
uma transgress‹o ˆ ordem estabelecida e deve ser castigado por isso.
N‹o h‡ nenhuma finalidade educacional de reinser•‹o do indiv’duo ˆ vida
social. A pena Ž mero instrumento para a realiza•‹o da vingan•a estatal.
Trata-se de um imperativo categ—rico de Justi•a ou de Moral (se
delinquiu, deve ser punido, independentemente de qualquer outra
finalidade).4

1.3.2.! TEORIA RELATIVA E SUA FINALIDADE PREVENTIVA


Pune-se o agente n‹o para castig‡-lo, mas para prevenir a pr‡tica de
novos crimes. Essa preven•‹o pode ser:


4
BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera reimpressi—n. Bogot‡,
1996, p. 12

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Preven•‹o Geral Ð Busca controlar a viol•ncia social, de forma a
despertar na sociedade o desejo de se manter conforme o Direito. Pode
ser negativa5, quando busca criar um sentimento de medo perante a Lei
penal, ou positiva, quando simplesmente se busca reafirmar a vig•ncia da
Lei penal.
Preven•‹o especial Ð N‹o se destina ˆ sociedade, mas ao infrator,
de forma a prevenir a pr‡tica da reincid•ncia. TambŽm pode ser negativa,
quando busca intimidar o condenado, de forma a que ele n‹o cometa
novos delitos por medo, ou positiva, quando a preocupa•‹o est‡ voltada ˆ
ressocializa•‹o do condenado (Infelizmente, n‹o h‡ uma preocupa•‹o
com isto na pr‡tica).

1.3.3.! TEORIA MISTA (UNIFICADORA OU ECLƒTICA OU


UNITçRIA) E SUA DUPLA FINALIDADE
Aqui, entende-se que a pena deve servir como castigo (puni•‹o) ao
infrator, mas tambŽm como medida de preven•‹o, tanto em rela•‹o ˆ
sociedade quanto ao pr—prio infrator (preven•‹o geral e especial). AlŽm
de consagrada na maioria dos pa’ses ocidentais6, foi a adotada pelo art.
59 do CP, que diz:
Art. 59 - O juiz, atendendo ˆ culpabilidade, aos antecedentes, ˆ conduta
social, ˆ personalidade do agente, aos motivos, ˆs circunst‰ncias e
consequ•ncias do crime, bem como ao comportamento da v’tima,
estabelecer‡, conforme seja necess‡rio e suficiente para reprova•‹o e
preven•‹o do crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

1.4.! EspŽcies
Quanto ˆs espŽcies, as penas podem ser:

a) Privativas de liberdade Ð Retiram do condenado o direito ˆ


liberdade de locomo•‹o, por determinado per’odo (Ž vedada pena de
car‡ter perpŽtuo, art. 5¡, XLVII, b da Constitui•‹o). M‡ximo de 30 anos
para crimes (art. 75 do CP) e de 05 anos para contraven•›es penais (art.
10 da Lei de Contraven•›es Penais);
b) Restritivas de direitos Ð Em substitui•‹o ˆ pena privativa de
liberdade, limitam (restringem) o exerc’cio de algum direito do
condenado. Est‹o previstas no art. 43 do CP e em alguns dispositivos da
Legisla•‹o Especial;
c) Pena de multa Ð Recai sobre o patrim™nio financeiro do
condenado;
d) Restritiva de liberdade Ð Restringem, mas n‹o retiram o direito
de locomo•‹o do condenado. Na verdade, trata-se de uma espŽcie de

5
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general. Madrid: Civitas, 1997. tomo I, p. 91.
6
DOS SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal, Parte Geral. Curitiba: Ed. Lumen Juris, 2008, p. 470

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pena restritiva de direitos. Exemplo: Proibir o marido de se aproximar da
casa da ex-esposa no caso de viol•ncia domŽstica;
e) Penas corporais Ð Trata-se de castigos aplicados ao corpo do
indiv’duo. ƒ espŽcie de pena vedada pela Constitui•‹o Federal (art. 5¡,
XLVII, e).

O CP previu, em seu art. 32, as penas privativas de liberdade,


restritivas de direitos e multa.
Este quadro esquem‡tico vai ajudar na compreens‹o de voc•s:

1.5.! Penas em espŽcie

1.5.1.! Privativa de liberdade


Como j‡ vimos, o Direito Penal p‡trio admite tr•s espŽcies de penas
privativas de liberdade: reclus‹o, deten•‹o e pris‹o simples (somente
para as contraven•›es penais).
O regime de cumprimento de cumprimento da pena est‡ previsto no
art. 33, ¤ 1¡ do CP, e pode ser fechado, semiaberto ou aberto7.


7
Art. 33 - A pena de reclus‹o deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
deten•‹o, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transfer•ncia a regime fechado.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - Considera-se: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execu•‹o da pena em estabelecimento de seguran•a m‡xima ou mŽdia;
b) regime semiaberto a execu•‹o da pena em col™nia agr’cola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) regime aberto a execu•‹o da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

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O regime inicial de cumprimento da pena (fechado, semiaberto ou
aberto) tem como regra o seguinte: pena de reclus‹o Ð Qualquer
regime inicial; pena de deten•‹o Ð Regime inicial somente
semiaberto ou aberto.
A fixa•‹o, em concreto, do regime inicial de cumprimento da pena
ir‡ variar conforme tr•s fatores: reincid•ncia, quantidade da pena e
circunst‰ncias judiciais. AlŽm disso, a pr—pria Lei estabelece que a
pena seja executada de forma progressiva (de um regime mais gravoso
para outro, menos gravoso), ressalvada a hip—tese de regress‹o
(passagem de um regime menos gravoso para outro, mais gravoso), em
qualquer caso, atendendo-se ao mŽrito do condenado, nos termos do art.
33, ¤¤ 2¡, 3¡ e 4¡ do CP.8
CUIDADO! O STJ possui entendimento no sentido de que Ž poss’vel a
fixa•‹o do regime semiaberto aos condenados que sejam reincidentes,
desde que as circunst‰ncias judiciais sejam favor‡veis. Vejamos:
Sœmula 269 do STJ:
ƒ admiss’vel a ado•‹o do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a
pena igual ou inferior a quatro anos se favor‡veis as circunst‰ncias judiciais.

1.5.1.1.! Regras do regime fechado


As regras do regime fechado s‹o, basicamente, tr•s:
a) Submiss‹o a exame criminol—gico9 inicial (O STJ passou a entender
que ele agora Ž facultativo Ð SòMULA 439 DO STJ);
b) Submiss‹o a trabalho durante o dia e descanso isolado durante a
noite;
c) Trabalho em comum (junto com outros presos) dentro do
estabelecimento, SENDO ADMISSêVEL O TRABALHO EXTERNO em
obras pœblicas (Necess‡rio cumprimento de ao menos 1/6 da pena).

8
¤ 2¼ - As penas privativas de liberdade dever‹o ser executadas em forma progressiva, segundo o
mŽrito do condenado, observados os seguintes critŽrios e ressalvadas as hip—teses de
transfer•ncia a regime mais rigoroso: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos dever‡ come•ar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado n‹o reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e n‹o exceda a 8 (oito),
poder‡, desde o princ’pio, cumpri-la
em regime semiaberto;
c) o condenado n‹o reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poder‡, desde
o in’cio, cumpri-la em regime aberto.
¤ 3¼ - A determina•‹o do regime inicial de cumprimento da pena far-se-‡ com observ‰ncia dos
critŽrios previstos no art. 59 deste C—digo.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 4o O condenado por crime contra a administra•‹o pœblica ter‡ a progress‹o de regime do
cumprimento da pena condicionada ˆ repara•‹o do dano que causou, ou ˆ devolu•‹o do produto
do il’cito praticado, com os acrŽscimos legais. (Inclu’do pela Lei n¼ 10.763, de 12.11.2003)
9
O exame criminol—gico tem por finalidade permitir a individualiza•‹o da pena (um dos princ’pios
da pena) em sua terceira fase, em homenagem ao disposto no art. 5¡, XLVI da Constitui•‹o:
XLVI - a lei regular‡ a individualiza•‹o da pena e adotar‡, entre outras, as seguintes:

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O trabalho durante o regime de cumprimento da pena Ž


obrigat—rio, e a recusa caracteriza falta grave, nos termos do art.
50, IV da LEP (Lei de Execu•›es Penais), acarretando impossibilidade de
obten•‹o da progress‹o de regime e livramento condicional. Em resumo:
O preso pode se negar a trabalhar (atŽ porque, n‹o h‡ como obrig‡-lo
fisicamente a isso), mas a recusa injustificada (se tiver problemas de
saœde, por exemplo, Ž uma recusa justificada) gera consequ•ncias
grav’ssimas para ele.
O trabalho do preso Ž remunerado e ele tem direito, ainda, aos
benef’cios da previd•ncia social. Isso Ž bastante importante, pois o preso
foi condenado a uma pena Òprivativa de liberdadeÓ, ou seja, o œnico
direito do qual ele est‡ privado Ž a liberdade. Assim, o preso n‹o
se tornou um escravo do Estado, devendo receber pelo seu trabalho,
como qualquer pessoa.

1.5.1.2.! Regras do Regime semiaberto


O regime semiaberto Ž bem menos gravoso que o regime fechado,
e possui como regras:
a) Exame criminol—gico inicial (O STJ passou a entender que ele
agora Ž facultativo Ð SòMULA 439 DO STJ);
b) Trabalho diurno em col™nia agr’cola, industrial ou estabelecimento
similar, com descanso isolado ˆ noite;
c) Admiss‹o do trabalho externo, BEM COMO FREQUæNCIA A CURSOS
SUPLETIVOS PROFISSIONALIZANTES, DE INSTRU‚ÌO DE
SEGUNDO GRAU OU SUPERIOR.

Vejam que as regras, embora parecidas, n‹o s‹o id•nticas. Nesse


regime o condenado pode trabalhar fora do estabelecimento de
cumprimento da pena (em qualquer trabalho, e n‹o apenas em obras
pœblicas), bem como estudar.
AlŽm disso, o preso deve ficar recolhido em estabelecimento pr—prio
(col™nia agr’cola, industrial ou similar), e n‹o em pres’dio comum,
onde se encontram os presos em regime fechado.
Mas e se n‹o houver vagas nos estabelecimentos especiais
(col™nias), o que fazer? O STF entende que se n‹o houver vagas
no regime semiaberto, o preso n‹o pode arcar com essa
defici•ncia do Estado, pois Ž um direito seu. Desta forma, n‹o pode o
preso continuar no regime fechado. Por consequ•ncia, a l—gica determina
sua transfer•ncia diretamente para o regime aberto ou pris‹o domiciliar.
AlŽm disso, na fixa•‹o do regime inicial de cumprimento da pena,
n‹o pode o Juiz fixar regime mais gravoso do que aquele

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abstratamente previsto tendo em conta a pena aplicada, tendo
como base unicamente a gravidade abstrata do delito.
O STF possui dois verbetes de sœmula muito importantes sobre o
tema:
SòMULA 718

A OPINIÌO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÌO


CONSTITUI MOTIVA‚ÌO IDïNEA PARA A IMPOSI‚ÌO DE REGIME MAIS SEVERO DO
QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA.

SòMULA 719
A IMPOSI‚ÌO DO REGIME DE CUMPRIMENTO MAIS SEVERO DO QUE A PENA APLICADA
PERMITIR EXIGE MOTIVA‚ÌO IDïNEA.

1.5.1.3.! Regras do regime aberto


O regime aberto Ž o mais brando dos tr•s regimes de
cumprimento da pena privativa de liberdade, e baseia-se no senso
de responsabilidade e autodisciplina do preso. Regras b‡sicas:
a) Trabalho diurno fora do estabelecimento e sem vigil‰ncia, frequ•ncia ˆ
curso ou outra atividade autorizada, bem como recolhimento noturno e
nos dias de folga;
b) Transfer•ncia para regime mais gravoso no caso de pr‡tica de crime
doloso, frustra•‹o dos fins da execu•‹o (basicamente, a fuga), ou
aus•ncia do pagamento da pena de multa.

Onde se d‡ o recolhimento do preso, e o que ocorre se n‹o


houver vagas no regime aberto? O recolhimento noturno do preso no
regime aberto se d‡ em casa de albergado, que Ž um prŽdio urbano,
separado dos demais estabelecimentos prisionais e que n‹o deva possuir
caracter’sticas de pris‹o, principalmente no que se refere ˆ exist•ncia de
obst‡culos f’sicos para a fuga. Caso n‹o haja vagas no regime semiaberto
(s‹o rar’ssimas as casas de albergado), o STF entende que o preso deve
ser posto em liberdade, atŽ que surja vaga. O STJ, por sua vez, entende
que deve o preso ficar recolhido ˆ pris‹o domiciliar10.


10
(...) 4. Admite-se a concess‹o, em car‡ter excepcional, da pris‹o domiciliar na hip—tese de falta
de vagas em estabelecimento adequado para o cumprimento da pena em regime aberto, que n‹o
justifica a perman•ncia do condenado em condi•›es prisionais mais severas.
Precedentes.
(...)
(REsp 1201880/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 07/05/2013, DJe 14/05/2013)

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1.5.1.4.! Disposi•›es gerais acerca dos regimes de cumprimento
da pena
Conforme havia dito a voc•s, a pena privativa de liberdade atinge
somente um direito do preso: a liberdade (—bvio, n‹o?).
Assim, o preso mantŽm todos os direitos inerentes ˆ pessoa
humana, como o respeito ˆ sua integridade f’sica e moral. O respeito ˆ
integridade f’sica e moral, inclusive, possui ’ndole constitucional (art. 5¡,
XLIX da Constitui•‹o).11
Em raz‹o disso, o STF decidiu regulamentar o uso de algemas,
editando a sœmula vinculante n¡ 11, que diz:
SòMULA VINCULANTE N¼ 11
Sî ƒ LêCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE RESISTæNCIA E DE FUNDADO
RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO Ë INTEGRIDADE FêSICA PRîPRIA OU
ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS, JUSTIFICADA A
EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR,
CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA AUTORIDADE E DE NULIDADE DA PRISÌO OU DO
ATO PROCESSUAL A QUE SE REFERE, SEM PREJUêZO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO.

O direito ao recebimento de sal‡rio pelo seu trabalho


realizado no estabelecimento prisional, bem como o direito ˆ
integrar a previd•ncia social tambŽm s‹o assegurados ao preso,
conforme foi dito.12
E se antes do in’cio do cumprimento da pena sobrevier ao
condenado doen•a mental? O CP diz que o condenado, neste caso,
deve ser recolhido a Hospital de cust—dia e tratamento psiqui‡trico, ou
outro estabelecimento adequado.13
CUIDADO! Se a doen•a mental sobrevŽm ap—s o in’cio da execu•‹o
da pena, aplica-se o art. 183 da LEP, que autoriza o Juiz a substituir a
pena privativa de liberdade por medida de seguran•a.

O C—digo Penal estabelece, ainda, o fen™meno da Detra•‹o, que Ž


o abatimento do tempo de cumprimento da pena imposta, em raz‹o
do tempo que o condenado permaneceu preso provisoriamente,
administrativamente ou internado nos estabelecimentos psiqui‡tricos
previstos no art. 41. Vejamos:

11
XLIX - Ž assegurado aos presos o respeito ˆ integridade f’sica e moral;
12
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos n‹o atingidos pela perda da liberdade, impondo-se
a todas as autoridades o respeito ˆ sua integridade f’sica e moral. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
Art. 39 - O trabalho do preso ser‡ sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benef’cios da
Previd•ncia Social. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
13
Art. 41 - O condenado a quem sobrevŽm doen•a mental deve ser recolhido a hospital de
cust—dia e tratamento psiqui‡trico ou, ˆ falta, a outro estabelecimento adequado. (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de
seguran•a, o tempo de pris‹o provis—ria, no Brasil ou no estrangeiro, o de
pris‹o administrativa e o de interna•‹o em qualquer dos estabelecimentos
referidos no artigo anterior. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Por fim, h‡ ainda a previs‹o de regime de cumprimento de pena


especial ˆs presidi‡rias mulheres, que devem ser recolhidas a
estabelecimento pr—prio.14
Trata-se de regra que materializa o direito previsto no art. 5¡,
XLVIII da constitui•‹o, que trata do cumprimento da pena em
estabelecimentos prisionais adequados.15
Na Lei de Execu•›es Penais, inclusive, h‡ regramento espec’fico
para o tratamento das presidi‡rias gestantes e que estejam em fase de
amamenta•‹o, bem como disp›e sobre a exist•ncia de creches para que
as m‹es presidi‡rias n‹o sejam privadas da companhia de seus filhos, e
vice-versa.

(FGV Ð IX EXAME UNIFICADO DA OAB)


O sistema punitivo brasileiro Ž progressivo. Por meio dele o
condenado passa do regime inicial de cumprimento de pena mais
severo para regime mais brando, atŽ alcan•ar o livramento
condicional ou a liberdade definitiva.
A respeito da progress‹o de regime, assinale a afirmativa correta.
A) O sistema progressivo brasileiro Ž compat’vel com a
progress‹o Òpor saltosÓ, consistente na possibilidade da
passagem direta do regime fechado para o aberto.
B) O cumprimento da pena privativa de liberdade nos crimes
hediondos Ž uma exce•‹o ao sistema progressivo. O condenado
nesta modalidade criminosa deve iniciar e encerrar o
cumprimento da pena no regime fechado, sem possibilidade de
passagem para regime mais brando.
C) A progress‹o est‡ condicionada, nos crimes contra a
Administra•‹o Pœblica, ˆ repara•‹o do dano causado ou ˆ
devolu•‹o do produto do il’cito praticado com os acrŽscimos
legais, alŽm do cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior e
do mŽrito do condenado.


14
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento pr—prio, observando-se os deveres e
direitos inerentes ˆ sua condi•‹o pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Cap’tulo.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
15
XLVIII - a pena ser‡ cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado;

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D) O pedido de progress‹o deve ser endere•ado ao ju’zo
sentenciante, que decidir‡ independente de manifesta•‹o do
MinistŽrio Pœblico.
COMENTçRIOS:
A) No sistema brasileiro n‹o se admite a progress‹o por saltos, de forma
que progress‹o de regime deve sempre se realizar do regime mais
gravoso para o regime imediatamente menos gravoso.
B) A impossibilidade de progress‹o de regime nos crimes hediondos
deixou de existir em 2006, com decis‹o do STF. Em 2007, a Lei
11.464/07 passou a possibilitar a progress‹o de regime para os crimes
hediondos.
C) Item correto. Os critŽrios do cumprimento de 1/6 da pena e do mŽrito
do preso s‹o genŽricos. Os demais est‹o previstos especificamente para
este caso, nos termos do art. 33, ¤4¼ do CP:
Art. 33 - (...)
¤ 4o O condenado por crime contra a administra•‹o pœblica ter‡ a progress‹o
de regime do cumprimento da pena condicionada ˆ repara•‹o do dano que
causou, ou ˆ devolu•‹o do produto do il’cito praticado, com os acrŽscimos
legais. (Inclu’do pela Lei n¼ 10.763, de 12.11.2003)

D) O pedido de progress‹o Ž endere•ado ao Juiz da Execu•‹o, nos termos


do art. 66, III, b da LEP:
Art. 66. Compete ao Juiz da execu•‹o:
(...)
III - decidir sobre:
(...)
b) progress‹o ou regress‹o nos regimes;
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Helena, condenada a pena privativa de liberdade, sofre, no curso
da execu•‹o da referida pena, superveni•ncia de doen•a mental.
Nesse caso, o juiz da execu•‹o, verificando que a enfermidade
mental tem car‡ter permanente, dever‡
a) aplicar o Art. 41, do CP, que assim disp›e, verbis: Ò O
condenado a quem sobrevŽm doen•a mental deve ser recolhido a
hospital de cust—dia e tratamento psiqui‡trico ou, ˆ falta, a outro
estabelecimento adequado.Ó
b) aplicar o Art. 97, do CP, que assim disp›e, verbis: Ò Se o agente
for inimput‡vel, o juiz determinar‡ sua interna•‹o (Art. 26). Se,
todavia, o fato previsto como crime for pun’vel com deten•‹o,
poder‡ o juiz submet•-lo a tratamento ambulatorial.Ó
c) aplicar o Art. 183 da LEP (Lei n. 7.210/84), que assim disp›e,
verbis: ÒQuando, no curso da execu•‹o da pena privativa de
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liberdade, sobrevier doen•a mental ou perturba•‹o da saœde
mental, o Juiz, de Of’cio, a requerimento do MinistŽrio Pœblico, da
Defensoria Pœblica ou da autoridade administrativa, poder‡
determinar a substitui•‹o da pena por medida de seguran•a.Ó
d) aplicar o Art. 108 da LEP (Lei n. 7.210/84), que assim disp›e,
verbis: ÒO condenado a quem sobrevier doen•a mental ser‡
internado em Hospital de Cust—dia e Tratamento Psiqui‡tricoÓ.
COMENTçRIOS: Como o condenado j‡ estava cumprindo pena quando
sobreveio doen•a mental, deve ser aplicado o art. 183 da LEP, e n‹o o
art. 108.
O art. 108 da LEP aplica-se apenas quando a doen•a mental surge entre a
condena•‹o e o in’cio do cumprimento da pena.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

1.5.2.! Penas restritivas de direitos


As penas restritivas de direitos s‹o tambŽm chamadas de Òpenas
alternativasÓ, pois se apresentam como uma alternativa ˆ aplica•‹o da
pena privativa de liberdade, muitas vezes desnecess‡ria no caso
concreto.
S‹o divididas em cinco espŽcies, conforme j‡ adiantado, nos termos
do art. 43 do CP.
Duas s‹o as caracter’sticas elementares das penas restritivas de
direitos: autonomia e substitutividade.16
Por autonomia entende-se a impossibilidade de serem
aplicadas cumulativamente com a pena privativa de liberdade.
Por substitutividade entende-se o car‡ter substitutivo das penas
restritivas de direito, ou seja, elas n‹o s‹o previstas como pena
origin‡ria para nenhum crime no C—digo Penal, sendo aplicadas de
maneira a substituir uma pena privativa de liberdade
originariamente imposta, quando presentes os requisitos legais.
Entretanto, as penas restritivas de direitos devem ser aplicadas
somente se presentes alguns requisitos, que a doutrina divide em
objetivos e subjetivos.17 Os primeiros referem-se ao crime em si, e ˆ
penalidade imposta. Os œltimos est‹o ligados ˆ pessoa do criminoso.
Est‹o previstos nos incisos do art. 44 do CP.18

16
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi•‹o.
S‹o Paulo, 2015, p. 659/660
17
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 662/666
18
Art. 44. As penas restritivas de direitos s‹o aut™nomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
I - aplicada pena privativa de liberdade n‹o superior a quatro anos e o crime n‹o for cometido com
viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
II - o rŽu n‹o for reincidente em crime doloso; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)

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REQUISITOS OBJETIVOS
Natureza do S— pode haver substitui•‹o nos casos de crimes
crime culposos (todos eles) ou no caso de crimes
dolosos, desde que, nesse œltimo caso, n‹o
tenha sido o crime cometido com viol•ncia
ou grave amea•a ˆ pessoa (ex.: N‹o caberia
substitui•‹o no caso de homic’dio).
Quantidade de A pena aplicada, no caso de crimes dolosos,
pena aplicada n‹o pode ser superior a quatro anos. No caso
de crimes culposos, pode haver a substitui•‹o
qualquer que seja a pena aplicada.

REQUISITOS SUBJETIVOS
N‹o ser OBS.1: Se o condenado for reincidente em crime
reincidente em culposo, poder‡ haver a substitui•‹o.
crime doloso OBS.2: Entretanto, excepcionalmente, mesmo
se o condenado for reincidente em crime doloso,
poder‡ haver a substitui•‹o, desde que a
medida seja socialmente recomend‡vel
(an‡lise das caracter’sticas do fato criminoso e do
infrator) e n‹o se trate de reincid•ncia
espec’fica (reincid•ncia no mesmo crime),
conforme previs‹o do art. 44, ¤ 3¡ do CP.
Sufici•ncia da A pena restritiva de direitos deve ser suficiente
medida (princ’pio para garantir o alcance das finalidades da pena
da sufici•ncia) (puni•‹o e preven•‹o, geral e especial).

1.5.2.1.! Regras da substitui•‹o


Nos termos do art. 44, ¤ 2¡ do CP, a substitui•‹o se far‡ da
seguinte forma:
¤ 2o Na condena•‹o igual ou inferior a um ano, a substitui•‹o pode ser feita
por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a
pena privativa de liberdade pode ser substitu’da por uma pena restritiva de
direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de
1998)
Assim:
a) Pena igual ou inferior a um ano = Substitui•‹o por multa ou uma

III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunst‰ncias indicarem que essa substitui•‹o seja suficiente. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)

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pena restritiva de direitos;
b) Pena superior a um ano = Substitui•‹o por pena de multa e uma
pena restritiva de direitos, ou por duas restritivas de direitos. No caso de
serem aplicadas duas restritivas de direitos, o condenado poder‡ cumpri-
las simultaneamente, se forem compat’veis, ou sucessivamente, se
incompat’veis (art. 69, ¤ 2¡ do CP).

ATEN‚ÌO! O art. 60, ¤ 2¡ do CP prev• que: ¤ 2¼ - A pena privativa de


liberdade aplicada, n‹o superior a 6 (seis) meses, pode ser substitu’da pela de multa,
observados os critŽrios dos incisos II e III do art. 44 deste C—digo. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984). Como conciliar este artigo com o art. 44, ¤
2¡ do CP, que expressamente permite a substitui•‹o pela pena de
multa nos casos de crime cuja pena seja igual ou inferior a um
ano? Como fazer quando a pena privativa de liberdade for
superior a seis meses, mas n‹o superior a um ano? O
entendimento majorit‡rio Ž o de que o art. 44, ¤ 2¡, por ter sido
inclu’do pela Lei 9.714/98, sendo mais recente, portanto, que o art. 60, ¤
2¡ (inclu’do pela Lei 7.209/84), revogou este œltimo, de forma que a
substitui•‹o da pena privativa de liberdade pela pena de multa pode
ocorrer quando a pena aplicada n‹o for superior a um ano.19

Pode ocorrer, no entanto, durante o cumprimento da pena restritiva


de direitos, que o condenado descumpra a obriga•‹o imposta pelo Juiz.
Nesse caso, ocorrer‡ o que se chama de RECONVERSÌO
OBRIGATîRIA. Embora a lei diga Òconvers‹oÓ, a convers‹o ocorreu da
primeira vez, quando se converteu a pena privativa de liberdade em
restritiva de direitos. O que acontece, agora, Ž uma reconvers‹o ˆ pena
original. Nos termos do art. 44, ¤ 4¡ do CP:
¤ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restri•‹o imposta. No
c‡lculo da pena privativa de liberdade a executar ser‡ deduzido o tempo
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo m’nimo de trinta
dias de deten•‹o ou reclus‹o. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)

Mas a Lei n‹o Ž injusta, de forma que se o condenado cumpriu


parte da pena restritiva de direitos imposta, o tempo que ele
cumpriu ser‡ abatido da pena privativa de liberdade que ele
cumprir‡ em raz‹o da reconvers‹o (parte final do ¤ 4¡ do art. 44 do
CP).

19
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 671/672

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Entretanto, alŽm da reconvers‹o obrigat—ria, h‡ tambŽm hip—tese
de reconvers‹o facultativa, nos termos do art. 44, ¤ 5¡ do CP:
¤ 5o Sobrevindo condena•‹o a pena privativa de liberdade, por outro crime, o
juiz da execu•‹o penal decidir‡ sobre a convers‹o, podendo deixar de aplic‡-
la se for poss’vel ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Inclu’do
pela Lei n¼ 9.714, de 1998)

Nesse caso, o Juiz da execu•‹o ir‡ avaliar se o condenado pode


cumprir a pena restritiva de direitos imposta juntamente com a pena
privativa de liberdade (que o camarada acabou de receber). Se for
poss’vel, o Juiz PODE manter a pena restritiva de direitos imposta e o
condenado cumprir‡ ambas, simultaneamente; se n‹o for poss’vel,
haver‡ a reconvers‹o para a pena privativa de liberdade anteriormente
aplicada.20
EXEMPLO: Imagine que fulano tenha sido condenado a pena de 02 anos
de deten•‹o, substitu’da por restritiva de direitos consistente na
presta•‹o de servi•os ˆ comunidade. Enquanto cumpria a pena
alternativa, fulano foi condenado a uma pena privativa de liberdade que
n‹o foi suspensa (sursis) nem convertida em restritiva de direitos. Nesse
caso, o cumprimento de ambas Ž invi‡vel, pois fulano n‹o pode ao
mesmo tempo estar preso e cumprir a pena de presta•‹o de servi•os ˆ
comunidade. Assim, dever‡ haver a reconvers‹o da restritiva de direito
em privativa de liberdade.

PorŽm, se no exemplo acima, a pena restritiva de direitos imposta


fosse de presta•‹o pecuni‡ria, n‹o haveria nenhum impedimento ao
cumprimento simult‰neo desta com a nova pena privativa de liberdade
imposta, de forma que o Juiz da execu•‹o poderia deixar de reconvert•-
la.
CUIDADO! N‹o se admite a reconvers‹o se o condenado deixa
de pagar a pena de multa, pois o CP s— admite a reconvers‹o no caso
de descumprimento das penas restritivas de direitos e n‹o no caso de
descumprimento da pena multa.
CUIDADO II! N‹o se deve confundir pena de MULTA com pena de
PRESTA‚ÌO PECUNIçRIA. A primeira Ž uma modalidade de pena, a
outra Ž uma espŽcie de pena RESTRITIVA DE DIREITOS. No primeiro
caso, NÌO ƒ POSSêVEL A CONVERSÌO EM PRISÌO pelo n‹o
pagamento. No segundo caso Ž POSSêVEL, conforme entendimento do
STJ.21


20
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 699
21
HC 133.942/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe 20/03/2012

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1.5.2.2.! Penas restritivas de direitos em espŽcie

(i)! Presta•‹o pecuni‡ria


Consiste no pagamento em dinheiro ˆ v’tima da infra•‹o penal, a
seus dependentes, ou ainda, a entidade pœblica ou privada com finalidade
social, em montante fixado pelo Juiz entre 01 (um) e 360 (trezentos e
sessenta) sal‡rios m’nimos. Este valor pago ser‡ deduzido de
eventual valor a ser pago em raz‹o de condena•‹o na esfera c’vel,
SE OS BENEFICIçRIOS FOREM OS MESMOS.
No entanto, pode acontecer de, por acordo entre o infrator e o
benefici‡rio da presta•‹o, esta ser de outra natureza que n‹o seja
patrimonial.22
EXEMPLO: joias, bens m—veis, im—veis, m‹o-de-obra, etc.

MUITO CUIDADO! A presta•‹o pode ser destinada a qualquer


entidade pœblica. No entanto, se se tratar de entidade privada, dever‡
possuir finalidade social.

AlŽm disso, a pena de presta•‹o pecuni‡ria NÌO ƒ PENA DE


MULTA. Trata-se de uma modalidade de pena restritiva de direitos, e
difere da multa em diversos aspectos. Vejamos:
DIFEREN‚AS ENTRE PRESTA‚ÌO PECUNIçRIA E MULTA
CRITƒRIO MULTA PRESTA‚ÌO
PECUNIçRIA
Destina•‹o Destinada ao Fundo Destinada ˆ v’tima, seus
Penitenci‡rio dependentes ou entidade
Nacional. pœblica ou privada (com
destina•‹o social).

Fixa•‹o Entre 10 e 360 Entre 01 e 360 sal‡rios


dias-multa m’nimos.
Consequ•ncias do Dever‡ ser executada Reconvers‹o obrigat—ria.
descumprimento como d’vida de
valor.

22
¤ 1o A presta•‹o pecuni‡ria consiste no pagamento em dinheiro ˆ v’tima, a seus dependentes
ou a entidade pœblica ou privada com destina•‹o social, de import‰ncia fixada pelo juiz, n‹o
inferior a 1 (um) sal‡rio m’nimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) sal‡rios m’nimos. O
valor pago ser‡ deduzido do montante de eventual condena•‹o em a•‹o de repara•‹o civil, se
coincidentes os benefici‡rios. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
¤ 2o No caso do par‡grafo anterior, se houver aceita•‹o do benefici‡rio, a presta•‹o pecuni‡ria
pode consistir em presta•‹o de outra natureza. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)

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(ii)! Perda de bens e valores


A perda de bens e valores, tal qual a pena de presta•‹o pecuni‡ria,
Ž uma modalidade de pena restritiva de direitos que atinge o patrim™nio
financeiro do condenado.23

Poder‡ ter, como teto, dois par‰metros:


¥! Montante do preju’zo causado
¥! Montante do proveito obtido pelo agente ou por terceiro
com a pr‡tica do delito

Perceba, caro aluno, que esta pena s— poder‡ ser aplicada nas
hip—teses de crimes que gerem algum
d preju’zo ao sujeito passivo ou
tragam algum benef’cio ao sujeito ativo ou a terceira pessoa.

N‹o confundam a pena de perdimento de bens,


art. 45, ¤ 3¡ do CP (modalidade de pena restritiva de direitos), com o
confisco, previsto no art. 91, II do CP (perda de bens em raz‹o da
condena•‹o). A pena de perdimento de bens incide sobre o
patrim™nio l’cito do condenado, sendo, portanto, uma pena
propriamente dita. J‡ o confisco n‹o Ž pena, mas efeito da
condena•‹o, e incide sobre o patrim™nio il’cito do agente,
constitu’do pelo produto do crime e pelos instrumentos do delito,
desde que estes consistam em coisas cujo fabrico, aliena•‹o, uso, porte
ou deten•‹o constitua fato il’cito.

(iii)! Presta•‹o de servi•os ˆ comunidade


A pena de presta•‹o de servi•os ˆ comunidade consiste, nos termos
do art. 46, ¤¤ 1¡ e 2¡ do CP:
Art. 46. A presta•‹o de servi•os ˆ comunidade ou a entidades pœblicas Ž
aplic‡vel ˆs condena•›es superiores a seis meses de priva•‹o da liberdade.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
¤ 1o A presta•‹o de servi•os ˆ comunidade ou a entidades pœblicas consiste
na atribui•‹o de tarefas gratuitas ao condenado. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714,
de 1998)
¤ 2o A presta•‹o de servi•o ˆ comunidade dar-se-‡ em entidades
assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos


23
Est‡ prevista no art. 45, ¤ 3¡ do CP:
¤ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-‡, ressalvada a legisla•‹o
especial, em favor do Fundo Penitenci‡rio Nacional, e seu valor ter‡ como teto - o que for maior -
o montante do preju’zo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em
consequ•ncia da pr‡tica do crime. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)

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cong•neres, em programas comunit‡rios ou estatais. (Inclu’do pela Lei n¼
9.714, de 1998)

De plano, voc•s podem perceber que se trata de pena restritiva de


direitos somente cab’vel nas condena•›es a pena privativa de
liberdade superior a 06 meses.
Embora o CP se refira a Òentidades pœblicasÓ, a Doutrina entende
que, ˆ semelhan•a do que ocorre com a pena de presta•‹o pecuni‡ria,
esta pode ter como destinat‡ria entidade privada, desde que
possua destina•‹o social.24
A Doutrina entende, ainda, que a pena n‹o pode ser prestada em
Igrejas, por n‹o se tratar de servi•o ˆ comunidade, e pelo fato de que
seria uma ofensa ao princ’pio do Estado laico (art. 19, I da Constitui•‹o).
O ¤ 1¡ determina que a pena c deva ser cumprida mediante a
atribui•‹o de tarefas gratuitas ao condenado. Ou seja, diferentemente do
que ocorre no caso de trabalho realizado pelo preso no estabelecimento
prisional, quando em cumprimento de pena privativa de liberdade, aqui o
condenado n‹o recebe nada pelo trabalho, exatamente porque
esta Ž a pr—pria pena. Na pena privativa de liberdade a execu•‹o das
tarefas n‹o Ž a pena (que Ž a priva•‹o da liberdade), moÕtivo pelo qual
naqueles casos o preso deve receber retribui•‹o salarial.
O ¤ 3¡ estabelece que as tarefas sejam atribu’das de acordo com
as aptid›es do condenado. Vejamos:
¤ 3o As tarefas a que se refere o ¤ 1o ser‹o atribu’das conforme as aptid›es
do condenado, devendo ser cumpridas ˆ raz‹o de uma hora de tarefa por dia
de condena•‹o, fixadas de modo a n‹o prejudicar a jornada normal de
trabalho. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)

Assim, n‹o pode o Juiz determinar a um pintor que preste servi•o


de carpintaria em uma escola, pois n‹o se enquadra dentro das suas
aptid›es, sendo imposs’vel de ser cumprida.
A pena n‹o pode, ainda, ser vexat—ria, humilhante ou possuir
qualquer outra caracter’stica contr‡ria ˆ sua finalidade.
O sistema de cumprimento adotado pelo CP Ž o da hora-tarefa, ou
seja, cada hora de tarefa realizada ser‡ computada como um dia da
condena•‹o.
EXEMPLO: Imagine que fulano foi condenado a 08 meses de deten•‹o,
tendo sua pena sido convertida em restritiva de direitos, consistente na
presta•‹o de servi•os ˆ comunidade. Assim, cada hora-tarefa cumprida
por fulano corresponder‡ a um dia de cumprimento da pena.


