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A escolha da pesquisa qualitativa e da Psicanálise como abordagem tem os seguintes

pressupostos:

Interesse em ter acesso a experiências, interações e documentos em seu contexto natural, e


de uma forma que dê espaço às suas particularidades e aos materiais nos quais são estudados.

O fenómeno em estudo será marcado pela conceituação teórica do pesquisador na forma


como pode ser percebida. Essa conceituação influencia o planejamento dos métodos e a forma
como são usados, bem como a interpretação dos dados (observações, respostas, etc.) e os
resultados.

Critérios para a qualidade na pesquisa qualitativa:

Confiabilidade, validade e objetividade.

Confiabilidade- a repetição idêntica de uma entrevista narrativa repetidas será avaliada


através do discurso que foi construído do que a confiabilidade do que foi contado (repetição).

Ou seja, a confiabilidade dos dados vai em direção a uma concepção mais procedimental. Elas
visam tornar à produção dos dados mais transparentes, de que forma que se possa verificar o
que ainda é uma declaração do entrevistado e o que já é uma interpretação do pesquisador.
Isso inclui diretrizes exatas e coerentes, como entrevistas transcritas de forma literal e com
ética, em distinção das notas de campo, resumo e ou paráfrases do pesquisador.

Validade- Entendemos a validação como a construção social do conhecimento, pela qual irá
ser avaliado a veracidade das informações, observações, interpretações e generalizações
relatadas. A validade interna da pesquisa por meio de um controle amplo das condições do
estudo. Para esse propósito, as situações de análise e coletas de dados serão padronizadas o
máximo possível. Desta forma, a validação é vista da perspectiva do processo de pesquisa
como um todo e dos fatores que estão envolvidos.

Objetividade- A objetividade nas entrevistas será mantida sob quatro aspectos: ausência de
viés, consenso intersubjetivo, adequação ao objeto e capacidade do objeto de contestar.

Amostragem- a amostragem teórica significa buscar dados pertinentes para desenvolver a


teoria que emerge. O principal objetivo da amostragem é elaborar e refinar as categorias que
constituem sua teoria. Ela se faz amostrando para desenvolver as propriedades de suas
categorias até que não surjam mais propriedades novas.

 A definição da amostragem terá como objetivo não cair nas seguintes armadilhas:
 A criação ou definição prematura de categorias analíticas;
 Categorias banais ou redundantes;
 Confiança excessiva em declarações explícitas para elaborar ou verificar categorias;
 Categorias sem foco ou não específicas.
HIPÓTESE

Se abster em estabelecer um conceito bem definido daquilo que se estuda e de formular


hipóteses no início para depois testá-las. Em vez disso, as hipóteses, se forem serão
desenvolvidos e refinados no processo de pesquisa. Na pesquisa qualitativa, a hipótese é mais
uma hipótese de trabalho, ou um modelo padrão e assim por diante, em termos de seu ajuste
ao material empírico e o quanto ela cobre a amplitude do material.

Hipóteses desviante- Durante o processo poderão surgir divergências de padrão que não se
aplique ou não cubra todo o material coletado: Será avaliado através da indução analítica. A
indução analítica é um método de interpretação sistemática de eventos, que inclui o processo
de geração de hipóteses, bem como sua testagem. Seu instrumento decisivo é analisar a
exceção, o caso que é desviante da hipótese. Ela impede que o pesquisador use categorias e
sistemas categóricos de forma demasiada ampla e descuide ou ignore as diversidades contidas
no material.

Etapas da indução analítica:

1. Formula-se uma definição bruta do fenómeno a ser explicado.

2. Formula-se uma explicação hipotética do fenómeno.

3. Estuda-se um caso à luz da hipótese com o objetivo de determinar se ela corresponde aos
fatos daquele caso.

4. Se não corresponder aos fatos, a hipótese é reformulada ou o fenómeno a ser explicado é


redefinido, de forma que esse caso seja excluído.

5. Pode-se obter certeza prática depois de estudar um pequeno número de casos, mas a
descoberta por parte do investigador em questão, ou qualquer outro, de um único caso
negativo, refuta a explicação e requer uma reformulação.

Esse procedimento de examinar casos, redefinir o fenômeno e reformular a hipótese é


continuado até que se estabeleça uma relação universal, com cada caso negativo demandando
uma redefinição ou uma reformulação.

MÉTODO

Entende-se que o método e a teoria devem ser adequados àquilo que se estuda. Se os
métodos existentes não se ajustam a uma determinada questão ou a um campo concreto, eles
serão adaptados ou novos métodos e novas abordagens serão desenvolvidos.

Para a definição do método de pesquisa serão avaliados os seguintes pontos:

 A natureza do problema de pesquisa e sua relevância para um determinado método


devem ser avaliadas;
 Como os métodos são adaptados a problemas especiais em questão, seus pontos
fortes e fracos relativos devem ser avaliados;
 Também se deve lembrar que cada método tem pontos fortes e fracos únicos;
 Os métodos devem ser selecionados prestando-se atenção à relevância teórica.
 Os pesquisadores devem ser flexíveis na avaliação de seus métodos;
 Cada ação em campo oferece novas definições, sugere novas estratégias e leva a
modificação contínua de planejamentos de pesquisa iniciais e
 Nenhuma investigação deve ser considerada de forma estática.

