INGLESES FRANCESES

Locke – Segundo Tratado sobre o Rousseau – O Contrato Social Montesquieu - Do Espírito das
Hobbes – Leviatã (1651)
Governo Civil (1689) (1762) Leis (1748)

(Resenha Grazi) Montesquieu foi um

filósofo iluminista francês, conhecido
Encontra-se na obra de Hobbes uma O contratualismo de Locke é uma
Entre a liberdade e a igualdade, pelo título de nobreza, mas chama-se
clara sugestão ao absolutismo. primeira reação às ideias
Rousseau está mais ligado à Charles-Louis de Secondat. O autor
Porém, não se pode dizer que ele é absolutistas de Hobbes, mas a
igualdade. Rousseau desenvolve a contribuiu grandemente elaborando a
um teórico do absolutismo, pois o oposição clara e sistematizada veio
noção de legitimidade, que se teoria da separação dos poderes do
estado forte de Hobbes é o estado da no século seguinte, com os
Aspectos gerais desdobra em duas acepções: justiça Estado, os quais seriam o executivo,
razão (a justificação do poder não é franceses. Ele nega de que a origem
(fundamentação filosófica), e legislativo e judiciário. O impacto
divina). Ainda assim, ele possui da sociedade está relacionada com a
aceitação (fundamentação dessa proposta foi tamanho que hoje
ideias antiliberais, como por exemplo contenção da “guerra de todos contra
sociológica). Aceitação é um fato, esse sistema é adotado pela maioria
a censura, e a defesa da propriedade todos”. Hobbes justifica o poder,
enquanto justiça está ligada a valor. das constituições no mundo. Vale
como pertencente à soberania. enquanto Locke o organiza.
ressaltar também sua importância
como crítico ao absolutismo
monárquico e ao clero católico.

Nesse estado, os homens estariam

totalmente livres para agir, em
No estado de natureza, a bondade
posição de igualdade entre si, pois
Os homens são inimigos entre si por O contrato social tira o homem do humana predomina. Nele, todos os
não haveria diferenças biológicas
natureza. O estado de natureza é a seu estado natural, levando-o ao homens se sentem inferiores e
nem subordinação. O estado de
guerra de todos os homens contra estado civil. O estado natural é dificilmente alguém se sente igual a
natureza é diferente do estado de
Estado de natureza todos os homens. Não seria uma luta caracterizado pelo impulso físico e outrem. O homem sente sua
guerra. Os homens abandonam o
corporal propriamente dita, mas um pelo apetite. O homem aqui seria fraqueza e está constantemente
estado de natureza e se reúnem em
estado constante de tensão. O pacto como um animal “estúpido e atemorizado. Quando a sociedade se
sociedade para evitar o estado de
é feito para sair do estado de guerra limitado”. forma, tem início o estado de guerra.
guerra. Para Locke, o estado de
Esse estado leva à produção de leis.
natureza seria melhor que uma
monarquia absolutista.
 Para Hobbes, a noção de liberdade
parte de uma concepção negativa:
seria a ausência de impedimentos
externos para executar ações. Assim,
para esse autor, o homem abre mão
de sua liberdade quando estabelece
um pacto social que possibilita a paz
entre os homens. Os súditos não
devem exigir liberdade plena, pois ela
é delimitada pela lei .Sendo a lei
Liberdade
redigida pelo soberano, é este quem
define os limites da liberdade dos
súditos. Como alguns direitos não
podem ser transferidos, os súditos
tem alguns direitos (liberdades), tais
como: ninguém é obrigado a ser
autoincriminar, os súditos podem
desobedecer ordens de
autoflagelação, suicídio, não tomar
remédio, não comer etc.
Já Rousseau tem uma concepção
mais positiva: para ele, ser livre é
obedecer às leis que nós mesmos
fizemos. Ele distingue a liberdade
Liberdade política não é fazer tudo o
As pessoas abrem mão de sua natural da liberdade civil. Com o
que se quer. A liberdade é o direito
liberdade para a formação da estabelecimento do contrato social, o
de fazer tudo o que as leis permitem.
sociedade política. No estado de homem perde a liberdade natural,
Não existe liberdade quando os
natureza, por mais de que se tenha que é limitada pela força dos
poderes Executivo e o Legislativo se
total liberdade, o homem não pode indivíduos, mas ganha a liberdade
reúnem na mesma pessoa. Também
usufruir dela, porque não há civil, limitada pela vontade geral. Ele
não existe liberdade de o Judiciário
segurança. perde o direito ilimitado a tudo, e
não estiver separado dos outros dois.
ganha o direito de propriedade que
assegura o que ele tem. As
vantagens do estado civil fazem valer
a pena a perda do estado natural.