24
Em nenhuma hip—tese ser‡ poss’vel a presta•‹o de servi•os a entidades privadas que visem
lucro. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 682

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Entretanto, o ¤ 4¡ estabelece que se pena aplicada for superior a
um ano, para que n‹o se torne muito extensa, poder‡ ser cumprida em
menor tempo, mas nunca inferior ˆ metade.
¤ 4o Se a pena substitu’da for superior a um ano, Ž facultado ao condenado
cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior ˆ
metade da pena privativa de liberdade fixada. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)

Imagine, no exemplo anterior, que a condena•‹o de fulano tenha


sido a dois anos de reclus‹o. Nesse caso, o CP possibilita que fulano
realize duas horas-tarefa por dia, o que lhe far‡ abater dois dias de
cumprimento da pena, que ser‡ cumprida na metade do tempo previsto.
No entanto, o cumprimento n‹o pode se dar em menos da metade do
tempo previsto!

2
(iv)! Interdi•‹o tempor‡ria de direitos
A pena de interdi•‹o tempor‡ria de direitos est‡ prevista no art. 47
do CP, e pode consistir em:
Art. 47 - As penas de interdi•‹o tempor‡ria de direitos s‹o: (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - proibi•‹o do exerc’cio de cargo, fun•‹o ou atividade pœblica, bem como de
mandato eletivo; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - proibi•‹o do exerc’cio de profiss‹o, atividade ou of’cio que dependam de
habilita•‹o especial, de licen•a ou autoriza•‹o do poder pœblico;(Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - suspens‹o de autoriza•‹o ou de habilita•‹o para dirigir ve’culo. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)>
IV - proibi•‹o de freqŸentar determinados lugares. (Inclu’do pela Lei n¼
9.714, de 1998)
V - proibi•‹o de inscrever-se em concurso, avalia•‹o ou exame pœblicos.
(Inclu’do pela Lei n¼ 11.250, de 2011)

As duas primeiras hip—teses s‹o modalidades de penas restritivas


de direitos espec’ficas, pois s— podem ser aplicadas quando o crime
for cometido no exerc’cio do cargo ou fun•‹o pœblica, ou, na
segunda hip—tese, no exerc’cio de atividade que dependa de
habilita•‹o especial, licen•a ou autoriza•‹o do poder pœblico. Esta
Ž a previs‹o do art. 56 do CP:
Art. 56 - As penas de interdi•‹o, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste
C—digo, aplicam-se para todo o crime cometido no exerc’cio de profiss‹o,
atividade, of’cio, cargo ou fun•‹o, sempre que houver viola•‹o dos deveres
que lhes s‹o inerentes. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

EXEMPLO: Se um funcion‡rio pœblico comete um crime de les‹o


corporal, sem qualquer rela•‹o com o exerc’cio das fun•›es, n‹o pode
lhe ser imposta a pena suspens‹o de exerc’cio de cargo ou fun•‹o
pœblica. Da mesma forma, se um mŽdico Ž condenado pelo crime de

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furto, n‹o poder‡ ser privado do exerc’cio de sua atividade, pois o crime
praticado n‹o guarda qualquer rela•‹o com o exerc’cio da atividade.
N‹o devemos confundir esta pena com o efeito da condena•‹o
previsto no art. 92, I do CP.
A pena de suspens‹o de autoriza•‹o ou habilita•‹o para dirigir
ve’culo (inciso III) somente se aplica nos casos de crimes culposos
cometidos no tr‰nsito. Nos termos do art. 57 do CP:
Art. 57 - A pena de interdi•‹o, prevista no inciso III do art. 47 deste C—digo,
aplica-se aos crimes culposos de tr‰nsito. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)

Entretanto, com a edi•‹o do C—digo de Tr‰nsito Brasileiro (Lei


9.503/97), este dispositivo perdeu muito de sua utilidade, pois o CTB
cuida com certa minœcia da matŽria,9 inclusive no que tange ˆ aplica•‹o
desta pena de interdi•‹o. Entretanto, isto n‹o Ž tema para a nossa aula.
! CUIDADO! Esta pena n‹o pode ser confundida com o efeito da
condena•‹o previsto no art. 92, III do CP:
Art. 92 - S‹o tambŽm efeitos da condena•‹o: (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
(...) III - a inabilita•‹o para dirigir ve’culo, quando utilizado como meio para
a pr‡tica de crime doloso. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
A pena restritiva de direitos consistente na suspens‹o do direito de dirigir
Ž uma pena que se aplica aos crimes culposos cometidos no tr‰nsito. J‡ o
efeito da condena•‹o, consistente na inabilita•‹o para dirigir, ocorre
quando o ve’culo Ž utilizado como meio para a pr‡tica de crime doloso
(atropelamento doloso, por exemplo).25

Por sua vez, a proibi•‹o de frequentar determinados lugares Ž


uma pena de dif’cil fiscaliza•‹o, pois, primeiramente, a Lei n‹o
estabeleceu quais s‹o os lugares, ficando a critŽrio do Juiz26. Em segundo
lugar, a aus•ncia de mecanismos h‡beis para a realiza•‹o da fiscaliza•‹o
dificulta demais a aplica•‹o desta pena.
Entretanto, a Doutrina entende que se trata de uma pena
constitucional, e que mesmo a express‹o vaga Òdeterminados lugaresÓ
n‹o ofende o princ’pio da legalidade, na medida em que esta Ž uma pena
alternativa, sendo originariamente prevista a pena privativa de liberdade,
perfeitamente bem delimitada.
Finalizando com chave-de-ouro, o inciso V (inclu’do pela Lei
11.250/11) prev• uma quinta modalidade de interdi•‹o de direitos,


25
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 688/689
26
Entende-se que o lugar deva ter alguma rela•‹o com o delito cometido, e que seja um lugar que
exer•a influ•ncia crimin—gena sobre o condenado (um lugar que propicie a ele a pr‡tica do delito).
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 690/691

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consistente na impossibilidade de o condenado se inscrever em concurso,
avalia•‹o ou exame pœblico.
A Lei n‹o disse por quanto tempo, mas por l—gica, em se tratando
de uma pena substitutiva, esta pena ter‡ como dura•‹o o mesmo
per’odo da pena privativa de liberdade aplicada.

(v)! Limita•‹o de fim de semana


Est‡ regulamentada pelo art. 48 do CP:
Art. 48 - A limita•‹o de fim de semana consiste na obriga•‹o de permanecer,
aos s‡bados e domingos, por 5 (cinco) horas di‡rias, em casa de albergado
ou outro estabelecimento adequado. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Durante a perman•ncia poder‹o ser ministrados ao
condenado cursos e palestras ou atribu’das atividades educativas.(Reda•‹o
b
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Trata-se de uma pena raramente aplicada, em raz‹o da


praticamente inexist•ncia, no Brasil, de casas de albergado e cong•neres.
O STJ entende que se essa pena for aplicada, n‹o havendo casa de
albergado em que possa ser cumprida, n‹o pode o condenado ser
submetido a estabelecimento prisional, por ser medida mais gravosa que
a pena imposta.

(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Com rela•‹o aos critŽrios para substitui•‹o da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos, assinale a alternativa correta.
a) A substitui•‹o nunca poder‡ ocorrer se o rŽu for reincidente em
crime doloso.
b) Somente far‡ jus ˆ substitui•‹o o rŽu que for condenado a pena
n‹o superior a 4 (quatro) anos.
c) Em caso de descumprimento injustificado da pena restritiva de
direitos, esta ser‡ convertida em privativa de liberdade,
reiniciando-se o cumprimento da integralidade da pena fixada em
senten•a.
d) Se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substitu’da por uma pena restritiva de direitos e multa ou por
duas restritivas de direitos.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Item errado, pois embora esta seja a veda•‹o prevista no
art. 44, II do CP, o ¤3¼ do mesmo art. 44 excepciona a regra,
estabelecendo que mesmo nestes casos o Juiz poder‡ realizar a

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substitui•‹o, desde que n‹o se trate de reincid•ncia espec’fica (mesmo
crime) e que a medida seja recomend‡vel.
B) ERRADA: Item errado, pois o rŽu condenado por crime culposo pode
ter sua pena substitu’da, independentemente da quantidade de pena
aplicada, nos termos do art. 44, I do CP.
C) ERRADA: Item errado, pois o tempo cumprido de pena restritiva de
direitos ser‡ abatido da pena privativa de liberdade a executar, nos
termos do art. 44, ¤4¼ do CP.
D) CORRETA: Item correto, pois esta Ž a exata previs‹o do art. 44, ¤2¼,
parte final, do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

1.5.3.! Pena de multa


A pena de multa pode ser conceituada como a penalidade (san•‹o
penal) consistente no pagamento de determinada quantia em dinheiro e
destinada ao Fundo Penitenci‡rio Nacional. Nos termos do art. 49, e seus
¤¤, do CP:
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenci‡rio da
quantia fixada na senten•a e calculada em dias-multa. Ser‡, no m’nimo, de
10 (dez) e, no m‡ximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - O valor do dia-multa ser‡ fixado pelo juiz n‹o podendo ser inferior a
um trigŽsimo do maior sal‡rio m’nimo mensal vigente ao tempo do fato, nem
superior a 5 (cinco) vezes esse sal‡rio. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - O valor da multa ser‡ atualizado, quando da execu•‹o, pelos ’ndices
de corre•‹o monet‡ria. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

O critŽrio utilizado para a fixa•‹o da pena de multa Ž o do dia-


multa. O valor do Òdia-multaÓ ser‡ arbitrado pelo Juiz, em montante que
varie entre 1/30 (um trigŽsimo) e 5 vezes o valor do maior sal‡rio
m’nimo vigente Ë ƒPOCA DO FATO!
Perceba, caro aluno, que a aplica•‹o da pena de multa obedece a
um sistema BIFçSICO, no qual o Juiz:
a) Primeiro fixa a quantidade de dias-multa.
b) Depois, fixa o valor de cada dia multa.

O produto da multiplica•‹o do nœmero de dias multa pelo


valor de cada dia multa ser‡ o montante total da condena•‹o.
EXEMPLO: Imagine que um rŽu Ž condenado ao pagamento de 10 dias-
multa, considerando-se cada dia multa como 1/30 do maior sal‡rio
m’nimo vigente (exemplificativamente, R$ 600,00). Assim, 1/30 de R$
600,00 igual a R$ 20,00. Desta forma, o valor total da condena•‹o ser‡
de 10 (quantidade de dias-multa) x R$ 20,00 (valor do dia-multa). Logo,

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a pena de multa ser‡ fixada em R$ 200,00 (Duzentos reais).

Este critŽrio possibilita o exerc’cio do princ’pio da


individualiza•‹o da pena, pois confere ao Juiz uma amplitude enorme
na fixa•‹o do valor da pena de multa.
A Doutrina entende que27:
! A quantidade de dias-multa Ž calculada com base no fato
criminoso e na personalidade do agente (circunst‰ncias do
art. 59 do CP).
! O valor de cada dia-multa Ž fixado com base na situa•‹o
econ™mica do infrator.

O art. 60 do CP prev• que a pena de multa deve ser fixada levando-


se em conta a situa•‹o econ™mica do rŽu, entretanto, essa fixa•‹o com
base na situa•‹o econ™mica do rŽu se refere ˆ fixa•‹o do valor do dia-
multa. AlŽm disso, seu ¤ 1¡ permite a majora•‹o da pena de multa
em atŽ tr•s vezes, caso mesmo sendo aplicada ao m‡ximo, o Juiz
considere que ela ainda Ž insuficiente.
Art. 60 - Na fixa•‹o da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, ˆ
situa•‹o econ™mica do rŽu. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - A multa pode ser aumentada atŽ o triplo, se o juiz considerar que, em
virtude da situa•‹o econ™mica do rŽu, Ž ineficaz, embora aplicada no
m‡ximo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Ressalto a voc•s que esse sistema de aplica•‹o da pena de multa Ž


genŽrico, ou subsidi‡rio. Assim, nada impede que a Legisla•‹o
Especial, e atŽ mesmo o CP, prevejam situa•›es especiais nas
quais o critŽrio para a aplica•‹o da pena de multa seja outro.
O pagamento da pena de multa deve se dar em atŽ 10 dias a contar
do tr‰nsito em julgado da senten•a, podendo o Juiz, considerando as
circunst‰ncias e a requerimento do condenado, permitir o parcelamento
do seu pagamento (art. 50 do CP).
O CP permite, ainda, que a pena de multa seja descontada
diretamente na remunera•‹o do condenado, salvo na hip—tese de ter sido
aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade (¤ 1¡ do art.
50 do CP), E NÌO PODE INCIDIR SOBRE RECURSOS QUE SEJAM
INDISPENSçVEIS AO SUSTENTO DO INFRATOR E DE SUA FAMêLIA
(¤ 2¡ do art. 50 do CP).
Conforme j‡ havia adiantado a voc•s, n‹o cumprida
espontaneamente a pena de multa, n‹o pode haver convers‹o em


27
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p.
529/530

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pena privativa de liberdade28, muito menos reconvers‹o (porque
nunca houve convers‹o). Nesse caso, a multa ser‡ considerada como
d’vida de valor e executada pelo procedimento de cobran•a da d’vida
ativa da Fazenda Pœblica (Execu•‹o Fiscal).29
A Doutrina e a Jurisprud•ncia entendem, em raz‹o disso, que
embora o n‹o cumprimento da pena de multa n‹o possa gerar a
convers‹o em pena privativa de liberdade, isto n‹o lhe retira seu car‡ter
de pena. Assim, aplicada pena de multa e sobrevindo a morte do
infrator, estar‡ extinta a punibilidade30, nos termos do art. 107, I do
CP, j‡ que n‹o se pode estender os efeitos da pena aos sucessores do
infrator, por for•a do art. 5¡, XLV da Constitui•‹o, que ressalvou
apenas a obriga•‹o de reparar o dano e o perdimento de bens.
Por fim, o art. 52 do CP prev• que, sobrevindo doen•a mental ao
condenado, ficar‡ suspensa a pena de multa:
Art. 52 - ƒ suspensa a execu•‹o da pena de multa, se sobrevŽm ao
condenado doen•a mental. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

1.6.! Aplica•‹o das penas

A aplica•‹o da pena Ž o ato mediante o qual o Juiz, ap—s o processo


criminal, proferindo senten•a penal condenat—ria, efetivamente aplica a
san•‹o penal ao infrator.
A doutrina o classifica como um ato discricion‡rio do juridicamente
vinculado, ou seja, o Juiz possui certo grau de discricionariedade na
fixa•‹o da pena, mas deve respeitar os limites estabelecidos pela Lei.
O sistema de aplica•‹o da pena estabelecido pelo CP Ž o
trif‡sico, no que tange ˆ pena privativa de liberdade, pois ela Ž
fixada ap—s a supera•‹o de tr•s etapas:
Art. 68 - A pena-base ser‡ fixada atendendo-se ao critŽrio do art. 59 deste
C—digo; em seguida ser‹o consideradas as circunst‰ncias atenuantes e
agravantes; por œltimo, as causas de diminui•‹o e de aumento. (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

1.6.1.! Etapas da fixa•‹o da pena privativa de liberdade


Como vimos, na fixa•‹o da pena privativa de liberdade se adota um
sistema trif‡sico. Da seguinte forma:
SISTEMA TRIFçSICO DE APLICA‚ÌO DA PENA PRIVATIVA DE


28
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 530/531
29
Art. 51 - Transitada em julgado a senten•a condenat—ria, a multa ser‡ considerada d’vida de
valor, aplicando-se-lhes as normas da legisla•‹o relativa ˆ d’vida ativa da Fazenda Pœblica,
inclusive no que concerne ˆs causas interruptivas e suspensivas da prescri•‹o. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996)
30
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 531

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LIBERDADE
¥! Fixa•‹o da pena-base
¥! Aplica•‹o de agravantes e atenuantes
¥! Aplica•‹o de causas de aumento e diminui•‹o da pena

1.6.1.1.! Fixa•‹o da pena-base


Assim disp›e o art. 59 do CP:
Art. 59 - O juiz, atendendo ˆ culpabilidade, aos antecedentes, ˆ conduta
social, ˆ personalidade do agente, aos motivos, ˆs circunst‰ncias e
consequ•ncias do crime, bem como ao comportamento da v’tima,
estabelecer‡, conforme seja necess‡rio e suficiente para reprova•‹o e
preven•‹o do crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Essas circunst‰ncias mencionadas no art. 59 s‹o chamadas de


circunst‰ncias judiciais, e s‹o levadas em considera•‹o pelo Juiz para
a fixa•‹o da pena-base. Quando favor‡veis ao agente, trazem a pena-
base para pr—ximo do m’nimo previsto. Quanto mais desfavor‡veis,
elevam a pena-base para mais pr—ximo do m‡ximo previsto.
CUIDADO! Nesta etapa, ainda que as circunst‰ncias judiciais sejam
extremamente favor‡veis ao condenado, n‹o pode o Juiz fixar a pena-
base abaixo do m’nimo legal.

AlŽm disso, as circunst‰ncias judiciais possuem um car‡ter


subsidi‡rio, ou seja, s— podem ser levadas em considera•‹o se n‹o
tiverem sido consideradas na previs‹o do tipo penal e n‹o constituam
circunst‰ncias legais (agravantes ou atenuantes) ou causas de
aumento e diminui•‹o da pena.
EXEMPLO: Imagine que JosŽ Ž condenado por agredir um senhor de 85
anos. O Juiz n‹o pode agravar a pena-base em raz‹o das circunst‰ncias
do crime (superioridade de for•as em rela•‹o ˆ v’tima, que Ž pessoa
vulner‡vel), pois essa circunst‰ncia Ž prevista no art. 61, II, h do CP
como uma circunst‰ncia legal (agravante). Vejamos:
Art. 61 - S‹o circunst‰ncias que sempre agravam a pena, quando n‹o
constituem ou qualificam o crime:(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincid•ncia; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
h) contra crian•a, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher gr‡vida;
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 10.741, de 2003)
Assim, se o Juiz aumentasse a pena-base por aquele motivo, e depois
aplicasse a circunst‰ncia legal agravante, haveria o que se chama de Bis
in idem, que Ž a considera•‹o de uma mesma circunst‰ncia duas vezes
em preju’zo do rŽu, o que n‹o Ž permitido (Ou dupla puni•‹o pelo
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mesmo fato).

E se o crime for qualificado, e o agente tiver praticado o


crime mediante a pr‡tica de diversas qualificadoras? Nesse caso, o
entendimento majorit‡rio Ž o de que o Juiz deve levar apenas uma
qualificadora em considera•‹o para qualificar o crime, utilizando as
demais como circunst‰ncias agravantes (se previstas) ou circunst‰ncias
judiciais (que agravam a pena-base).
EXEMPLO: Imaginem que Ronaldo cometeu homic’dio por motivo torpe,
mediante emboscada e com a finalidade de assegurar a oculta•‹o de
outro crime. Estas tr•s situa•›es (motivo torpe, emboscada e finalidade
de assegurar a oculta•‹o de outro crime) s‹o qualificadoras do homic’dio.
Vejamos:
¤ 2¡ Se o homic’dio Ž cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
(...);
IV - ˆ trai•‹o, de emboscada, ou mediante dissimula•‹o ou outro recurso
que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execu•‹o, a oculta•‹o, a impunidade ou vantagem de
outro crime:
Pena - reclus‹o, de doze a trinta anos.
Nesse caso, o Juiz considerar‡ apenas um dos fatores para qualificar o
crime, utilizando os demais como agravantes ou circunst‰ncias judiciais
que aumentam a pena-base.
Como todas as tr•s situa•›es s‹o circunst‰ncias agravantes genŽricas, o
Juiz dever‡ utilizar as outras duas como agravantes. Nos termos do art.
61, II do CP:
Art. 61 - S‹o circunst‰ncias que sempre agravam a pena, quando n‹o
constituem ou qualificam o crime:(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
II - ter o agente cometido o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fœtil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execu•‹o, a oculta•‹o, a impunidade ou
vantagem de outro crime;
c) ˆ trai•‹o, de emboscada, ou mediante dissimula•‹o, ou outro recurso que
dificultou ou tornou imposs’vel a defesa do ofendido;

Portanto, a utiliza•‹o de algum fato como circunst‰ncia judicial se


d‡ de maneira subsidi‡ria, ou seja, somente se este fato ainda n‹o tenha
sido levado em conta na pr—pria defini•‹o do crime ou n‹o se trate de
circunst‰ncia agravante ou causa de aumento de pena.
Na fixa•‹o da pena-base, o Juiz deve partir do m’nimo legal, e
s— poder‡ sair desse patamar se estiverem presentes
circunst‰ncias desfavor‡veis, devendo fundamentar a sua decis‹o.

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Algumas quest›es costumam ser bem pol•micas. Vamos a elas:

¥! Maus antecedentes Ð O STJ e o STF entendem que a mera


exist•ncia de InquŽritos Policiais e a•›es penais em curso, sem
tr‰nsito em julgado31, n‹o podem ser considerados como maus
antecedentes para aumento da pena-base, pois isso seria viola•‹o
ao princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia (sœmula 444 do STJ)
¥! Condena•‹o anterior Ð N‹o pode ser considerada como mau
antecedente, pois j‡ Ž considerada como reincid•ncia (agravante).
¥! Consequ•ncias do crime - Para que possam caracterizar
circunst‰ncia judicial apta a aumentar pena base, devem ser
consequ•ncias que n‹o sejam as naturais do delito Ð
EXEMPLO: O Juiz n‹o pode aumentar a pena base de um
homic’dio consumado ao argumento de que a consequ•ncia do
crime foi grave, j‡ que a v’tima morreu. Ora, em todo homic’dio
consumado Ž LîGICO que a v’tima morreu!
¥! Gravidade abstrata do delito e aumento da pena base ou
fixa•‹o de regime de cumprimento de pena mais gravoso Ð
N‹o pode o julgador aumentar a pena base apenas por entender
que o delito Ž, abstratamente, grave (pois isso j‡ foi levado em
conta pelo legislador ao fixar os patamares m’nimo e m‡ximo).
AlŽm disso, tal circunst‰ncia tambŽm n‹o pode ser utilizada para a
fixa•‹o de regime prisional mais gravoso que o naturalmente
previsto para aquela quantidade de pena aplicada. Sœmula 718 do
STF:
Sœmula 718 do STF
A OPINIÌO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME
NÌO CONSTITUI MOTIVA‚ÌO IDïNEA PARA A IMPOSI‚ÌO DE REGIME MAIS
SEVERO DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA.


31
No julgamento do HC 126.292 o STF decidiu que o cumprimento da pena pode se
iniciar com a mera condena•‹o em segunda inst‰ncia por um —rg‹o colegiado (TJ, TRF,
etc.). Isso significa que o STF relativizou o princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia,
admitindo que a ÒculpaÓ (para fins de cumprimento da pena) j‡ estaria formada nesse
momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido contr‡rio). Isso significa que,
possivelmente, teremos (num futuro breve) altera•‹o nesta sœmula do STJ e na
jurisprud•ncia consolidada do STF, de forma que a•›es penais em curso passem a poder
ser consideradas como maus antecedentes, desde que haja, pelo menos, condena•‹o em
segunda inst‰ncia por —rg‹o colegiado (mesmo sem tr‰nsito em julgado). HC
126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016.

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1.6.1.2.! Segunda fase: an‡lise das agravantes e atenuantes
S‹o circunst‰ncias legais, que agravam ou atenuam a pena fixada
inicialmente (pena-base). S‹o consideradas ÒgenŽricasÓ por estarem
previstas na parte geral do CP. Existem, entretanto, atenuantes
espec’ficas, previstas para determinados tipos penais, como, por
exemplo, a prevista no art. 398 do CTB Ð C—digo de Tr‰nsito Brasileiro.
As agravantes genŽricas est‹o previstas nos arts. 61 a 62 do CP, e
SÌO UM ROL TAXATIVO (somente aquelas).
Nos termos do CP, as agravantes genŽricas s‹o:
Art. 61 - S‹o circunst‰ncias que sempre agravam a pena, quando n‹o
constituem ou qualificam o crime:(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincid•ncia; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fœtil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execu•‹o, a oculta•‹o, a impunidade ou
vantagem de outro crime;
c) ˆ trai•‹o, de emboscada, ou mediante dissimula•‹o, ou outro recurso que
dificultou ou tornou imposs’vel a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irm‹o ou c™njuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de rela•›es domŽsticas, de
coabita•‹o ou de hospitalidade, ou com viol•ncia contra a mulher na forma
da lei espec’fica; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou viola•‹o de dever inerente a cargo, of’cio,
ministŽrio ou profiss‹o; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.318, de 1996)
h) contra crian•a, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher gr‡vida;
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata prote•‹o da autoridade;
j) em ocasi‹o de inc•ndio, naufr‡gio, inunda•‹o ou qualquer calamidade
pœblica, ou de desgra•a particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena ser‡ ainda agravada em rela•‹o ao agente que: (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - promove, ou organiza a coopera•‹o no crime ou dirige a atividade dos
demais agentes; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - coage ou induz outrem ˆ execu•‹o material do crime; (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - instiga ou determina a cometer o crime alguŽm sujeito ˆ sua autoridade
ou n‹o-pun’vel em virtude de condi•‹o ou qualidade pessoal; (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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J‡ as atenuantes genŽricas (favor‡veis ao rŽu) est‹o previstas
no art. 65 do CP, e s‹o um ROL MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO
(conforme preconiza o art. 66 do CP), ou seja, podem ser utilizadas
outras circunst‰ncias n‹o previstas naquela lista.
Nos termos do CP:
Art. 65 - S‹o circunst‰ncias que sempre atenuam a pena: (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70
(setenta) anos, na data da senten•a; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - o desconhecimento da lei; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente:(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espont‰nea vontade e com efici•ncia, logo ap—s o
crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequ•ncias, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coa•‹o a que podia resistir, ou em cumprimento de
ordem de autoridade superior, ou sob a influ•ncia de violenta emo•‹o,
provocada por ato injusto da v’tima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influ•ncia de multid‹o em tumulto, se n‹o o
provocou.
Art. 66 - A pena poder‡ ser ainda atenuada em raz‹o de circunst‰ncia
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora n‹o prevista
expressamente em lei. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

A Doutrina entende, ainda, que as agravantes s— se aplicam aos


crimes dolosos (majorit‡ria), exceto a agravante da reincid•ncia.32
As circunst‰ncias legais (agravantes e atenuantes genŽricas) s‹o de
aplica•‹o obrigat—ria pelo Juiz. Em qualquer caso, a aplica•‹o de uma
agravante nunca pode levar a pena a ficar acima do m‡ximo
previsto para o crime. Assim, se o Juiz, ao fixar a pena base, a fixa no
m‡ximo legal, de nada servir‡ a agravante genŽrica.
Da mesma forma, sendo fixada a pena-base no m’nimo legal, a
aplica•‹o da atenuante n‹o ter‡ qualquer utilidade, pois a pena j‡ estar‡
no m’nimo legal (sœmula 231 do STJ).
A Lei Penal, entretanto, n‹o estabelece uma quantidade de
diminui•‹o ou aumento que deva ser aplicada. Esse critŽrio Ž do Juiz.
Com rela•‹o ˆs agravantes, destacamos a reincid•ncia, por ser
extremamente complexa. Vamos estud‡-la detalhadamente.

(I)!REINCIDæNCIA


32
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516

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A reincid•ncia Ž a pr‡tica de um crime ap—s ter o agente sido
condenado por senten•a irrecorr’vel em outro crime, no Brasil ou
no exterior (art. 63 do CP). No entanto, Ž poss’vel a reincid•ncia no caso
de pr‡tica de contraven•‹o ap—s ter sido o agente condenado por
senten•a irrecorr’vel pela pr‡tica de crime ou contraven•‹o. No entanto, a
pr‡tica de crime ap—s a condena•‹o criminal irrecorr’vel por
contraven•‹o NÌO GERA REINCIDæNCIA. Assim:

INFRA‚ÌO INFRA‚ÌO RESULTADO


ANTERIOR POSTERIOR
CRIME CRIME REINCIDENTE
CRIME CONTRAVEN‚ÌO REINCIDENTE
CONTRAVEN‚ÌO CONTRAVEN‚ÌO REINCIDENTE
CONTRAVEN‚ÌO CRIME PRIMçRIO

Resumindo, a pr‡tica de contraven•‹o penal ap—s a condena•‹o


irrecorr’vel por qualquer infra•‹o penal (contraven•‹o ou crime), gera
reincid•ncia. J‡ a pr‡tica de crime s— gera a condi•‹o de reincidente se a
condena•‹o anterior se deu por outro crime, n‹o gerando este efeito
no caso de condena•‹o anterior por contraven•‹o.
Assim, temos a absurda hip—tese de alguŽm praticar duas
contraven•›es e ser reincidente. J‡ no caso de pr‡tica de um crime
posteriormente a uma condena•‹o por contraven•‹o, SERç PRIMçRIO!
Trata-se de brecha legislativa!33
Nos termos do art. 63 do CP:
Art. 63 - Verifica-se a reincid•ncia quando o agente comete novo crime,
depois de transitar em julgado a senten•a que, no Pa’s ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Para que seja provada a reincid•ncia, Ž necess‡rio que haja certid‹o


do cart—rio judicial acerca da condena•‹o anterior (STJ).
A reincid•ncia pode ser:
a) real Ð quando o agente comete novo crime ap—s cumprir a pena
anterior.
b) ficta ou presumida Ð quando o agente pratica novo crime ap—s
a condena•‹o anterior, pouco importando se tenha ou n‹o cumprido a
pena.
O CP ADOTOU A TEORIA PRESUMIDA.
A reincid•ncia pode, ainda, ser:

33
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 523

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a) genŽrica Ð os crimes praticados s‹o diversos.
b) espec’fica Ð os crimes praticados s‹o previstos no mesmo tipo
penal.

Em regra, n‹o se distingue uma da outra (genŽrica da espec’fica),


mas h‡ situa•›es em que a Lei estabelece consequ•ncias
diferentes para o reincidente genŽrico e para o espec’fico (essa
œltima Ž sempre considerada mais grave).

A reincid•ncia s— ocorrer‡ se o crime novo for praticado no per’odo


de atŽ cinco anos a partir da data EM QUE A PENA ANTERIOR SE
EXTINGUIU (e n‹o a data da senten•a), computando-se o per’odo de
prova da suspens‹o condicional da pena ou do livramento condicional, se
n‹o tiver havido revoga•‹o. ESSE PERêODO SE CHAMA PERêODO
DEPURADOR.
CUIDADO! No crime anterior, se houve a extin•‹o da punibilidade antes
de ser proferida senten•a condenat—ria irrecorr’vel, NUNCA HAVERç
REINCIDæNCIA, pois n‹o chegou a haver condena•‹o irrecorr’vel.

Assim, temos o reincidente (aquele que se enquadra nas situa•›es


explicadas) e o prim‡rio (aquele que n‹o se enquadra nestas situa•›es).
Todavia, a Jurisprud•ncia criou a figura do TECNICAMENTE
PRIMçRIO34, que Ž aquele camarada que possui condena•‹o definitiva,
mas n‹o Ž reincidente, por n‹o ter praticado crime ap—s a condena•‹o
definitiva no outro, mas antes desta, ou por ter praticado esta nova
infra•‹o ap—s o PERêODO DEPURADOR.
Cuidado! Os crimes militares e os crimes pol’ticos n‹o geram
reincid•ncia no campo penal comum.35

(II)! DISPOSI‚ÍES GERAIS ACERCA DA SEGUNDA FASE DE


APLICA‚ÌO DA PENA
Havendo coexist•ncia entre uma agravante e uma atenuante, n‹o
h‡, a princ’pio, compensa•‹o de uma por outra, devendo prevalecer


34
Boa parte da Doutrina entende que essa figura n‹o existe. A pessoa seria, apenas, PRIMçRIO.
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 524
35
Art. 64 - Para efeito de reincid•ncia: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
II - n‹o se consideram os crimes militares pr—prios e pol’ticos.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)

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aquela que for considerada preponderante. Mas qual ser‡ a
preponderante? Ser‡ preponderante:
¥! Menoridade do agente (ser menor de 21 anos ˆ Žpoca do
fato) Ð PREPONDERA SOBRE TODAS!36
¥! Aquelas relativas aos motivos determinantes do crime, da
personalidade do agente e da reincid•ncia.
¥! Outras circunst‰ncias

Nos termos do art. 67 do CP:


Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se
do limite indicado pelas circunst‰ncias preponderantes, entendendo-se como
tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade
do agente e da reincid•ncia. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Mas e se a atenuante e a agravante se referirem a fatores


que se encontram no mesmo patamar? Nesse caso, a’ sim haver‡ a
compensa•‹o de uma pela outra, n‹o se aplicando nenhuma delas
(equival•ncia das circunst‰ncias).37
CUIDADO MASTER! O STJ possui entendimento no sentido de que Ž
poss’vel a compensa•‹o entre a agravante da reincid•ncia com a
atenuante da confiss‹o espont‰nea.38
Contudo, o STJ entende que Ž poss’vel ao Juiz DEIXAR DE
PROCEDER Ë COMPENSA‚ÌO, se entender que, no caso concreto, o
grau de reincid•ncia do agente deva preponderar sobre a
confiss‹o espont‰nea (agente que Ž mœltiplo reincidente39).

1.6.1.3.! Terceira fase: aplica•‹o das causas de aumento e


diminui•‹o da pena
Nessa fase, ap—s ultrapassadas as duas primeiras, o Juiz verifica se
h‡ alguma causa de aumento ou diminui•‹o da pena prevista para o caso.
As causas de aumento e diminui•‹o s‹o obrigat—rias ou facultativas
(dependendo do caso), podendo estar previstas na parte geral ou na
parte especial (genŽricas ou espec’ficas), podendo, ainda, ser fixas ou
vari‡veis. Assim, elas podem ser:

36
HC 274.758/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe
05/03/2014
37
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516
38
(REsp 1360952/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 09/12/2014, DJe 19/12/2014)

39
TambŽm chamado de MULTIRREINCIDENTE. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p.
524

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¥! Obrigat—rias ou facultativas Ð a depender da obrigatoriedade ou
n‹o de sua aplica•‹o;
¥! GenŽricas ou espec’ficas Ð Se previstas na parte geral do CP ou
na sua parte especial (ou na legisla•‹o especial);
¥! Fixas ou vari‡veis Ð Quando a quantidade de aumento e
diminui•‹o Ž fixa ou pode variar de acordo com o entendimento do Juiz.

Ao contr‡rio do que ocorre na segunda fase (circunst‰ncias


agravantes e atenuantes), aqui a pena pode ficar abaixo do m’nimo
ou acima do m‡ximo legal previsto no tipo penal.
EXEMPLO: Imagine um crime de furto simples, na modalidade tentada.
Fixada a pena-base no m’nimo legal, e n‹o havendo circunst‰ncias
agravantes ou atenuantes, chegamos ˆ terceira fase com uma pena de 1
ano. Na terceira fase, DEVE o Juiz aplicar a causa de diminui•‹o
referente ˆ tentativa (art. 14, ¤ œnico do CP), que Ž de 1/3 a 2/3. Se o
Juiz aplicar a redu•‹o m‡xima (2/3), a pena final ser‡ de apenas 04
meses (bem abaixo do m’nimo previsto, de 01 ano).

