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Organizadores
Renato Ramos Campos
Fabio Stallivieri
Marco Antônio Vargas
Marcelo Matos
ISBN 978-85-7650-281-4
Imagem de capa
enot-poloskun
P829
Políticas estaduais para arranjos produtivos locais no Sul, Sudeste
e Centro-Oeste do Brasil/organizadores Renato Campos... [et al.]. - Rio
de Janeiro: E-papers, 2010.
380p.: il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7650-281-4
1. Política econômica - Brasil. 2. Política Pública. 3. Economia regional.
4. Desenvolvimento econômico. I. Campos, Renato.
Lista de gráficos
318 MS: classificação dos APLs identificados pelo NE-APLs/MS para apoio de
políticas públicas
323 MS: classificação dos APLs identificados pelo Banco do Brasil para apoio de
políticas públicas
Lista de mapas
199 MG: NGAPL–MG
248 RJ: Mapa das concentrações econômicas do Estado do Rio de Janeiro
250 RJ: arranjos produtivos locais prioritários identificados pela
Superintendência de APLs – Sedeis
272 ES: distribuição dos arranjos produtivos locais no Espírito Santo e localização
das empresas oriundas dos Grandes Projetos
295 MS: Mato Grosso do Sul na transição dos eixos Oeste e Sudoeste dos Enids
320 MS: APLs identificados e apoiados pelo Núcleo Estadual
324 MS: estratégias de DRS em Mato Grosso do Sul
Lista de quadros
66 RS: arranjos produtivos locais identificados e apoiados no Rio Grande do Sul
72 RS: convênios Sedai por foco de ação e por APL
92 SC: entidades que realizam atividades de apoio a APLs no Estado de Santa
Catarina
105 SC: APLs apoiados por políticas no Estado de Santa Catarina
123 PR: APLs selecionados segundo o tipo de aglomeração
126 PR: programas de apoio aos APLs no Paraná, coordenados pela Secretaria de
Planejamento
129 PR: foco estratégico do Sebrae, segundo os APLs apoiados
131 PR: principais ações desenvolvidas pela Fiep
171 SP: programas e ações selecionados pela SD em 2008 no Estado de São
Paulo
174 SP: Histórico de ações principais de apoio a APLs Paulistas – Fiesp, Sebrae-SP
e SD (e alguns marcos da atuação do governo federal)
179 SP: Histórico de metodologias para APLs – Sebrae-SP, Fiesp e SD (para
identificação, seleção e atuação)
199 MG: caracterização dos principais grupos de APLs apoiados pelo NGAPL em
Minas Gerais quanto ao porte das empresas, mercados predominantes e
foco de políticas
236 RJ: dimensões das políticas de apoio a APLs segundo o estágio de
consolidação dos mesmos
249 RJ: arranjos produtivos locais prioritários identificados pela
Superintendência de APLs – Sedeis
250 RJ: lista de projetos apoiados pelo Sebrae-RJ integrados à metodologia de
Gestão Estratégica Orientada para Resultados – Geor
252 RJ: APLs objeto de políticas de apoio no Estado do Rio e Janeiro mapeados
pelo MDIC
279 ES: institucionalidade para a cafeicultura no Espírito Santo – principais
elementos constitutivos
300 MS: integrantes do Núcleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos
Arranjos Produtivos Locais de Mato Grosso do Sul definidos em 2007
301 MS: primeira lista de APLs de MS do governo estadual, 2006
302 MS: APLs identificados em planilhas de seleção e levantamento de
ministérios
304 MS: lista de APLs elaborada pelo NE–APLs/MS em 2007
306 MS: nível de impacto dos APLs no processo de inclusão social
307 MS: lista de APLs apoiados pelo NE–APLs/MS
311 MS: APLs coordenados e apoiados pelo Sebrae-MS entre 2003 e 2009
316 MS: APLs identificados e apoiados por políticas públicas
321 MS: projetos da estratégia DRS do Banco do Brasil em Mato Grosso do Sul