São originadas da razão. Elas

objetivam a paz. Primeira lei da
natureza: todos os homens devem
buscar a paz; só a busca paz
A primeira lei natural é igual a de Quatro leis naturais levam o homem
justifica a guerra. Segunda lei da
Hobbes: os homens tem o dever de a viver em sociedade: 1) desejo de
natureza: cada homem deve
Leis da natureza (direito conservar a própria vida e, sempre paz; 2) sentimento das
consentir em renunciar o seu direito
natural) que possível devem conservar a necessidades; 3) atração natural
sobre todas as coisas. Terceira lei da
própria vida. A segunda é diferente, entre os sexos opostos; 4) desejo de
natureza: todos os homens devem
pois fala de consenso. viver em sociedade.
cumprir os pactos (“os pactos sem a
espada não passam de meras
palavras” → essa espada é a
coerção/poder comum/Estado).

O Estado surge da necessidade de

um poder superior forte o suficiente
para garantir a segurança de todos,
cumprindo-se as leis de natureza. A
É a vontade, e não a natureza
Fundamento da sociedade, única forma de instituir esse “poder A sociedade política se forma a partir
humana o fundamento da sociedade.
surgimento do Estado etc comum” é “dar a força e o poder a do consentimento.
É o ato de se tornar povo.
um homem ou a uma assembleia e
homens que possa reduzir suas
vontades, por pluralidade de votos, a
uma só vontade”.
 Rousseau transferiu a titularidade da
soberania da pessoa do governante
Hobbes define a soberania a partir do para o povo.O soberano é o conjunto
conceito de Estado. O Estado é uma das pessoas associadas. O exercício
pessoa que pode usar a força e os da soberania é feito pela associação
recursos de todos, da maneira que de pessoas, guiada sempre pela
achar conveniente, para assegurar a Não cita a palavra “soberania”. vontade geral. Soberania é o
Soberania paz e a defesa comum. O soberano Supremacia (=soberania) do exercício da vontade geral, portanto o
é o portador da pessoa Estado. A Parlamento (????) soberano é um ser coletivo. Suas
soberania é o poder comum. Todos características fundamentais são: ela
os outros são os seus súditos. → o é inalienável (não pode nem ser
povo não é soberano, só o rei! Há representada!) e indivisível (a
apenas uma soberania. vontade só é geral se houver
representação do todo). O poder
legislativo é soberano.
Supremacia do parlamento, em
contraposição ao poder do rei. O É contra o poder despótico: seria
Legislativo é o poder supremo; os uma convenção em que uma parte
outros (executivo e federativo) são cede tudo que tem enquanto a outra Teoria da separação de poderes:
auxiliares e subordinados ao tem direito a exigir tudo. No poder conjuga um legislativo, um executivo
legislativo. Locke inovou porque absoluto, não há corpo político. Ele e um judiciário, independentes e
disse que a lei vale para todos, coloca que o poder não vem da força harmônicos entre si. Essa é a
inclusive para os poderosos. Para física, ou seja, a legitimidade não configuração que apareceria na
O poder do governo não deve sofrer
Locke, as mesmas pessoas que provém de um “direito do mais forte”. maioria das Constituições. Ele se
Poderes limitações. Não há separação de
fazem as leis não devem ter o poder Entende que a soberania é preocupa com a garantia da
poderes, o poder é indivisível.
de aplicá-las. Assim, é o primeiro indivisível, mas que às vezes os liberdade individual, mas não com as
autor moderno a ensaiar a separação políticos podem a dividir na prática atribuições do Estado (não pensa no
de poderes: legislativo, executivo, (executivo e legislativo). O poder ganho de eficiência pela divisão do
federativo. O poder federativo legislativo seria o elemento moral trabalho). Ele não define os poderes
administra a segurança e o interesse (vontade), e o executivo seria o como exatamente os de hoje.
público externo; apesar de ser elemento físico (força). O poder
distinto do executivo, convém que legislativo seria o único soberano.
esteja nas mãos da mesma pessoa.