As causas de aumento e diminui•‹o, como vimos, podem estar


previstas na parte geral ou na parte especial. Diferentemente das
circunst‰ncias atenuantes e agravantes, a quantidade de aumento ou
diminui•‹o Ž estabelecida pela Lei.
Mas e se houver coexist•ncia de causas de aumento e causas
de diminui•‹o? Se forem diversas, n‹o h‡ dificuldades, aplicando-se
ambas (aplicam-se primeiro as causas de aumento, e depois, as causas
de diminui•‹o).
O problema reside na coexist•ncia de duas ou mais causas de
aumento ou coexist•ncia de duas ou mais causas de diminui•‹o. Para
simplificar as hip—teses e suas consequ•ncias, acompanhem o quadro
abaixo:
Ambas da parte O Juiz deve aplicar
CONCURSO ENTRE geral ambas
CAUSAS DE Ambas da parte O Juiz aplica a causa
AUMENTO especial que mais aumente
(art. 68, ¤ œnico do
CP)
Uma da parte geral e Aplicam-se ambas
outra da parte
especial
CONCURSO ENTRE Ambas da parte O Juiz deve aplicar
CAUSAS DE geral ambas

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DIMINUI‚ÌO Ambas da parte O Juiz aplica a causa
especial que mais diminua
(art. 68, ¤ œnico do
CP)
Uma da parte geral e Aplicam-se ambas
outra da parte
especial

1.6.1.4.! Disposi•›es finais


O CP estabelece um limite m‡ximo de cumprimento de pena,
que Ž de 30 anos. Isso n‹o impede, entretanto, que a pessoa seja
condenada a per’odo superior a este. O que n‹o poder‡ haver Ž o
cumprimento por mais de 30 anos. Nos termos do art. 75 do CP:
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade n‹o
pode ser superior a 30 (trinta) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Mas qual a l—gica dessa diferen•a? A diferen•a Ž que, sendo o


condenado a pena superior a 30 anos, ainda que n‹o possa cumprir mais
que este per’odo, o montante da pena aplicada influenciar‡ na
possibilidade ou n‹o de concess‹o de benef’cios, como livramento
condicional, progress‹o de regime, etc.
Se o agente for condenado a diversas penas, que juntas
ultrapassem o limite de 30 anos, dever‹o ser unificadas as penas (ex.: 12
+ 25 anos = 37), de forma que o agente s— cumpra os 30 anos previstos.
E se durante o cumprimento da pena o agente Ž condenado
por nova infra•‹o, sendo-lhe aplicada nova pena privativa de
liberdade? Nesse caso, aplica-se uma nova unifica•‹o das penas, de
forma a come•ar, do zero, um novo prazo de 30 anos.
EXEMPLO: Ricardo est‡ cumprindo pena de 37 anos de reclus‹o
(advinda da soma de duas penas). J‡ cumpriu 08 anos de pena quando
sobrevŽm nova condena•‹o. Como j‡ havia cumprido 08 anos, faltam
ainda 22 anos de cumprimento (pois s— pode cumprir 30!). Nesse caso,
somam-se os 22 anos restantes ˆ nova pena, de forma a se iniciar um
novo per’odo de 30 anos de cumprimento m‡ximo.
Nos termos do art. 75, ¤ 2¡ do CP:
¤ 2¼ - Sobrevindo condena•‹o por fato posterior ao in’cio do cumprimento da
pena, far-se-‡ nova unifica•‹o, desprezando-se, para esse fim, o per’odo de
pena j‡ cumprido.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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(FGV Ð 2017 Ð OAB Ð XXIV EXAME DE ORDEM)
C‡ssio foi denunciado pela pr‡tica de um crime de dano
qualificado, por ter atingido bem municipal (Art. 163, par‡grafo
œnico, inciso III, do CP Ð pena: deten•‹o de 6 meses a 3 anos e
multa), merecendo destaque que, em sua Folha de Antecedentes
Criminais, consta uma œnica condena•‹o anterior, definitiva,
oriunda de senten•a publicada 4 anos antes, pela pr‡tica do crime
de les‹o corporal culposa praticada na dire•‹o de ve’culo
automotor.
Ao final da instru•‹o, C‡ssio confessa integralmente os fatos,
dizendo estar arrependido e esclarecendo que Òperdeu a cabe•aÓ
no momento do crime, sendo certo que est‡ trabalhando e tem 03
filhos com menos de 10 anos de idade que s‹o por ele
sustentados.
Apenas com base nas informa•›es constantes, o(a) advogado(a)
de C‡ssio poder‡ pleitear, de acordo com as previs›es do C—digo
Penal, em sede de alega•›es finais,
A) o reconhecimento do perd‹o judicial.
B) o reconhecimento da atenuante da confiss‹o, mas nunca sua
compensa•‹o com a reincid•ncia.
C) a substitui•‹o da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, apesar de o agente ser reincidente.
D) o afastamento da agravante da reincid•ncia, j‡ que o crime
pretŽrito foi praticado em sua modalidade culposa, e n‹o dolosa.
COMENTçRIOS: Neste caso, a alternativa correta Ž a letra C, pois Ž
poss’vel pleitear a substitui•‹o da pena privativa de liberdade aplicada
pela pena restritiva de direitos, j‡ que o crime praticado n‹o tem pena
m‡xima superior a 04 anos nem Ž cometido com viol•ncia ou grave
amea•a ˆ pessoa. AlŽm disso, o agente n‹o Ž reincidente em crime
doloso, na forma do art. 44 do CP.
A letra B est‡ errada, pois seria poss’vel pleitear a compensa•‹o da
agravante da reincid•ncia com a atenuante da confiss‹o espont‰nea,
conforme entendimento do STJ.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

(FGV Ð 2017 Ð OAB - XXIII EXAME DE ORDEM)


Caio, M‡rio e Jo‹o s‹o denunciados pela pr‡tica de um mesmo
crime de estupro (Art. 213 do CP). Caio possu’a uma condena•‹o
anterior definitiva pela pr‡tica de crime de deser•‹o, delito militar
pr—prio, ao cumprimento de pena privativa de liberdade. J‡ M‡rio
possu’a uma condena•‹o anterior, com tr‰nsito em julgado, pela
pr‡tica de crime comum, com aplica•‹o exclusiva de pena de
multa. Por fim, Jo‹o possu’a condena•‹o definitiva pela pr‡tica de

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contraven•‹o penal ˆ pena privativa de liberdade. No momento da
senten•a, o juiz reconhece agravante da reincid•ncia em rela•‹o
aos tr•s denunciados.
Considerando apenas as informa•›es narradas, de acordo com o
C—digo Penal, o advogado dos rŽus
A) n‹o poder‡ buscar o afastamento da agravante, j‡ que todos
s‹o reincidentes.
B) poder‡ buscar o afastamento da agravante em rela•‹o a M‡rio,
j‡ que somente Caio e Jo‹o s‹o reincidentes.
C) poder‡ buscar o afastamento da agravante em rela•‹o a Jo‹o,
j‡ que somente Caio e M‡rio s‹o reincidentes.
D) poder‡ buscar o afastamento da agravante em rela•‹o a Caio e
Jo‹o, j‡ que somente M‡rio Ž reincidente.
COMENTçRIOS: Neste caso, somente M‡rio Ž reincidente, pois as
condena•›es anteriores por contraven•‹o penal e crime militar pr—prio
n‹o geram reincid•ncia neste caso. Por falha legislativa, n‹o h‡
reincid•ncia quando o agente pratica crime depois de ter sido
definitivamente condenado por contraven•‹o penal.
Com rela•‹o ao crime militar pr—prio, tal condena•‹o n‹o gera
reincid•ncia por for•a do art. 64, II do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

(FGV - 2016 - OAB - XX EXAME DE ORDEM)


Rafael foi condenado pela pr‡tica de crime a pena privativa de
liberdade de 04 anos e 06 meses, tendo a senten•a transitado em
julgado em 10/02/2008. Ap—s cumprir 02 anos e 06 meses de
pena, obteve livramento condicional em 10/08/2010, sendo o
mesmo cumprido com corre•‹o e a pena extinta em 10/08/2012.
Em 15/09/2015, Rafael pratica novo crime, dessa vez de roubo,
tendo como v’tima senhora de 60 anos de idade, circunst‰ncia que
era do seu conhecimento. Dois dias depois, arrependido, antes da
denœncia, reparou integralmente o dano causado. Na senten•a, o
magistrado condenou o acusado, reconhecendo a exist•ncia de
duas agravantes pela reincid•ncia e idade da v’tima, alŽm de n‹o
reconhecer o arrependimento posterior.
O advogado de Rafael deve pleitear
A) reconhecimento do arrependimento posterior.
B) reconhecimento da tentativa.
C) afastamento da agravante pela idade da v’tima.
D) afastamento da agravante da reincid•ncia.
COMENTçRIOS: No caso em tela, a princ’pio, n‹o podemos falar em
arrependimento posterior, eis que se trata de crime cometido com
viol•ncia ou grave amea•a contra a pessoa (roubo), nos termos do art. 16

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DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
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do CP. AtŽ poderia ter havido viol•ncia impr—pria, que autorizaria a
aplica•‹o do benef’cio, mas a quest‹o n‹o diz isso. Tampouco h‡ que se
falar em tentativa, eis que o crime se consumou, j‡ que o enunciado diz
que o agente reparou o dano causado.
Contudo, h‡ possibilidade de afastamento da agravante pela idade da
v’tima. Isso porque a agravante s— incide nos crimes praticados contra
pessoas MAIORES de 60 anos. O enunciado diz que a v’tima tinha 60
anos. A Doutrina entende que, se a v’tima sofre o crime no dia do seu
anivers‡rio de 60 anos, n‹o h‡ incid•ncia da agravante. O enunciado n‹o
diz se a v’tima estava ou n‹o no dia do seu anivers‡rio, motivo pelo qual
n‹o podemos afirmar que a agravante deve incidir.
AlŽm disso, deve ser afastada a agravante da reincid•ncia, eis que n‹o
prevalece a condena•‹o anterior, para fins de reincid•ncia, se entre a
data do cumprimento ou extin•‹o da pena e a infra•‹o posterior tiver
transcorrido lapso de tempo superior a 05 anos, computado o per’odo
de prova da suspens‹o ou do livramento condicional, se n‹o
ocorrer revoga•‹o, que foi o que ocorreu. Se computarmos o per’odo de
prova, transcorreu mais de cinco anos entre 10.08.2010 e 15.09.2015.
Assim, temos duas alternativas corretas, ÒCÓ e ÒDÓ. A Banca deu a
alternativa D como correta. Contudo, entendo que a quest‹o
deveria ser ANULADA.

(FGV Ð IX EXAME UNIFICADO DA OAB)


Guilherme praticou, em 18/02/2009, contraven•‹o penal de vias
de fato (Art. 21 do Decreto Lei n. 3.688/41), tendo sido
condenado ˆ pena de multa. A senten•a transitou definitivamente
em julgado no dia 15/03/2010, mas Guilherme n‹o pagou a
multa. No dia 10/07/2010, Guilherme praticou crime de ato
obsceno (Art. 233 do CP).
Com base na situa•‹o descrita e na legisla•‹o, assinale a
afirmativa correta.
A) Guilherme n‹o pode ser considerado reincidente por conta de
uma omiss‹o legislativa.
B) Guilherme deve ter a pena de multa n‹o paga da primeira
condena•‹o convertida em pena privativa de liberdade.
C) Guilherme Ž reincidente, pois praticou novo crime ap—s
condena•‹o transitada em julgado.
D) A pena de multa n‹o gera reincid•ncia.
COMENTçRIOS:
A) O item est‡ correto. A pr‡tica de crime, ap—s condena•‹o definitiva por
contraven•‹o, n‹o gera reincid•ncia, em raz‹o de uma brecha legislativa,
j‡ que o art. 63 do CP prev• como reincid•ncia apenas a pr‡tica de crime
ap—s condena•‹o definitiva por crime anterior. Vejamos:

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Art. 63 - Verifica-se a reincid•ncia quando o agente comete novo crime,
depois de transitar em julgado a senten•a que, no Pa’s ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
A Lei de Contraven•›es Penais ainda chega a estabelecer que a
condena•‹o por contraven•‹o, ap—s condena•‹o definitiva por crime ou
contraven•‹o anterior, tambŽm gera reincid•ncia. Assim, esqueceram de
incluir a situa•‹o daquele que pratica crime ap—s ser condenado por
contraven•‹o, que, portanto, Ž considerado reincidente.
B) A pena de multa, uma vez n‹o paga, deve ser executada como d’vida
de valor, n‹o admitindo convers‹o em priva•‹o da liberdade, por n‹o
haver previs‹o legal, conforme entendimento do STJ;
C) O item est‡ errado, nos termos da fundamenta•‹o da alternativa A;
D) O item est‡ errado, eis que o fato de a pena aplicada ser de multa n‹o
influencia na quest‹o da reincid•ncia, nos termos do art. 63 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

(FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XV EXAME DE ORDEM)


JosŽ cometeu, em 10/11/2008, delito de roubo. Foi denunciado,
processado e condenado, com senten•a condenat—ria publicada
em 18/10/2009. A referida senten•a transitou definitivamente em
julgado no dia 29/08/2010. No dia 15/05/2010, JosŽ cometeu
novo delito, de furto, tendo sido condenado, por tal conduta, no
dia 07/04/2012.
Nesse sentido, levando em conta a situa•‹o narrada e a disciplina
acerca da reincid•ncia, assinale a afirmativa correta.
a) Na senten•a relativa ao delito de roubo, JosŽ deveria ser
considerado reincidente.
b) Na senten•a relativa ao delito de furto, JosŽ deveria ser
considerado reincidente.
c) Na senten•a relativa ao delito de furto, JosŽ deveria ser
considerado prim‡rio.
d) Considera-se reincidente aquele que pratica crime ap—s
publica•‹o de senten•a que, no Brasil ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior
COMENTçRIOS: O agente n‹o Ž considerado reincidente neste caso, pois
a pr‡tica do novo delito ocorreu ANTES do tr‰nsito em julgado da
senten•a condenat—ria pelo delito anterior. Vejamos o art. 63 do CP:
Art. 63 - Verifica-se a reincid•ncia quando o agente comete novo crime,
depois de transitar em julgado a senten•a que, no Pa’s ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

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(FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVII EXAME DA OAB)
Reconhecida a pr‡tica de um injusto culp‡vel, o juiz realiza o
processo de individualiza•‹o da pena, de acordo com o Art. 68 do
C—digo Penal.
Segundo a jurisprud•ncia do Superior Tribunal de Justi•a, assinale
a afirmativa correta.
a) A condena•‹o com tr‰nsito em julgado por crime praticado em
data posterior ao delito pelo qual o agente est‡ sendo julgado
pode funcionar como maus antecedentes.
b) N‹o se mostra poss’vel a compensa•‹o da agravante da
reincid•ncia com a atenuante da confiss‹o espont‰nea.
c) Nada impede que a pena intermedi‡ria, na segunda fase do
critŽrio trif‡sico, fique acomodada abaixo do m’nimo legal.
d) O aumento da pena na terceira fase no roubo circunstanciado
exige fundamenta•‹o concreta, sendo insuficiente a simples
men•‹o ao nœmero de majorantes.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Item errado, pois somente podem ser considerados maus
antecedentes os fatos praticados ANTES do delito pelo qual o agente est‡
sendo julgado.
B) ERRADA: Item errado, pois o STJ possui jurisprud•ncia no sentido de
que a atenuante da confiss‹o espont‰nea e a agravante decorrente da
reincid•ncia s‹o igualmente preponderantes, de maneira que devem ser
compensadas (HC 301.693/SP).
C) ERRADA: Item errado, pois nesta etapa a pena ainda n‹o pode
ultrapassar os patamares m’nimo e m‡ximo (ver sœmula 231 do STJ).
D) CORRETA: Item correto, pois Ž a exata previs‹o do verbete n¼ 443 da
sœmula do STJ:
Sœmula 443
"O aumento na terceira fase de aplica•‹o da pena no crime de roubo
circunstanciado exige fundamenta•‹o concreta, n‹o sendo suficiente para a
sua exaspera•‹o a mera indica•‹o do nœmero de majorantes."
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

(FGV Ð 2011 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Em rela•‹o ao c‡lculo da pena, Ž correto afirmar que
a) a an‡lise da reincid•ncia precede ˆ verifica•‹o dos maus
antecedentes, e eventual acrŽscimo de pena com base na
reincid•ncia deve ser posterior ˆ redu•‹o pela participa•‹o de
menor import‰ncia.
b) Ž defeso ao juiz fixar a pena intermedi‡ria em patamar acima
do m‡ximo previsto, ainda que haja circunst‰ncia agravante a ser
considerada.

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c) o acrŽscimo de pena pela embriaguez preordenada deve ser
feito posteriormente ˆ redu•‹o pela confiss‹o espont‰nea.
d) Ž poss’vel que o juiz, analisando as circunst‰ncias judiciais do
art. 59 do C—digo Penal, fixe pena-base em patamar acima do
m‡ximo previsto.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Item errado, pois os antecedentes do rŽu s‹o analisados na
primeira fase da dosimetria da pena, enquanto a reincid•ncia Ž agravante
genŽrica, a ser aplicada na segunda fase da dosimetria. Eventual aumento
decorrente da reincid•ncia ser‡ realizado nesta fase, antes, portanto, de
eventual diminui•‹o em raz‹o da participa•‹o de menor import‰ncia (que
incide na terceira fase).
B) CORRETA: Nas duas primeiras etapas o Juiz n‹o pode ultrapassar os
limites m’nimo e m‡ximo previstos para o delito.
C) ERRADA: Item errado, pois ambos devem ser analisados na mesma
etapa (segunda etapa), pois um Ž agravante genŽrica e o outro Ž
atenuante genŽrica.
D) ERRADA: Nas duas primeiras etapas o Juiz n‹o pode ultrapassar os
limites m’nimo e m‡ximo previstos para o delito.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

(FGV Ð 2011 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


T’cio praticou um crime de furto (art. 155 do C—digo Penal) no dia
10/01/2000, um crime de roubo (art. 157 do C—digo Penal) no dia
25/11/2001 e um crime de extors‹o (art. 158 do C—digo Penal)
no dia 30/5/2003. T’cio foi condenado pelo crime de furto em
20/11/2001, e a senten•a penal condenat—ria transitou
definitivamente em julgado no dia 31/3/2002. Pelo crime de
roubo, foi condenado em 30/01/2002, com senten•a transitada
em julgado definitivamente em 10/06/2003 e, pelo crime de
extors‹o, foi condenado em 20/8/2004, com senten•a transitando
definitivamente em julgado no dia 10/6/2006. Com base nos
dados acima, bem como nos estudos acerca da reincid•ncia e dos
maus antecedentes, Ž correto afirmar que
a) na senten•a do crime de furto, T’cio Ž considerado portador de
maus antecedentes e, na senten•a do crime de roubo, Ž
considerado reincidente.
b) na senten•a do crime de extors‹o, T’cio possui maus
antecedentes em rela•‹o ao crime de roubo e Ž reincidente em
rela•‹o ao crime de furto.
c) cinco anos ap—s o tr‰nsito em julgado definitivo da œltima
condena•‹o, T’cio ser‡ considerado prim‡rio, mas os maus
antecedentes persistem.

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d) nosso ordenamento jur’dico-penal prev• como tempo m‡ximo
para configura•‹o dos maus antecedentes o prazo de cinco anos a
contar do cumprimento ou extin•‹o da pena e eventual infra•‹o
posterior.
COMENTçRIOS: Na senten•a relativa ao crime de extors‹o, T’cio Ž
considerado reincidente em rela•‹o ao delito de furto, pois a extors‹o foi
praticada ap—s o tr‰nsito em julgado da condena•‹o pelo furto.
No mesmo momento (condena•‹o pela extors‹o), T’cio ser‡ considerado
portador de maus antecedentes em rela•‹o ao crime de roubo. Isso
porque quando da senten•a condenat—ria pela extors‹o, T’cio j‡ havia
sido definitivamente condenado pelo roubo. Contudo, essa condena•‹o
definitiva n‹o poderia ser considerada como reincid•ncia, j‡ que a
extors‹o n‹o foi praticada ap—s o tr‰nsito em julgado pelo roubo.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

2.! SUSPENSÌO CONDICIONAL DA PENA

2.1.! Conceito
O sursis, ou suspens‹o condicional da pena, Ž o benef’cio concedido
ao condenado em determinadas circunst‰ncias, de forma que ele n‹o
cumpre a pena, mas se submete a um per’odo de fiscaliza•‹o, no qual
deve Òandar na linhaÓ. Est‡ previsto no art. 77 do CP:
Art. 77 - A execu•‹o da pena privativa de liberdade, n‹o superior a 2 (dois)
anos, poder‡ ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - o condenado n‹o seja reincidente em crime doloso; (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunst‰ncias autorizem a concess‹o do
benef’cio;(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - N‹o seja indicada ou cab’vel a substitui•‹o prevista no art. 44 deste
C—digo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - A condena•‹o anterior a pena de multa n‹o impede a concess‹o do
benef’cio.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2o A execu•‹o da pena privativa de liberdade, n‹o superior a quatro anos,
poder‡ ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja
maior de setenta anos de idade, ou raz›es de saœde justifiquem a suspens‹o.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)

Portanto, a concess‹o da suspens‹o condicional da pena deve


ocorrer ap—s o preenchimento de alguns requisitos, que podem ser
objetivos e subjetivos.

2.2.! Requisitos objetivos

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Podem ser:
(i) Relativos ˆ natureza da pena aplicada Ð A pena aplicada
deve ser privativa de liberdade, n‹o se admitindo no caso de aplica•‹o de
pena de multa ou restritiva de direitos:
Art. 80 - A suspens‹o n‹o se estende ˆs penas restritivas de direitos nem ˆ
multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

(ii) Quantidade da pena aplicada Ð A pena aplicada n‹o pode ser


superior a dois anos (art. 77 do CP). Se o condenado, porŽm, for maior
de 70 anos (sursis et‡rio) ou enfermo (sursis humanit‡rio), admite-se a
suspens‹o condicional da pena que n‹o ultrapasse 04 anos (art. 77, ¤ 2¡
do CP). Nos crimes ambientais, o sursis pode ser aplicado aos condenados
ˆ pena n‹o superior a tr•s anos.
(iii) A pena privativa de liberdade n‹o deve ter sido
substitu’da por restritiva de direitos Ð A suspens‹o condicional da
pena s— Ž cab’vel quando n‹o for poss’vel a substitui•‹o por penas
restritivas de direitos, nos termos do art.77, III do CP.

2.3.! Requisitos subjetivos


(i) N‹o reincid•ncia em crime doloso Ð A reincid•ncia em crime
culposo, portanto, n‹o impede a suspens‹o condicional da pena.
Entretanto, se na condena•‹o anterior, mesmo se dando em rela•‹o a
crime doloso, a pena aplicada tiver sido a de multa, poder‡ haver a
suspens‹o condicional da pena (art. 77, ¤ 1¡ do CP);
(ii) As circunst‰ncias pessoais do agente (culpabilidade,
antecedentes, conduta social, etc.) sejam favor‡veis, autorizando
a concess‹o do benef’cio Ð Nesse caso, o Juiz deve analisar se, no caso
concreto, a suspens‹o condicional da pena pode ser suficiente para que
seja cumprida a finalidade da pena.
Assim, temos:
REQUISITOS PARA A CONCESSÌO DO SURSIS
OBJETIVOS SUBJETIVOS
¥! Pena privativa de liberdade ¥! N‹o reincid•ncia em crime
aplicada doloso.
¥! Pena privativa de liberdade ¥! Circunst‰ncias judiciais
aplicada n‹o pode ser favor‡veis.
superior a dois anos (04
anos se o condenado for
maior de 70 anos (sursis
et‡rio) ou enfermo (sursis
humanit‡rio).
¥! Impossibilidade de convers‹o

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em restritiva de direitos.

2.4.! EspŽcies de sursis e condi•›es


O sursis pode ser:
(i) Simples Ð O condenado n‹o reparou o dano e as circunst‰ncias
judiciais (art. 59 do CP) n‹o lhe s‹o muito favor‡veis. ƒ o sursis comum,
a regra. Est‡ previsto no art. 78 do CP:
Art. 78 - Durante o prazo da suspens‹o, o condenado ficar‡ sujeito ˆ
observa•‹o e ao cumprimento das condi•›es estabelecidas pelo juiz. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - No primeiro ano do prazo, dever‡ o condenado prestar servi•os ˆ
comunidade (art. 46) ou submeter-se ˆ limita•‹o de fim de semana (art. 48).
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

(ii) Especial Ð Aqui o condenado reparou o dano (ou n‹o teve


possibilidade de faz•-lo) e as circunst‰ncias judiciais (art. 59 do CP) lhe
s‹o inteiramente favor‡veis. Nessa hip—tese o condenado n‹o precisa, no
primeiro ano, se submeter ˆ presta•‹o de servi•os ˆ comunidade ou
limita•‹o de fim de semana (art. 78, ¤ 1¡ do CP). Essa modalidade est‡
prevista no ¤ 2¡ do art. 78 do CP:
¤ 2¡ Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de faz•-
lo, e se as circunst‰ncias do art. 59 deste C—digo lhe forem inteiramente
favor‡veis, o juiz poder‡ substituir a exig•ncia do par‡grafo anterior pelas
seguintes condi•›es, aplicadas cumulativamente: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.268,
de 1¼.4.1996)
a) proibi•‹o de freqŸentar determinados lugares; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)
b) proibi•‹o de ausentar-se da comarca onde reside, sem autoriza•‹o do juiz;
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
c) comparecimento pessoal e obrigat—rio a ju’zo, mensalmente, para informar
e justificar suas atividades. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Vejam, porŽm, que embora n‹o esteja o condenado obrigado a


cumprir as obriga•›es do ¤ 1¡ do art. 78, o ¤ 2¡ estabelece outras
obriga•›es ˆs quais o condenado fica vinculado.
AlŽm destas condi•›es previstas no sursis simples e no especial, o
art. 79 do CP traz uma cl‡usula genŽrica, que permite ao Juiz fixar outras
condi•›es que sejam adequadas ao fato e ao condenado:
Art. 79 - A senten•a poder‡ especificar outras condi•›es a que fica
subordinada a suspens‹o, desde que adequadas ao fato e ˆ situa•‹o pessoal
do condenado. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

2.5.! Revoga•‹o do sursis, prorroga•‹o do prazo e cumprimento


das obriga•›es

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O sursis pode ser revogado a qualquer momento, ocorrendo
alguma das hip—teses previstas nos arts. 81 e seu ¤ 1¡ do CP. Pode
ser obrigat—ria, quando a lei determina expressamente sua revoga•‹o, ou
facultativa, quando o Juiz pode decidir se revoga ou n‹o o benef’cio.
A revoga•‹o obrigat—ria se dar‡ no caso de ocorrerem as
hip—teses previstas no art. 81 do CP:
Art. 81 - A suspens‹o ser‡ revogada se, no curso do prazo, o benefici‡rio:
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - Ž condenado, em senten•a irrecorr’vel, por crime doloso; (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - frustra, embora solvente, a execu•‹o de pena de multa ou n‹o efetua,
sem motivo justificado, a repara•‹o do dano; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
III - descumpre a condi•‹o do ¤ 1¼ do art. 78 deste C—digo. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Ou seja, haver‡ revoga•‹o obrigat—ria quando o condenado for


novamente condenado (por senten•a irrecorr’vel) por crime doloso (n‹o
importando o momento em que esse crime foi praticado). No entanto, a
Jurisprud•ncia entende que se dessa nova condena•‹o resultar pena de
multa, n‹o poder‡ haver revoga•‹o, pois a condena•‹o ˆ pena de multa
n‹o Ž causa que impede a concess‹o do sursis, ent‹o, por l—gica, n‹o
pode gerar a revoga•‹o.
No caso do inciso II, a Doutrina majorit‡ria entende que, se depois
de revogado o sursis o condenado repara o dano ou paga a multa, pode
ser restabelecido o sursis.
O inciso III Ž autoexplicativo. N‹o cumprindo uma das condi•›es
previstas no art. 78, ¤ 1¡, ser‡ revogado o sursis.
A revoga•‹o facultativa, por sua vez, ocorre nas hip—teses do art.
81, ¤ 1¡:
¤ 1¼ - A suspens‹o poder‡ ser revogada se o condenado descumpre
qualquer outra condi•‹o imposta ou Ž irrecorrivelmente condenado, por crime
culposo ou por contraven•‹o, a pena privativa de liberdade ou restritiva de
direitos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Vejam que, nesse caso, o Juiz n‹o est‡ obrigado a revogar o sursis.
As condi•›es indicadas como ensejadoras da revoga•‹o facultativa
s‹o todas aquelas que n‹o sejam as do ¤ 1¡ do art. 78, ou seja, s‹o as do
¤ 2¡ do art. 78 e as do art. 79 do CP.
Quanto ˆ superveni•ncia de condena•‹o por crime culposo ou
contraven•‹o, Ž necess‡rio que a pena aplicada tenha sido restritiva de
direitos ou privativa de liberdade. Vejam, assim, que a pena de multa n‹o
enseja a revoga•‹o facultativa do sursis (o que corrobora a tese de que
n‹o pode, tambŽm, revogar obrigatoriamente o benef’cio).

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A Doutrina e a Jurisprud•ncia entendem que, salvo no caso de
condena•‹o irrecorr’vel, em todas as demais hip—teses o condenado
deve ser ouvido antes de ser revogado o benef’cio.
A prorroga•‹o do per’odo de prova (per’odo em que o condenado
deve Òandar na linhaÓ), por sua vez, ocorrer‡ em duas hip—teses:
1) Beneficiado est‡ sendo processado por outro crime ou
contraven•‹o Ð Est‡ prevista no art. 81, ¤ 2¡ do CP:
¤ 2¼ - Se o benefici‡rio est‡ sendo processado por outro crime ou
contraven•‹o, considera-se prorrogado o prazo da suspens‹o atŽ o
julgamento definitivo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
2) Ocorrendo situa•‹o que autorize a revoga•‹o FACULTATIVA,
caso o Juiz opte por n‹o revogar, pode estender o prazo do sursis
atŽ o m‡ximo, CASO Jç NÌO TENHA FEITO Ð Est‡ prevista no ¤ 3¡
do art. 81 do CP:
¤ 3¼ - Quando facultativa a revoga•‹o, o juiz pode, ao invŽs de decret‡-la,
prorrogar o per’odo de prova atŽ o m‡ximo, se este n‹o foi o fixado. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

No primeiro caso a prorroga•‹o Ž obrigat—ria e autom‡tica. J‡


no segundo a prorroga•‹o n‹o Ž autom‡tica e depende de decis‹o
fundamentada do Juiz nesse sentido.
Em qualquer caso, a maioria da Doutrina entende que DURANTE O
PERêODO DE PRORROGA‚ÌO, embora o condenado ainda esteja
cumprindo o sursis, n‹o permanecem as obriga•›es legais (art. 78, ¤ 1¡ e
2¡ e art. 79 do CP).
Cumpridas todas as condi•›es, expirando-se o prazo sem
revoga•‹o, estar‡ extinta a punibilidade do condenado. Nos termos
do art. 82 do CP:
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revoga•‹o, considera-se
extinta a pena privativa de liberdade. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

(FGV Ð 2014 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


A respeito do benef’cio da suspens‹o condicional da execu•‹o da
pena, assinale a afirmativa incorreta.
a) N‹o exige que o crime praticado tenha sido cometido sem
viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa.
b) N‹o pode ser concedido ao reincidente em crime doloso, exceto
se a condena•‹o anterior foi a pena de multa.

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c) Somente pode ser concedido se n‹o for indicada ou se for
incab’vel a substitui•‹o da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direitos
d) Sobrevindo, durante o per’odo de prova, condena•‹o
irrecorr’vel por crime doloso, o benef’cio ser‡ revogado, mas tal
per’odo ser‡ computado para efeitos de detra•‹o.
COMENTçRIOS:
A) CORRETA: N‹o h‡ esta exig•ncia para a concess‹o do sursis, nos
termos do art. 77 do CP.
B) CORRETA: Esta Ž a exata previs‹o do art. 77, I e seu ¤1¼ do CP.
C) CORRETA: Isto Ž o que est‡ previsto no art. 77, III do CP.
D) ERRADA: Item errado, pois este per’odo n‹o Ž computado como
detra•‹o, que Ž relativa ao per’odo em que o condenado esteve preso
provisoriamente, antes do tr‰nsito em julgado, nos termos do art. 42 do
CP.
Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA ƒ A LETRA E.

(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Nise est‡ em gozo de suspens‹o condicional da execu•‹o da pena.
Durante o per’odo de prova do referido benef’cio, Nise passou a
figurar como indiciada em inquŽrito policial em que se apurava
eventual pr‡tica de tr‡fico de entorpecentes. Ao saber de tal fato,
o magistrado respons‡vel decidiu por bem prorrogar o per’odo de
prova. Atento ao caso narrado e consoante legisla•‹o p‡tria, Ž
correto afirmar que
a) n‹o est‡ correta a decis‹o de prorroga•‹o do per’odo de prova.
b) a hip—tese Ž de revoga•‹o facultativa do benef’cio.
c) a hip—tese Ž de revoga•‹o obrigat—ria do benef’cio.
d) Nise ter‡ o benef’cio obrigatoriamente revogado se a denœncia
pelo crime de tr‡fico de entorpecentes for recebida durante o
per’odo de prova.
COMENTçRIOS: A decis‹o judicial n‹o est‡ correta, pois Nise apenas
est‡ respondendo a INQUƒRITO policial, ou seja, n‹o est‡ sendo
processada por novo crime (ainda n‹o h‡ processo). A prorroga•‹o seria
cab’vel caso j‡ houvesse processo instaurado contra Nise, nos termos do
art. 81, ¤2¼ do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

3.! LIVRAMENTO CONDICIONAL

3.1.! Conceito

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O livramento condicional Ž um benef’cio concedido aos condenados
a penas privativas de liberdade superiores a dois anos, que permite a
antecipa•‹o de sua liberdade.
Trata-se de liberdade antecipada, condicional e prec‡ria.
Antecipada porque o agente deveria ficar mais tempo cumprindo
pena.
Condicional porque durante o prazo restante da pena, embora
esteja em liberdade, o condenado tambŽm deve Òandar na linhaÓ,
submetendo-se a algumas regras.
Prec‡ria porque pode ser revogada sua liberdade a qualquer
tempo, caso ocorra o descumprimento das obriga•›es do livramento
condicional.
Nos termos do art. 83 do CP:
Art. 83 - O juiz poder‡ conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - cumprida mais de um ter•o da pena se o condenado n‹o for reincidente
em crime doloso e tiver bons antecedentes; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime
doloso; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - comprovado comportamento satisfat—rio durante a execu•‹o da pena,
bom desempenho no trabalho que lhe foi atribu’do e aptid‹o para prover ˆ
pr—pria subsist•ncia mediante trabalho honesto; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de faz•-lo, o dano causado
pela infra•‹o; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
V - cumprido mais de dois ter•os da pena, nos casos de condena•‹o por
crime hediondo, pr‡tica da tortura, tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas
afins, e terrorismo, se o apenado n‹o for reincidente espec’fico em crimes
dessa natureza. (Inclu’do pela Lei n¼ 8.072, de 25.7.1990)
Par‡grafo œnico - Para o condenado por crime doloso, cometido com viol•ncia
ou grave amea•a ˆ pessoa, a concess‹o do livramento ficar‡ tambŽm
subordinada ˆ constata•‹o de condi•›es pessoais que fa•am presumir que o
liberado n‹o voltar‡ a delinqŸir. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

O beneficiado pelo Livramento condicional Ž chamado de EGRESSO


(art. 26, II da LEP).

3.2.! Requisitos
Os requisitos para a concess‹o do Livramento Condicional podem
ser objetivos ou subjetivos. Vejamos.

3.2.1.! Requisitos objetivos

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Est‹o previstos no art. 83, I, II, IV e V do CP, e se relacionam ˆ
pena em si e ˆ repara•‹o do dano.
(a)! Quantidade da pena
A pena aplicada deve ter sido igual ou superior a dois anos. Se as
penas corresponderem a infra•›es diversas, devem ser somadas para que
seja concedido o Livramento, nos termos do art. 84 do CP.
(b)! Parcela da pena j‡ cumprida
A pena j‡ deve ter sido razoavelmente cumprida. O montante da
pena j‡ cumprida ir‡ variar conforme as condi•›es do crime e do
condenado.
1) Condenado n‹o reincidente em crime doloso e que possua bons
antecedentes Ð Basta o cumprimento de 1/3 da pena (art. 83, I do CP).
(Livramento Condicional simples).
2) Condenado reincidente em crime doloso Ð ƒ necess‡rio o cumprimento
de mais da metade da pena (Livramento Condicional Qualificado), nos termos
do art. 83, II do CP.

E se o condenado n‹o for reincidente em crime doloso, mas


tambŽm n‹o possuir bons antecedentes? O STJ entende que deve ser
adotada a posi•‹o mais favor‡vel ao rŽu, permitindo-se a concess‹o
do Livramento Condicional Simples.
E no caso de Crimes Hediondos? ƒ poss’vel? Sim, Ž poss’vel,
mas o condenado n‹o pode ser reincidente em crime da mesma natureza
e deve cumprir 2/3 da pena (Livramento Condicional Espec’fico). Nos
termos do art. 83, V do CP:
Art. 83 - O juiz poder‡ conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
V - cumprido mais de dois ter•os da pena, nos casos de condena•‹o por
crime hediondo, pr‡tica da tortura, tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas
afins, e terrorismo, se o apenado n‹o for reincidente espec’fico em crimes
dessa natureza. (Inclu’do pela Lei n¼ 8.072, de 25.7.1990)

(c)! Repara•‹o do dano


Trata-se de requisito dispensado no caso de impossibilidade de
repara•‹o e no caso de a v’tima n‹o ser encontrada para ser indenizada,
ou ainda, demonstrar desinteresse na repara•‹o (art. 83, IV do CP).