326 MS: APLs identificados e sem apoio de políticas públicas
346 GO: APLs apoiados pelo Sebrae–Go, 2010
350 GO: APLs apoiados em Goiás, 2009
Lista de tabelas
44 Arranjos produtivos locais apoiados por estado (2009)
45 Distribuição dos arranjos produtivos locais por estado e por atividade
econômica
69 RS: orçado e realizado na rubrica de Apoio ao Fomento Industrial
71 RS: orçado e realizado na rubrica de Apoio aos APLs
121 PR: número de casos identificados pelos filtros segundo classes CNAE
122 PR: número de empregos formais de estabelecimentos, valor adicionado e
faturamento da indústria segundo tipo de aglomeração – Paraná, 2003
162 SP: Valor Adicionado Fiscal (VAF) por Região Administrativa – 2006
164 SP: entradas e saídas interestaduais e com o exterior por origem e destino
das grandes regiões – 2006
165 SP: origem das entradas (compras) setoriais segundo intensidade dos fatores
de produção – 2006
165 SP: destino das saídas (vendas) setoriais segundo intensidade dos fatores de
produção – 2006
166 SP: comércio interestadual – entradas, saídas e saldos setoriais segundo
intensidade dos fatores de produção – 2006
167 SP: comércio exterior – entradas, saídas e saldos setoriais segundo
intensidade dos fatores de produção – 2006
218 RJ: emprego e produção por divisão de atividade CNAE, Rio de Janeiro, 2008
263 ES: APLS apoiados por políticas públicas no Espírito Santo e entidades
mapeadoras
273 ES: valor das entradas (compras) dos APLs, segundo os dados da Sefaz–ES
para o ano de 2006
273 ES: composição selecionada de empregos formais no Espírito Santo
275 ES: distribuição do VTI do Brasil (1996–2005) (%)
275 ES: participação relativa no VTI do Espírito Santo (1960–2005) (%)
276 ES: relações de cooperação das empresas que inovaram (2003–2005)
Siglas e abreviaturas
21 Prefácio
Luciano Coutinho
27 Preâmbulo
José E. Cassiolato
31 Apresentação
João Carlos Ferraz, Ernani Teixeira Torres Filho, Leandro Coutinho,
Sérgio Waddington e Martha Pacheco Scherer
371 Os autores
Prefácio
Prefácio 21
saúde, cultura e, também, de responder aos desafios decorrentes
das aspirações dos novos estratos ascendentes do mercado de tra-
balho brasileiro. Isso de forma consistente com a valorização das
nossas riquezas naturais e culturais e de modo sustentável social
e ambientalmente.
Ante esses desafios, alguns elementos se colocam como cru-
ciais. Saliente-se, em particular, a necessidade de intensificação
de processos de inovação nas organizações e de uma distribuição
mais equânime das oportunidades de desenvolvimento produtivo
e inovativo entre as regiões do país.
A exploração de alternativas inovadoras de políticas para o
desenvolvimento marca o início deste milênio. Pensar novas for-
mas de promover as potencialidades brasileiras em toda a sua
dimensão e diversidade mostra-se, assim, mais do que nunca es-
tratégico. As novas políticas de desenvolvimento apontam para
a superação da dicotomia entre políticas bottom-up e top-down e
crescentemente adotam visões multiescalares e mobilizadoras de
protagonismos locais. A implementação dessas políticas requer o
tratamento transetorial e sistêmico das atividades produtivas e
inovativas e sua conexão com os territórios oferece oportunidade
valiosa para ampliar e sustentar o desenvolvimento. A mobiliza-
ção de arranjos produtivos de todos os tamanhos e tipos é o cami-
nho natural para alcançar esse objetivo, assim como uma melhor
distribuição regional das atividades econômicas e a mitigação de
outras desigualdades.