Locke conceitua sociedade civil (ou

política), que seria: “pessoas
reunidas em um único corpo, com
É um corpo moral e coletivo. O corpo
Estado é uma pessoa que pode usar um sistema jurídico e judiciário com
político é chamado de Estado quando
a força e os recursos de todos, da autoridade para decidir controvérsias
Conceito de Estado passivo, de soberano quando ativo,
maneira que achar conveniente, para e punir ofensores”. A monarquia
de Poder quando comparado com os
assegurar a paz e a defesa comum. absolutista não seria uma sociedade
semelhantes.
civil. O fim principal da sociedade
política é a preservação da
propriedade.

O pacto é de submissão/sujeição. É
feito apenas entre os súditos, o
soberano não faz parte dele. O
contrato é uma transferência mútua
de direitos. Apenas um poder comum
coercitivo superior
Contratualismo
aos contratantes pode garantir o
cumprimento dos contratos. Alguns
direitos de natureza não podem ser
transferidos em um pacto, como por
exemplo, o direito de se defender
para proteger a vida.
Considera que os homens no estado
de natureza têm uma relativa
igualdade física e intelectual. Em sua
nona lei da natureza, ele diz que
todos os homens devem ser
reconhecer como iguais por natureza.
Esse reconhecimento é condição
necessária para a paz, pois a
Igualdade
renúncia ao direito de todas as
coisas deve ser feita em condições
igualitárias. Na décima lei da
natureza, defende que alguns direitos
devem ser observados para todos,
como direito de ir e vir, direito de
decidir sobre o próprio corpo, direito
ao ar, à água etc.
Retomou a ideia de Hobbes de
contrato. O “contrato social” seria
uma resposta ao seguinte problema,
nas palavras do autor: “encontrar
uma forma de associação que
defenda e proteja, com toda a força
comum, a pessoa e os bens de cada
associado, e pela qual cada um,
unindo-se a todos, só obedece
O pacto de Locke forma a sociedade
contudo a si mesmo, permanecendo
política. Para Locke, o pacto é de
assim tão livre quanto antes”. O pacto
consentimento. O soberano também
social é um ato de associação que Ele não menciona diretamente um
faz parte do pacto, ele não pode
cria um corpo moral e coletivo. Esse pacto social.
fazer tudo o que quiser. A associação
corpo tem nome de Estado quando
de indivíduos forma o corpo político,
passivo, soberano quando ativo, e
que é único.
potência em relação aos seu
semelhantes. Os associados são
chamados de povo quando pensados
coletivamente, cidadãos quando
pensados em particular e súditos
quando submetidos às leis do
Estado. O contrato social é um
compromisso recíproco entre o
público e os particulares.
No estado de natureza, os homens
estão em posição de igualdade, pois
No estado natural, os homens
não haveria diferenças biológicas
nascem em igualdade, mas não
nem subordinação (semelhante a O contrato social torna os homens
poderiam permanecer assim. A
Hobbes). Na sociedade política, o iguais por convenção e direito ainda
sociedade faz com que eles percam
poder Legislativo deve governar de que haja desigualdade física.
a igualdade, e voltam a se tornar
forma igualitária, aplicando leis já
iguais por meio das leis.
promulgadas da mesma maneira a
todos, sem arbitrariedades.
 Existe uma tendência se escolher a
monarquia como forma de governo,
porque ela é simples e clara e
A quantidade de governantes deve
A monarquia é a forma de governo remete à infância (poder nas mãos
ser inversamente proporcional a de Há três formas de governo:
que é mais capaz de assegurar a de uma só pessoa, o pai). Com o
súditos. O governo democrático republicano, monárquico e despótico.
Formas de governo paz, pois o interesse pessoal do tempo, surge a necessidade de
convém aos Estados pequenos, o Defende que o Poder Executivo
monarca é igual ao interesse público, moderar esse poder que estava
aristocrático aos médios e o esteja nas mãos de um só monarca.
ele não discorda dele mesmo etc. concentrado, pois percebe-se que os
monárquico aos grandes.
interesses do príncipe podem ir de
encontro ao do povo. Ideia de
monarquia constitucionalista.