3.2.2.! Requisitos subjetivos


S‹o os requisitos relativos ˆ pessoa do condenado. S‹o eles:

(i)! Bom comportamento durante a execu•‹o da pena

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Trata-se de requisito previsto no art. 83, III do CP. Exige-se, ainda,
que o condenado tenha tido bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribu’do e que tenha aptid‹o para se sustentar quando em liberdade. Nos
termos do CP:
Art. 83 (...)
III - comprovado comportamento satisfat—rio durante a execu•‹o da pena,
bom desempenho no trabalho que lhe foi atribu’do e aptid‹o para prover ˆ
pr—pria subsist•ncia mediante trabalho honesto; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)

Caso se trate de condenado por crime doloso cometido com


viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa (roubo, por exemplo), Ž
necess‡ria, ainda, uma an‡lise acerca da possibilidade de o condenado
voltar a delinquir (suas condi•›es pessoais). Nos termos do ¤ œnico do
art. 83:
Art. 83 (...)
Par‡grafo œnico - Para o condenado por crime doloso, cometido com viol•ncia
ou grave amea•a ˆ pessoa, a concess‹o do livramento ficar‡ tambŽm
subordinada ˆ constata•‹o de condi•›es pessoais que fa•am presumir que o
liberado n‹o voltar‡ a delinqŸir. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Assim, podemos resumir os requisitos da seguinte forma:


REQUISITOS PARA A CONCESSÌO DO LIVRAMENTO
CONDICIONAL
OBJETIVOS SUBJETIVOS
¥! Pena privativa de liberdade ¥! Comportamento
aplicada igual ou superior a satisfat—rio durante a
dois anos. execu•‹o da pena.
¥! Cumprimento de pelo menos ¥! Bom desempenho no
1/3 da pena (simples) ou trabalho que lhe foi
metade da pena atribu’do.
(qualificado). ¥! Aptid‹o para prover ˆ
¥! Repara•‹o do dano, salvo pr—pria subsist•ncia
impossibilidade de faz•-lo. mediante trabalho honesto.
¥! No caso de crime doloso
praticado com viol•ncia e
grave amea•a, an‡lise
acerca da possibilidade de
o condenado voltar a
delinquir.

3.3.! Regras gerais relativas ao Livramento Condicional,


revoga•‹o e extin•‹o do benef’cio

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As condi•›es ˆs quais o EGRESSO estar‡ submetido ser‹o fixadas
na senten•a, nos termos do art. 85 do CP.
O Livramento condicional, ˆ semelhan•a do sursis, tambŽm pode
ser revogado obrigat—ria e facultativamente, a depender do caso.
(i)! Revoga•‹o obrigat—ria Ð Ocorre nos casos previstos no art.
86 do CP:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena
privativa de liberdade, em senten•a irrecorr’vel: (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
I - por crime cometido durante a vig•ncia do benef’cio; (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste C—digo.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Percebam, portanto, que somente a condena•‹o por CRIME


autoriza a revoga•‹o do benef’cio. A condena•‹o por contraven•‹o
n‹o autoriza a revoga•‹o.
Vejam, ainda, que a condena•‹o por crime praticado antes da
vig•ncia do benef’cio n‹o autoriza a revoga•‹o (somente se autoriza no
caso de condena•‹o por crime praticado durante o benef’cio).
Mas o que significa o inciso II ent‹o? Esse inciso diz o seguinte:
No caso de o egresso ser condenado por crime praticado antes da
vig•ncia do Livramento, a revoga•‹o s— ocorrer‡ se a pena da nova
condena•‹o, somada ˆ pena anterior, formar um montante que impedisse
a concess‹o do benef’cio.
EXEMPLO: Imaginem que Marcos Ž condenado a 06 anos por roubo.
Cumpre dois anos (1/3) e recebe o livramento condicional. Passados 03
anos do Livramento condicional (faltando um ano), Ž condenado por
crime cometido anteriormente ao benef’cio, recebendo pena de dois
anos. Somadas as penas (06 + 02 = 08), ter’amos uma pena de oito
anos. Nesse caso, como ele j‡ cumpriu 05 anos (02 cumpridos na cadeia
e 03 cumpridos durante o Livramento condicional), n‹o h‡ impedimento
ˆ manuten•‹o do benef’cio, pois o condenado j‡ cumpriu cinco anos de
uma pena de oito anos (logo, mais da metade).

(ii)! Revoga•‹o facultativa Ð Ocorre nos casos previstos no


art. 87 do CP:
Art. 87 - O juiz poder‡, tambŽm, revogar o livramento, se o liberado deixar
de cumprir qualquer das obriga•›es constantes da senten•a, ou for
irrecorrivelmente condenado, por crime ou contraven•‹o, a pena que n‹o
seja privativa de liberdade.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

No primeiro caso (descumprimento das obriga•›es), n‹o h‡ muito


que se falar. Quanto ao segundo caso (condena•‹o irrecorr’vel por crime

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ou contraven•‹o, sendo aplicada pena n‹o privativa de liberdade),
algumas considera•›es devem ser feitas.
Aqui Ž irrelevante o momento em que foi praticada infra•‹o penal,
exigindo-se, somente, que a pena n‹o seja privativa de liberdade. Se for,
estaremos diante de causa de revoga•‹o obrigat—ria.
A revoga•‹o, uma vez operada, impede nova concess‹o do
benef’cio. AlŽm disso, caso a revoga•‹o se d• por outra causa que NÌO
SEJA A CONDENA‚ÌO POR PRçTICA DE CRIME ANTERIOR AO
BENEFêCIO, o tempo em que o condenado esteve solto n‹o se desconta
na pena privativa de liberdade que voltar‡ a cumprir:
Art. 88 - Revogado o livramento, n‹o poder‡ ser novamente concedido, e,
salvo quando a revoga•‹o resulta de condena•‹o por outro crime anterior
ˆquele benef’cio, n‹o se desconta na pena o tempo em que esteve solto o
condenado. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Isso se deve ao fato de que, no caso de condena•‹o por crime


ANTERIOR ao per’odo de Livramento, n‹o houve quebra da
confian•a depositada no EGRESSO (pois o crime foi praticado antes),
de forma que o per’odo em que ele esteve solto ser‡ abatido da pena a
ser cumprida em raz‹o da revoga•‹o do benef’cio.
Se atŽ o seu tŽrmino o Livramento Condicional n‹o for revogado,
considera-se extinta a pena privativa de liberdade e, por conseguinte,
extinta a punibilidade. PorŽm, se o egresso estiver sendo processado
por crime cometido durante a vig•ncia do Livramento Condicional,
o Juiz n‹o poder‡ declarar extinta a pena enquanto n‹o houver
senten•a definitiva naquele processo (pois pode ser que ele venha a
ser condenado, o que possibilita a revoga•‹o do benef’cio). Nos termos do
CP:
Art. 89 - O juiz n‹o poder‡ declarar extinta a pena, enquanto n‹o passar em
julgado a senten•a em processo a que responde o liberado, por crime
cometido na vig•ncia do livramento. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 90 - Se atŽ o seu tŽrmino o livramento n‹o Ž revogado, considera-se
extinta a pena privativa de liberdade. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
E se o Juiz n‹o suspender o livramento condicional atŽ o
tr‰nsito em julgado do novo processo? Entende a jurisprud•ncia,
notadamente o STJ, que se n‹o houve a suspens‹o do livramento
condicional para aguardar o tr‰nsito em julgado do processo pelo novo
crime, uma vez alcan•ado o prazo final da pena atual, dever‡ ser
declarada a extin•‹o da punibilidade, sendo irrelevante eventual
condena•‹o pelo novo crime (se ocorrida ap—s o prazo de extin•‹o da
pena anterior).40


40
(HC 281.269/SP, Rel. Ministro MARCO AURƒLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em
08/04/2014, DJe 23/04/2014)

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(FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVII EXAME DA OAB)


Marcus foi definitivamente condenado pela pr‡tica de um crime de
roubo simples ˆ pena privativa de liberdade de quatro anos de
reclus‹o e multa de dez dias. Apesar de reincidente, em raz‹o de
condena•‹o definitiva pretŽrita pelo delito de furto, Marcus
confessou a pr‡tica do delito, raz‹o pela qual sua pena foi fixada
no m’nimo legal. Ap—s cumprimento de determinado per’odo de
san•‹o penal, pretende o apenado obter o benef’cio do livramento
condicional. Considerando o crime praticado e a hip—tese narrada,
Ž correto afirmar que
a) Marcus n‹o faz jus ao livramento condicional, pois condenado
por crime doloso praticado com viol•ncia ou grave amea•a ˆ
pessoa.
b) O livramento condicional pode ser concedido pelo juiz da
condena•‹o logo quando proferida senten•a condenat—ria.
c) N‹o Ž cab’vel livramento condicional para Marcus, tendo em
vista que Ž condenado reincidente em crime doloso.
d) Ainda que praticada falta grave, Marcus n‹o ter‡ o seu prazo de
contagem para concess‹o do livramento condicional interrompido.
COMENTçRIOS: O livramento condicional Ž cab’vel neste caso, mas
somente ap—s o cumprimento de mais da metade da pena, por se tratar
de reincidente em crime doloso, nos termos do art. 83, II do CP.
Assim, as alternativas A, B e C est‹o erradas.
A alternativa D est‡ correta, pois a pr‡tica de falta grave n‹o interrompe
a contagem do prazo para obten•‹o do livramento condicional, conforme
entendimento sumulado do STJ:
Sœmula 441
"A falta grave n‹o interrompe o prazo para obten•‹o de livramento
condicional"
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

4.! MEDIDAS DE SEGURAN‚A


As medidas de seguran•a n‹o s‹o penas. Essa Ž a primeira
coisa que voc•s devem saber. Possuem um car‡ter terap•utico, pois
visam tratar a saœde dos inimput‡veis e semi-imput‡veis dotados de
periculosidade social (n‹o possuem car‡ter punitivo).
A maioria da Doutrina entende, porŽm, que embora n‹o
sejam modalidades de pena, s‹o espŽcies de san•‹o penal.41

41
Ver, por todos: GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 607

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As medidas de seguran•a s‹o aplic‡veis ˆqueles que, embora tendo
cometido fato t’pico e il’cito, s‹o inimput‡veis ou semi-imput‡veis em
raz‹o de problemas mentais. Assim, Ž poss’vel a aplica•‹o de medida de
seguran•a a agentes culp‡veis (semi-imput‡veis).
As medidas de seguran•a s‹o de duas espŽcies, previstas no art. 96
do CP:
Art. 96. As medidas de seguran•a s‹o: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
I - Interna•‹o em hospital de cust—dia e tratamento psiqui‡trico ou, ˆ falta,
em outro estabelecimento adequado; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
II - sujei•‹o a tratamento ambulatorial. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Extinta a punibilidade, n‹o se imp›e medida de seguran•a
nem subsiste a que tenha sido imposta. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)

A op•‹o por uma ou por outra ir‡ variar de acordo com a espŽcie de
pena privativa de liberdade prevista (reclus‹o ou deten•‹o). Sendo pena
de reclus‹o, o Juiz deve determinar a interna•‹o do indiv’duo42.
Em se tratando de pena de deten•‹o, o Juiz pode escolher entre a
interna•‹o e o tratamento ambulatorial. Nos termos do art. 97 do
CP:
Art. 97 - Se o agente for inimput‡vel, o juiz determinar‡ sua interna•‹o (art.
26). Se, todavia, o fato previsto como crime for pun’vel com deten•‹o,
poder‡ o juiz submet•-lo a tratamento ambulatorial. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
O STJ, no entanto, possui algumas decis›es no sentido de que a
modalidade de medida de seguran•a deve ser aplicada de acordo
com as necessidades mŽdicas do agente, e n‹o com base no tipo de
pena prevista.
Depois de fixada a medida de seguran•a, a senten•a deve fixar um
prazo m’nimo, findo o qual dever‡ haver um exame para saber se cessou
a periculosidade do agente. Nos termos do art. 97, ¤ 1¡ do CP:
¤ 1¼ - A interna•‹o, ou tratamento ambulatorial, ser‡ por tempo
indeterminado, perdurando enquanto n‹o for averiguada, mediante per’cia
mŽdica, a cessa•‹o de periculosidade. O prazo m’nimo dever‡ ser de 1
(um) a 3 (tr•s) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Assim, a medida de seguran•a durar‡ por tempo indeterminado,


mas ao final do per’odo m’nimo fixado dever‡ haver o exame para an‡lise


42
Nos termos do art. 9¼ da Lei 10.216/01:
Art. 9o A interna•‹o compuls—ria Ž determinada, de acordo com a legisla•‹o vigente, pelo juiz
competente, que levar‡ em conta as condi•›es de seguran•a do estabelecimento, quanto ˆ
salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcion‡rios.

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da necessidade ou n‹o de manuten•‹o da medida. Ap—s esse per’odo, o
exame ser‡ repetido anualmente, ou no prazo fixado pelo Juiz:
¤ 2¼ - A per’cia mŽdica realizar-se-‡ ao termo do prazo m’nimo fixado e
dever‡ ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o
juiz da execu•‹o. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Embora o CP n‹o estabele•a um prazo m‡ximo para as medidas de


seguran•a, o STF e o STJ n‹o aceitam isso. O STF entende que a
medida de seguran•a n‹o pode ultrapassar 30 anos43, que Ž o prazo
m‡ximo de uma pena privativa de liberdade, enquanto o STJ entende
que o prazo m‡ximo da medida de seguran•a Ž o prazo m‡ximo de
pena estabelecido (em abstrato) para o crime cometido. Este
œltimo entendimento, inclusive, foi sumulado:
Sœmula 527 do STJ: ÒO tempo de dura•‹o da medida de seguran•a n‹o
deve ultrapassar o limite m‡ximo da pena abstratamente cominada ao delito
praticado.Ó

Nada impede que, fixada uma modalidade de medida de seguran•a,


ocorrendo fatos justific‡veis, seja alterada para a outra modalidade. Nos
termos dos ¤¤ 3¡ e 4¡ do CP:
¤ 3¼ - A desinterna•‹o, ou a libera•‹o, ser‡ sempre condicional devendo ser
restabelecida a situa•‹o anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um)
ano, pratica fato indicativo de persist•ncia de sua periculosidade. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 4¼ - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poder‡ o juiz
determinar a interna•‹o do agente, se essa provid•ncia for necess‡ria para
fins curativos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
No caso de estarmos diante de um semi-imput‡vel, diferentemente
do que ocorre com os inimput‡veis, sua senten•a ser‡ condenat—ria, e
n‹o uma senten•a absolut—ria impr—pria.
No que tange ˆ medida de seguran•a, nesses casos, ela s— ser‡
aplicada se o condenado necessitar de tratamento curativo, hip—tese na
qual ser‡ SUBSTITUêDA a pena privativa de liberdade pela medida de
seguran•a (atual sistema vicariante), n‹o podendo ser cumuladas (antigo
sistema do duplo bin‡rio).44
O CP estabelece, por fim, que Ž um direito do internado ser
recolhido a um estabelecimento que n‹o possua caracter’sticas de
pris‹o, mas de hospital45. Nos termos do art. 99:

43
HC 97621
44
Art. 98 - Na hip—tese do par‡grafo œnico do art. 26 deste C—digo e necessitando o condenado de
especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substitu’da pela interna•‹o,
ou tratamento ambulatorial, pelo prazo m’nimo de 1 (um) a 3 (tr•s) anos, nos termos do artigo
anterior e respectivos ¤¤ 1¼ a 4¼. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
45
Ainda sobre os direitos do internado, importante ressaltar o que disp›em os arts. 1¼ e 2¼ da
Lei 10.216/01:
Art. 1o Os direitos e a prote•‹o das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta
Lei, s‹o assegurados sem qualquer forma de discrimina•‹o quanto ˆ ra•a, cor, sexo, orienta•‹o

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Art. 99 - O internado ser‡ recolhido a estabelecimento dotado de
caracter’sticas hospitalares e ser‡ submetido a tratamento. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Deve, ainda, ser necessariamente submetido a tratamento mŽdico, e
n‹o simplesmente ser jogado no estabelecimento (como acontece com
alguma frequ•ncia).46

5.! EFEITOS DA CONDENA‚ÌO


5.1.! Natureza e espŽcies
A senten•a penal condenat—ria possui efeitos penais e
extrapenais.
Os efeitos penais s‹o aqueles que produzem efeitos na esfera penal
(—bvio, n‹o?). Os efeitos penais podem ser prim‡rios ou
secund‡rios.
O efeito penal prim‡rio Ž a PENA, ou seja, a imposi•‹o de
pena criminal, eis que este Ž o objetivo b‡sico e principal da
condena•‹o.

sexual, religi‹o, op•‹o pol’tica, nacionalidade, idade, fam’lia, recursos econ™micos e ao grau de
gravidade ou tempo de evolu•‹o de seu transtorno, ou qualquer outra.
Art. 2o Nos atendimentos em saœde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou
respons‡veis ser‹o formalmente cientificados dos direitos enumerados no par‡grafo œnico deste
artigo.
Par‡grafo œnico. S‹o direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saœde, consent‰neo ˆs suas necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saœde,
visando alcan•ar sua recupera•‹o pela inser•‹o na fam’lia, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e explora•‹o;
IV - ter garantia de sigilo nas informa•›es prestadas;
V - ter direito ˆ presen•a mŽdica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou n‹o de
sua hospitaliza•‹o involunt‡ria;
VI - ter livre acesso aos meios de comunica•‹o dispon’veis;
VII - receber o maior nœmero de informa•›es a respeito de sua doen•a e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terap•utico pelos meios menos invasivos poss’veis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em servi•os comunit‡rios de saœde mental.

46
Nesse sentido, a previs‹o do art. 4¼ da Lei 10.216/01:
Art. 4o A interna•‹o, em qualquer de suas modalidades, s— ser‡ indicada quando os recursos
extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
¤ 1o O tratamento visar‡, como finalidade permanente, a reinser•‹o social do paciente em seu
meio.
¤ 2o O tratamento em regime de interna•‹o ser‡ estruturado de forma a oferecer assist•ncia
integral ˆ pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo servi•os mŽdicos, de assist•ncia
social, psicol—gicos, ocupacionais, de lazer, e outros.
¤ 3o ƒ vedada a interna•‹o de pacientes portadores de transtornos mentais em institui•›es com
caracter’sticas asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no ¤ 2o e que n‹o
assegurem aos pacientes os direitos enumerados no par‡grafo œnico do art. 2o.

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Os efeitos penais podem ser, ainda, secund‡rios. S‹o efeitos penais
secund‡rios aqueles que, embora produzam efeitos na esfera jur’dico-
PENAL do indiv’duo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA
RELA‚ÌO JURêDICO-PENAL.
EXEMPLO: Reincid•ncia. A senten•a penal condenat—ria possui como
efeito penal SECUNDçRIO, gerar reincid•ncia (e todas as suas
consequ•ncias) caso o condenado seja novamente condenado dentro de
um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem dœvida, atinge
a esfera penal do indiv’duo, mas NÌO NO PROCESSO EM QUE FOI
PROFERIDA A SENTEN‚A, mas em outro processo.

Outro efeito penal secund‡rio Ž a inscri•‹o do nome do rŽu no rol dos


culpados (ap—s o tr‰nsito em julgado, sempre).
Os efeitos extrapenais, por sua vez, s‹o assim chamados por
afetarem diversas outras ‡reas do Direito (civil, administrativo, etc.). Por
sua vez, dividem-se em genŽricos e espec’ficos.
Os efeitos genŽricos s‹o aqueles que incidem sobre toda e qualquer
condena•‹o, estando previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois:
Obriga•‹o de reparar o dano e confisco:
Art. 91 - S‹o efeitos da condena•‹o: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - tornar certa a obriga•‹o de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a perda em favor da Uni‹o, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro
de boa-fŽ: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
aliena•‹o, uso, porte ou deten•‹o constitua fato il’cito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito
auferido pelo agente com a pr‡tica do fato criminoso.
¤ 1¼ Poder‡ ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao
produto ou proveito do crime quando estes n‹o forem encontrados ou quando
se localizarem no exterior. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.694, de 2012)
¤ 2¼ Na hip—tese do ¤ 1o, as medidas assecurat—rias previstas na legisla•‹o
processual poder‹o abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou
acusado para posterior decreta•‹o de perda. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.694, de
2012)

Os efeitos genŽricos s‹o autom‡ticos, ou seja, independem de


ser expressamente declarados pelo Juiz na senten•a.
EXEMPLO: Se o Juiz condena alguŽm por roubo, o dever de reparar o
dano causado ocorrer‡ independentemente de constar na senten•a esse
efeito, pois Ž decorr•ncia natural e autom‡tica da senten•a.

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J‡ os efeitos espec’ficos s‹o aqueles que recaem apenas sobre
condena•›es relativas a determinados crimes, e n‹o a todos os
crimes em geral. Est‹o previstos no art. 92 do CP, sendo:
Art. 92 - S‹o tambŽm efeitos da condena•‹o:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
I - a perda de cargo, fun•‹o pœblica ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº
9.268, de 1º.4.1996)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou viola•‹o de dever para
com a Administra•‹o Pœblica; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
II - a incapacidade para o exerc’cio do p‡trio poder, tutela ou curatela, nos
crimes dolosos, sujeitos ˆ pena de reclus‹o, cometidos contra filho, tutelado
ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - a inabilita•‹o para dirigir ve’culo, quando utilizado como meio para a
pr‡tica de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Tais efeitos, por sua vez, NÌO SÌO AUTOMçTICOS, devendo
constar na senten•a condenat—ria, sob pena de n‹o ocorrerem. Isto est‡
previsto no ¤ œnico do art. 92 do CP:
Par‡grafo œnico - Os efeitos de que trata este artigo n‹o s‹o autom‡ticos,
devendo ser motivadamente declarados na senten•a. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Assim, resumidamente:
EFEITOS DA CONDENA‚ÌO
GERAIS ESPECêFICOS
¥! Obriga•‹o de reparar ¥! Perda de cargo, fun•‹o pœblica ou
o dano mandato eletivo (a) nos crimes
¥! Perda em favor da praticados com abuso de poder ou
Uni‹o dos viola•‹o de dever para com a
instrumentos do Administra•‹o Pœblica Ð pena igual ou
crime (se seu porte superior a 01 ano; b) Nos demais
for il’cito) e dos casos Ð pena superior a 04 anos.
produtos ou proveitos ¥! Incapacidade para o exerc’cio do
do crime. p‡trio poder, tutela ou curatela, nos
¥! S‹o AUTOMçTICOS crimes dolosos, sujeitos ˆ pena de
reclus‹o, cometidos contra filho,
tutelado ou curatelado.
¥! Inabilita•‹o para dirigir ve’culo,
quando utilizado como meio para a
pr‡tica de crime doloso.
¥! N‹o s‹o autom‡ticos.

5.2.! Reabilita•‹o

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A reabilita•‹o Ž o instituto que visa ˆ reinser•‹o social do condenado,
atravŽs do sigilo referente ˆs suas anota•›es criminais, bem como a
suspens‹o condicional de determinados efeitos secund‡rios da
condena•‹o, de natureza extrapenal.
Nos termos do art. 93 e seu ¤ œnico do CP:
Art. 93 - A reabilita•‹o alcan•a quaisquer penas aplicadas em senten•a
definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu
processo e condena•‹o. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - A reabilita•‹o poder‡, tambŽm, atingir os efeitos da
condena•‹o, previstos no art. 92 deste C—digo, vedada reintegra•‹o na
situa•‹o anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

CUIDADO! N‹o se trata de causa de extin•‹o da punibilidade!

5.2.1.! Sigilo das condena•›es


O primeiro dos objetivos da reabilita•‹o Ž promover o sigilo referente
ˆs anota•›es criminais do reabilitado.
Em regra, cumprida ou extinta a pena, naturalmente s‹o retiradas da
folha de antecedentes criminais do acusado, somente podendo ser
acessadas por QUALQUER AUTORIDADE JUDICIçRIA, pelo membro
do MP ou por autoridade policial (Delegado de Pol’cia).
No entanto, o sigilo promovido pela reabilita•‹o Ž bem mais
amplo, pois somente pode ser quebrado mediante requisi•‹o do
JUIZ CRIMINAL (e n‹o de qualquer Juiz!).

5.2.2.! Efeitos secund‡rios extrapenais da condena•‹o


Com rela•‹o a esta finalidade, a reabilita•‹o promove a suspens‹o
dos efeitos extrapenais secund‡rios da condena•‹o. Assim, por exemplo,
se o condenado perdeu o poder familiar em rela•‹o aos filhos, em raz‹o
de ter cometido crime doloso punido com reclus‹o contra qualquer filho
(art. 92, II do CP), se for REABILITADO, poder‡ recuperar o poder
familiar em rela•‹o AOS DEMAIS FILHOS QUE NÌO SOFRERAM O
CRIME, pois o poder familiar em rela•‹o ao filho que sofreu o crime
NUNCA MAIS SERç RECUPERADO (art. 93, ¤ œnico do CP).

5.2.3.! Pressupostos e requisitos para a Reabilita•‹o


O pressuposto Ž apenas um: que haja senten•a condenat—ria
transitada em julgado, independentemente de qual pena foi aplicada
(privativa de liberdade, multa, etc.).47


47
Parte da Doutrina entende que a senten•a absolut—ria impr—pria tambŽm gera situa•‹o pass’vel
de reabilita•‹o. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 533

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Os requisitos s‹o diversos. O art. 94 nos traz tais requisitos.
Vejamos:
Art. 94 - A reabilita•‹o poder‡ ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia
em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execu•‹o,
computando-se o per’odo de prova da suspens‹o e o do livramento
condicional, se n‹o sobrevier revoga•‹o, desde que o condenado: (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - tenha tido domic’lio no Pa’s no prazo acima referido; (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstra•‹o efetiva e constante de
bom comportamento pœblico e privado; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta
impossibilidade de o fazer, atŽ o dia do pedido, ou exiba documento que
comprove a renœncia da v’tima ou nova•‹o da d’vida. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)

¥! Requisitos objetivos Ð a) A extin•‹o da pena (Pelo


cumprimento ou por outra forma) deve ter se dado h‡ mais de
dois anos; b) Deve o condenado ter reparado o dano, ou
provar que n‹o pode faz•-lo ou que a v’tima renunciou a este
direito;
¥! Requisitos subjetivos Ð a) Domic’lio no pa’s Ð O condenado
deve ter residido no Brasil no per’odo de dois anos ap—s a
extin•‹o da pena; b) Bom comportamento pœblico e privado Ð
O condenado deve ter apresentado, neste per’odo de dois
anos, um bom comportamento social.

CUIDADO! O pedido de reabilita•‹o Ž PRIVATIVO DO CONDENADO,


n‹o se estendendo aos sucessores. Assim, se o condenado faleceu sem
requerer a habilita•‹o, nada poder‡ ser feito pelos sucessores.

Caso a reabilita•‹o tenha sido negada, nada impede que o


condenado a requeira novamente, a qualquer tempo, desde que traga
fatos novos ˆ aprecia•‹o do Juiz. ƒ o que a Doutrina chama de car‡ter
REBUS SIC STANTIBUS. Nos termos do art. 94, ¤ œnico do CP:
Par‡grafo œnico - Negada a reabilita•‹o, poder‡ ser requerida, a qualquer
tempo, desde que o pedido seja instru’do com novos elementos
comprobat—rios dos requisitos necess‡rios. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)

A reabilita•‹o pode ser revogada, ainda, caso o reabilitado seja


condenado, COMO REINCIDENTE, por decis‹o IRRECORRêVEL, ˆ
pena que NÌO SEJA DE MULTA.
Assim, tr•s s‹o os requisitos para a revoga•‹o:

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¥! Condena•‹o posterior
¥! Ë pena que n‹o seja de multa
¥! Desde que o condenado seja reincidente

Assim, se j‡ tiver ocorrido o per’odo DEPURADOR (per’odo de cinco


anos que provoca a decad•ncia da reincid•ncia), o reabilitado pode ser
condenado que n‹o ser‡ revogada a reabilita•‹o concedida, pois n‹o ser‡
condenado como reincidente.

6.! EXECU‚ÌO PENAL

6.1.! Dos regimes de cumprimento. Progress‹o e regress‹o de


regime
Os regimes de cumprimento s‹o aqueles que n—s vimos, previstos
no CP:
ü! Fechado
ü! Semiaberto
ü! Aberto

O regime Ž fixado pelo Juiz na senten•a, e caso o preso tenha sido


condenado por mais de um crime (num mesmo processo OU NÌO), a
verifica•‹o do regime inicial de cumprimento da pena se dar‡ pela SOMA
(unifica•‹o) das penas. Nos termos do art. 111 da LEP:
Art. 111. Quando houver condena•‹o por mais de um crime, no mesmo
processo ou em processos distintos, a determina•‹o do regime de
cumprimento ser‡ feita pelo resultado da soma ou unifica•‹o das penas,
observada, quando for o caso, a detra•‹o ou remi•‹o.

Caso ocorra nova condena•‹o durante o curso da execu•‹o


da pena, procede-se a uma nova unifica•‹o de penas, somando-se a
nova condena•‹o ao que resta daquela que est‡ sendo cumprida, nos
moldes do ¤ œnico do art. 111:
Par‡grafo œnico. Sobrevindo condena•‹o no curso da execu•‹o, somar-se-‡ a
pena ao restante da que est‡ sendo cumprida, para determina•‹o do regime.

A pena Ž executada SEMPRE do regime mais gravoso para o


menos gravoso (Progressividade da pena), ocorrendo a
progress‹o a cada 1/6 de cumprimento da pena48, no m’nimo, no


48
Para os condenados por crimes hediondos, este prazo Ž de 2/5, se prim‡rios, ou 3/5, caso
reincidentes. Contudo, no caso de crimes hediondos cometidos antes da Lei 11.464/07, aplica-se o
disposto no art. 112 da LEP (cumprimento de 1/6 da pena).

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regime em que se encontra, DESDE QUE POSSUA BOM
COMPORTAMENTO. Vejamos:
Art. 112. A pena privativa de liberdade ser‡ executada em forma progressiva
com a transfer•ncia para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,
quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime
anterior e ostentar bom comportamento carcer‡rio, comprovado pelo diretor
do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progress‹o. (Redação
dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

Antes da decis‹o que concede ou n‹o a progress‹o dever‡ ser


ouvido o MP e o Defensor.
Para a progress‹o do regime semiaberto para o regime aberto h‡,
ainda, algumas outras regras que devem ser observadas. Vejamos:
Art. 114. Somente poder‡ ingressar no regime aberto o condenado que:
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de faz•-lo
imediatamente;
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que
foi submetido, fundados ind’cios de que ir‡ ajustar-se, com autodisciplina e
senso de responsabilidade, ao novo regime.
Par‡grafo œnico. Poder‹o ser dispensadas do trabalho as pessoas referidas no
artigo 117 desta Lei.

Portanto, alŽm de ter cumprido 1/6 da pena no regime semiaberto e


possuir bom comportamento, para passar ao regime aberto o preso
dever‡ ESTAR TRABALHANDO ou COMPROVAR QUE TEM EMPREGO
CERTO Ë VISTA.
Essa obrigatoriedade do trabalho n‹o se aplica ˆs seguintes
pessoas:
Art. 117. Somente se admitir‡ o recolhimento do benefici‡rio de regime
aberto em resid•ncia particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doen•a grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente f’sico ou mental;
IV - condenada gestante.

Estas pessoas cumprem pena do REGIME ABERTO em PRISÌO


DOMICILIAR.
O Juiz pode estabelecer outras condi•›es para a progress‹o ao
regime aberto, bem como modificar as que tiver fixado, mediante
requerimento do beneficiado, do MP, de autoridade administrativa, ou,
ainda, de of’cio (art. 115 e 116). Entretanto, algumas condi•›es s‹o
OBRIGATîRIAS:

SòMULA 471 DO STJ: ÒOs condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes
da vig•ncia da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei
de Execu•‹o Penal) para a progress‹o de regime prisional.Ó

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Art. 115. O Juiz poder‡ estabelecer condi•›es especiais para a concess‹o de
regime aberto, sem preju’zo das seguintes condi•›es gerais e obrigat—rias:
I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de
folga;
II - sair para o trabalho e retornar, nos hor‡rios fixados;
III - n‹o se ausentar da cidade onde reside, sem autoriza•‹o judicial;
IV - comparecer a Ju’zo, para informar e justificar as suas atividades, quando
for determinado.
Art. 116. O Juiz poder‡ modificar as condi•›es estabelecidas, de of’cio, a
requerimento do MinistŽrio Pœblico, da autoridade administrativa ou do
condenado, desde que as circunst‰ncias assim o recomendem.

Estas condi•›es o beneficiado com o regime aberto SEMPRE dever‡


cumprir. N‹o confundam CONDI‚ÍES com REQUISITOS para
progress‹o. Os requisitos s‹o circunst‰ncias que devem ser preenchidas
para que o preso CONSIGA PASSAR AO REGIME ABERTO. J‡ as
condi•›es s‹o circunst‰ncias que ele deve observar Jç ESTANDO NO
REGIME ABERTO. J
Mas, como nem tudo s‹o flores, pode acontecer de o preso n‹o ser
Òflor-que-se-cheireÓ e ocorrer a REGRESSÌO DE REGIME.
Como assim? A regress‹o Ž a passagem de um regime
MENOS gravoso para um regime MAIS gravoso. Ocorrer‡ nas
hip—teses do art. 118 da LEP:
Art. 118. A execu•‹o da pena privativa de liberdade ficar‡ sujeita ˆ forma
regressiva, com a transfer•ncia para qualquer dos regimes mais rigorosos,
quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II - sofrer condena•‹o, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da
pena em execu•‹o, torne incab’vel o regime (artigo 111).
¤ 1¡ O condenado ser‡ transferido do regime aberto se, alŽm das hip—teses
referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execu•‹o ou n‹o pagar,
podendo, a multa cumulativamente imposta.
¤ 2¼ Nas hip—teses do inciso I e do par‡grafo anterior, dever‡ ser ouvido
previamente o condenado.

CUIDADO! Vejam que NÌO Hç NECESSIDADE, no inciso I, de que o


preso tenha sido CONDENADO PELO CRIME DOLOSO, bastando que
se tenha ind’cios claros de que ele tenha praticado o delito.49

O inciso II Ž ainda mais tranquilo. Caso o agente seja condenado


por crime anterior (sim, pois se o crime for posterior, e doloso, entra no

49
Inclusive, h‡ entendimento SUMULADO do STJ nesse sentido:
SòMULA 526 do STJ: ÒO reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato
definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do tr‰nsito em julgado de senten•a
penal condenat—ria no processo penal instaurado para apura•‹o do fato.Ó

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inciso I) e a pena, somada ˆ restante, ultrapassar o limite previsto para a
perman•ncia no regime, ele volta para o mais gravoso.

CUIDADO! A progress‹o de regime s— pode se dar em escala (Do


fechado para o semiaberto e deste para o aberto)50. J‡ a REGRESSÌO
pode se dar per saltum, ou seja, direto do regime aberto para o fechado.

Mas quais s‹o as hip—teses de falta grave? Elas est‹o previstas


no art. 50 da LEP:
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, mŽdias e graves. A
legisla•‹o local especificar‡ as leves e mŽdias, bem assim as respectivas
san•›es.
Par‡grafo œnico. Pune-se a tentativa com a san•‹o correspondente ˆ falta
consumada.
Art. 50. Comete falta grave o condenado ˆ pena privativa de liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade
f’sica de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condi•›es impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta
Lei.
VII Ð tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telef™nico, de r‡dio ou
similar, que permita a comunica•‹o com outros presos ou com o ambiente
externo. (Inclu’do pela Lei n¼ 11.466, de 2007)
Par‡grafo œnico. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso
provis—rio.

ƒ importante ressaltar que a tentativa de pr‡tica de falta


disciplinar Ž punida com a mesma san•‹o prevista para a falta
consumada.
AlŽm disso, o STJ firmou entendimento no sentido de que, para o
reconhecimento da falta grave, Ž INDISPENSçVEL a instaura•‹o de
procedimento administrativo disciplinar no qual seja assegurado o
contradit—rio e a ampla defesa ao condenado, bem como a assist•ncia por
advogado.
Vejamos:


50
Vide sœmula 491 do STJ: Òƒ inadmiss’vel a chamada progress‹o per saltum de regime
prisional.Ó

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AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. EXECU‚ÌO PENAL. PROCESSO


ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. AUSæNCIA DE ADVOGADO. NULIDADE. RESP N.
1.378.557/RS. REPRESENTATIVO DE CONTROVƒRSIA.
1. Para o reconhecimento da pr‡tica de falta disciplinar no ‰mbito da execu•‹o
penal, Ž imprescind’vel a instaura•‹o de procedimento administrativo pelo
diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser
realizado por advogado constitu’do ou defensor pœblico nomeado.
2. Agravo regimental improvido.
(AgRg no HC 215.112/RS, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR, SEXTA TURMA,
julgado em 11/03/2014, DJe 07/04/2014)

Ainda com rela•‹o ˆs infra•›es disciplinares, algumas observa•›es


s‹o necess‡rias.
¥! As faltas GRAVES est‹o previstas na LEP
¥! As faltas leves e mŽdias ser‹o previstas na Legisla•‹o local
¥! As hip—teses de falta grave s‹o diversas para os condenados
que cumprem pena privativa de liberdade (art. 50 da LEP) e
para os que cumprem pena restritivas de direitos (art. 51 da
LEP).
¥! A pr‡tica de fato definido como crime doloso tambŽm constitui
falta grave.