Um dos principais objetivos da nova atuação estratégica do
BNDES é contribuir para o desenvolvimento regional sustentável
integrado e de longo prazo. Para tal, visa-se mobilizar processos
de planejamento, aprendizado, criação e uso de conhecimentos,
capacitações produtivas e inovativas e irradiação de sinergias po-
sitivas para os ambientes local e regional. Para orientar essa nova
política, o BNDES estabeleceu dois vetores principais de ação.
O primeiro vetor visa o apoio ao desenvolvimento integrado
do entorno de empreendimentos estruturantes, para não só dimi-
nuir os impactos negativos comumente gerados por vultosos in-
vestimentos, mas também, e principalmente, ampliar e enraizar o
impulso dado ao desenvolvimento. Objetiva-se estimular o aden-
samento do arranjo produtivo e inovativo no entorno do empre-
22 Prefácio
endimento apoiado, assim como os demais arranjos produtivos e
inovativos locais (APLs) existentes e potenciais, a agregação de
valor aos bens e serviços produzidos localmente e o comprometi-
mento das empresas e demais atores com o desenvolvimento in-
tegrado local. A priorização do desenvolvimento do entorno visa
abranger os vários projetos que estão sendo desenvolvidos em
infraestrutura, energia, logística, insumos básicos siderúrgicos,
não ferrosos, celulose e petroquímica, incluindo os grandes inves-
timentos no âmbito do PAC e, com especial ênfase, aqueles das
regiões Nordeste e Norte. Há ingredientes indispensáveis a essa
nova forma de atuação: uma agenda de desenvolvimento territorial
que apresente de forma coordenada as demandas definidas por
uma institucionalidade local representativa e que explicite as ativi-
dades a serem financiadas por um mecanismo financeiro participa-
tivo, que pode ser, por exemplo, um fundo de desenvolvimento.
O segundo vetor de atuação busca a celebração de parcerias
operacionais de modo a influir efetivamente para a atenuação
dos desequilíbrios inter e intrarregionais e a desconcentração
do desenvolvimento no território, enfatizando as macro, meso e
microrregiões menos desenvolvidas do país. De acordo com essa
orientação, o BNDES está reforçando parcerias com o governo
federal, mediante incremento de suas relações com ministérios e
agências, e com estados e municípios, apoiando o fortalecimento
de seus sistemas de planejamento e braços executores. A parce-
ria com estados foi consubstanciada em uma linha de financia-
mento criada no final de 2009, visando estimular a formulação
de modelos alternativos de política capazes de aproveitar poten-
cialidades e abranger atores (especialmente aqueles de peque-
no porte), atividades e regiões em projetos de desenvolvimento
integrado de longo prazo. A linha prevê o apoio à produção e
inovação em APLs, de forma integrada com o financiamento ao
planejamento territorial e socioambiental: infraestrutura urbana,
saneamento, logística, saúde, educação, cultura e fortalecimento
institucional. Objetiva-se intensificar a ação nos estados e nas áre-
as menos apoiadas pelo BNDES, buscando reduzir desigualdades.
Destaca-se também a parceria com os estados para o apoio a APLs
de baixa renda, com o lançamento de editais para apresentação
de propostas, cuja seleção é realizada por comitês formados pelo
Prefácio 23
estado e envolvendo outros representantes para conferir maior
amplitude de interesses e sustentabilidade. A iniciativa conta com
recursos não reembolsáveis do BNDES e dos estados que solicitam
o apoio.
Espera-se ainda que a parceria com bancos e agências de fo-
mento viabilize uma ampliação do alcance e atuação do BNDES
junto às regiões mais distantes e menos desenvolvidas, utilizando
recursos reembolsáveis. Uma das diretrizes principais de nosso
planejamento estratégico é o apoio a APLs com crédito. Isso re-
quer um avanço na construção de políticas mais adaptadas às vo-
cações de tais regiões e uma maior articulação com os diferentes
atores, atuando nos diferentes estados e territórios.