Entendemos que os pesquisadores, em si, são uma parte importante do processo de pesquisa,
seja em termos de sua própria presença pessoal na condição de pesquisadores, seja em
termos de suas experiências no campo e com a capacidade de reflexão que trazem ao todo,
como membros do campo que se está estudando.

A Psicanálise leva a sério o contexto e os casos para entender uma questão em estudo, ou seja,
o caso (sua história e complexidade) é importante para entender o que está sendo estudado.

Uma parte importante da pesquisa qualitativa está baseada na teoria psicanalítica e seus
conceitos, na análise do discurso, entrevista e na transcrição, desde notas de campo. O
objetivo final será analisar as descrições e interpretações, e, finalmente, à interpretação dos
resultados e da pesquisa como um todo. Sendo assim, as questões relativas à transformação
de situações sociais complexas (ou outros materiais como imagens) em textos, ou seja, de
transcrever e escrever em geral, preocupações centrais da pesquisa.

Abordagens metodológicas: Entrevistas e análise do discurso

Análise do discurso

1) entendimento do sentido subjetivo do significado: a concentração no ponto de vista e nas


experiências do respondente e na "máxima de fazer justiça aos respondentes em todas as
fases do processo de pesquisa no maior nível possível" são características.

2) à descrição da ação social e dos meios sociais: documentar e descrever diferentes mundos
da vida, meios e, às vezes, descobrir suas regras e símbolos distintos", que se realizam, por
exemplo, por meio de análise de conversação.

3) à reconstrução de estrutura em profundidade que gere significados e ações: a percepção


subjetiva, as intenções e os sentidos, como fenómenos superficiais, são diferenciados das
estruturas em profundidade como um nível próprio de realidade que gera ações. Essa
diferenciação se realiza metodologicamente, na maior parte, com o uso de métodos
hermenêuticos

Conhecimento narrativo-episódico e semântico conceitual:

O primeiro é mais orientado a situações seu contexto e seu progresso, ao passo que o segundo
conhecimento é mais abstraio, generalizado e descontextualizado de situações e eventos
específicos e orientado a conceitos, definições e relações. Pode ser acessado mais facilmente
em narrativas, e o segundo, mais facilmente com declarações (argumentativas).

As narrativas são mais sensíveis ao contexto no qual as experiências acontecem do que outros
modelos mais semânticos de conhecimento. Contudo, o conhecimento que abstrai mais desses
contextos é desenvolvido a partir de uma grande quantidade de experiências semelhantes e
generalizáveis - por exemplo, como conhecimento de conceitos e regras. Isso se aplica ainda
mais a narrativas, que estão centradas no particular, sendo que o conhecimento semântico
representa o conhecimento normal, baseado em regras e generalizado em uma grande
quantidade de situações e experiências. Isso, mais uma vez, é concretizado de forma episódica
e concretizado na forma de conhecimento narrativo: as regras e as máximas enunciam
generalizações significativas sobre a experiência, mas as histórias ilustram e explicam o que
esses resumos querem dizer.

O sentido narrativo é um processo cognitivo que organiza a experiência humana em episódios


temporalmente dotados de sentidos. A análise do conhecimento se refere a situações e
episódios que torna particularmente relevante na pesquisa qualitativa.

ENTREVISTA

Entrevista semi-estrurada- utilização de um roteiro previamente elaborado. A entrevista semi-


estruturada tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e
hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os questionamentos dariam frutos a novas
hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo
investigador-entrevistador. A entrevista semi-estruturada favorece não só a descrição dos
fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade além de
manter a presença consciente e atuante do pesquisador no processo de coleta de informações

Entrevista episódica- método que combina perguntas e narrativas para tratar uma questão
específica, ou seja, entender o fenômeno estudado. Os diferentes tipos de perguntas visam a
diferentes tipos de dados (narrativas, argumentações, explicação de conceitos, por exemplo).

Tipo de dados:

 Narrativos- de situações em diferentes níveis de concretude;


 Repisódios- como situações que ocorrem regularmente, não mais com base em
referência local e temporal;
 Exemplos- que são abstraídos de situações concretas, e metáforas também cobrindo
clichês e estereótipos;
 Definições subjetivas- pelas quais se pergunta explicitamente
 Declarações argumentativa-teóricas- explicação de conceitos e suas relações (por
exemplo, pedir para o entrevistado explicar o que sabe a respeito do fenômeno).

A entrevista episódica produz diferentes tipos de dados, que estão situados em diferentes
níveis de concretude em relação ao entrevistado. Ela visa as representações e, assim, a uma
mistura de pensamento e conhecimento individuais e sociais. Na entrevista episódica, alternar
entre narrativas e situações que os próprios entrevistados vivenciaram e exemplos e
ilustrações mais gerais, se resultam de um estimulo narrativo, não é considerado como uma
perda de autenticidade ou validade (como em outras formas de entrevistas narrativas). Na
verdade, isso complementa a variedade dos tipos de dados que compõem as representações
sociais.

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