Mas quais s‹o as san•›es para aqueles que praticam


infra•›es disciplinares? Vejamos o que consta no art. 53 da LEP:
Art. 53. Constituem san•›es disciplinares:
I - advert•ncia verbal;
II - repreens‹o;
III - suspens‹o ou restri•‹o de direitos (artigo 41, par‡grafo œnico);
IV - isolamento na pr—pria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos
que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta
Lei.
V - inclus‹o no regime disciplinar diferenciado. (Inclu’do pela Lei n¼
10.792, de 2003)

As quatro primeiras s‹o de compet•ncia do DIRETOR DO


ESTABELECIMENTO. A œltima, porŽm (inclus‹o no RDD),
depender‡ de decis‹o do Juiz da execu•‹o:
Art. 54. As san•›es dos incisos I a IV do art. 53 ser‹o aplicadas por ato
motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prŽvio e

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fundamentado despacho do juiz competente. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
10.792, de 2003)

Contudo, a despeito da necessidade de ser autorizada pelo Juiz da


execu•‹o, a inclus‹o no RDD depender‡ de requerimento circunstanciado
do Diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa:
Art. 54 (...)
¤ 1o A autoriza•‹o para a inclus‹o do preso em regime disciplinar depender‡
de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento
ou outra autoridade administrativa. (Inclu’do pela Lei n¼ 10.792, de
2003)
¤ 2o A decis‹o judicial sobre inclus‹o de preso em regime disciplinar ser‡
precedida de manifesta•‹o do MinistŽrio Pœblico e da defesa e prolatada no
prazo m‡ximo de quinze dias. (Inclu’do pela Lei n¼ 10.792, de 2003)

Assim:

SAN‚ÍES DISCIPLINARES NA LEP


¥! ADVERTæNCIA VERBAL Aplicadas pelo Diretor do
¥! REPREENSÌO estabelecimento, por ato
¥! SUSPENSÌO OU RESTRI‚ÌO DE motivado.
DIREITOS
¥! ISOLAMENTO NA PRîPRIA CELA,
OU EM LOCAL ADEQUADO, NOS
ESTABELECIMENTOS QUE POSSUAM
ALOJAMENTO COLETIVO

¥! INCLUSÌO NO RDD ¥! Necessita de autoriza•‹o


prŽvia e fundamentada
do Juiz da Execu•‹o.
¥! A autoriza•‹o depende de
requerimento
circunstanciado.
¥! Devem ser ouvidos o MP e
a defesa (previamente).

Quando da aplica•‹o da san•‹o a autoridade levar‡ em conta a


natureza, os motivos, as circunst‰ncias e as consequ•ncias do fato, bem
como a pessoa do faltoso e seu tempo de pris‹o.
No caso de FALTA GRAVE devem ser aplicadas as seguintes
san•›es:
¥! Suspens‹o ou restri•‹o de direitos

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¥! Isolamento na pr—pria cela, ou em local adequado,
nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo51
¥! Inclus‹o no regime disciplinar diferenciado

ATEN‚ÌO! Os dois primeiros n‹o poder‹o exceder a 30 dias, salvo no


caso de inclus‹o no RDD.

Por sua vez, o condenado que tiver bom comportamento,


colabora•‹o com a disciplina e dedica•‹o ao trabalho poder‡ receber
recompensas, que consistem em:
¥! Elogio
¥! Concess‹o de regalias

6.2.! Das autoriza•›es de sa’da


As autoriza•›es de sa’da consistem, basicamente, em:
ü! Permiss›es de sa’da
ü! Sa’da tempor‡ria

A permiss‹o de sa’da est‡ prevista no art. 120 da LEP:


Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou
semiaberto e os presos provis—rios poder‹o obter permiss‹o para sair do
estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doen•a grave do c™njuge, companheira, ascendente,
descendente ou irm‹o;
II - necessidade de tratamento mŽdico (par‡grafo œnico do artigo 14).
Par‡grafo œnico. A permiss‹o de sa’da ser‡ concedida pelo diretor do
estabelecimento onde se encontra o preso.
Art. 121. A perman•ncia do preso fora do estabelecimento ter‡ a dura•‹o
necess‡ria ˆ finalidade da sa’da.

Vejam que a permiss‹o de sa’da se dar‡ mediante ESCOLTA,


ou seja, o preso n‹o sai Òlivre-leve-e-soltoÓ. Essa permiss‹o de sa’da
ocorre quando o preso necessita de tratamento mŽdico que n‹o possa ser
realizado no estabelecimento ou no caso de falecimento ou doen•a grave
do c™njuge, companheira, ascendente (m‹e, pai, av—...), descendente
(filho, neto...) ou irm‹o.
Esta modalidade de sa’da se funda em raz›es HUMANITçRIAS.
A permiss‹o Ž concedida pelo pr—prio diretor do estabelecimento e
durar‡ o per’odo estritamente necess‡rio ˆ finalidade.


51
O Isolamento deve ser, SEMPRE, comunicado ao Juiz da execu•‹o.

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A sa’da tempor‡ria, por sua vez, Ž realizada SEM ESCOLTA, e
pode ser deferida por um prazo MçXIMO DE SETE DIAS, em, no
m‡ximo, CINCO VEZES AO ANO. Vejamos:
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto poder‹o
obter autoriza•‹o para sa’da tempor‡ria do estabelecimento, sem vigil‰ncia
direta, nos seguintes casos:
I - visita ˆ fam’lia;
II - frequ•ncia a curso supletivo profissionalizante, bem como de instru•‹o do
2¼ grau ou superior, na Comarca do Ju’zo da Execu•‹o;
III - participa•‹o em atividades que concorram para o retorno ao conv’vio
social.
Par‡grafo œnico. A aus•ncia de vigil‰ncia direta n‹o impede a utiliza•‹o de
equipamento de monitora•‹o eletr™nica pelo condenado, quando assim
determinar o juiz da execu•‹o. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Art. 123. A autoriza•‹o ser‡ concedida por ato motivado do Juiz da execu•‹o,
ouvidos o MinistŽrio Pœblico e a administra•‹o penitenci‡ria e depender‡ da
satisfa•‹o dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;
II - cumprimento m’nimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for
prim‡rio, e 1/4 (um quarto), se reincidente;
III - compatibilidade do benef’cio com os objetivos da pena.
Art. 124. A autoriza•‹o ser‡ concedida por prazo n‹o superior a 7 (sete) dias,
podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.

CUIDADO! Vejam que Ž necess‡rio que o preso se encontre no regime


SEMIABERTO, n‹o sendo poss’vel, portanto, aos presos do regime
fechado. A permiss‹o de sa’da, vista anteriormente, por ser realizada
com escolta, pode ser deferida, inclusive, aos presos do regime fechado.

Esta sa’da geralmente se d‡ em datas comemorativas (Natal,


P‡scoa, Dia das m‹es, etc.).
Embora n‹o haja vigil‰ncia direta sobre o preso, a Lei 12.258/10
permitiu a utiliza•‹o de MONITORA‚ÌO ELETRïNICA, de forma a dar
alguma seguran•a de que o preso n‹o ir‡ se evadir.
Aqui, por se tratar de uma sa’da sem escolta, alŽm de o
preso dever ser do regime semi-aberto, quem a concede NÌO ƒ O
DIRETOR DO ESTABELECIMENTO, mas o JUIZ DA EXECU‚ÌO
PENAL, ap—s ouvido o MP e a administra•‹o penitenci‡ria que cuida do
preso, devendo, sempre, observar os requisitos do art. 123, que s‹o:

ü! Bom comportamento
ü! Cumprimento de 1/6 da pena, se prim‡rio, e ! se reincidente
ü! Compatibilidade do benef’cio com os objetivos da pena

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Tal qual ocorre na permiss‹o de sa’da, aqui existem condi•›es
que o Juiz pode fixar, de acordo com seu entendimento, e condi•›es de
observ‰ncia obrigat—ria pelo beneficiado. S‹o elas:
¤ 1o Ao conceder a sa’da tempor‡ria, o juiz impor‡ ao benefici‡rio as
seguintes condi•›es, entre outras que entender compat’veis com as
circunst‰ncias do caso e a situa•‹o pessoal do condenado: (Incluído pela Lei nº
12.258, de 2010)
I - fornecimento do endere•o onde reside a fam’lia a ser visitada ou onde
poder‡ ser encontrado durante o gozo do benef’cio; (Incluído pela Lei nº 12.258, de
2010)
II - recolhimento ˆ resid•ncia visitada, no per’odo noturno; (Incluído pela Lei nº
12.258, de 2010)
III - proibi•‹o de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos
cong•neres. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Assim: Nada de ÒcervejinhaÓ, nada de dormir fora... Saiu, Ž pra


visitar a fam’lia, NÌO OS ÒAMIGOS DE COPOÓ.
Embora o prazo m‡ximo seja de sete dias, esta Ž a regra.
Mas, Ž claro, h‡ EXCE‚ÌO. Caso a sa’da se d• para a frequ•ncia a curso
profissionalizante, ou de n’vel mŽdio ou superior, o per’odo ser‡ o
necess‡rio ao cumprimento da atividade, logo, PODE SER SUPERIOR A
SETE DIAS (¤2¡ do art. 124 da LEP).
Salvo nesta hip—tese (curso profissionalizante), a sa’da tempor‡ria
s— poder‡ ser deferida novamente se respeitado um intervalo de, no
m’nimo, 45 dias entre uma e outra.
Pode ser que o camarada (beneficiado) n‹o Òande na linhaÓ e, neste
caso, o benef’cio ser‡ revogado, nos termos do art. 125 da LEP:
Art. 125. O benef’cio ser‡ automaticamente revogado quando o condenado
praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave,
desatender as condi•›es impostas na autoriza•‹o ou revelar baixo grau de
aproveitamento do curso.
Par‡grafo œnico. A recupera•‹o do direito ˆ sa’da tempor‡ria depender‡ da
absolvi•‹o no processo penal, do cancelamento da puni•‹o disciplinar ou da
demonstra•‹o do merecimento do condenado.

6.3.! Da remi•‹o
A remi•‹o Ž o ABATIMENTO da pena pelo TRABALHO OU
ESTUDO DO PRESO. O abatimento est‡ previsto no art. 126 da LEP:
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto
poder‡ remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execu•‹o da
pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011).
Havendo o abatimento, o tempo remido ser‡ considerado
como PENA CUMPRIDA PARA TODOS OS EFEITOS, nos termos do
art. 128:

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Art. 128. O tempo remido ser‡ computado como pena cumprida, para todos
os efeitos. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

As regras de aplica•‹o do instituto da remiss‹o est‹o previstas nos


¤¤ do art. 126. Vejamos:
¤ 1o A contagem de tempo referida no caput ser‡ feita ˆ raz‹o de: (Redação
dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequ•ncia escolar -
atividade de ensino fundamental, mŽdio, inclusive profissionalizante, ou
superior, ou ainda de requalifica•‹o profissional - divididas, no m’nimo, em 3
(tr•s) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (tr•s) dias de trabalho. (Incluído pela Lei nº
12.433, de 2011)
¤ 2o As atividades de estudo a que se refere o ¤ 1o deste artigo poder‹o ser
desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a dist‰ncia e
dever‹o ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos
cursos frequentados. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
¤ 3o Para fins de cumula•‹o dos casos de remi•‹o, as horas di‡rias de
trabalho e de estudo ser‹o definidas de forma a se compatibilizarem. (Redação
dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
¤ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos
estudos continuar‡ a beneficiar-se com a remi•‹o.(Incluído pela Lei nº 12.433, de
2011)
¤ 5o O tempo a remir em fun•‹o das horas de estudo ser‡ acrescido de 1/3
(um ter•o) no caso de conclus‹o do ensino fundamental, mŽdio ou superior
durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo —rg‹o
competente do sistema de educa•‹o.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
¤ 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que
usufrui liberdade condicional poder‹o remir, pela frequ•ncia a curso de
ensino regular ou de educa•‹o profissional, parte do tempo de execu•‹o da
pena ou do per’odo de prova, observado o disposto no inciso I do ¤ 1o deste
artigo.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
¤ 7o O disposto neste artigo aplica-se ˆs hip—teses de pris‹o cautelar.(Incluído
pela Lei nº 12.433, de 2011)
¤ 8o A remi•‹o ser‡ declarada pelo juiz da execu•‹o, ouvidos o MinistŽrio
Pœblico e a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

Assim, podemos resumir da seguinte forma:


ü! Trata-se de benef’cio exclusivo para presos dos regimes fechado e
semiaberto.
ü! EXCEPCIONALMENTE, poder‡ o condenado que esteja em regime
aberto ou livramento condicional, REMIR a pena, atravŽs da
FREQUæNCIA A CURSO PROFISSIONALIZANTE OU REGULAR.
ü! Na remiss‹o pelo estudo, caso o preso conclua o ensino fundamental,
mŽdio ou superior na pris‹o, o abatimento se dar‡ ACRESCIDO DE
1/3. Assim, se ele iria abater 1 dia de trabalho para cada 12 horas,
ir‡ abater 1,33 dia de trabalho para cada 12 horas de estudo.

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ü! Caso o preso fique impossibilitado de trabalhar ou estudar, por
acidente, CONTINUARç A SE BENEFICIAR COM A REMI‚ÌO.
ü! A remiss‹o se aplica, ainda, nas hip—teses de PRISÌO CAUTELAR.

Caso o preso pratique FALTA GRAVE, poder‡ o Juiz da execu•‹o


revogar, no m‡ximo, 1/3 DO TEMPO REMIDO. Isso Ž o que
comumente se chama de PERDA DOS DIAS REMIDOS. Essa perda, como
vimos, NUNCA PODE SER TOTAL.

CUIDADO! Apesar de o Juiz estar autorizado a revogar ATƒ 1/3 do


tempo remido, o STJ firmou entendimento no sentido de que a fixa•‹o
da revoga•‹o no patamar m‡ximo (1/3) depende de
fundamenta•‹o concreta (ou seja, o Juiz tem que especificar o motivo
de estar revogando no patamar m‡ximo).
Vejamos:
(...) Reconhecida falta grave no decorrer da execu•‹o penal, n‹o pode ser
determinada a perda dos dias remidos na fra•‹o m‡xima de 1/3 sem que
haja fundamenta•‹o concreta para justific‡-la. (...) HC 282.265-RS, Rel.
Min. Rogerio Shietti Cruz, julgado em 22/4/2014. (Informativo 539
do STJ).

6.4.! Disposi•›es jurisprudenciais importantes sobre execu•‹o


penal
Segue, abaixo, um quadrinho resumindo os principais entendimentos
jurisprudenciais em sede de execu•‹o penal:
¥! A pr‡tica de falta grave interrompe o prazo para obten•‹o
da progress‹o de regime Ð Sœmula 534 do STJ52
¥! A pr‡tica de falta grave NÌO interrompe o prazo para obten•‹o
do livramento condicional Ð Sœmula 441 do STJ53
¥! A pr‡tica de falta grave NÌO interrompe o prazo para fins de
comuta•‹o de pena ou indulto (Sœmula 535 do STJ)54, mas a
concess‹o destes benef’cios deve observar os estritos termos do
decreto presidencial que os concedeu.55

52
SòMULA 534 do STJ: ÒA pr‡tica de falta grave interrompe a contagem do prazo para a
progress‹o de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
infra•‹o.Ó

53
SòMULA 441 DO STJ: ÒA falta grave n‹o interrompe o prazo para obten•‹o de livramento
condicional.Ó
54
SòMULA 535 DO STJ: ÒA pr‡tica de falta grave n‹o interrompe o prazo para fim de
comuta•‹o de pena ou indulto.Ó
55
HC 297.364/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/10/2015, DJe
21/10/2015

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¥! O reconhecimento da falta grave em raz‹o da pr‡tica de crime
doloso durante o cumprimento da pena dispensa o tr‰nsito em
julgado do processo em rela•‹o a este fato Ð Sœmula 526 do
STJ56
¥! Para o reconhecimento da pr‡tica de falta disciplinar durante a
execu•‹o da pena Ž necess‡rio: (a) que haja instaura•‹o de
procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento; (b)
assegurar o direito de defesa por meio de advogado ou defensor
pœblico Ð Sœmula 533 do STJ57
¥! O ato de concess‹o de sa’da tempor‡ria deve ser proferido
pelo Juiz, n‹o podendo ser delegado ao diretor do
estabelecimento Ð Sœmula 520 do STJ.58
¥! O Juiz n‹o pode, ao conceder o regime aberto, fixar pena
restritiva de direitos como condi•‹o especial Ð Sœmula 493 do
STJ59
¥! Em face das decis›es proferidas em execu•‹o penal cabe recurso
de AGRAVO EM EXECU‚ÌO (art. 197), no prazo de 05 dias
(sœmula 700 do STF)60.

(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Com rela•‹o ao Regime Disciplinar Diferenciado, institu’do pela
Lei 10.792/2003, assinale a alternativa correta.
a) O per’odo de aplica•‹o do Regime Disciplinar Diferenciado n‹o
poder‡ ultrapassar 360 (trezentos e sessenta dias), sendo vedada
a repeti•‹o da san•‹o por nova falta grave.
b) O Regime Disciplinar diferenciado n‹o poder‡ ser aplicado a
presos provis—rios, mesmo no caso de crimes hediondos.
c) A autoriza•‹o para a inclus‹o do preso em regime disciplinar
depender‡ de requerimento circunstanciado elaborado pelo

56
SòMULA 526 do STJ: ÒO reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato
definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do tr‰nsito em julgado de senten•a
penal condenat—ria no processo penal instaurado para apura•‹o do fato.Ó
57
SòMULA 533 do STJ: ÒPara o reconhecimento da pr‡tica de falta disciplinar no ‰mbito da
execu•‹o penal, Ž imprescind’vel a instaura•‹o de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constitu’do
ou defensor pœblico nomeado.Ó
58 SòMULA 520 do STJ: ÒO benef’cio de sa’da tempor‡ria no ‰mbito da execu•‹o penal Ž ato
jurisdicional insuscet’vel de delega•‹o ˆ autoridade administrativa do estabelecimento prisional.Ó
59
SòMULA 493 DO STJ: Òƒ inadmiss’vel a fixa•‹o de pena substitutiva (art. 44 do CP) como
condi•‹o especial ao regime aberto.Ó
60
SòMULA 700 do STF: Òƒ DE CINCO DIAS O PRAZO PARA INTERPOSI‚ÌO DE AGRAVO CONTRA
DECISÌO DO JUIZ DA EXECU‚ÌO PENALÓ

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diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa e
despacho fundamentado da autoridade judicial competente.
d) O preso ter‡ direito a sair de sua cela por um per’odo de 2
(duas) horas semanais para banho de sol, salvo nos casos de
crimes inafian•‡veis.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Embora este seja o prazo, nada impede a repeti•‹o da
san•‹o, desde que por nova falta grave, respeitado o limite de 1/6 da
pena total, nos termos do art. 52, I da LEP.
B) ERRADA: O RDD pode ser aplicada tambŽm a presos provis—rios, nos
termos do art. 52, ¤1¼ da LEP.
C) CORRETA: Item correto, pois esta Ž a previs‹o do art. 54, ¤¤1¼ e 2¼
da LEP:
Art. 54 (...)
¤ 1o A autoriza•‹o para a inclus‹o do preso em regime disciplinar depender‡
de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento
ou outra autoridade administrativa.
¤ 2o A decis‹o judicial sobre inclus‹o de preso em regime disciplinar ser‡
precedida de manifesta•‹o do MinistŽrio Pœblico e da defesa e prolatada no
prazo m‡ximo de quinze dias." (NR)
D) ERRADA: Nos termos do art. 52, IV da LEP, o preso submetido ao RDD
ter‡ direito a sair de cela por 02 horas di‡rias, para banho de sol.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Pit‡goras foi definitivamente condenado, com senten•a penal
condenat—ria transitada em julgado, ˆ pena de 6 (seis) anos de
reclus‹o a ser cumprida, inicialmente, em regime semi-aberto.
Cerca de quatro meses ap—s o in’cio do cumprimento da pena
privativa de liberdade, sobreveio nova condena•‹o definitiva,
desta vez a 3 (tr•s) anos de reclus‹o no regime inicial aberto,
em virtude da pr‡tica de crime anterior. Atento ao caso
narrado, bem como ˆs disposi•›es pertinentes ao tema
presentes tanto no c—digo penal quanto na lei de execu•›es
penais, Ž correto afirmar que
a) Pit‡goras poder‡ continuar a cumprir a pena no regime
semiaberto.
b) Pit‡goras dever‡ regredir para o regime fechado.
c) Pit‡goras dever‡ regredir de regime porque a nova
condena•‹o significa cometimento de falta grave.
d) prevalece o regime isolado de cada uma das condena•›es,
devendo-se executar primeiro a pena mais grave.[
COMENTçRIOS: No caso em tela Pit‡goras dever‡ regredir para o
regime fechado. Isto porque, com a nova condena•‹o, Ž necess‡rio
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proceder-se ˆ unifica•‹o das penas. Como ainda restam 05 anos e 08
meses da pena inicialmente aplicada, com a unifica•‹o, a nova pena de
Pit‡goras seria de 08 anos e 08 meses de reclus‹o.
Como a pena unificada ficou acima do patamar que autoriza o
cumprimento em regime semiaberto, Pit‡goras dever‡ regredir para o
regime fechado, nos termos do art. 33, ¤2¼, ÒaÓ do CP c/c art. 111, ¤
œnico da LEP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

7.! PUNIBILIDADE E SUA EXTIN‚ÌO

7.1.! Introdu•‹o
Quando alguŽm comete um fato definido como crime, surge para o
Estado o poder-dever de punir. Esse direito de punir chama-se ius
puniendi.
Em regra, todo fato t’pico, il’cito e praticado por agente culp‡vel, Ž
pun’vel. No entanto, o exerc’cio do ius puniendi encontra limita•›es de
diversas ordens, sendo a principal delas a limita•‹o temporal (prescri•‹o).
Desta forma, o Estado deve exercer o ius puniendi da maneira
prevista na lei (atravŽs do manejo da A•‹o Penal no processo penal), bem
como deve faz•-lo no prazo legal.
Para o nosso estudo interessam mais as hip—teses de extin•‹o da
punibilidade. Vamos analis‡-las ent‹o!
O art. 107 do CP prev• que:
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, gra•a ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que n‹o mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescri•‹o, decad•ncia ou peremp•‹o;
V - pela renœncia do direito de queixa ou pelo perd‹o aceito, nos crimes de
a•‹o privada;
VI - pela retrata•‹o do agente, nos casos em que a lei a admite;
IX - pelo perd‹o judicial, nos casos previstos em lei.

Veremos, primeiro, todas as causas de extin•‹o da punibilidade


diversas da prescri•‹o. Depois, vamos ao estudo da prescri•‹o, que Ž a
principal delas.

7.2.! Causas de extin•‹o da punibilidade diversas da prescri•‹o

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O primeiro caso Ž bem simples. Falecendo o agente, extingue-se a
punibilidade do crime, pois, como vimos, no Direito Penal vigora o
princ’pio da intranscend•ncia da pena, ou seja, a pena n‹o pode
passar da pessoa do criminoso. Assim, com a morte deste, cessa o
direito de punir do Estado.
A anistia, a gra•a e o indulto s‹o modalidades muito parecidas de
extin•‹o da punibilidade. Entretanto, n‹o se confundem.
A anistia exclui o pr—prio crime, ou seja, o Estado determina que
as condutas praticadas (j‡ praticadas, ou seja, fatos consumados) pelos
agentes n‹o sejam consideradas crimes. A anistia pode ser concedida
pelo Poder Legislativo, e pode ser conferida a qualquer momento
(inclusive ap—s a senten•a penal condenat—ria transitada em julgado).
EXEMPLO: Determinados policiais militares resolvem fazer greve por
melhores sal‡rios, condi•›es de trabalho, etc. Na greve, fazem piquetes,
acabam coagindo colegas, etc. Tais pessoas estar‹o praticando crime.
Contudo, posteriormente, o Poder Legislativo verifica que s‹o pessoas
boas, que agiram no impulso, compelidas pela prec‡ria situa•‹o da
Corpora•‹o e, portanto, decide ANISTIç-LOS, ou seja, o Poder Pœblico ir‡
ÒesquecerÓ que tais crimes foram praticados (aqueles crimes praticados
naquelas circunst‰ncias, ou seja, somente aqueles ali mesmo!).

Alguns autores diferenciam a anistia em anistia pr—pria e anistia


impr—pria. A anistia pr—pria seria aquela concedida ANTES da
condena•‹o e anistia impr—pria seria aquela concedida APîS a
condena•‹o.
Pode, ainda, ser:
¥! Irrestrita ou restrita Ð Ser‡ irrestrita quando se dirigir a
todos os agentes. Ser‡ restrita quando exigir do agente
determinada qualidade espec’fica (ser prim‡rio, por exemplo).
¥! Incondicionada ou condicionada Ð Ser‡ incondicionada
quando n‹o impuser nenhuma condi•‹o. Ser‡ condicionada
quando impuser uma condi•‹o para sua validade (Como, por
exemplo, a repara•‹o do dano causado).
¥! Comum ou especial Ð A primeira Ž destinada a crimes
comuns, e a segunda Ž destinada a crimes pol’ticos.
J‡ a Gra•a e o indulto s‹o bem mais semelhantes entre si, pois
n‹o excluem o FATO criminoso em si, mas apenas extinguem a
punibilidade em rela•‹o a determinados agentes (podem ser
todos), e s— podem ser concedidos pelo Presidente da Repœblica.
EXEMPLO: Imaginemos que, no exemplo da greve dos policiais militares,
o Presidente da Repœblica assinasse um Decreto concedendo indulto a
150 dos 300 policiais militares envolvidos. Percebam que o fato criminoso
n‹o foi ÒesquecidoÓ pelo Estado. Houve apenas a extin•‹o da punibilidade

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em rela•‹o a alguns infratores. Assim, a ANISTIA atinge o FATO (e
por via reflexa, a punibilidade). A gra•a e o indulto atingem
DIRETAMENTE A PUNIBILIDADE.

A Gra•a Ž conferida de maneira individual, e o indulto Ž conferido


coletivamente (a um grupo que se encontre na mesma situa•‹o).
A anistia s— pode ser causa de extin•‹o total da punibilidade (pois,
como disse, exclui o pr—prio crime). J‡ a Gra•a e o indulto podem ser
parciais.
Pode ser extinta a punibilidade, tambŽm, pelo fen™meno da abolitio
criminis, nos termos do art. 107, III do CP. Como vimos, a abolitio
criminis ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar o
fato como crime.
CUIDADO! N‹o confundam abolitio criminis com anistia. A abolitio
criminis n‹o se dirige a um fato criminoso espec’fico, j‡ praticado, A
abolitio criminis simplesmente faz desaparecer a pr—pria figura t’pica
prevista na Lei, ou seja, a conduta incriminada (o tipo penal) deixa de
existir.

Pode ocorrer, ainda, de o ofendido, nos crimes de a•‹o penal


privada, renunciar ao direito de oferecer queixa, ou conceder o
perd‹o ao acusado. Nesses casos, tambŽm estar‡ extinta a
punibilidade.
A renœncia ao direito de queixa ocorre quando, dentro do prazo de
seis meses de que disp›e o ofendido para oferec•-la, este renuncia ao
direito, de maneira expressa ou t‡cita. A renœncia t‡cita ocorre quando o
ofendido pratica algum ato incompat’vel com a inten•‹o de
processar o agente (quando, por exemplo, convida o infrator pra ser
seu padrinho de casamento).
O perd‹o, por sua vez, Ž muito semelhante ˆ renœncia, com a
ressalva de que o perd‹o s— pode ser concedido quando j‡ ajuizada
a a•‹o penal privada, e que o simples oferecimento do perd‹o, por si
s—, n‹o gera a extin•‹o da punibilidade, devendo o agente aceitar o
perd‹o.
Ocorrendo a renœncia ao direito de queixa, ou o perd‹o do
ofendido, e sendo este œltimo aceito pelo querelado (autor do fato),
estar‡ extinta a punibilidade.
Em determinados crimes o Estado confere o perd‹o ao infrator, por
entender que a aplica•‹o da pena n‹o Ž necess‡ria. ƒ o chamado
Òperd‹o judicialÓ. ƒ o que ocorre, por exemplo, no caso de homic’dio
culposo no qual o infrator tenha perdido alguŽm querido (Lembram-se do
caso Herbert Viana?). Essa hip—tese est‡ prevista no art. 121, ¤ 5¡ do CP:

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¤ 5¼ - Na hip—tese de homic’dio culposo, o juiz poder‡ deixar de aplicar a
pena, se as conseqŸ•ncias da infra•‹o atingirem o pr—prio agente de forma
t‹o grave que a san•‹o penal se torne desnecess‡ria. (Inclu’do pela Lei n¼
6.416, de 24.5.1977)
Ent‹o, nesse caso, ocorrendo o perd‹o judicial, tambŽm estar‡
extinta a punibilidade. AlŽm disso, o art. 120 do CP diz que se houver o
perd‹o judicial, esta senten•a que concede o perd‹o judicial n‹o Ž
considerada para fins de reincid•ncia (apesar de ser uma senten•a
condenat—ria).

PERDÌO DO RENòNCIA PERDÌO JUDICIAL


OFENDIDO
Concedido pela Concedida pela Concedido pelo
VêTIMA VêTIMA Estado (Juiz)
Somente nos crimes Somente nos crimes Somente nos casos
de a•‹o penal de a•‹o penal previstos em Lei
privada privada
Depois de ajuizada a Antes do Na senten•a
a•‹o penal ajuizamento da a•‹o
penal
Precisa ser aceito N‹o precisa ser N‹o precisa ser
pelo infrator aceito pelo infrator aceito pelo infrator

Nos termos do inciso VI do art. 107, a retrata•‹o do agente


tambŽm Ž hip—tese de extin•‹o da punibilidade, nos casos em que
a lei a admite. Acontece isto, por exemplo, nos crimes de calœnia ou
difama•‹o, nos quais a lei admite a retrata•‹o como causa de extin•‹o da
punibilidade, se realizada antes da senten•a. Nos termos do art. 143 do
CP:
Art. 143 - O querelado que, antes da senten•a, se retrata cabalmente da
calœnia ou da difama•‹o, fica isento de pena.

H‡, tambŽm, a extin•‹o da punibilidade pela decad•ncia ou pela


peremp•‹o. A decad•ncia ocorre quando a v’tima deixa de ajuizar a
a•‹o penal dentro do prazo, ou quando deixa de oferecer a
representa•‹o dentro do prazo (nos casos de crimes de a•‹o penal
privada e de a•‹o penal pœblica condicionada ˆ representa•‹o,
respectivamente). O prazo Ž de seis meses a contar da data em que a
v’tima passa a saber quem foi o autor do fato.

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A peremp•‹o, por sua vez, Ž a extin•‹o da a•‹o penal privada
pelo ÒdesleixoÓ da v’tima (quando deixa de dar seguimento ˆ a•‹o,
deixa de comparecer a alguma ato processual a que estava obrigado,
etc.). Est‡ prevista no art. 60 do CPP:
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-
se-‡ perempta a a•‹o penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, n‹o
comparecer em ju’zo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber faz•-lo, ressalvado o
disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condena•‹o nas alega•›es finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jur’dica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Trata-se de causa extintiva da punibilidade consistente na
exclus‹o, por lei ordin‡ria com efeitos retroativos, de um ou
mais fatos criminosos do campo de incid•ncia do Direito
Penal,
a) o indulto individual.
b) a anistia.
c) o indulto coletivo.
d) a gra•a.
COMENTçRIOS: A anistia Ž causa de exclus‹o do fato criminoso,
mediante lei ordin‡ria e com efeitos retroativos. O indulto e a gra•a s‹o
concedidos pelo Presidente da Repœblica.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Com rela•‹o ˆs causas de extin•‹o da punibilidade previstas no
artigo 107 do C—digo Penal, assinale a alternativa correta.
a) O perd‹o do ofendido Ž ato unilateral, prescindindo de anu•ncia
do querelado.
b) Nos crimes conexos, a extin•‹o da punibilidade de um deles
impede, quanto aos outros, a agrava•‹o da pena resultante da
conex‹o.
c) A peremp•‹o Ž causa de extin•‹o de punibilidade exclusiva da
a•‹o penal privada.

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d) Em caso de morte do rŽu, n‹o h‡ falar em extin•‹o da
punibilidade, devendo o juiz absolv•-lo com base no mŽtodo de
resolu•‹o de conflitos do in dubio pro reo.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: O perd‹o Ž ato bilateral, e deve ser aceito pelo querelado,
nos termos do art. 106, III do CP.
B) ERRADA: Item errado, nos termos do art. 108, parte final, do CP:
Art. 108 - A extin•‹o da punibilidade de crime que Ž pressuposto, elemento
constitutivo ou circunst‰ncia agravante de outro n‹o se estende a este. Nos
crimes conexos, a extin•‹o da punibilidade de um deles n‹o impede, quanto
aos outros, a agrava•‹o da pena resultante da conex‹o. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
C) CORRETA: A peremp•‹o Ž um fen™meno que s— se aplica ˆs a•›es
penais privadas, n‹o sendo aplic‡vel ˆs a•›es penais pœblicas.
D) ERRADA: A morte do agente Ž causa de extin•‹o da punibilidade, nos
termos do art. 107, I do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

7.3.! Prescri•‹o
Enfim, a cl‡ssica e mais comum hip—tese de extin•‹o da
punibilidade: a PRESCRI‚ÌO. A prescri•‹o Ž a perda do poder de exercer
um direito em raz‹o da inŽrcia do seu titular. Ou seja, Ž o famoso
Òcamar‹o que dorme a onda levaÓ.
A prescri•‹o pode ser dividida basicamente em duas espŽcies:
Prescri•‹o da pretens‹o punitiva e prescri•‹o da pretens‹o
execut—ria.
A primeira pode ocorrer quando ainda n‹o h‡ senten•a penal
condenat—ria transitada em julgado, e a segunda pode ocorrer
somente depois de j‡ haver senten•a penal condenat—ria
transitada em julgado. Vamos estud‡-las em t—picos separados.

7.3.1.! Prescri•‹o da pretens‹o punitiva


Aqui o Estado ainda n‹o aplicou (em car‡ter definitivo) uma san•‹o
penal ao agente que praticou a conduta criminosa.
Mas qual Ž o prazo de prescri•‹o? O prazo prescricional varia de
crime para crime, e Ž definido tendo por base a pena m‡xima
estabelecida, em abstrato, para a conduta criminosa. Nos termos do art.
109 do CP:
Art. 109. A prescri•‹o, antes de transitar em julgado a senten•a final, salvo o
disposto no ¤ 1o do art. 110 deste C—digo, regula-se pelo m‡ximo da pena
privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 12.234, de 2010).
I - em vinte anos, se o m‡ximo da pena Ž superior a doze;

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II - em dezesseis anos, se o m‡ximo da pena Ž superior a oito anos e n‹o
excede a doze;
III - em doze anos, se o m‡ximo da pena Ž superior a quatro anos e n‹o
excede a oito;
IV - em oito anos, se o m‡ximo da pena Ž superior a dois anos e n‹o excede
a quatro;
V - em quatro anos, se o m‡ximo da pena Ž igual a um ano ou, sendo
superior, n‹o excede a dois;
VI - em 3 (tr•s) anos, se o m‡ximo da pena Ž inferior a 1 (um) ano.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 12.234, de 2010).
Prescri•‹o das penas restritivas de direito
Par‡grafo œnico - Aplicam-se ˆs penas restritivas de direito os mesmos
prazos previstos para as privativas de liberdade. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Assim, no crime de homic’dio simples, por exemplo, para o qual a lei


estabelece pena m‡xima de 20 anos (art. 121 do CP), o prazo
prescricional Ž de 20 anos, pois a pena m‡xima Ž superior a 12
anos. O crime de furto simples, por exemplo, (art. 155 do CP) prescreve
em oito anos, pois a pena m‡xima prevista Ž de quatro anos.

CUIDADO! O prazo de prescri•‹o do crime n‹o Ž igual ˆ


pena m‡xima a ele estabelecida, mas Ž calculado atravŽs de uma tabela
que leva em considera•‹o a pena m‡xima!

⇒! Mas professor, quando come•a a correr o prazo


prescricional? Simples, meus caros. A resposta para esta pergunta est‡
no art. 111 do CP:
Art. 111 - A prescri•‹o, antes de transitar em julgado a senten•a final,
come•a a correr: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - do dia em que o crime se consumou; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a perman•ncia;
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
IV - nos de bigamia e nos de falsifica•‹o ou altera•‹o de assentamento do
registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crian•as e adolescentes,
previstos neste C—digo ou em legisla•‹o especial, da data em que a v’tima
completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo j‡ houver sido proposta a
a•‹o penal. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 12.650, de 2012)

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Apenas um coment‡rio em rela•‹o a este artigo: A regra, aqui, Ž de
que o prazo prescricional comece a fluir no dia em que o crime se
consuma.

CUIDADO! Lembrem-se de que o crime se considera praticado


(tempo do crime) quando ocorre a conduta, e n‹o a consuma•‹o. Assim:
Tempo do crime Ð Momento da conduta
In’cio do prazo prescricional Ð Momento da consuma•‹o
Prestem aten•‹o para n‹o errarem isso, pois esta Ž uma pegadinha que pode
derrubar voc•s no concurso.
EXEMPLO: Em 10.01.2010 JosŽ atira em Maria, querendo sua morte. Maria
vai para o Hospital e s— vem a falecer em 15.04.2010. No caso em tela, o
tempo do crime Ž o dia 10.01.2010 (data em que foi praticado o delito). O
in’cio do prazo prescricional, porŽm, ter‡ como base o dia 15.04.2010, eis que
somente nesta data o delito se consumou.