Com base nas vantagens dessa abordagem, o apoio do BNDES
deve se orientar fundamentalmente para a promoção do poten-
cial de competitividade e sustentabilidade dos arranjos e sistemas
de produção e inovação do país. Fortalecer a capacidade pública
e privada de planejamento de longo prazo para a identificação
de possibilidades de expansão dos arranjos existentes, e de pros-
pecção de potenciais, mostra-se vital para o estabelecimento de
um novo paradigma social, produtivo, inovativo e ambiental. Para
isso, se reconhece a necessidade de investimento vigoroso e conti-
nuado em educação e conhecimento.
Há, certamente, desafios a enfrentar se queremos, de fato,
implementar uma política nacional de apoio a APLs: o financia-
mento a pequenos e micro empreendedores, as possibilidades de
apoiá-los de forma coletiva e sistêmica e de induzi-los a interagir,
visando potencializar a geração e incorporação de novos conhe-
cimentos, inovações e práticas avançadas de gestão e produção
de bens e serviços de alta qualidade e valor agregado. Questões
como essas estão no cerne das discussões sobre a nova geração
de políticas para APL e se consubstanciam em incentivo para am-
pliarmos nossa capacidade de aproveitar o aprendizado que nos
trazem as lições de políticas e exemplos de sucesso para poder ir
além.
Objetivando ampliar o processo de avaliação e reflexão sobre
as possibilidades de refinamento das políticas para APLs adota-
das no Brasil, o BNDES encomendou o projeto de pesquisa Ma-
peamento e Análise das Políticas para Arranjos Produtivos Locais
24 Prefácio
no Brasil. O projeto, contratado no primeiro semestre de 2009,
foi coordenado por pesquisadores integrantes da RedeSist em 22
estados da Federação. Os resultados e recomendações dessa aná-
lise inspiram o aprimoramento das políticas implementadas pelo
BNDES. Tais resultados são de imensa importância para subsi-
diar a necessária reflexão ampliada sobre as oportunidades de
desenvolvimento mais inclusivo, igual e solidário para o país, que
envolva os demais parceiros que pensam, gerem e apoiam o de-
senvolvimento produtivo e inovativo brasileiro.
É com enorme satisfação que o BNDES disponibiliza tais re-
sultados neste livro e convida todos aqueles interessados em po-
líticas públicas e privadas – não apenas nos órgãos e agências
de desenvolvimento, mas também nas instituições de ensino e
pesquisa e nas empresas e suas representações – a participarem
desse processo.
Luciano Coutinho
Presidente do BNDES
Prefácio 25
Preâmbulo
Preâmbulo 27
governamental em diferentes países. A maior parte delas, porém,
tem proposto políticas padronizadas, de aparente replicabilida-
de, partindo de uma visão equivocada de um mundo globalizado
sem grandes diferenciações. Aqui está o que talvez seja o maior
desafio para os formuladores de política, pois, como lembra Celso
Furtado (1998, p. 74), a “globalização está longe de conduzir à
adoção de políticas uniformes. (...) As disparidades entre econo-
mias não decorrem só de fatores econômicos, mas também de
diversidades nas matrizes culturais e das particularidades histó-
ricas (o que leva a uma especificidade da política)”. Ignorar os
processos históricos e sociais envolvidos e encaminhar ações de
política descontextualizadas sem dúvida leva à ineficácia da polí-
tica (LASTRES et al., 1999).
O Brasil é um dos pioneiros nessa temática. Um dos aspectos
mais importantes da experiência brasileira é que, já a partir do
final dos anos 1990, políticas centradas na consolidação e for-
talecimento de arranjos produtivos locais têm sido geradas nos
diferentes estados da federação. Uma das contribuições principais
deste livro é exatamente a de revelar e analisar essas experiências
para os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste através do olhar
de professores e pesquisadores da RedeSist que, por mais de uma
década, têm se dedicado a esta temática. Juntamente com o outro
livro que o acompanha e que se dedica aos estados do Norte e
Nordeste, constitui-se em documento chave para se compreender
como esse processo de definição e implementação de políticas
tem evoluído, quais são seus pontos positivos, que problemas são
encontrados e quais são os desafios para uma política eficaz vol-
tada ao desenvolvimento produtivo e inovativo que incorpore a
dimensão territorial no novo paradigma em transformação.