A propriedade das terras pelos

Sendo um liberal, a propriedade é
particulares é um paradoxo para
muito importante para Locke. Está
Rousseau: a apropriação de um
associada com os direitos naturais. O
terreno por um indivíduo é, na
grande objetivo dos homens em
verdade, uma usurpação e não
A propriedade pertence à soberania sociedade é desfrutar das
deveria ser aceita pelo povo. O direito
(entendimento antiliberal). O propriedades sem risco. Para Locke,
Propriedade que cada particular tem sobre seus
soberano faz as regras da o que dá direito de propriedade a
próprios bens está sempre
propriedade. uma pessoa é o trabalho dela. Em
subordinado ao direito que a
outras palavras, o trabalho de
comunidade tem sobre todos, sem o
modificar a natureza trazendo
que não haveria solidez no vínculo
utilidade seria o fato gerador do
social e nem força verdadeira no
direito de propriedade.
exercício da soberania
Revolução Gloriosa (1688): triunfo da A exigência da separação de poderes
Suas ideias tiveram influência direta e
concepção liberal de Locke. Nessa aparece na Declaração dos Direitos
imediata na Revolução Francesa e,
revolução, aconteceu a expulsão de do Homem e do Cidadão: “toda
depois disso, sobre todos os
Jaime II da Inglaterra e a ascensão sociedade na qual a garantia dos
movimentos tendentes à afirmação e
de Guilherme de Orange, que já direitos não está assegurada, nem a
Suas ideias tiveram grande influência à defesa dos direitos naturais da
precisou obedecer ao Bill Of Rights. separação dos poderes determinada,
prática. Ele tinha muito prestígio junto pessoa humana. De todos os
No Brasil, recebemos o não tem Constituição”. A separação
à nobreza inglesa e suas ideias contratualistas, foi o que teve maior
contratualismo de Locke em de poderes refletiu-se imediatamente
ofereciam uma solução para os repercussão prática. Ideias
Influência prática fragmentos, pois nunca houve em todo o movimento
conflitos de autoridade, de ordem e desenvolvidas por Rousseau que
supremacia do parlamento. Locke constitucionalista. Também está
de segurança, de grande intensidade repercutem até hoje: soberania do
organiza o poder quando diz o que presente em O Federalista: “A
no século XVII. Suas ideias justificam povo, igualdade como um dos
cabe ao legislativo, executivo etc. acumulação de todos os poderes (…)
o poder, as de Locke o organizam. objetivos fundamentais da sociedade,
Essa forma de organização é pelas nas mesmas mãos (…) constitui a
interesses coletivos distintos dos
leis, formuladas pelo Parlamento. própria definição da tirania”. Também
interesses de cada um, vontade da
Ideia da monarquia constitucional, aparece na Constituição dos EUA: 1º
maioria como critério para obrigar o
em oposição à monarquia artigo é legislativo, 2º é executivo e
todo.
absolutista. 3º é judiciário.
 Resumo: Estado de natureza é a
guerra de todos contra todos. Todos Características do liberalismo político
os homens são iguais. Duas leis de Locke: supremacia do
A vontade de todos é diferente da
fundamentais da natureza. O Parlamento, diferenciação entre a
vontade geral. A vontade geral é o
contrato social é a mútua função executiva e legislativa. Locke
interesse comum, é a soma das
transferência de direitos. Um mau inovou porque disse que a lei vale
diferenças. A vontade geral está
governo é melhor que o estado de para todos, inclusive para os
sempre certa desde que o povo não
natureza. O poder do governo não poderosos. O Parlamento de Locke
seja manipulado.
deve sofrer limitações para que ele é o lugar da representação política e
cumpra o seu objetivo de manter a da aprovação de leis.
segurança. Soberano vs súditos

Formulou, ao todo 15 leis da

natureza. Além das 3 já citadas: na
quinta, defende a complacência; na O direito não é o poder do mais forte.
sexta, defende o perdão às ofensas O que faz as pessoas obedecerem à
passadas como garantia de um lei é a LEGITIMIDADE do poder
Outros tempo futuro; na sétima, diz que toda presente nessas leis. A legitimidade
punição deve trazer algum impacto seria um mecanismo que o corpo
positivo pela sociedade, ou seja, não político usa para constranger um
deve ser o mal pelo mal; na nona, indivíduo a se submeter à vontade
cada homem deve reconhecer os geral.
outros como seus iguais por
natureza.

Sobre os juízes, diz que eles devem

tratar as partes equitativamente Rousseau não admite a
(princípio da equidade ou justiça representação política (não seria
retributiva → 11ª lei) defende o salvo- possível expressar a vontade geral
conduto; fala que ninguém pode ser quando há associações de pessoas
árbitro em causa própria; fala que o que homogenizam as expressões
árbitro não pode julgar em benefício individuais).
de uma das partes.