Como nos crimes tentados n‹o h‡ propriamente consuma•‹o (pois


n‹o h‡ resultado natural’stico esperado), o prazo prescricional come•a
a fluir da data em que cessa a atividade criminosa, mesmo critŽrio
utilizado para os crimes permanentes.
Na hip—tese de pena de multa, como calcular o prazo
prescricional? Se a multa for prevista ou aplicada isoladamente, o
prazo ser‡ de dois anos. PorŽm, se a multa for aplicada ou prevista
cumulativamente com a pena de pris‹o (privativa de liberdade), o prazo
de prescri•‹o ser‡ o mesmo estabelecido para a pena privativa de
liberdade. Isto Ž que se extrai do art. 114 do CP:
Art. 114 - A prescri•‹o da pena de multa ocorrer‡: (Reda•‹o dada pela Lei n¼
9.268, de 1¼.4.1996)
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a œnica cominada ou aplicada;
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996)
II - no mesmo prazo estabelecido para prescri•‹o da pena privativa de
liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou
cumulativamente aplicada. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996)

A prescri•‹o da pretens‹o punitiva pode ser a Òordin‡riaÓ, que Ž esta


que vimos atŽ agora (e utiliza a pena m‡xima prevista como base), mas
tambŽm pode ser superveniente (intercorrente).
A prescri•‹o da pretens‹o punitiva em sua modalidade
ÒintercorrenteÓ Ž aquela que ocorre DEPOIS da senten•a penal
condenat—ria, quando h‡ tr‰nsito em julgado para a ACUSA‚ÌO, mas n‹o
para a defesa.
Como assim? Imagine que JosŽ tenha sido condenado pelo crime de
homic’dio a 06 anos de reclus‹o. A acusa•‹o n‹o recorre, por entender

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que a pena est‡ num patamar razo‡vel. A defesa, porŽm, recorre da
senten•a. Neste caso n—s temos o chamado Òtr‰nsito em julgado para a
acusa•‹oÓ, ou seja, somente a defesa pode Òse dar bemÓ daqui pra frente,
j‡ que quando o Tribunal for apreciar o recurso de apela•‹o n‹o poder‡
prejudicar o rŽu (recorrente), pelo princ’pio da non reformatio in pejus.
Bom, considerando o exemplo acima, como a defesa n‹o pode ser
prejudicada no julgamento de seu recurso, podemos chegar ˆ conclus‹o
de que o m‡ximo de pena que JosŽ ir‡ receber ser‡ 06 anos (a pena
atual). A partir deste momento o prazo prescricional passa a ser calculado
tendo como base esta pena aplicada (e n‹o mais a pena m‡xima em
abstrato).
Vejam que h‡ uma implica•‹o pr‡tica: Neste caso, o prazo
prescricional diminui consideravelmente: Antes, o prazo prescricional
(ordin‡rio) era de 20 anos (pois a pena m‡xima Ž de 20 anos). Agora, o
prazo prescricional a ser considerado (intercorrente) ser‡ de 12
anos (pois a pena aplicada Ž de 06 anos. Est‡ entre 04 e 08, nos termos
do art. 109, III do CP).
Vejamos o art. 110, ¤1¼ do CP:
Art. 110 (...) ¤ 1¼ A prescri•‹o, depois da senten•a condenat—ria com
tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o ou depois de improvido seu recurso,
regula-se pela pena aplicada, n‹o podendo, em nenhuma hip—tese, ter por
termo inicial data anterior ˆ da denœncia ou queixa. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 12.234, de 2010).

Podemos ter, ainda, a prescri•‹o da pretens‹o punitiva


retroativa que ocorre quando, uma vez tendo havido o tr‰nsito em
julgado para a acusa•‹o, se chega ˆ conclus‹o de que, naquele momento,
houve a prescri•‹o da pretens‹o punitiva entre a data da denœncia (ou
queixa) e a senten•a condenat—ria.

EXEMPLO: Paulo foi denunciado pelo crime de recepta•‹o, cuja pena


m‡xima prevista Ž de 04 anos de reclus‹o. O fato ocorreu em
10.01.2011, e a denœncia foi recebida em 15.03.2011. Em
20.04.2016 Ž proferida senten•a, condenando Paulo ˆ pena m’nima,
01 ano de reclus‹o. O MP n‹o recorre e a decis‹o transita em julgado
para o MP. Neste caso, podemos verificar que n‹o houve prescri•‹o da
pretens‹o punitiva comum, pois considerando a pena m‡xima abstrata, o
prazo Ž de 08 anos (art. 109, IV do CP). Todavia, se considerarmos a
pena aplicada, chegaremos ˆ conclus‹o de que a prescri•‹o ocorreu entre
o recebimento da denœncia e a publica•‹o da senten•a, pois de acordo
com a pena aplicada (01 ano), o prazo prescricional a ser considerado Ž
de 04 anos (art. 109, V do CP). Neste caso, transcorreu mais de 04 anos
entre o recebimento da denœncia e a senten•a. Logo, a prescri•‹o
retroativa ocorreu.

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⇒! Por que retroativa? Porque ela ocorre antes da senten•a, mas s—
pode ser reconhecida depois da senten•a, eis que s— neste
momento teremos o novo patamar para o c‡lculo (a pena aplicada).

Vejamos o esquema:

Esse Ž o sistema que vigora atualmente. Antes da Lei 12.234/10


havia uma outra hip—tese de prescri•‹o retroativa, que era a que ocorria
entre o fato criminoso e o recebimento da denœncia ou queixa.
Atualmente essa hip—tese NÌO EXISTE MAIS.
⇒! Isso significa que n‹o h‡ mais hip—tese de ocorrer prescri•‹o
entre a data do fato e a data do recebimento da denœncia ou
queixa? N‹o, n‹o foi isso que ocorreu. O que n‹o pode mais ocorrer Ž a
prescri•‹o RETROATIVA (ou seja, aquela calculada com base na pena
aplicada) entre a data do fato e a data do recebimento da denœncia ou
queixa. Nada impede, porŽm, que nesse lapso temporal ocorra a
prescri•‹o da pretens‹o punitiva ordin‡ria (ou comum).
CUIDADO! Tal previs‹o (veda•‹o ˆ prescri•‹o retroativa tendo como marco
inicial data anterior ao recebimento da denœncia ou queixa) Ž muito prejudicial
ao rŽu, pois lhe retira uma possibilidade de ver sua punibilidade extinta. Desta
forma, NÌO poder‡ retroagir para alcan•ar crimes praticados ANTES de sua
entrada em vigora (Em 2010). Assim, aos crimes praticados ANTES da Lei
12.234/10, Ž poss’vel aplicarmos a prescri•‹o retroativa entre a data da
consuma•‹o do delito e o recebimento da denœncia ou queixa.

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Vou utilizar um caso exemplificativo para que possamos esclarecer as
diversas hip—teses de prescri•‹o da pretens‹o punitiva:

EXEMPLO: Marcelo pratica o crime de furto em 01.01.1994. A denœncia Ž


recebida em 10.06.2001. Marcelo Ž condenado em 10.07.2006 a 02 anos de
reclus‹o. O MP n‹o recorre (com tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o em
25.07.2006), mas a defesa apresenta recurso, que Ž julgado e improvido (a
pena Ž mantida), tendo havido o efetivo tr‰nsito em julgado em 10.01.2014.
Vejamos as hip—teses:
PRESCRI‚ÌO COMUM: Como a pena m‡xima prevista em abstrato para
o furto Ž de 04 anos, o prazo prescricional seria de 08 anos (art. 109, IV do
CP). Entre a data da consuma•‹o do delito e o recebimento da denœncia n‹o
ocorreu tal prescri•‹o, eis que se passaram apenas 07 anos e alguns meses.
TambŽm n‹o ocorreu tal prescri•‹o posteriormente (pois n‹o se passaram
mais de 08 anos entre uma interrup•‹o da prescri•‹o e outra).
PRESCRI‚ÌO SUPERVENIENTE: Aqui devemos considerar como
par‰metro a pena efetivamente aplicada (02 anos), de forma que o prazo
prescricional a ser utilizado ser‡ de 04 anos (art. 109, V do CP). Podemos
verificar que entre o tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o e o tr‰nsito em
julgado efetivo (para ambos), passaram-se mais de 04 anos, de forma que
podemos dizer que HOUVE a prescri•‹o da pretens‹o punitiva
SUPERVENIENTE.
PRESCRI‚ÌO RETROATIVA: Da mesma forma que a anterior, ter‡
como base a pena efetivamente aplicada (02 anos), logo, o prazo prescricional
utilizado ser‡ de 04 anos. Podemos verificar que entre o recebimento da
denœncia e a senten•a condenat—ria passaram-se mais de 04 anos (pouco
mais de cinco anos). Assim, podemos dizer que OCORREU a prescri•‹o da
pretens‹o punitiva retroativa.
Neste caso, como a prescri•‹o retroativa ocorreu, e isso podia ser
verificado j‡ em 25.07.06, sequer chegar’amos a ter a prescri•‹o
superveniente (utilizei apenas para facilitar a compreens‹o).
ATEN‚ÌO! Como o crime foi praticado antes da Lei 12.234/10, seria poss’vel
reconhecer a prescri•‹o retroativa entre a data da consuma•‹o do delito e
data do recebimento da denœncia.

Como n—s acabamos de verificar, existem fatos que interrompem a


prescri•‹o. S‹o eles:
¥! Recebimento da denœncia ou queixa
¥! Pronœncia
¥! Decis‹o confirmat—ria da pronœncia
¥! Publica•‹o da senten•a ou ac—rd‹o condenat—rios
recorr’veis

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¥! In’cio ou continua•‹o do cumprimento da pena Ð S— se
aplica ˆ prescri•‹o da pretens‹o execut—ria
¥! Reincid•ncia - S— se aplica ˆ prescri•‹o da pretens‹o
execut—ria

Uma vez interrompido o curso do prazo prescricional, este voltar‡ a


correr novamente, do zero, a partir da data da interrup•‹o (salvo no caso
de In’cio ou continua•‹o do cumprimento da pena).
AlŽm disso, fora as duas œltimas hip—teses, nas demais, ocorrendo a
interrup•‹o da prescri•‹o em rela•‹o a um dos autores do crime, tal
interrup•‹o se estender‡ aos demais.
O CP prev•, ainda, hip—teses nas quais a prescri•‹o n‹o corre, tanto
no que se refere ˆ prescri•‹o da pretens‹o punitiva quanto ˆ prescri•‹o
da pretens‹o execut—ria, embora as circunst‰ncias sejam diferentes para
cada uma delas. Nos termos do art. 116 e seu ¤ œnico, do CP:
Causas impeditivas da prescri•‹o
Art. 116 - Antes de passar em julgado a senten•a final, a prescri•‹o n‹o
corre: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - enquanto n‹o resolvida, em outro processo, quest‹o de que dependa o
reconhecimento da exist•ncia do crime; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.(Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Depois de passada em julgado a senten•a condenat—ria, a
prescri•‹o n‹o corre durante o tempo em que o condenado est‡ preso por
outro motivo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Assim, nestes casos, o prazo prescricional n‹o corre, ficando


suspenso. Uma vez resolvida a quest‹o que causava a suspens‹o,
ele volta a correr de onde parou (diferente da interrup•‹o,
portanto).

(FGV Ð 2017 Ð OAB - XXII EXAME DE ORDEM)


No dia 15 de abril de 2011, Jo‹o, nascido em 18 de maio de 1991,
foi preso em flagrante pela pr‡tica do crime de furto simples,
sendo, em seguida, concedida liberdade provis—ria. A denœncia
somente foi oferecida e recebida em 18 de abril de 2014, ocasi‹o
em que o juiz designou o dia 18 de junho de 2014 para a
realiza•‹o da audi•ncia especial de suspens‹o condicional do
processo oferecida pelo MinistŽrio Pœblico. A proposta foi aceita
pelo acusado e pela defesa tŽcnica, iniciando-se o per’odo de
prova naquele mesmo dia. Tr•s meses depois, n‹o tendo o
acusado cumprido as condi•›es estabelecidas, a suspens‹o foi

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revogada, o que ocorreu em decis‹o datada de 03 de outubro de
2014.
Ao final da fase instrut—ria, a pretens‹o punitiva foi acolhida,
sendo aplicada ao acusado a pena de 01 ano de reclus‹o em
regime aberto, substitu’da por restritiva de direitos. A senten•a
condenat—ria foi publicada em 19 de maio de 2016, tendo
transitado em julgado para a acusa•‹o.
Intimado da decis‹o respectiva, Jo‹o procura voc•̂, na condi•‹o
de advogado(a), para saber sobre eventual prescri•‹o, pois tomou
conhecimento de que a pena de 01 ano, em tese, prescreve em 04
anos, mas que, no caso concreto, por for•a da menoridade
relativa, deve o prazo ser reduzido de metade.
Diante desse quadro, voc•, como advogado(a), dever‡ esclarecer
que
A) ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o punitiva entre a data do fato
e a do recebimento da denœncia.
B) ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o punitiva entre a data do
recebimento da denœncia e a da publica•‹o da senten•a
condenat—ria.
C) ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o execut—ria entre a data do
recebimento da denœncia e a da publica•‹o da senten•a
condenat—ria.
D) n‹o h‡ que se falar em prescri•‹o, no caso apresentado.
COMENTçRIOS: Neste caso n‹o ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o
punitiva. Primeiramente, n‹o ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o punitiva
ordin‡ria (comum), pois tal modalidade de prescri•‹o leva em conta a
pena m‡xima prevista para o delito (04 anos), logo, a prescri•‹o somente
ocorreria em 08 anos, nos termos do art. 109, IV do CP. Ainda que se
reduza tal prazo pela metade, em raz‹o de ser o agente menor de 21
anos na data do fato (art. 115 do CP), ainda assim n‹o teria ocorrido
prescri•‹o, pois n‹o passou mais de 04 anos entre um marco interruptivo
da prescri•‹o e outro.
Por fim, devemos analisar se ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o punitiva
RETROATIVA, que leva em conta a pena APLICADA. Considerando a pena
aplicada (01 ano), o prazo prescricional seria de 04 anos, nos termos do
art. 109, V do CP, reduzidos pela metade em raz‹o de ser o agente
menor de 21 anos na data do fato, logo, a prescri•‹o retroativa ocorreria
em 02 anos.
Agora devemos saber se entre um marco interruptivo da prescri•‹o, e
outro, transcorreu mais de 02 anos.
Entre a data do fato (15.04.2011) e o recebimento da denœncia
(18.04.2011) transcorreu mais de 02 anos. Todavia, a prescri•‹o
retroativa n‹o pode ocorrer antes do recebimento da denœncia, logo,
esque•amos esse per’odo.

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Com rela•‹o ao per’odo entre o recebimento da denœncia (18.04.2016) e
a publica•‹o da senten•a recorr’vel (19.05.2016), tambŽm transcorreu
mais de 02 anos. PorŽm, nesses 02 anos e 01 m•s, tivemos
aproximadamente 03 meses de suspens‹o do processo (entre 18.06.2014
e 03.10.2014). Nesse per’odo de tr•s meses o prazo de prescri•‹o FICOU
SUSPENSO, nos termos do art. 89, ¤6¼ do CPP. Assim, se descontarmos
esses tr•s meses, tambŽm n‹o passou mais de 02 anos entre o
recebimento da denœncia e a publica•‹o da senten•a recorr’vel, logo, n‹o
ocorreu a prescri•‹o retroativa.
Assim, n‹o ocorreu prescri•‹o no presente caso.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

7.3.2.! Prescri•‹o da pretens‹o execut—ria


Como disse a voc•s, a prescri•‹o pode ocorrer antes do tr‰nsito
em julgado (prescri•‹o da pretens‹o punitiva) ou depois do
tr‰nsito em julgado (quando teremos a prescri•‹o da pretens‹o
execut—ria). Esta œltima ocorre quando o Estado condena o indiv’duo, de
maneira irrecorr’vel, mas n‹o consegue fazer cumprir a decis‹o.
Nos termos do art. 110 do CP:
Art. 110 - A prescri•‹o depois de transitar em julgado a senten•a
condenat—ria regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no
artigo anterior, os quais se aumentam de um ter•o, se o condenado Ž
reincidente. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Assim, na hip—tese do crime de homic’dio, conforme o exemplo dado


anteriormente, antes de transitar em julgado a senten•a condenat—ria, o
prazo prescricional Ž regulado pela pena m‡xima cominada ao crime em
abstrato, de acordo com a tabelinha do art. 109 do CP. Ap—s o tr‰nsito
em julgado, o par‰metro utilizado pela lei para o c‡lculo do prazo
prescricional deixa de ser a pena m‡xima prevista e passa a ser a
pena efetivamente aplicada.
Assim, se no crime de homic’dio simples, que tem pena prevista de
06 a 20 anos, o agente for condenado a apenas 06 (seis) anos de
reclus‹o, o prazo prescricional passa a ser de apenas 12 (doze) anos, nos
termos do art. 109, III do CP.
O art. 112 do CP estabelece o marco inicial (termo a quo) do prazo
prescricional da pretens‹o execut—ria:
Art. 112 - No caso do art. 110 deste C—digo, a prescri•‹o come•a a correr:
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - do dia em que transita em julgado a senten•a condenat—ria, para a
acusa•‹o, ou a que revoga a suspens‹o condicional da pena ou o livramento
condicional; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - do dia em que se interrompe a execu•‹o, salvo quando o tempo da
interrup•‹o deva computar-se na pena. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)

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Lembrando que o in’cio de cumprimento da pena Ž causa de


interrup•‹o da prescri•‹o.
O art. 112, I foi (e ainda Ž) muito criticado na Doutrina (recebendo
algumas cr’ticas na Jurisprud•ncia tambŽm). Isto porque ele determina
que o termo inicial da prescri•‹o da pretens‹o EXECUTîRIA
ocorrer‡ com o tr‰nsito em julgado para a ACUSA‚ÌO.
Isso significa que se houver o tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o
mas n‹o para a defesa (apenas a defesa recorreu), j‡ estaria correndo o
prazo prescricional da PRETENSÌO EXECUTîRIA.
As cr’ticas, bastante fundamentadas, se dirigiam ao fato de que
considerar a pretens‹o execut—ria, neste momento, violaria a
presun•‹o de inoc•ncia, eis que ainda n‹o houve o tr‰nsito em
julgado para ambas as partes.
Outra cr’tica, muito importante, se refere ao fato de que a prescri•‹o
Ž a perda de um direito em raz‹o da INƒRCIA de seu titular. No caso da
prescri•‹o da pretens‹o EXECUTîRIA seria a perda do direito de executar
a pena em raz‹o da INƒRCIA do Estado em agir. Contudo, como n‹o
houve tr‰nsito em julgado para a defesa, o Estado AINDA NÌO PODE
EXECUTAR A PENA! Ora, se o Estado n‹o pode executar a pena,
como pode ser punido com a perda deste direito, se n‹o podia
exerc•-lo??
A ÒgritariaÓ n‹o foi aceita pela Jurisprud•ncia, que firmou
entendimento no sentido de que o termo inicial da prescri•‹o da
pretens‹o EXECUTîRIA ocorre com o tr‰nsito em julgado para a
acusa•‹o.
Contudo, apesar de reconhecer que o termo inicial da prescri•‹o da
pretens‹o execut—ria ocorre com o tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o, o
STJ decidiu que antes de haver o tr‰nsito em julgado para AMBAS AS
PARTES a prescri•‹o da pretens‹o execut—ria NÌO PODE SER
RECONHECIDA.
Resumidamente: O prazo prescricional come•a a correr com o
tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o, mas eventual reconhecimento
da efetiva ocorr•ncia da prescri•‹o (execut—ria) somente ter‡
cabimento APîS o tr‰nsito em julgado para ambas as partes.

7.3.3.! Disposi•›es importantes sobre a prescri•‹o


Vou elencar no quadrinho abaixo alguns pontos importantes sobre o
tema:

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REDU‚ÌO DOS PRAZOS DE PRESCRI‚ÌO: Em alguns casos, a Lei
estabelece que o prazo prescricional ser‡ reduzido. ƒ o caso do art. 115
do CP, que estabelece que os prazos prescricionais ser‹o reduzidos pela
metade quando o infrator possuir menos de 21 anos na data do
crime ou mais de 70 na data da senten•a.
AUMENTO DO PRAZO PRESCRICIONAL: Se o condenado Ž
reincidente, o prazo de prescri•‹o da pretens‹o EXECUTîRIA aumenta-se
em um ter•o. N‹o se aplica tal aumento aos prazos de prescri•‹o da
pretens‹o punitiva, conforme SòMULA N¼ 220 DO STJ: Òa reincid•ncia n‹o
influi no prazo da prescri•‹o da pretens‹o punitivaÓ.

PRESCRI‚ÌO EM PERSPECTIVA (ANTECIPADA, PROJETADA OU


VIRTUAL): Tal modalidade, uma cria•‹o jurisprudencial, nunca teve
fundamento no CP. Consiste na configura•‹o da prescri•‹o tendo como
base uma eventual futura pena a ser aplicada ao acusado. Assim, o Juiz
analisava o caso e, verificando que o rŽu, por exemplo, receberia pena
m’nima (por ser prim‡rio, de bons antecedentes, etc.), utilizava esta
pena m’nima como par‰metro para o prazo prescricional. Isto n‹o existe
e atualmente Ž vedado pelo STJ, que sumulou o entendimento no sentido
de que isso n‹o possui qualquer previs‹o legal (SòMULA N¼ 438: ÒŽ
inadmiss’vel a extin•‹o da punibilidade pela prescri•‹o da pretens‹o punitiva com
fundamento em pena hipotŽtica, independentemente da exist•ncia ou sorte do processo
penalÓ.)

PRESCRI‚ÌOS DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS: Os menores n‹o


s‹o julgados de acordo com as normas do CP, mas de acordo com o
Estatuto da Crian•a e do Adolescente. Contudo, as normas referentes ˆ
prescri•‹o s‹o aplic‡veis ˆs medidas socioeducativas (san•›es penais
aplic‡veis aos adolescentes). Vejamos a SòMULA 338 DO STJ: Òa
prescri•‹o penal Ž aplic‡vel nas medidas s—cio-educativasÓ.

(FGV Ð 2017 Ð OAB Ð XXIV EXAME DE ORDEM)


No dia 28 de agosto de 2011, ap—s uma discuss‹o no trabalho
quando todos comemoravam os 20 anos de Jo‹o, este desfere
uma facada no bra•o de Paulo, que fica revoltado e liga para a
Pol’cia, sendo Jo‹o preso em flagrante pela pr‡tica do injusto de
homic’dio tentado, obtendo liberdade provis—ria logo em seguida.
O laudo de exame de delito constatou a exist•ncia de les‹o leve.
A denœncia foi oferecida em 23 de agosto de 2013 e recebida pelo
juiz em 28 de agosto de 2013. Finda a primeira fase do
procedimento do Tribunal do Jœri, ocasi‹o em que a v’tima
compareceu, confirmou os fatos, inclusive dizendo acreditar que a
inten•‹o do agente era efetivamente mat‡-la, e demonstrou todo
seu inconformismo com a conduta do rŽu, Jo‹o foi pronunciado,
sendo a decis‹o publicada em 23 de agosto de 2015, n‹o havendo
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impugna•‹o pelas partes. Submetido a julgamento em sess‹o
plen‡ria em 18 de julho de 2017, os jurados afastaram a inten•‹o
de matar, ocorrendo em senten•a, ent‹o, a desclassifica•‹o para o
crime de les‹o corporal simples, que tem a pena m‡xima prevista
de 01 ano, sendo certo que o C—digo Penal prev• que a pena de 01
a 02 anos prescreve em 04 anos.
Na ocasi‹o, voc•, como advogado(a) de Jo‹o, considerando
apenas as informa•›es narradas, dever‡ requerer que seja
declarada a extin•‹o da punibilidade pela
A) decad•ncia, por aus•ncia de representa•‹o da v’tima.
B) prescri•‹o da pretens‹o punitiva, porque j‡ foi ultrapassado o
prazo prescricional entre a data do fato e a do recebimento da
denœncia.
C) (prescri•‹o da pretens‹o punitiva, porque j‡ foi ultrapassado o
prazo prescricional entre a data do oferecimento da denœncia e a
da publica•‹o da decis‹o de pronœncia.
D) prescri•‹o da pretens‹o punitiva, porque entre a data do
recebimento da denœncia e a do julgamento pelo jœri decorreu o
prazo prescricional.
COMENTçRIOS: Neste caso ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o punitiva,
porque j‡ foi ultrapassado o prazo prescricional entre a data do fato e a
do recebimento da denœncia, pois o prazo prescricional, originalmente de
04 anos, deve ser reduzido pela metade, na forma do art. 115 do CP, j‡
que o agente era menor de 21 anos na data do fato.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

(FGV Ð 2016 Ð XXI EXAME DA OAB Ð PRIMEIRA FASE)


Carlos, 21 anos, foi condenado a cumprir pena de prestaç‹o de
serviços ˆ comunidade pela pr‡tica de um crime de les‹o corporal
culposa no trânsito. Em 01/01/2014, seis meses ap—s cumprir a
pena restritiva de direitos aplicada, praticou novo crime de
natureza culposa, vindo a ser denunciado.
Carlos, ap—s n‹o aceitar qualquer benef’cio previsto na Lei no
9.099/95 e ser realizada audi•ncia de instru•‹o e julgamento, Ž
novamente condenado em 17/02/2016. O juiz aplica pena de 11
meses de deten•ão, n‹o admitindo a substituiç‹o por restritiva de
direitos em raz‹o da reincidência.
Considerando que os fatos s‹o verdadeiros e que o MinistŽrio
Pœblico n‹o apelou, o(a) advogado(a) de Carlos, sob o ponto de
vista tŽcnico, dever‡ requerer, em recurso,
A) a substitui•ão da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.
B) a suspens‹o condicional da pena.

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C) o afastamento do reconhecimento da reincid•ncia.
D) a prescriç‹o da pretens‹o punitiva.
COMENTçRIOS: N‹o houve, no caso, reincid•ncia, eis que ainda que se
considere a pena aplicada ao agente, n‹o se pode falar em prescri•‹o
retroativa, eis que a pena aplicada foi de 11 meses de deten•‹o, de
maneira que o prazo prescricional seria de 03 anos (e n‹o transcorreu tal
lapso temporal entre um marco interruptivo da prescri•‹o e outro).
N‹o h‡ que se falar, ainda, no afastamento da reincid•ncia, eis que o rŽu
Ž, de fato, reincidente, nos termos do art. 63 do CP.
ƒ, todavia, cab’vel a substitui•‹o da pena privativa de liberdade pela
restritiva de direitos, pois somente a reincid•ncia em crime DOLOSO
impede a substitui•‹o, de maneira que a mera reincid•ncia em crime
culposo n‹o Ž capaz de, por si s—, impedir o benef’cio, nos termos do art.
44, II do CP.
Por fim, n‹o Ž cab’vel, ainda, a suspens‹o condicional da pena, eis que
esta n‹o Ž admitida quando for poss’vel a substitui•‹o pela restritiva de
direitos, nos termos do art. 77, III do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

(FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVI EXAME DE ORDEM)


Felipe, menor de 21 anos de idade e reincidente, no dia 10 de abril
de 2009, foi preso em flagrante pela pr‡tica do crime de roubo.
Foi solto no curso da instru•‹o e acabou condenado em 08 de
julho de 2010, nos termos do pedido inicial, ficando a pena
acomodada em 04 anos de reclus‹o em regime fechado e multa de
10 dias, certo que houve a compensa•‹o da agravante da
reincid•ncia com a atenuante da menoridade. A decis‹o transitou
em julgado para ambas as partes em 20 de julho de 2010. Foi
expedido mandado de pris‹o e Felipe nunca veio a ser preso.
Considerando a quest‹o f‡tica, assinale a afirmativa correta.
a) A extin•‹o da punibilidade pela prescri•‹o da pretens‹o
execut—ria ocorrer‡ em 20 de julho de 2016.
b) A extin•‹o da punibilidade pela prescri•‹o da pretens‹o
execut—ria ocorreu em 20 de julho de 2014.
c) A extin•‹o da punibilidade pela prescri•‹o da pretens‹o
execut—ria ocorrer‡ em 20 de julho de 2022.
d) A extin•‹o da punibilidade pela prescri•‹o da pretens‹o
execut—ria ocorrer‡ em 20 de novembro de 2015.
COMENTçRIOS: No caso em tela, a prescri•‹o da pretens‹o execut—ria
ocorrer‡ em 05 anos e quatro meses, contados do tr‰nsito em julgado
para ambas as partes.
Isso porque o prazo prescricional a ser utilizado como par‰metro Ž o de
08 anos, pois a pena aplicada n‹o supera 04 anos (art. 109, IV do CP).

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AlŽm disso, em se tratando de prescri•‹o da pretens‹o execut—ria de
condenado reincidente, este prazo Ž aumentado em um ter•o, nos termos
do art. 110 do CP.
Assim, atŽ agora temos um prazo prescricional de 10 anos e 08 meses
(08 anos + 1/3).
Contudo, como o rŽu era menor de 21 anos na data do fato, este prazo Ž
reduzido pela metade (art. 115 do CP). Assim, o prazo prescricional ser‡
de 05 anos e 04 meses.
Desta forma, a extin•‹o da punibilidade ocorrer‡ em 20.11.2015.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

(FGV Ð 2014 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Francisco foi condenado por homic’dio simples, previsto no Art.
121 do C—digo Penal, devendo cumprir pena de seis anos de
reclus‹o. A senten•a penal condenat—ria transitou em julgado no
dia 10 de agosto de 1984. Dias depois, Francisco foge para o
interior do Estado, onde residia, ficando isolado num s’tio. Ap—s a
fuga, as autoridades pœblicas nunca conseguiram captur‡-lo.
Francisco procura voc• como advogado(a) em 10 de janeiro de
2014.
Com rela•‹o ao caso narrado, assinale a afirmativa correta
a) Ainda n‹o ocorreu prescri•‹o do crime, tendo em vista que
ainda n‹o foi ultrapassado o prazo de trinta anos requerido pelo
C—digo Penal.
b) Houve prescri•‹o da pretens‹o execut—ria
c) N‹o houve prescri•‹o, pois o crime de homic’dio simples Ž
imprescrit’vel.
d) Houve prescri•‹o da pretens‹o punitiva pela pena em abstrato,
pois Francisco nunca foi capturado.
COMENTçRIOS: Considerando que o prazo prescricional, aqui, ser‡ de
12 anos, pois ser‡ utilizada a pena efetivamente aplicada como par‰metro
(arts. 109, III c/c art. 110 do CP), podemos afirmar que j‡ transcorreu
prazo da prescri•‹o da pretens‹o execut—ria.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


No dia 18/10/2005, Erat—stenes praticou um crime de corrup•‹o
ativa em transa•‹o comercial internacional (Art. 337-B do CP),
cuja pena Ž de 1 a 8 anos e multa. Devidamente investigado,
Erat—stenes foi denunciado e, em 20/1/2006, a inicial acusat—ria
foi recebida. O processo teve regular seguimento e, ao final, o
magistrado sentenciou Erat—stenes, condenando-o ˆ pena de 1
ano de reclus‹o e ao pagamento de dez dias-multa. A senten•a foi

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publicada em 7/4/2007. O MinistŽrio Pœblico n‹o interp™s
recurso, tendo, tal senten•a, transitado em julgado para a
acusa•‹o. A defesa de Erat—stenes, por sua vez, que objetivava
sua absolvi•‹o, interp™s sucessivos recursos. AtŽ o dia
15/5/2011, o processo ainda n‹o havia tido seu definitivo
julgamento, ou seja, n‹o houve tr‰nsito em julgado final.
Levando-se em conta as datas descritas e sabendo-se que, de
acordo com o art. 109, incisos III e V, do C—digo Penal, a
prescri•‹o, antes de transitar em julgado a senten•a final,
verifica-se em 12 (doze) anos se o m‡ximo da pena Ž superior a
quatro e n‹o excede a oito anos e em 4 (quatro) anos se o
m‡ximo da pena Ž igual a um ano ou, sendo superior, n‹o exceda
a dois, com base na situa•‹o apresentada, Ž correto afirmar que
a) n‹o houve prescri•‹o da pretens‹o punitiva nem prescri•‹o da
pretens‹o execut—ria, pois desde a publica•‹o da senten•a n‹o
transcorreu lapso de tempo superior a doze anos.
b) ocorreu prescri•‹o da pretens‹o punitiva retroativa, pois, ap—s
a data da publica•‹o da senten•a e a œltima data apresentada no
enunciado, transcorreu lapso de tempo superior a 4 anos.
c) ocorreu prescri•‹o da pretens‹o punitiva superveniente, que
pressup›e o tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o e leva em conta
a pena concretamente imposta na senten•a.
d) n‹o houve prescri•‹o da pretens‹o punitiva, pois, como ainda
n‹o ocorreu o tr‰nsito em julgado final, deve-se levar em conta a
teoria da pior hip—tese, de modo que a prescri•‹o, se houvesse,
somente ocorreria doze anos ap—s a data do fato.
COMENTçRIOS: No caso em tela ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o
punitiva superveniente, que ocorre entre o tr‰nsito em julgado para a
acusa•‹o e o tr‰nsito em julgado para ambas as partes.
Tal modalidade de prescri•‹o leva em conta a pena efetivamente
aplicada, que n‹o mais poder‡ ser majorada, dado o tr‰nsito em julgado
para a acusa•‹o. Como a pena aplicada foi de um ano de reclus‹o, o
prazo prescricional ser‡ de 04 anos, nos termos do art. 110, ¤1¼ do CP.
Entre o tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o e a data citada na narrativa
j‡ havia transcorrido mais de 04 anos, motivo pelo qual deve ser
reconhecida a prescri•‹o da pretens‹o punitiva superveniente.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

(FGV Ð 2010 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


A respeito do regime legal da prescri•‹o no C—digo Penal, tendo
por base ocorr•ncia do fato na data de hoje, assinale a alternativa
correta.
a) A prescri•‹o, depois da senten•a condenat—ria com tr‰nsito em
julgado para a acusa•‹o, regula-se pela pena aplicada, n‹o

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podendo, em nenhuma hip—tese, ter por termo inicial data
anterior ˆ da denœncia ou queixa.
b) A prescri•‹o da pena de multa ocorrer‡ em 2 (dois) anos,
independentemente do prazo estabelecido para a prescri•‹o da
pena de liberdade aplicada cumulativamente
c) Se o rŽu citado por edital permanece revel e n‹o constitui
advogado, fica suspenso o processo, mantendo-se em curso o
prazo prescricional, que passa a ser computado pelo dobro da
pena m‡xima cominada ao crime.
d) S‹o causas interruptivas do curso da prescri•‹o previstas no
C—digo Penal, dentre outras, o recebimento da denœncia ou da
queixa, a pronœncia, a publica•‹o da senten•a condenat—ria ou
absolut—ria recorr’vel.
COMENTçRIOS:
A) CORRETA: Esta Ž a exata previs‹o do art. 110, ¤1¼ do CP.
B) ERRADA: No caso de a multa ser aplicada cumulativamente com pena
privativa de liberdade, prescrever‡ no mesmo prazo desta, nos termos do
art. 114, II do CP.
C) ERRADA: Se o rŽu for citado por edital e n‹o comparecer, nem
constituir advogado, ficar‹o suspensos tanto o processo quanto o curso
do prazo prescricional, nos termos do art. 366 do CPP.
D) ERRADA: Item errado, pois a publica•‹o da senten•a ABSOLUTîRIA
recorr’vel n‹o interrompe a prescri•‹o, nos termos do art. 117 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

8.! A‚ÌO PENAL NO CîDIGO PENAL

Nos termos do art. 100 do C—digo Penal:


Art. 100 - A a•‹o penal Ž pœblica, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - A a•‹o pœblica Ž promovida pelo MinistŽrio Pœblico, dependendo,
quando a lei o exige, de representa•‹o do ofendido ou de requisi•‹o do
Ministro da Justi•a. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - A a•‹o de iniciativa privada Ž promovida mediante queixa do ofendido
ou de quem tenha qualidade para represent‡-lo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
¤ 3¼ - A a•‹o de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de a•‹o
pœblica, se o MinistŽrio Pœblico n‹o oferece denœncia no prazo legal. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

A regra Ž a de que a a•‹o penal seja pœblica, nos termos do


caput do art. 100 do CP, s— sendo privada quando a lei expressamente
assim disser.

