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DOI: 10.4000/books.iheid.6316
Editor: Graduate Institute Publications
Lugar de edición: Graduate Institute Publications
Año de edición: 2009
Publicación en OpenEdition Books: 20 julio 2016
Colección: Genre et développement. Rencontres
ISBN electrónico: 9782940503827
http://books.openedition.org
Referencia electrónica
WERNECK, Jurema. Nossos passos vêm de longe! Movimentos de mulheres negras e estratégias políticas
contra o sexismo e o racismo In: Vents d'Est, vents d'Ouest: Mouvements de femmes et féminismes
anticoloniaux [en línea]. Genève: Graduate Institute Publications, 2009 (generado el 19 avril 2019).
Disponible en Internet: <http://books.openedition.org/iheid/6316>. ISBN: 9782940503827. DOI:
10.4000/books.iheid.6316.
Nossos passos vêm de longe!
Movimentos de mulheres negras
e estratégias políticas contra
o sexismo e o racismo
Jurema Werneck
O que apresentarei aqui não são idéias minhas. Falo do que vi, aprendi,
li, ouvi, a partir de minha inserção em comunidades heterogêneas: de
diferentes gerações, sexualidades, racialidades, escolaridades, possibilida-
des econômicas, culturais e políticas, e muito mais. Penso que a origina-
lidade que possa me ser conferida refere-se à tentativa de juntar aqui
muitas fontes, diferentes vozes. Não vou nomear cada uma delas, não
porque queira ocultá-las, mas para destacar a riqueza e a amplitude da
circulação de idéias que não sabemos onde começam, que se entre-
laçam, que se propagam especialmente entre mulheres, criando comuni-
dades de saber cujas fronteiras são imprecisas. E ainda, por ter
dificuldades de aceitar, nesta circulação dinâmica de idéias, seu encarce-
ramento nos paradigmas do individualismo ou da propriedade privada.
Assinalo que muitas palavras, termos e conceitos que utilizarei são
instáveis, imprecisos. Eles vêm sendo, ao longo das diferentes lutas de
resistência, questionados, criticados, reposicionados e refeitos. Utiliza-
rei muitos destes aqui. Peço, então, que desconfiem.
É a partir destas considerações que digo o que direi a seguir:
As mulheres negras não existem. Ou, falando de outra forma: as
mulheres negras, como sujeitos identitários e políticos, são resultado
de uma articulação de heterogeneidades, resultante de demandas his-
tóricas, políticas, culturais, de enfrentamento das condições adversas
estabelecidas pela dominação ocidental eurocêntrica ao longo dos
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