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U R O L O G I A D E C O N S U LT Ó R I O
DAVID JACQUES COHEN
Balanopostites
DAVID JACQUES COHEN
Titular da Sociedade Brasileira de Urologia | SP
Assistente do setor de Urologia do Hospital Brigadeiro | SP
A
balanite se caracteriza pela inflama- a infecçãoo fúngica é a mais prevalente re-
ção da glande. Quando acomete o pre- presentando até 35% dos casos 2. Neste
púcio simultaneamente (maioria dos capítulo abordaremos as balanopostites
casos) o quadro denomina-se balanopostite infecciosas apenas, pelo fato de repre-
(BP). Cerca de 11% dos atendimentos em sentarem a maior parte da prática clinica
clinicas especializadas são decorrentes de do urologista.
BP 1. A etiologia é dividida essencialmente
em 3 categorias: infecciosas; inflamatórias e Modo de transmissão e fatores de risco
pré neoplásicas.
A tabela 1 resume as principais etio- A principal via de transmissão das BP é
logias das BP. o contato sexual. No entanto, Alsterholm
HPV Eczema
Mycoplasma;Trichomonas
Diagnóstico
Tratamento
em casos refratários. Outros antifúngicos como ra clínica de exudado, eritema, edema, e pruri-
Itraconazol e Clotrimazol também podem ser do. Houve diferença estatística para o grupo da
utilizados e em geral se reservam aos casos água 3 sulfatos apenas com relação ao exudato,
refratários. O tratamento via oral exclusivo é no restante dos parâmetros não houve diferença
utilizado por apenas 5% dos médicos 2. O tra- entre os grupos.
tamento tópico é realizado por 35% dos médi- A recorrência ocorre em 13% dos casos, prin-
cos atendentes e deve ser realizado por 10-14 cipalmente em pacientes diabéticos. Além do
dias com aplicação de 12/12 horas. Os antifún- desconforto que traz ao paciente, BP de repeti-
gicos locais mais utilizados são: Cetoconazol e ção podem levar a alterações penianas crônicas
Clotrimazol. O uso concomitante de corticoides e irreversíveis. Desta forma, pacientes com mais
locais pode ser utilizados com o intuito de di- de 2-3 episódios de BP infecciosa e com exclu-
minuição do processo inflamatório, no entanto são de outras etiologias devem ser submetidos a
deve-se ter cautela, pois a diminuição da imu- postectomia. O tratamento cirúrgico leva a reso-
nidade local pode levar ao aparecimento de do- lução do quadro em quase 100% dos casos, pois
enças subclínicas não diagnosticadas, como por retira o prepúcio doente que perpetua o proces-
exemplo HPV. O tratamento tópico exclusivo so inflamatório/infeccioso. Outra indicação de
é reservados para aqueles pacientes com qua- postectomia é a presença de alterações penia-
dro clinico leve, sem comorbidades associadas nas crônicas, como por exemplo fimoses severas
e que apresentam a infecção pela primeira vez. que impeçam exposição da glande.
Pacientes com quadros clínicos de moderados Na persistência do quadro clinico após tra-
a intenso, portadores de diabetes mellitus ou tamento adequado é mandatório a coleta de
com história de recorrência devem ser tratados material (quando disponível) de secreção glan-
com a terapia combinada. Sem dúvida o trata- dar para exame micológico e bacteriológico.
mento combinado é o mais utilizado pela maio- Bactérias anaeróbias e menos frequentes como
ria dos médico (60%). O uso de permanganato Chlamydia tracomatis, Trichomonas vaginalis e
de potássio e água oxigenada não tem respaldo Gardnerella vaginalis devem ser pesquisadas.
científico, mas é utilizado por alguns médicos Outras causas de persistência do quadro clini-
na prática clinica. Recentemente Gonzalvo 7 et co são: HPV de apresentação atípica que deve
al. publicaram um estudo randomizado prospec- ser pesquisada com exames moleculares e sifi-
tivo com 50 pacientes portadores de BP, no qual lis (balanopostite de Follman) que ode ser con-
20 pacientes foram submetidos a tratamento firmada através dos exams sorológicos. O mais
com solução salina e 30 pacientes foram trata- importante na persistência do quadro clinico e
dos com uma solução denominada de “água de na dúvida diagnostica é a de sempre realizar
3 sulfatos” (sulfato de zinco, cobre e potássio de a biópsia para excluir uma eventual lesão pré
alumínio). Após o término do tratamento os dois maligna. A Figura-04 sugere um algoritmo para
grupos foram comparados com relação á melho- abordagem das balanopostites infecciosas.
Recorrência (2X);
1 episódio; QC leve; DM + ; QC
DM - Persistência moderado/severo
Quadro Clínico Recorrência (> 2X);
Balanopostite Crônica
Tto. Combinado
REFERÊNCIAS
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3. Alsterholm M et al. Frequency of bacteria, candida and malassezia ment of balanitis. Sex Transm Infect 1999;75 (Suppl. 1):S85–S88.
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