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Conforme o esquem‡tico, para facilitar a compreens‹o de voc•s:

A‚ÌO PENAL

PòBLICA

INCONDICIONADA CONDICIONADA

REPRESENTA‚ÌO DO
OFENDIDO

REQUISI‚ÌO DO MINISTRO
DA JUSTI‚A

PRIVADA

EXCLUSIVA PERSONALêSSIMA SUBSIDIçRIA DA


PòBLICA

Assim pode se resumir, graficamente, as espŽcies de a•‹o penal


previstas em nosso ordenamento jur’dico.
O art. 101 do CP traz uma regra in—cua, desnecess‡ria, mas que
voc•s devem saber:
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunst‰ncias do tipo
legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe a•‹o pœblica em
rela•‹o ˆquele, desde que, em rela•‹o a qualquer destes, se deva proceder
por iniciativa do MinistŽrio Pœblico. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)

Trata-se da a•‹o penal no crime complexo, que Ž o crime


formado pela jun•‹o de dois outros tipos penas. Exemplo: Roubo = furto
+ les‹o corporal ou amea•a. Assim, se um dos crimes for de a•‹o penal
pœblica incondicionada, ainda que o outro n‹o o seja, caber‡ a•‹o penal
pœblica.
O CP traz, ainda, algumas outras regrinhas em rela•‹o ˆ a•‹o penal:
Irretratabilidade da representa•‹o
Art. 102 - A representa•‹o ser‡ irretrat‡vel depois de oferecida a denœncia.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Decad•ncia do direito de queixa ou de representa•‹o
Art. 103 - Salvo disposi•‹o expressa em contr‡rio, o ofendido decai do direito
de queixa ou de representa•‹o se n‹o o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
meses, contado do dia em que veio a saber quem Ž o autor do crime, ou, no
caso do ¤ 3¼ do art. 100 deste C—digo, do dia em que se esgota o prazo para
oferecimento da denœncia. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Renœncia expressa ou t‡cita do direito de queixa
Art. 104 - O direito de queixa n‹o pode ser exercido quando renunciado
expressa ou tacitamente. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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Par‡grafo œnico - Importa renœncia t‡cita ao direito de queixa a pr‡tica de
ato incompat’vel com a vontade de exerc•-lo; n‹o a implica, todavia, o fato
de receber o ofendido a indeniza•‹o do dano causado pelo crime. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Perd‹o do ofendido
Art. 105 - O perd‹o do ofendido, nos crimes em que somente se procede
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da a•‹o. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 106 - O perd‹o, no processo ou fora dele, expresso ou t‡cito: (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - se concedido por um dos ofendidos, n‹o prejudica o direito dos outros;
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - se o querelado o recusa, n‹o produz efeito. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - Perd‹o t‡cito Ž o que resulta da pr‡tica de ato incompat’vel com a
vontade de prosseguir na a•‹o. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
¤ 2¼ - N‹o Ž admiss’vel o perd‹o depois que passa em julgado a senten•a
condenat—ria. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Muita coisa do que est‡ a’ tambŽm est‡ prevista no CPP. Vamos


sintetizar estas regras da seguinte forma:
¥! Representa•‹o do ofendido Ð Irretrat‡vel ap—s o
oferecimento da denœncia. Deve ser exercida dentro de seis
meses, a contar da data em que o ofendido toma conhecimento
da autoria do delito.
¥! Queixa - Deve ser exercida dentro de seis meses, a contar da
data em que o ofendido toma conhecimento da autoria do
delito. N‹o pode ser exercido se houve renœncia t‡cita ou
expressa.
¥! Perd‹o do ofendido Ð Uma vez oferecido e aceito, Ž causa de
extin•‹o da punibilidade. Se concedido a qualquer dos
querelados, a todos aproveita (o querelado pode se recusar a
receber o perd‹o). Se concedido por um dos ofendidos, n‹o
prejudica o direito dos outros. Pode ser t‡cito ou expresso, e
pode ser oferecido atŽ o tr‰nsito em julgado.

9.! RESUMO

CONCEITO - A pena pode ser conceituada como a resposta que a


sociedade d‡ ao indiv’duo que transgride a ordem jur’dico-penal
estabelecida, e consiste na priva•‹o ou restri•‹o de um bem jur’dico do
condenado (liberdade, patrim™nio, etc.), de forma a castig‡-lo e reeduc‡-

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lo (ado•‹o da teoria mista, unificadora, eclŽtica ou unit‡ria - dupla
finalidade: puni•‹o e preven•‹o).

PRINCêPIOS
a) Reserva legal ou legalidade estrita Ð A pena deve estar prevista
em Lei Formal.
b) Anterioridade Ð A pena deve estar prevista em Lei anterior ao fato.
c) Intranscend•ncia da pena Ð A pena n‹o pode passar da pessoa do
condenado.
d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena Ð Uma vez aplicada,
n‹o pode deixar de ser executada. H‡ exce•›es (Ex.: Sursis).
e) Princ’pio da humanidade ou humaniza•‹o das penas Ð A pena
n‹o pode desrespeitar os direitos fundamentais do indiv’duo, violando sua
integridade f’sica ou moral, e tambŽm n‹o pode ser de ’ndole cruel,
desumano ou degradante (art. 5¡, XLIX e XLVII da Constitui•‹o);
f) Princ’pio da proporcionalidade Ð A san•‹o aplicada pelo Estado deve
ser proporcional ˆ gravidade da infra•‹o cometida e tambŽm deve ser
suficiente para promover a puni•‹o ao infrator e sua reeduca•‹o social.
g) Princ’pio da individualiza•‹o da pena Ð A pena deve ser aplicada
de maneira individualizada para cada infrator em cada caso espec’fico.
Essa individualiza•‹o se d‡ em tr•s fases distintas: a) comina•‹o; b)
aplica•‹o; c) Na terceira e œltima fase temos a aplica•‹o deste
princ’pio na execu•‹o da pena;

ESPƒCIES
S‹o adotadas no sistema penal brasileiro:
Privativas de liberdade Ð Retiram do condenado o direito ˆ liberdade de
locomo•‹o, por determinado per’odo (Ž vedada pena de car‡ter perpŽtuo,
art. 5¡, XLVII, b da Constitui•‹o).
Restritivas de direitos Ð Em substitui•‹o ˆ pena privativa de liberdade,
limitam (restringem) o exerc’cio de algum direito do condenado.
Pena de multa Ð Recai sobre o patrim™nio financeiro do condenado.

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PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE


Regimes de cumprimento
§! Fechado - Execu•‹o da pena em estabelecimento de seguran•a
m‡xima ou mŽdia.
§! Semiaberto - Execu•‹o da pena em col™nia agr’cola, industrial ou
estabelecimento similar. E se n‹o houver vaga? Vai para o regime
aberto (STF).
§! Aberto - Execu•‹o da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado. E se n‹o houver vaga? STF: deve ser
posto em liberdade; STJ: pode ser fixada pris‹o domiciliar.

OBS.: Natureza da pena:


Pena de reclus‹o Ð Qualquer regime inicial
Pena de deten•‹o Ð Regime inicial somente semiaberto ou aberto

Regras para fixa•‹o do regime inicial
Leva em conta a quantidade de pena aplicada, reincid•ncia e
circunst‰ncias judiciais:
Regra:
§! Condenado a pena superior a 8 (oito) anos Ð Regime inicial
fechado.
§! Condenado n‹o reincidente, cuja pena seja superior a 4
(quatro) anos e n‹o exceda a 8 (oito) Ð Pode ser fixado regime
inicial semiaberto.
§! Condenado n‹o reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a
4 (quatro) anos - Pode ser fixado regime inicial aberto.

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Observa•›es importantes:
§! ƒ poss’vel fixar regime inicial semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favor‡veis as
circunst‰ncias judiciais (sœmula 269 do STJ).
§! A opini‹o do julgador sobre a gravidade ABSTRATA do delito n‹o Ž
fundamento para aplicar regime mais severo que o previsto (sœmula
718 do STF)
§! A fixa•‹o de regime inicial mais severo exige motiva•‹o IDïNEA
(sœmula 719 do STF)
§! Gravidade CONCRETA da conduta Ž considerada motiva•‹o id™nea.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
TambŽm chamadas de Òpenas alternativasÓ, pois se apresentam como
uma alternativa ˆ aplica•‹o da pena privativa de liberdade, muitas vezes
desnecess‡ria no caso concreto.
Caracter’sticas
§! Autonomia - Impossibilidade de serem aplicadas cumulativamente
com a pena privativa de liberdade.
§! Substitutividade - N‹o s‹o previstas como pena origin‡ria
para nenhum crime no C—digo Penal, sendo aplicadas de
maneira a substituir uma pena privativa de liberdade
originariamente imposta, quando presentes os requisitos legais.

Requisitos:
REQUISITOS OBJETIVOS
Natureza do S— pode haver substitui•‹o nos casos de crimes
crime culposos (todos eles) ou no caso de crimes
dolosos, desde que, nesse œltimo caso, n‹o
tenha sido o crime cometido com viol•ncia
ou grave amea•a ˆ pessoa (ex.: N‹o caberia
substitui•‹o no caso de homic’dio).
Quantidade de A pena aplicada, no caso de crimes dolosos,
pena aplicada n‹o pode ser superior a quatro anos. No caso
de crimes culposos, pode haver a substitui•‹o
qualquer que seja a pena aplicada.

REQUISITOS SUBJETIVOS
N‹o ser OBS.1: Se o condenado for reincidente em crime
reincidente em culposo, poder‡ haver a substitui•‹o.
crime doloso OBS.2: Entretanto, excepcionalmente, mesmo
se o condenado for reincidente em crime doloso,

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poder‡ haver a substitui•‹o, desde que a
medida seja socialmente recomend‡vel
(an‡lise das caracter’sticas do fato criminoso e do
infrator) e n‹o se trate de reincid•ncia
espec’fica (reincid•ncia no mesmo crime),
conforme previs‹o do art. 44, ¤ 3¡ do CP.
Sufici•ncia da A pena restritiva de direitos deve ser suficiente
medida (princ’pio para garantir o alcance das finalidades da pena
da sufici•ncia) (puni•‹o e preven•‹o, geral e especial).
Esquema:

Regras da substitui•‹o
Pena igual ou inferior a um ano = Substitui•‹o por multa ou uma
pena restritiva de direitos.
Pena superior a um ano = Substitui•‹o por pena de multa e uma pena
restritiva de direitos, ou por duas restritivas de direitos. No caso de
serem aplicadas duas restritivas de direitos, o condenado poder‡ cumpri-
las simultaneamente, se forem compat’veis, ou sucessivamente, se
incompat’veis (art. 69, ¤ 2¡ do CP).

Reconvers‹o
§! Obrigat—ria - Descumprimento injustificado da restri•‹o imposta.
§! Facultativa Ð Superveni•ncia de nova condena•‹o ˆ pena privativa
de liberdade, por outro crime. Pode deixar de reconverter se for
poss’vel cumprir ambas simultaneamente.

Observa•›es importantes:

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N‹o se admite a reconvers‹o se o condenado deixa de pagar a pena
de multa.
N‹o se deve confundir pena de MULTA com pena de PRESTA‚ÌO
PECUNIçRIA. A primeira Ž uma modalidade de pena, a outra Ž uma
espŽcie de pena RESTRITIVA DE DIREITOS. No primeiro caso, NÌO ƒ
POSSêVEL A CONVERSÌO EM PRISÌO pelo n‹o pagamento. No segundo
caso Ž POSSêVEL, conforme entendimento do STJ.

EspŽcies de penas restritivas de direitos


Presta•‹o pecuni‡ria Ð Consiste no pagamento em dinheiro ˆ v’tima da
infra•‹o penal, a seus dependentes, ou ainda, a entidade pœblica ou
privada com finalidade social, em montante fixado pelo Juiz entre 01 (um)
e 360 (trezentos e sessenta) sal‡rios m’nimos. Este valor pago ser‡
deduzido de eventual valor a ser pago em raz‹o de condena•‹o na
esfera c’vel, SE OS BENEFICIçRIOS FOREM OS MESMOS.
Perda de bens e valores Ð Em favor do Fundo Penitenci‡rio Nacional, e
seu valor tem como teto - o que for maior - o montante do preju’zo
causado ou o proveito do crime. OBS.: N‹o confundir com o confisco, que
Ž mero efeito secund‡rio da condena•‹o, e recai sobre o patrim™nio
il’cito, bem como sobre os instrumentos do crime (apenas se se tratar de
coisas cujo fabrico, aliena•‹o, uso, porte ou deten•‹o constitua fato
il’cito.).
Limita•‹o de fim de semana - Consiste na obriga•‹o de permanecer,
aos finais de semana (s‡bados e domingos), por 05 horas di‡rias, em
casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Neste per’odo,
poder‹o ser ministrados ao condenado cursos e palestras, bem como ser
atribu’das atividades educativas.
Presta•‹o de servi•os ˆ comunidade - Atribui•‹o de tarefas gratuitas,
e de acordo com as aptid›es do condenado, em favor da comunidade ou
de entidades pœblicas (em entidades assistenciais, hospitais, escolas,
orfanatos e outros estabelecimentos cong•neres, em programas
comunit‡rios ou estatais), ou privadas com destina•‹o social
(entendimento doutrin‡rio). Cab’vel para as condena•›es superiores a
seis meses de priva•‹o da liberdade. O sistema de cumprimento adotado
pelo CP Ž o da hora-tarefa, ou seja, cada hora de tarefa realizada ser‡
computada como um dia da condena•‹o. Se superior a 01 ano, pode ser
cumprida em menor tempo, mas nunca inferior ˆ metade.
Interdi•‹o tempor‡ria de direitos Ð Consiste na limita•‹o tempor‡ria
de alguns direitos do condenado, e pode ser de diversas ordens:
(a) proibi•‹o do exerc’cio de cargo, fun•‹o ou atividade pœblica,
bem como de mandato eletivo - s— pode ser aplicada quando o
crime for cometido no exerc’cio do cargo ou fun•‹o pœblica
(b) proibi•‹o do exerc’cio de profiss‹o, atividade ou of’cio que
dependam de habilita•‹o especial, de licen•a ou autoriza•‹o do
poder pœblico Ð s— pode ser aplicada quando o crime for cometido no
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exerc’cio de atividade que dependa de habilita•‹o especial, licen•a ou
autoriza•‹o do poder pœblico.
(c) suspens‹o de autoriza•‹o ou de habilita•‹o para dirigir
ve’culo Ð somente se aplica nos casos de crimes culposos cometidos
no tr‰nsito (CTB tambŽm trata deste tema).
(d) proibi•‹o de frequentar determinados lugares Ð Impossibilita
o condenado de frequentar certos lugares, e deve ter rela•‹o com o
fato praticado (Ex.: proibir um valent‹o, membro de torcida
organizada, de frequentar est‡dios de futebol).
(e) proibi•‹o de inscrever-se em concurso, avalia•‹o ou exame
pœblicos - em se tratando de uma pena substitutiva, esta pena ter‡
como dura•‹o o mesmo per’odo da pena privativa de liberdade
aplicada.

PENA DE MULTA
Conceito - Modalidade de pena que consiste no pagamento de
determinada quantia em dinheiro e destinada ao Fundo Penitenci‡rio
Nacional.
Fixa•‹o Ð Bif‡sico. O critŽrio utilizado para a fixa•‹o da pena de multa Ž
o do dia-multa.
Primeiro fixa a quantidade de dias-multa Ð Entre 10 e 360 dias-multa
(com base nas circunst‰ncias judiciais do art. 59)
Depois fixa o valor do dia-multa Ð Deve variar entre 1/30 (um
trigŽsimo) e 5 vezes o valor do maior sal‡rio m’nimo vigente ˆ Žpoca do
fato (com base na situa•‹o econ™mica do condenado).
OBS.: A pena de multa pode ser aumentada atŽ o triplo, caso se mostre
insuficiente (de acordo com a situa•‹o financeira do condenado).

T—picos importantes
§! O pagamento da pena de multa deve se dar em atŽ 10 dias a contar
do tr‰nsito em julgado da senten•a.
§! Juiz pode, considerando as circunst‰ncias e a requerimento do
condenado, permitir o parcelamento.
§! Pode ser descontada diretamente na remunera•‹o do condenado,
salvo na hip—tese de ter sido aplicada cumulativamente com a pena
privativa de liberdade.
§! N‹o pode incidir sobre recursos indispens‡veis ao sustento do
infrator e de sua fam’lia.
§! N‹o sendo paga, ser‡ considerada d’vida de valor, devendo
ser executada pelo procedimento de cobran•a da d’vida ativa da
Fazenda Pœblica
§! Em caso de sobrevir doen•a mental ao condenado Ž suspensa a
execu•‹o da pena de multa

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§! Em caso de morte do condenado, NÌO passa aos herdeiros.
Neste caso, fica extinta a punibilidade

APLICA‚ÌO DA PENA
Aplica•‹o das penas privativas de liberdade
Sistema adotado Ð Sistema trif‡sico
SISTEMA TRIFçSICO DE APLICA‚ÌO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE
¥! Fixa•‹o da pena-base
¥! Aplica•‹o de agravantes e atenuantes
¥! Aplica•‹o de causas de aumento e diminui•‹o da pena

Fixa•‹o da pena base


O Juiz fixa a pena base do condenado, considerando as chamadas
Òcircunst‰ncias judiciaisÓ. S‹o elas:
§! Culpabilidade
§! Antecedentes do rŽu
§! Conduta social do rŽu
§! Personalidade do rŽu
§! Motivos determinantes do delito
§! Circunst‰ncias e consequ•ncias do crime,
§! Comportamento da v’tima
OBS.: Nesta etapa, ainda que as circunst‰ncias judiciais sejam
extremamente favor‡veis ao condenado, n‹o pode o Juiz fixar a pena-
base abaixo do m’nimo legal.
OBS.: As circunst‰ncias judiciais possuem um car‡ter subsidi‡rio, ou
seja, s— podem ser levadas em considera•‹o se n‹o tiverem sido
consideradas na previs‹o do tipo penal e n‹o constituam circunst‰ncias
legais (agravantes ou atenuantes) ou causas de aumento e diminui•‹o da
pena (visando evitar bis in idem, ou seja, dupla puni•‹o pela mesma
circunst‰ncia).
OBS.: Na fixa•‹o da pena-base, o Juiz deve partir do m’nimo legal, e s—
poder‡ sair desse patamar se estiverem presentes circunst‰ncias
desfavor‡veis, devendo fundamentar a sua decis‹o.

T—picos importantes
Maus antecedentes Ð O STJ e o STF entendem que a mera exist•ncia de
InquŽritos Policiais e a•›es penais em curso, sem tr‰nsito em julgado,
n‹o podem ser considerados como maus antecedentes para aumento da
pena-base, pois isso seria viola•‹o ao princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia

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(sœmula 444 do STJ). OBS.: H‡ poss’vel indica•‹o de mudan•a de
entendimento, a partir do julgamento do HC 126.292 (STF).
Condena•‹o anterior Ð N‹o pode ser considerada como mau
antecedente, pois j‡ Ž considerada como reincid•ncia (agravante).
Consequ•ncias do crime - Para que possam caracterizar circunst‰ncia
judicial apta a aumentar pena base, devem ser consequ•ncias que n‹o
sejam aquelas naturais do delito.
Gravidade abstrata do delito e aumento da pena base ou fixa•‹o
de regime de cumprimento de pena mais gravoso Ð N‹o pode o
julgador aumentar a pena base apenas por entender que o delito Ž,
abstratamente, grave.

Segunda fase: agravantes e atenuantes


S‹o circunst‰ncias legais, que agravam ou atenuam a pena fixada
inicialmente (pena-base).
Ø! As agravantes genŽricas est‹o previstas nos arts. 61 a 62 do CP, e
SÌO UM ROL TAXATIVO (somente aquelas).
Ø! As atenuantes genŽricas (favor‡veis ao rŽu) est‹o previstas no art.
65 do CP, e s‹o um ROL MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO
Ø! A Lei Penal n‹o estabelece uma quantidade de diminui•‹o ou
aumento que deva ser aplicada. Esse critŽrio Ž do Juiz.
Ø! A Doutrina entende, ainda, que as agravantes s— se aplicam aos
crimes dolosos (majorit‡ria), exceto a agravante da reincid•ncia.
Ø! Agravantes e atenuantes n‹o podem conduzir a pena abaixo do
m’nimo ou acima do m‡ximo legal.

Reincid•ncia
Conceito Ð Ocorre quando o agente pratica novo crime ap—s ter sido
condenado anteriormente por outro crime. TambŽm ocorre reincid•ncia
quando o agente pratica contraven•‹o tendo sido anteriormente
condenado por crime ou contraven•‹o.
E se o agente pratica crime ap—s ter sido condenado
anteriormente por contraven•‹o? Em raz‹o de falha legislativa,
deve ser considerado prim‡rio.
INFRA‚ÌO INFRA‚ÌO RESULTADO
ANTERIOR POSTERIOR
CRIME CRIME REINCIDENTE
CRIME CONTRAVEN‚ÌO REINCIDENTE
CONTRAVEN‚ÌO CONTRAVEN‚ÌO REINCIDENTE
CONTRAVEN‚ÌO CRIME PRIMçRIO

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OBS.: A reincid•ncia s— ocorrer‡ se o crime novo for praticado no per’odo
de atŽ cinco anos a partir da data EM QUE A PENA ANTERIOR SE
EXTINGUIU (e n‹o a data da senten•a), computando-se o per’odo de
prova da suspens‹o condicional da pena ou do livramento condicional, se
n‹o tiver havido revoga•‹o. ESSE PERêODO SE CHAMA PERêODO
DEPURADOR.
OBS.: Os crimes militares e os crimes pol’ticos n‹o geram reincid•ncia no
campo penal comum.

T—picos importantes sobre a segunda fase de aplica•‹o da pena


Coexist•ncia de circunst‰ncias agravantes e atenuantes. Preponder‰ncia:
¥! Menoridade do agente (ser menor de 21 anos ˆ Žpoca do
fato) Ð PREPONDERA SOBRE TODAS!
¥! Aquelas relativas aos motivos determinantes do crime, da
personalidade do agente e da reincid•ncia.
¥! Outras circunst‰ncias
E se forem do mesmo patamar? Haver‡ a compensa•‹o da agravante
com a atenuante.
! STJ - ƒ poss’vel a compensa•‹o entre a agravante da reincid•ncia
com a atenuante da confiss‹o espont‰nea (REsp 1360952/DF). O
Juiz pode deixar de compensar, fazendo preponderar a reincid•ncia,
diante das circunst‰ncias (multirreincidente, por exemplo).

Terceira fase: causas de aumento e diminui•‹o


As causas de aumento e diminui•‹o s‹o obrigat—rias ou facultativas
(dependendo do caso), podendo estar previstas na parte geral ou na
parte especial (genŽricas ou espec’ficas), podendo, ainda, ser fixas ou
vari‡veis.
OBS.: Aqui a pena pode ficar abaixo do m’nimo ou acima do m‡ximo
legal previsto no tipo penal.
Coexist•ncia de causas de aumento e diminui•‹o
Se forem de natureza diversa aplicam-se ambas (aplicam-se primeiro as
causas de aumento, e depois, as causas de diminui•‹o).
Em sendo da mesma natureza, o Juiz deve proceder conforme o quadro
abaixo:
Ambas da parte O Juiz deve aplicar
CONCURSO ENTRE geral ambas
CAUSAS DE Ambas da parte O Juiz aplica a causa
AUMENTO especial que mais aumente
(art. 68, ¤ œnico do
CP)

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Uma da parte geral e Aplicam-se ambas
outra da parte
especial
CONCURSO ENTRE Ambas da parte O Juiz deve aplicar
CAUSAS DE geral ambas
DIMINUI‚ÌO
Ambas da parte O Juiz aplica a causa
especial que mais diminua
(art. 68, ¤ œnico do
CP)
Uma da parte geral e Aplicam-se ambas
outra da parte
especial

Disposi•›es finais
M‡ximo de cumprimento de pena Ð O CP estabelece limite m‡ximo de
cumprimento de pena, que Ž de 30 anos. Isso n‹o impede que a pessoa
seja condenada a per’odo superior a este.
E se durante o cumprimento da pena o agente Ž condenado por
nova infra•‹o, sendo-lhe aplicada nova pena privativa de
liberdade? Nesse caso, aplica-se uma nova unifica•‹o das penas, de
forma a come•ar, do zero, um novo prazo de 30 anos.

SUSPENSÌO CONDICIONAL DA PENA Ð SURSIS


Conceito - Benef’cio concedido ao condenado em determinadas
circunst‰ncias, de forma que ele n‹o cumpre a pena, mas se submete a
um per’odo de fiscaliza•‹o.
Requisitos objetivos
§! natureza da pena aplicada Ð A pena aplicada deve ser privativa
de liberdade.
§! Quantidade da pena aplicada Ð A pena aplicada n‹o pode ser
superior a dois anos (regra). Se o condenado, porŽm, for maior
de 70 anos (sursis et‡rio) ou enfermo (sursis humanit‡rio),
admite-se a suspens‹o condicional da pena que n‹o ultrapasse 04
anos (art. 77, ¤ 2¡ do CP). Nos crimes ambientais, o sursis pode
ser aplicado aos condenados ˆ pena n‹o superior a tr•s anos.
§! A pena privativa de liberdade n‹o deve ter sido substitu’da
por restritiva de direitos Ð Sursis s— cabe quando n‹o for
poss’vel a substitui•‹o por penas restritivas de direitos.
Requisitos subjetivos
§! N‹o reincid•ncia em crime doloso Ð Esta Ž a regra. EXCE‚ÌO:
Se a pena aplicada tiver sido a de multa, poder‡ haver a suspens‹o
condicional da pena.

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§! As circunst‰ncias pessoais do agente sejam favor‡veis,
autorizando a concess‹o do benef’cio

EspŽcies de sursis
§! Simples Ð O condenado n‹o reparou o dano e as circunst‰ncias
judiciais (art. 59 do CP) n‹o lhe s‹o muito favor‡veis. ƒ o sursis
comum, a regra.
§! Especial Ð Aqui o condenado reparou o dano (ou n‹o teve
possibilidade de faz•-lo) e as circunst‰ncias judiciais (art. 59 do CP)
lhe s‹o inteiramente favor‡veis. Nessa hip—tese o condenado n‹o
precisa, no primeiro ano, se submeter ˆ presta•‹o de servi•os ˆ
comunidade ou limita•‹o de fim de semana (ser‹o substitu’das
pelas condi•›es do art. 78, ¤2¼ do CP).

Revoga•‹o do Sursis
Obrigat—ria Ð Ocorrer‡ nos casos de:
§! Condena•‹o, por senten•a irrecorr’vel, por crime doloso. OBS.:
Jurisprud•ncia: se foi imposta apenas a multa por esse novo crime,
n‹o h‡ revoga•‹o obrigat—ria.
§! N‹o repara•‹o do dano ou n‹o pagamento da pena de multa
(quando for poss’vel ao agente pagar)
§! Descumprimento de condi•‹o imposta (condi•›es do art. 78, ¤1¼ do
CP)
Facultativa Ð Ocorrer‡ nos casos de:
§! Descumprimento de outras condi•›es (afora as do art. 78, ¤1¼ do
CP)
§! Condena•‹o irrecorr’vel por crime culposo ou contraven•‹o - ƒ
necess‡rio que a pena aplicada tenha sido restritiva de direitos ou
privativa de liberdade.

Prorroga•‹o do per’odo de prova


Ocorrer‡ em duas hip—teses:
§! Beneficiado est‡ sendo processado por outro crime ou
contraven•‹o Ð Prorroga•‹o obrigat—ria e autom‡tica.
§! Ocorrendo situa•‹o que autorize a revoga•‹o FACULTATIVA,
caso o Juiz opte por n‹o revogar, pode estender o prazo do
sursis atŽ o m‡ximo, caso j‡ n‹o tenha estendido antes Ð
Prorroga•‹o facultativa e n‹o autom‡tica.

OBS.: Durante o per’odo de PRORROGA‚ÌO, embora o condenado ainda


esteja cumprindo o sursis, n‹o permanecem as obriga•›es legais
(Doutrina majorit‡ria).

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OBS.: Cumpridas todas as condi•›es, expirando-se o prazo sem
revoga•‹o, estar‡ extinta a punibilidade do condenado.

LIVRAMENTO CONDICIONAL
Conceito - Benef’cio concedido aos condenados a penas privativas de
liberdade superiores a dois anos, que permite a antecipa•‹o de sua
liberdade.
Requisitos objetivos
Quantidade da pena - A pena aplicada deve ter sido igual ou superior a
dois anos.
Parcela da pena j‡ cumprida - A pena j‡ deve ter sido razoavelmente
cumprida. O montante da pena j‡ cumprida ir‡ variar conforme as
condi•›es do crime e do condenado:
§! Condenado n‹o reincidente em crime doloso e que possua
bons antecedentes Ð Cumprimento de 1/3 da pena (Livramento
Condicional simples).
§! Condenado reincidente em crime doloso Ð Cumprimento de
mais da metade da pena (Livramento Condicional Qualificado).
§! Condenado por crime hediondo, desde que n‹o seja
reincidente em crime hediondo Ð Cumprimento de 2/3 da pena
(Livramento condicional espec’fico).
OBS.: Condenado n‹o reincidente em crime doloso, mas tambŽm
n‹o possui bons antecedentes Ð STJ: deve ser adotada a posi•‹o
mais favor‡vel ao rŽu, permitindo-se a concess‹o do Livramento
Condicional Simples.

Repara•‹o do dano Ð Requisito dispensado no caso de impossibilidade


de repara•‹o e no caso de a v’tima n‹o ser encontrada para ser
indenizada, ou ainda, demonstrar desinteresse na repara•‹o.

Requisitos subjetivos
Bom comportamento durante a execu•‹o da pena, aptid‹o para prover a
subsist•ncia e bom desempenho no trabalho que lhe fora atribu’do
OBS.: No caso de crime doloso cometido com viol•ncia ou grave amea•a
ˆ pessoa Ž necess‡ria, ainda, uma an‡lise acerca da possibilidade de o
condenado voltar a delinquir.

Revoga•‹o
Obrigat—ria Ð Ocorre no caso de:
Condena•‹o irrecorr’vel, a pena privativa de liberdade:
§! Por crime cometido durante o benef’cio

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§! Por crime anterior Ð Neste caso, s— ser‡ revogado se a soma das
penas formar um montante que impedisse a concess‹o do benef’cio
Revoga•‹o facultativa Ð Ocorre nos casos de:
§! Descumprimento de condi•‹o imposta
§! Condena•‹o irrecorr’vel por crime ou contraven•‹o, sendo aplicada
pena n‹o privativa de liberdade

OBS.: A revoga•‹o impede nova concess‹o do benef’cio? Sim.


OBS.: O tempo em que o condenado esteve solto (em livramento
condicional) Ž abatido na pena privativa de liberdade que voltar‡
a cumprir? Em regra, n‹o. EXCE‚ÌO: no caso de revoga•‹o pela
condena•‹o por crime anterior.

Extin•‹o da punibilidade Ð Se, esgotado o prazo, o Livramento


Condicional n‹o tiver sido revogado, considera-se extinta a pena privativa
de liberdade e, por conseguinte, extinta a punibilidade.

MEDIDAS DE SEGURAN‚A
Conceito Ð EspŽcie de san•‹o penal aplic‡vel ˆqueles que, embora tendo
cometido fato t’pico e il’cito, s‹o inimput‡veis ou semi-imput‡veis em
raz‹o de problemas mentais. Assim, Ž poss’vel a aplica•‹o de medida de
seguran•a a agentes culp‡veis (semi-imput‡veis).
EspŽcies Ð Interna•‹o e tratamento ambulatorial. O STJ possui algumas
decis›es no sentido de que a modalidade de medida de seguran•a deve
ser aplicada de acordo com as necessidades mŽdicas do agente.
Prazo Ð A senten•a deve fixar um prazo m’nimo, findo o qual dever‡
haver um exame para saber se cessou a periculosidade do agente.
OBS.: Embora o CP n‹o estabele•a um prazo m‡ximo para as medidas de
seguran•a, o STF e o STJ n‹o aceitam isso. O STF entende que a medida
de seguran•a n‹o pode ultrapassar 30 anos, que Ž o prazo m‡ximo de
uma pena privativa de liberdade. O STJ entende que o prazo m‡ximo da
medida de seguran•a Ž o prazo m‡ximo de pena estabelecido (em
abstrato) para o crime cometido (sœmula 527 do STJ).

EFEITOS DA CONDENA‚ÌO
Efeitos penais
Prim‡rio Ð pena
Secund‡rios Ð N‹o s‹o a finalidade principal da condena•‹o, mas dela
decorrem:
§! Reincid•ncia
§! Inscri•‹o do nome do rŽu no rol dos culpados

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Extrapenais
GenŽricos - Incidem sobre toda e qualquer condena•‹o:
¥! Obriga•‹o de reparar o dano
¥! Perda em favor da Uni‹o dos instrumentos do crime (se seu porte
for il’cito) e dos produtos ou proveitos do crime
OBS.: S‹o autom‡ticos

Espec’ficos Ð Recaem apenas sobre condena•›es relativas a


determinados crimes, e n‹o a todos os crimes em geral.
§! Perda de cargo, fun•‹o pœblica ou mandato eletivo (a) nos crimes
praticados com abuso de poder ou viola•‹o de dever para com a
Administra•‹o Pœblica Ð pena igual ou superior a 01 ano; b) Nos
demais casos Ð pena superior a 04 anos.
§! Incapacidade para o exerc’cio do p‡trio poder, tutela ou curatela,
nos crimes dolosos, sujeitos ˆ pena de reclus‹o, cometidos contra
filho, tutelado ou curatelado.
§! Inabilita•‹o para dirigir ve’culo, quando utilizado como meio para a
pr‡tica de crime doloso.
OBS.: NÌO s‹o autom‡ticos

REABILITA‚ÌO
Conceito - ƒ o instituto que visa ˆ reinser•‹o social do condenado,
atravŽs do sigilo referente ˆs suas anota•›es criminais, bem como a
suspens‹o condicional de determinados efeitos secund‡rios da
condena•‹o, de natureza extrapenal.
Abrang•ncia Ð A reabilita•‹o:
§! Promove o sigilo referente ˆs anota•›es criminais do reabilitado
§! Promove a suspens‹o dos efeitos extrapenais secund‡rios da
condena•‹o

Pressuposto - Que haja senten•a condenat—ria transitada em julgado,


independentemente de qual pena foi aplicada (privativa de liberdade,
multa, etc.).
Requisitos Ð Podem ser objetivos ou subjetivos:
¥! Requisitos objetivos Ð a) A extin•‹o da pena (Pelo
cumprimento ou por outra forma) deve ter se dado h‡ mais de
dois anos; b) Deve o condenado ter reparado o dano, ou
provar que n‹o pode faz•-lo ou que a v’tima renunciou a este
direito;
¥! Requisitos subjetivos Ð a) Domic’lio no pa’s Ð O condenado
deve ter residido no Brasil no per’odo de dois anos ap—s a
extin•‹o da pena; b) Bom comportamento pœblico e privado Ð

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O condenado deve ter apresentado, neste per’odo de dois
anos, um bom comportamento social.

Revoga•‹o - A reabilita•‹o pode ser revogada, ainda, caso o reabilitado


seja condenado, COMO REINCIDENTE, por decis‹o IRRECORRêVEL, ˆ pena
que NÌO SEJA DE MULTA.
Assim, tr•s s‹o os requisitos para a revoga•‹o:
§! Condena•‹o posterior
§! Ë pena que n‹o seja de multa
§! Desde que o condenado seja reincidente

EXTIN‚ÌO DA PUNIBILIDADE
Punibilidade Ð Possibilidade de o Estado exercer seu jus puniendi
(poder-dever de punir).

Extin•‹o da punibilidade Ð Perda do direito de exercer o jus puniendi.

CAUSAS DE EXTIN‚ÌO DA PUNIBILIDADE DIVERSAS DA


PRESCRI‚ÌO

Anistia - A anistia exclui o pr—prio crime, ou seja, o Estado determina


que as condutas praticadas (j‡ praticadas, ou seja, fatos consumados)
pelos agentes n‹o sejam consideradas crimes. Concedida pelo Poder
Legislativo. S— pode ser causa de extin•‹o total da punibilidade. Faz
cessar todos os efeitos PENAIS da condena•‹o (ex.: reincid•ncia).

Gra•a - Conferida de maneira individual. N‹o exclui o FATO criminoso em


si, mas apenas extingue a punibilidade em rela•‹o a determinados
agentes. Sua concess‹o cabe ao Presidente da Repœblica. Pode ser causa
parcial de extin•‹o da punibilidade.

Indulto - Conferida de maneira coletiva. N‹o exclui o FATO criminoso em


si, mas apenas extingue a punibilidade em rela•‹o a determinados
agentes. Sua concess‹o cabe ao Presidente da Repœblica. Pode ser causa
parcial de extin•‹o da punibilidade.

Abolitio criminis - Ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar
o fato como crime. Faz cessar todos os efeitos PENAIS da
condena•‹o (ex.: reincid•ncia).

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Renœncia x perd‹o do ofendido x perd‹o judicial Ð conforme quadro
abaixo:

RENòNCIA X PERDÌO DO OFENDIDO X PERDÌO JUDICIAL


PERDÌO DO RENòNCIA PERDÌO JUDICIAL
OFENDIDO
Concedido pela Concedida pela Concedido pelo
VêTIMA VêTIMA Estado (Juiz)
Somente nos crimes Somente nos crimes Somente nos casos
de a•‹o penal de a•‹o penal previstos em Lei
privada privada
Depois de ajuizada a Antes do Na senten•a
a•‹o penal ajuizamento da a•‹o
penal
Precisa ser aceito N‹o precisa ser N‹o precisa ser
pelo infrator aceito pelo infrator aceito pelo infrator

Decad•ncia - Ocorre quando a v’tima deixa de ajuizar a a•‹o penal


dentro do prazo, ou quando deixa de oferecer a representa•‹o dentro do
prazo. O prazo Ž de seis meses a contar da data em que a v’tima passa
a saber quem foi o autor do fato.

Peremp•‹o - Extin•‹o da a•‹o penal privada pela neglig•ncia do


ofendido na condu•‹o da causa.

Retrata•‹o do agente Ð Somente nos casos em que a lei a admite. Ex.:


difama•‹o.

PRESCRI‚ÌO

Conceito Ð Perda do jus puniendi pelo decurso do tempo.

EspŽcies Ð Prescri•‹o da pretens‹o punitiva e prescri•‹o da pretens‹o


execut—ria

Prescri•‹o da pretens‹o punitiva

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Aqui o Estado ainda n‹o aplicou (em car‡ter definitivo) uma san•‹o penal
ao agente que praticou a conduta criminosa.

§! Prazo prescricional Ð Calculado com base na pena m‡xima em


abstrato prevista para o delito.
§! In’cio do prazo prescricional Ð
1! (1) do dia em que o crime se consumou
2! (2) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade
criminosa
3! (3) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a perman•ncia
4! (4) nos de bigamia e nos de falsifica•‹o ou altera•‹o de
assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou
conhecido
5! (5) nos crimes contra a dignidade sexual de crian•as e
adolescentes, da data em que a v’tima completar 18 (dezoito) anos,
salvo se j‡ tiver sido proposta a a•‹o penal.

§! Prescri•‹o da pena de multa - Se a multa for prevista ou


aplicada isoladamente, o prazo ser‡ de dois anos. PorŽm, se a
multa for aplicada ou prevista cumulativamente com a pena de
pris‹o (privativa de liberdade), o prazo de prescri•‹o ser‡ o mesmo
estabelecido para a pena privativa de liberdade.

Prescri•‹o da pretens‹o punitiva superveniente (intercorrente)


Verifica-se DEPOIS da senten•a penal condenat—ria, com base na pena
efetivamente aplicada, quando ocorre entre o tr‰nsito em julgado da
senten•a condenat—ria para a acusa•‹o e o tr‰nsito em julgado da
senten•a condenat—ria em definitivo (tanto para a acusa•‹o quanto para
defesa).

Prescri•‹o da pretens‹o punitiva retroativa


Quando, uma vez tendo havido o tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o, se
chega ˆ conclus‹o de que, naquele momento, houve a prescri•‹o da
pretens‹o punitiva entre a data da denœncia (ou queixa) e a senten•a
condenat—ria.

OBS.: Antes da Lei 12.234/10 havia possibilidade de ocorr•ncia da


prescri•‹o retroativa (com base na pena aplicada) entre a data do fato
criminoso (ou outro marco inicial) e o recebimento da denœncia ou queixa.
Atualmente essa hip—tese NÌO EXISTE MAIS.

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Interrup•‹o da prescri•‹o Ð Uma vez interrompido o prazo, volta a
correr do zero. Interrompem a prescri•‹o:
¥! Recebimento da denœncia ou queixa
¥! Pronœncia
¥! Decis‹o confirmat—ria da pronœncia
¥! Publica•‹o da senten•a ou ac—rd‹o condenat—rios
recorr’veis
¥! In’cio ou continua•‹o do cumprimento da pena Ð n‹o se
estende aos demais autores do delito. S— se aplica ˆ
prescri•‹o da pretens‹o execut—ria
¥! Reincid•ncia - n‹o se estende aos demais autores do delito.
S— se aplica ˆ prescri•‹o da pretens‹o execut—ria.

Prescri•‹o da pretens‹o execut—ria


Ocorre quando o Estado condena o indiv’duo, de maneira irrecorr’vel, mas
n‹o consegue fazer cumprir a decis‹o. Caracter’sticas:
§! Tem como base a pena aplicada
§! In’cio Ð (1) do dia em que transita em julgado a senten•a
condenat—ria, para a acusa•‹o, ou a que revoga a suspens‹o
condicional da pena ou o livramento condicional; (2) do dia em que
se interrompe a execu•‹o, salvo quando o tempo da interrup•‹o
deva computar-se na pena.

A‚ÌO PENAL NO CîDIGO PENAL


REGRA - A regra Ž a de que a a•‹o penal seja pœblica, s— sendo privada
quando a lei expressamente assim disser.
EspŽcies:
§! Pœblica Ð O titular Ž o MP. Pode ser incondicionada ou condicionada
(quando se exige representa•‹o do ofendido ou requisi•‹o do
Ministro da Justi•a para que a a•‹o possa ser ajuizada).
§! Privada Ð O titular Ž o ofendido. Pode ser exclusiva (maioria dos
casos) ou personal’ssima (hip—tese rara. Neste caso, somente o
pr—prio ofendido pode ajuizar a a•‹o penal, n‹o passando este
direito aos sucessores). H‡, ainda, a a•‹o penal privada subsidi‡ria
da pœblica (o ofendido passa a ter, por um determinado per’odo,
legitimidade para ajuizar a•‹o penal privada em crime de a•‹o
pœblica, porque o MP foi omisso).
Representa•‹o do ofendido Ð ƒ irretrat‡vel ap—s o oferecimento da
denœncia. Deve ser exercida dentro de seis meses, a contar da data em
que o ofendido toma conhecimento da autoria do delito.

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Queixa - Deve ser exercida dentro de seis meses, a contar da data em
que o ofendido toma conhecimento da autoria do delito. N‹o pode ser
exercido se houve renœncia t‡cita ou expressa.
Perd‹o do ofendido Ð Uma vez oferecido e aceito, Ž causa de extin•‹o
da punibilidade. Se concedido a qualquer dos querelados, a todos
aproveita (o querelado pode se recusar a receber o perd‹o). Se concedido
por um dos ofendidos, n‹o prejudica o direito dos outros. Pode ser t‡cito
ou expresso, e pode ser oferecido atŽ o tr‰nsito em julgado.
___________

Bons estudos!
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10.! EXERCêCIOS DA AULA

01.! (FGV Ð 2017 Ð OAB Ð XXIV EXAME DE ORDEM)


C‡ssio foi denunciado pela pr‡tica de um crime de dano qualificado, por
ter atingido bem municipal (Art. 163, par‡grafo œnico, inciso III, do CP Ð
pena: deten•‹o de 6 meses a 3 anos e multa), merecendo destaque que,
em sua Folha de Antecedentes Criminais, consta uma œnica condena•‹o
anterior, definitiva, oriunda de senten•a publicada 4 anos antes, pela
pr‡tica do crime de les‹o corporal culposa praticada na dire•‹o de ve’culo
automotor.
Ao final da instru•‹o, C‡ssio confessa integralmente os fatos, dizendo
estar arrependido e esclarecendo que Òperdeu a cabe•aÓ no momento do
crime, sendo certo que est‡ trabalhando e tem 03 filhos com menos de
10 anos de idade que s‹o por ele sustentados.
Apenas com base nas informa•›es constantes, o(a) advogado(a) de
C‡ssio poder‡ pleitear, de acordo com as previs›es do C—digo Penal, em
sede de alega•›es finais,
A) o reconhecimento do perd‹o judicial.
B) o reconhecimento da atenuante da confiss‹o, mas nunca sua
compensa•‹o com a reincid•ncia.
C) a substitui•‹o da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
apesar de o agente ser reincidente.
D) o afastamento da agravante da reincid•ncia, j‡ que o crime pretŽrito
foi praticado em sua modalidade culposa, e n‹o dolosa.

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02.! (FGV Ð 2017 Ð OAB Ð XXIV EXAME DE ORDEM)
No dia 28 de agosto de 2011, ap—s uma discuss‹o no trabalho quando
todos comemoravam os 20 anos de Jo‹o, este desfere uma facada no
bra•o de Paulo, que fica revoltado e liga para a Pol’cia, sendo Jo‹o preso
em flagrante pela pr‡tica do injusto de homic’dio tentado, obtendo
liberdade provis—ria logo em seguida. O laudo de exame de delito
constatou a exist•ncia de les‹o leve.
A denœncia foi oferecida em 23 de agosto de 2013 e recebida pelo juiz em
28 de agosto de 2013. Finda a primeira fase do procedimento do Tribunal
do Jœri, ocasi‹o em que a v’tima compareceu, confirmou os fatos,
inclusive dizendo acreditar que a inten•‹o do agente era efetivamente
mat‡-la, e demonstrou todo seu inconformismo com a conduta do rŽu,
Jo‹o foi pronunciado, sendo a decis‹o publicada em 23 de agosto de
2015, n‹o havendo impugna•‹o pelas partes. Submetido a julgamento
em sess‹o plen‡ria em 18 de julho de 2017, os jurados afastaram a
inten•‹o de matar, ocorrendo em senten•a, ent‹o, a desclassifica•‹o para
o crime de les‹o corporal simples, que tem a pena m‡xima prevista de 01
ano, sendo certo que o C—digo Penal prev• que a pena de 01 a 02 anos
prescreve em 04 anos.
Na ocasi‹o, voc•, como advogado(a) de Jo‹o, considerando apenas as
informa•›es narradas, dever‡ requerer que seja declarada a extin•‹o da
punibilidade pela
A) decad•ncia, por aus•ncia de representa•‹o da v’tima.
B) prescri•‹o da pretens‹o punitiva, porque j‡ foi ultrapassado o prazo
prescricional entre a data do fato e a do recebimento da denœncia.
C) (prescri•‹o da pretens‹o punitiva, porque j‡ foi ultrapassado o prazo
prescricional entre a data do oferecimento da denœncia e a da publica•‹o
da decis‹o de pronœncia.
D) prescri•‹o da pretens‹o punitiva, porque entre a data do recebimento
da denœncia e a do julgamento pelo jœri decorreu o prazo prescricional.

03.! (FGV Ð 2017 Ð OAB - XXIII EXAME DE ORDEM)


Caio, M‡rio e Jo‹o s‹o denunciados pela pr‡tica de um mesmo crime de
estupro (Art. 213 do CP). Caio possu’a uma condena•‹o anterior definitiva
pela pr‡tica de crime de deser•‹o, delito militar pr—prio, ao cumprimento
de pena privativa de liberdade. J‡ M‡rio possu’a uma condena•‹o
anterior, com tr‰nsito em julgado, pela pr‡tica de crime comum, com
aplica•‹o exclusiva de pena de multa. Por fim, Jo‹o possu’a condena•‹o
definitiva pela pr‡tica de contraven•‹o penal ˆ pena privativa de
liberdade. No momento da senten•a, o juiz reconhece agravante da
reincid•ncia em rela•‹o aos tr•s denunciados.
Considerando apenas as informa•›es narradas, de acordo com o C—digo
Penal, o advogado dos rŽus

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A) n‹o poder‡ buscar o afastamento da agravante, j‡ que todos s‹o
reincidentes.
B) poder‡ buscar o afastamento da agravante em rela•‹o a M‡rio, j‡ que
somente Caio e Jo‹o s‹o reincidentes.
C) poder‡ buscar o afastamento da agravante em rela•‹o a Jo‹o, j‡ que
somente Caio e M‡rio s‹o reincidentes.
D) poder‡ buscar o afastamento da agravante em rela•‹o a Caio e Jo‹o,
j‡ que somente M‡rio Ž reincidente.

04.! (FGV Ð 2017 Ð OAB - XXII EXAME DE ORDEM)


No dia 15 de abril de 2011, Jo‹o, nascido em 18 de maio de 1991, foi
preso em flagrante pela pr‡tica do crime de furto simples, sendo, em
seguida, concedida liberdade provis—ria. A denœncia somente foi oferecida
e recebida em 18 de abril de 2014, ocasi‹o em que o juiz designou o dia
18 de junho de 2014 para a realiza•‹o da audi•ncia especial de
suspens‹o condicional do processo oferecida pelo MinistŽrio Pœblico. A
proposta foi aceita pelo acusado e pela defesa tŽcnica, iniciando-se o
per’odo de prova naquele mesmo dia. Tr•s meses depois, n‹o tendo o
acusado cumprido as condi•›es estabelecidas, a suspens‹o foi revogada,
o que ocorreu em decis‹o datada de 03 de outubro de 2014.
Ao final da fase instrut—ria, a pretens‹o punitiva foi acolhida, sendo
aplicada ao acusado a pena de 01 ano de reclus‹o em regime aberto,
substitu’da por restritiva de direitos. A senten•a condenat—ria foi
publicada em 19 de maio de 2016, tendo transitado em julgado para a
acusa•‹o.
Intimado da decis‹o respectiva, Jo‹o procura voc•̂, na condi•‹o de
advogado(a), para saber sobre eventual prescri•‹o, pois tomou
conhecimento de que a pena de 01 ano, em tese, prescreve em 04 anos,
mas que, no caso concreto, por for•a da menoridade relativa, deve o
prazo ser reduzido de metade.
Diante desse quadro, voc•, como advogado(a), dever‡ esclarecer que
A) ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o punitiva entre a data do fato e a do
recebimento da denœncia.
B) ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o punitiva entre a data do
recebimento da denœncia e a da publica•‹o da senten•a condenat—ria.
C) ocorreu a prescri•‹o da pretens‹o execut—ria entre a data do
recebimento da denœncia e a da publica•‹o da senten•a condenat—ria.
D) n‹o h‡ que se falar em prescri•‹o, no caso apresentado.

05.! (FGV Ð 2016 Ð XXI EXAME DA OAB Ð PRIMEIRA FASE)


Carlos, 21 anos, foi condenado a cumprir pena de prestaç‹o de serviços ˆ
comunidade pela pr‡tica de um crime de les‹o corporal culposa no
trânsito. Em 01/01/2014, seis meses ap—s cumprir a pena restritiva de

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direitos aplicada, praticou novo crime de natureza culposa, vindo a ser
denunciado.
Carlos, ap—s n‹o aceitar qualquer benef’cio previsto na Lei no 9.099/95 e
ser realizada audi•ncia de instru•‹o e julgamento, Ž novamente
condenado em 17/02/2016. O juiz aplica pena de 11 meses de deten•ão,
n‹o admitindo a substituiç‹o por restritiva de direitos em raz‹o da
reincidência.
Considerando que os fatos s‹o verdadeiros e que o MinistŽrio Pœblico n‹o
apelou, o(a) advogado(a) de Carlos, sob o ponto de vista tŽcnico, dever‡
requerer, em recurso,
A) a substitui•ão da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
B) a suspens‹o condicional da pena.
C) o afastamento do reconhecimento da reincid•ncia.
D) a prescriç‹o da pretens‹o punitiva.

06.! (FGV - 2016 - OAB - XX EXAME DE ORDEM)


Rafael foi condenado pela pr‡tica de crime a pena privativa de liberdade
de 04 anos e 06 meses, tendo a senten•a transitado em julgado em
10/02/2008. Ap—s cumprir 02 anos e 06 meses de pena, obteve
livramento condicional em 10/08/2010, sendo o mesmo cumprido com
corre•‹o e a pena extinta em 10/08/2012. Em 15/09/2015, Rafael pratica
novo crime, dessa vez de roubo, tendo como v’tima senhora de 60 anos
de idade, circunst‰ncia que era do seu conhecimento. Dois dias depois,
arrependido, antes da denœncia, reparou integralmente o dano causado.
Na senten•a, o magistrado condenou o acusado, reconhecendo a
exist•ncia de duas agravantes pela reincid•ncia e idade da v’tima, alŽm
de n‹o reconhecer o arrependimento posterior.
O advogado de Rafael deve pleitear
A) reconhecimento do arrependimento posterior.
B) reconhecimento da tentativa.
C) afastamento da agravante pela idade da v’tima.
D) afastamento da agravante da reincid•ncia.

07.! (FGV Ð IX EXAME UNIFICADO DA OAB)


Guilherme praticou, em 18/02/2009, contraven•‹o penal de vias de fato
(Art. 21 do Decreto Lei n. 3.688/41), tendo sido condenado ˆ pena de
multa. A senten•a transitou definitivamente em julgado no dia
15/03/2010, mas Guilherme n‹o pagou a multa. No dia 10/07/2010,
Guilherme praticou crime de ato obsceno (Art. 233 do CP).
Com base na situa•‹o descrita e na legisla•‹o, assinale a afirmativa
correta.

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A) Guilherme n‹o pode ser considerado reincidente por conta de uma
omiss‹o legislativa.
B) Guilherme deve ter a pena de multa n‹o paga da primeira condena•‹o
convertida em pena privativa de liberdade.
C) Guilherme Ž reincidente, pois praticou novo crime ap—s condena•‹o
transitada em julgado.
D) A pena de multa n‹o gera reincid•ncia.

08.! (FGV Ð IX EXAME UNIFICADO DA OAB)


O sistema punitivo brasileiro Ž progressivo. Por meio dele o condenado
passa do regime inicial de cumprimento de pena mais severo para regime
mais brando, atŽ alcan•ar o livramento condicional ou a liberdade
definitiva.
A respeito da progress‹o de regime, assinale a afirmativa correta.
A) O sistema progressivo brasileiro Ž compat’vel com a progress‹o Òpor
saltosÓ, consistente na possibilidade da passagem direta do regime
fechado para o aberto.
B) O cumprimento da pena privativa de liberdade nos crimes hediondos Ž
uma exce•‹o ao sistema progressivo. O condenado nesta modalidade
criminosa deve iniciar e encerrar o cumprimento da pena no regime
fechado, sem possibilidade de passagem para regime mais brando.
C) A progress‹o est‡ condicionada, nos crimes contra a Administra•‹o
Pœblica, ˆ repara•‹o do dano causado ou ˆ devolu•‹o do produto do il’cito
praticado com os acrŽscimos legais, alŽm do cumprimento de 1/6 da pena
no regime anterior e do mŽrito do condenado.
D) O pedido de progress‹o deve ser endere•ado ao ju’zo sentenciante,
que decidir‡ independente de manifesta•‹o do MinistŽrio Pœblico.

09.! (FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XV EXAME DE ORDEM)


JosŽ cometeu, em 10/11/2008, delito de roubo. Foi denunciado,
processado e condenado, com senten•a condenat—ria publicada em
18/10/2009. A referida senten•a transitou definitivamente em julgado no
dia 29/08/2010. No dia 15/05/2010, JosŽ cometeu novo delito, de furto,
tendo sido condenado, por tal conduta, no dia 07/04/2012.
Nesse sentido, levando em conta a situa•‹o narrada e a disciplina acerca
da reincid•ncia, assinale a afirmativa correta.
a) Na senten•a relativa ao delito de roubo, JosŽ deveria ser considerado
reincidente.
b) Na senten•a relativa ao delito de furto, JosŽ deveria ser considerado
reincidente.
c) Na senten•a relativa ao delito de furto, JosŽ deveria ser considerado
prim‡rio.

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d) Considera-se reincidente aquele que pratica crime ap—s publica•‹o de
senten•a que, no Brasil ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior

10.! (FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVI EXAME DE ORDEM)


Felipe, menor de 21 anos de idade e reincidente, no dia 10 de abril de
2009, foi preso em flagrante pela pr‡tica do crime de roubo. Foi solto no
curso da instru•‹o e acabou condenado em 08 de julho de 2010, nos
termos do pedido inicial, ficando a pena acomodada em 04 anos de
reclus‹o em regime fechado e multa de 10 dias, certo que houve a
compensa•‹o da agravante da reincid•ncia com a atenuante da
menoridade. A decis‹o transitou em julgado para ambas as partes em 20
de julho de 2010. Foi expedido mandado de pris‹o e Felipe nunca veio a
ser preso.
Considerando a quest‹o f‡tica, assinale a afirmativa correta.
a) A extin•‹o da punibilidade pela prescri•‹o da pretens‹o execut—ria
ocorrer‡ em 20 de julho de 2016.
b) A extin•‹o da punibilidade pela prescri•‹o da pretens‹o execut—ria
ocorreu em 20 de julho de 2014.
c) A extin•‹o da punibilidade pela prescri•‹o da pretens‹o execut—ria
ocorrer‡ em 20 de julho de 2022.
d) A extin•‹o da punibilidade pela prescri•‹o da pretens‹o execut—ria
ocorrer‡ em 20 de novembro de 2015.

11.! (FGV Ð 2014 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Francisco foi condenado por homic’dio simples, previsto no Art. 121 do
C—digo Penal, devendo cumprir pena de seis anos de reclus‹o. A senten•a
penal condenat—ria transitou em julgado no dia 10 de agosto de 1984.
Dias depois, Francisco foge para o interior do Estado, onde residia,
ficando isolado num s’tio. Ap—s a fuga, as autoridades pœblicas nunca
conseguiram captur‡-lo. Francisco procura voc• como advogado(a) em 10
de janeiro de 2014.
Com rela•‹o ao caso narrado, assinale a afirmativa correta
a) Ainda n‹o ocorreu prescri•‹o do crime, tendo em vista que ainda n‹o
foi ultrapassado o prazo de trinta anos requerido pelo C—digo Penal.
b) Houve prescri•‹o da pretens‹o execut—ria
c) N‹o houve prescri•‹o, pois o crime de homic’dio simples Ž
imprescrit’vel.
d) Houve prescri•‹o da pretens‹o punitiva pela pena em abstrato, pois
Francisco nunca foi capturado

12.! (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)

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Trata-se de causa extintiva da punibilidade consistente na exclus‹o,
por lei ordin‡ria com efeitos retroativos, de um ou mais fatos
criminosos do campo de incid•ncia do Direito Penal,
a) o indulto individual.
b) a anistia.
c) o indulto coletivo.
d) a gra•a.

13.! (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


No dia 18/10/2005, Erat—stenes praticou um crime de corrup•‹o ativa em
transa•‹o comercial internacional (Art. 337-B do CP), cuja pena Ž de 1 a
8 anos e multa. Devidamente investigado, Erat—stenes foi denunciado e,
em 20/1/2006, a inicial acusat—ria foi recebida. O processo teve regular
seguimento e, ao final, o magistrado sentenciou Erat—stenes,
condenando-o ˆ pena de 1 ano de reclus‹o e ao pagamento de dez dias-
multa. A senten•a foi publicada em 7/4/2007. O MinistŽrio Pœblico n‹o
interp™s recurso, tendo, tal senten•a, transitado em julgado para a
acusa•‹o. A defesa de Erat—stenes, por sua vez, que objetivava sua
absolvi•‹o, interp™s sucessivos recursos. AtŽ o dia 15/5/2011, o processo
ainda n‹o havia tido seu definitivo julgamento, ou seja, n‹o houve
tr‰nsito em julgado final. Levando-se em conta as datas descritas e
sabendo-se que, de acordo com o art. 109, incisos III e V, do C—digo
Penal, a prescri•‹o, antes de transitar em julgado a senten•a final,
verifica-se em 12 (doze) anos se o m‡ximo da pena Ž superior a quatro e
n‹o excede a oito anos e em 4 (quatro) anos se o m‡ximo da pena Ž igual
a um ano ou, sendo superior, n‹o exceda a dois, com base na situa•‹o
apresentada, Ž correto afirmar que
a) n‹o houve prescri•‹o da pretens‹o punitiva nem prescri•‹o da
pretens‹o execut—ria, pois desde a publica•‹o da senten•a n‹o
transcorreu lapso de tempo superior a doze anos.
b) ocorreu prescri•‹o da pretens‹o punitiva retroativa, pois, ap—s a data
da publica•‹o da senten•a e a œltima data apresentada no enunciado,
transcorreu lapso de tempo superior a 4 anos.
c) ocorreu prescri•‹o da pretens‹o punitiva superveniente, que pressup›e
o tr‰nsito em julgado para a acusa•‹o e leva em conta a pena
concretamente imposta na senten•a.
d) n‹o houve prescri•‹o da pretens‹o punitiva, pois, como ainda n‹o
ocorreu o tr‰nsito em julgado final, deve-se levar em conta a teoria da
pior hip—tese, de modo que a prescri•‹o, se houvesse, somente ocorreria
doze anos ap—s a data do fato.

14.! (FGV Ð 2010 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)

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A respeito do regime legal da prescri•‹o no C—digo Penal, tendo por base
ocorr•ncia do fato na data de hoje, assinale a alternativa correta.
a) A prescri•‹o, depois da senten•a condenat—ria com tr‰nsito em julgado
para a acusa•‹o, regula-se pela pena aplicada, n‹o podendo, em
nenhuma hip—tese, ter por termo inicial data anterior ˆ da denœncia ou
queixa.
b) A prescri•‹o da pena de multa ocorrer‡ em 2 (dois) anos,
independentemente do prazo estabelecido para a prescri•‹o da pena de
liberdade aplicada cumulativamente
c) Se o rŽu citado por edital permanece revel e n‹o constitui advogado,
fica suspenso o processo, mantendo-se em curso o prazo prescricional,
que passa a ser computado pelo dobro da pena m‡xima cominada ao
crime.
d) S‹o causas interruptivas do curso da prescri•‹o previstas no C—digo
Penal, dentre outras, o recebimento da denœncia ou da queixa, a
pronœncia, a publica•‹o da senten•a condenat—ria ou absolut—ria
recorr’vel.

15.! (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Com rela•‹o ˆs causas de extin•‹o da punibilidade previstas no artigo
107 do C—digo Penal, assinale a alternativa correta.
a) O perd‹o do ofendido Ž ato unilateral, prescindindo de anu•ncia do
querelado.
b) Nos crimes conexos, a extin•‹o da punibilidade de um deles impede,
quanto aos outros, a agrava•‹o da pena resultante da conex‹o.
c) A peremp•‹o Ž causa de extin•‹o de punibilidade exclusiva da a•‹o
penal privada.
d) Em caso de morte do rŽu, n‹o h‡ falar em extin•‹o da punibilidade,
devendo o juiz absolv•-lo com base no mŽtodo de resolu•‹o de conflitos
do in dubio pro reo.

16.! (FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVII EXAME DA OAB)


Reconhecida a pr‡tica de um injusto culp‡vel, o juiz realiza o processo de
individualiza•‹o da pena, de acordo com o Art. 68 do C—digo Penal.
Segundo a jurisprud•ncia do Superior Tribunal de Justi•a, assinale a
afirmativa correta.
a) A condena•‹o com tr‰nsito em julgado por crime praticado em data
posterior ao delito pelo qual o agente est‡ sendo julgado pode funcionar
como maus antecedentes.
b) N‹o se mostra poss’vel a compensa•‹o da agravante da reincid•ncia
com a atenuante da confiss‹o espont‰nea.

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c) Nada impede que a pena intermedi‡ria, na segunda fase do critŽrio
trif‡sico, fique acomodada abaixo do m’nimo legal.
d) O aumento da pena na terceira fase no roubo circunstanciado exige
fundamenta•‹o concreta, sendo insuficiente a simples men•‹o ao nœmero
de majorantes.

17.! (FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVII EXAME DA OAB)


Marcus foi definitivamente condenado pela pr‡tica de um crime de roubo
simples ˆ pena privativa de liberdade de quatro anos de reclus‹o e multa
de dez dias. Apesar de reincidente, em raz‹o de condena•‹o definitiva
pretŽrita pelo delito de furto, Marcus confessou a pr‡tica do delito, raz‹o
pela qual sua pena foi fixada no m’nimo legal. Ap—s cumprimento de
determinado per’odo de san•‹o penal, pretende o apenado obter o
benef’cio do livramento condicional. Considerando o crime praticado e a
hip—tese narrada, Ž correto afirmar que
a) Marcus n‹o faz jus ao livramento condicional, pois condenado por
crime doloso praticado com viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa.
b) O livramento condicional pode ser concedido pelo juiz da condena•‹o
logo quando proferida senten•a condenat—ria.
c) N‹o Ž cab’vel livramento condicional para Marcus, tendo em vista que Ž
condenado reincidente em crime doloso.
d) Ainda que praticada falta grave, Marcus n‹o ter‡ o seu prazo de
contagem para concess‹o do livramento condicional interrompido.

18.! (FGV Ð 2014 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


A respeito do benef’cio da suspens‹o condicional da execu•‹o da pena,
assinale a afirmativa incorreta.
a) N‹o exige que o crime praticado tenha sido cometido sem viol•ncia ou
grave amea•a ˆ pessoa.
b) N‹o pode ser concedido ao reincidente em crime doloso, exceto se a
condena•‹o anterior foi a pena de multa.
c) Somente pode ser concedido se n‹o for indicada ou se for incab’vel a
substitui•‹o da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos
d) Sobrevindo, durante o per’odo de prova, condena•‹o irrecorr’vel por
crime doloso, o benef’cio ser‡ revogado, mas tal per’odo ser‡ computado
para efeitos de detra•‹o.

19.! (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Nise est‡ em gozo de suspens‹o condicional da execu•‹o da pena.
Durante o per’odo de prova do referido benef’cio, Nise passou a figurar
como indiciada em inquŽrito policial em que se apurava eventual pr‡tica
de tr‡fico de entorpecentes. Ao saber de tal fato, o magistrado

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respons‡vel decidiu por bem prorrogar o per’odo de prova. Atento ao caso
narrado e consoante legisla•‹o p‡tria, Ž correto afirmar que
a) n‹o est‡ correta a decis‹o de prorroga•‹o do per’odo de prova.
b) a hip—tese Ž de revoga•‹o facultativa do benef’cio.
c) a hip—tese Ž de revoga•‹o obrigat—ria do benef’cio.
d) Nise ter‡ o benef’cio obrigatoriamente revogado se a denœncia pelo
crime de tr‡fico de entorpecentes for recebida durante o per’odo de
prova.

20.! (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Com rela•‹o aos critŽrios para substitui•‹o da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos, assinale a alternativa correta.
a) A substitui•‹o nunca poder‡ ocorrer se o rŽu for reincidente em crime
doloso.
b) Somente far‡ jus ˆ substitui•‹o o rŽu que for condenado a pena n‹o
superior a 4 (quatro) anos.
c) Em caso de descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos,
esta ser‡ convertida em privativa de liberdade, reiniciando-se o
cumprimento da integralidade da pena fixada em senten•a.
d) Se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substitu’da por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos.

21.! (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Com rela•‹o ao Regime Disciplinar Diferenciado, institu’do pela Lei
10.792/2003, assinale a alternativa correta.
a) O per’odo de aplica•‹o do Regime Disciplinar Diferenciado n‹o poder‡
ultrapassar 360 (trezentos e sessenta dias), sendo vedada a repeti•‹o da
san•‹o por nova falta grave.
b) O Regime Disciplinar diferenciado n‹o poder‡ ser aplicado a presos
provis—rios, mesmo no caso de crimes hediondos.
c) A autoriza•‹o para a inclus‹o do preso em regime disciplinar
depender‡ de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do
estabelecimento ou outra autoridade administrativa e despacho
fundamentado da autoridade judicial competente.
d) O preso ter‡ direito a sair de sua cela por um per’odo de 2 (duas)
horas semanais para banho de sol, salvo nos casos de crimes
inafian•‡veis.

22.! (FGV Ð 2013 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Helena, condenada a pena privativa de liberdade, sofre, no curso da
execu•‹o da referida pena, superveni•ncia de doen•a mental. Nesse caso,
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o juiz da execu•‹o, verificando que a enfermidade mental tem car‡ter
permanente, dever‡
a) aplicar o Art. 41, do CP, que assim disp›e, verbis: Ò O condenado a
quem sobrevŽm doen•a mental deve ser recolhido a hospital de cust—dia
e tratamento psiqui‡trico ou, ˆ falta, a outro estabelecimento adequado.Ó
b) aplicar o Art. 97, do CP, que assim disp›e, verbis: Ò Se o agente for
inimput‡vel, o juiz determinar‡ sua interna•‹o (Art. 26). Se, todavia, o
fato previsto como crime for pun’vel com deten•‹o, poder‡ o juiz
submet•-lo a tratamento ambulatorial.Ó
c) aplicar o Art. 183 da LEP (Lei n. 7.210/84), que assim disp›e, verbis:
ÒQuando, no curso da execu•‹o da pena privativa de liberdade, sobrevier
doen•a mental ou perturba•‹o da saœde mental, o Juiz, de Of’cio, a
requerimento do MinistŽrio Pœblico, da Defensoria Pœblica ou da
autoridade administrativa, poder‡ determinar a substitui•‹o da pena por
medida de seguran•a.Ó
d) aplicar o Art. 108 da LEP (Lei n. 7.210/84), que assim disp›e, verbis:
ÒO condenado a quem sobrevier doen•a mental ser‡ internado em
Hospital de Cust—dia e Tratamento Psiqui‡tricoÓ.

23.! (FGV Ð 2011 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Em rela•‹o ao c‡lculo da pena, Ž correto afirmar que
a) a an‡lise da reincid•ncia precede ˆ verifica•‹o dos maus antecedentes,
e eventual acrŽscimo de pena com base na reincid•ncia deve ser posterior
ˆ redu•‹o pela participa•‹o de menor import‰ncia.
b) Ž defeso ao juiz fixar a pena intermedi‡ria em patamar acima do
m‡ximo previsto, ainda que haja circunst‰ncia agravante a ser
considerada.
c) o acrŽscimo de pena pela embriaguez preordenada deve se feito
posteriormente ˆ redu•‹o pela confiss‹o espont‰nea.
d) Ž poss’vel que o juiz, analisando as circunst‰ncias judiciais do art. 59
do C—digo Penal, fixe pena-base em patamar acima do m‡ximo previsto.

24.! (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


Pit‡goras foi definitivamente condenado, com senten•a penal
condenat—ria transitada em julgado, ˆ pena de 6 (seis) anos de reclus‹o
a ser cumprida, inicialmente, em regime semi-aberto. Cerca de quatro
meses ap—s o in’cio do cumprimento da pena privativa de liberdade,
sobreveio nova condena•‹o definitiva, desta vez a 3 (tr•s) anos de
reclus‹o no regime inicial aberto, em virtude da pr‡tica de crime
anterior. Atento ao caso narrado, bem como ˆs disposi•›es
pertinentes ao tema presentes tanto no c—digo penal quanto na lei de
execu•›es penais, Ž correto afirmar que
a) Pit‡goras poder‡ continuar a cumprir a pena no regime semiaberto.

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DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 05

b) Pit‡goras dever‡ regredir para o regime fechado.
c) Pit‡goras dever‡ regredir de regime porque a nova condena•‹o
significa cometimento de falta grave.
d) prevalece o regime isolado de cada uma das condena•›es, devendo-
se executar primeiro a pena mais grave.

25.! (FGV Ð 2011 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)


T’cio praticou um crime de furto (art. 155 do C—digo Penal) no dia
10/01/2000, um crime de roubo (art. 157 do C—digo Penal) no dia
25/11/2001 e um crime de extors‹o (art. 158 do C—digo Penal) no dia
30/5/2003. T’cio foi condenado pelo crime de furto em 20/11/2001, e a
senten•a penal condenat—ria transitou definitivamente em julgado no dia
31/3/2002. Pelo crime de roubo, foi condenado em 30/01/2002, com
senten•a transitada em julgado definitivamente em 10/06/2003 e, pelo
crime de extors‹o, foi condenado em 20/8/2004, com senten•a
transitando definitivamente em julgado no dia 10/6/2006. Com base nos
dados acima, bem como nos estudos acerca da reincid•ncia e dos maus
antecedentes, Ž correto afirmar que
a) na senten•a do crime de furto, T’cio Ž considerado portador de maus
antecedentes e, na senten•a do crime de roubo, Ž considerado
reincidente.
b) na senten•a do crime de extors‹o, T’cio possui maus antecedentes em
rela•‹o ao crime de roubo e Ž reincidente em rela•‹o ao crime de furto.
c) cinco anos ap—s o tr‰nsito em julgado definitivo da œltima condena•‹o,
T’cio ser‡ considerado prim‡rio, mas os maus antecedentes persistem.
d) nosso ordenamento jur’dico-penal prev• como tempo m‡ximo para
configura•‹o dos maus antecedentes o prazo de cinco anos a contar do
cumprimento ou extin•‹o da pena e eventual infra•‹o posterior.

11.! GABARITO


1.! ALTERNATIVA C
2.! ALTERNATIVA B
3.! ALTERNATIVA D
4.! ALTERNATIVA D
5.! ALTERNATIVA A
6.! ALTERNATIVA D (ANULçVEL)
7.! ALTERNATIVA A
8.! ALTERNATIVA C
9.! ALTERNATIVA C

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e exerc’cios comentados
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10.!ALTERNATIVA D
11.!ALTERNATIVA B
12.!ALTERNATIVA B
13.!ALTERNATIVA C
14.!ALTERNATIVA A
15.!ALTERNATIVA C
16.!ALTERNATIVA D
17.!ALTERNATIVA D
18.!ALTERNATIVA E
19.!ALTERNATIVA A
20.!ALTERNATIVA D
21.!ALTERNATIVA C
22.!ALTERNATIVA C
23.!ALTERNATIVA B
24.!ALTERNATIVA B
25.!ALTERNATIVA B

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