De fato, os diferentes capítulos apontam para uma série de
êxitos trazidos pela intensa discussão de um tipo de política que
não pode ser passível de padronização. Conforme demonstrado
pelos autores deste livro, avanços expressivos foram realizados,
tais como a inclusão definitiva dos arranjos e sistemas produtivos
e inovativos locais na agenda de políticas de desenvolvimento.
Os capítulos mostram que existem distintas institucionalida-
des e concepções de APLs utilizadas, o que levou à elaboração de
diferentes programas e ações variadas, com resultados diversos.
28 Preâmbulo
Um dos principais problemas encontrados refere-se exatamente
ao fato de que o conceito de APL foi maiormente entendido como
sinônimo de aglomeração setorial, o que restringiu a política a
uma dimensão muito reduzida, perdendo-se os benefícios da vi-
são sistêmica acima mencionada.
A experiência brasileira aponta, assim, para a necessidade de
se pensar em uma nova geração de políticas voltadas aos arranjos
e sistemas produtivos e inovativos locais. Essas devem se propor
a partir da leitura cuidadosa da experiência pioneira realizada
no Brasil, de seus êxitos e limitações e das qualificações à globa-
lização trazidas pela crise global em curso. A agenda dessa nova
geração de políticas deveria inicialmente se basear, de fato, no
pilar que já estava visível na última década do milênio anterior: a
inovação sistêmica, cumulativa e localizada.
Outros desafios também se apresentam para que se possa pen-
sar numa nova geração de políticas voltada a ASPILs. De fato, a
crise e seus desdobramentos apontam, entre outras coisas, para
o deslocamento do eixo dinâmico da economia global – tanto do
investimento como um todo, como do consumo – em direção a
países como China, Índia, Brasil, Rússia e África do Sul (BRICs)
e outros países em desenvolvimento, em especial os do Sudeste
asiático. Sinalizam também a potencial mudança de paradigma
tecnológico em direção a novos padrões de produção e consumo
menos dependentes de recursos não renováveis. Essas alterações
fazem com que novas necessidades de ciência, tecnologia e inova-
ção se apresentem para o Brasil no futuro próximo.
Assim, além de enfatizar o conhecimento e a inovação sistê-
mica, a política de APLs deveria partir da noção de que os siste-
mas produtivos e inovativos brasileiros encontram significativa
oportunidade, tendo em vista aproveitar as potencialidades dos
diferentes biomas e estimular processos inovativos para a produ-
ção de bens e serviços que se direcionem aos mercados internos
dos BRICs. Nesse sentido, as capacitações voltadas à utilização e
exploração da especificidade e conhecimento local e contextuali-
zado adquirem particular relevância. Deve-se lembrar que Índia,
China e África do Sul já têm programas de política especificamen-
te voltados à utilização desse tipo de conhecimentos e a promover
inovações neles baseados. Além da ênfase na inovação, a política
Preâmbulo 29
de desenvolvimento produtivo deve ser raciocinada de forma ter-
ritorial e sistêmica e utilizar as vantagens do Brasil para liderar
ou, pelo menos, assumir posição destacada no paradigma da sus-
tentabilidade que se descortina.
José E. Cassiolato
Coordenador da RedeSist
Bibliografia
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. (Eds.). Globalização e inovação
localizada: experiências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: Ibict/IEL,
1999.
FREEMAN, C.; PEREZ, C. Structural crises of adjustment, business cycles
and investment behaviour. In: DOSI, G. et al. (Eds.). Technical Change
and Economic Theory. Londres: Pinter, 1988.
FURTADO, C. O capitalismo global. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E.; LEMOS, C.; MALDONADO, J.;
VARGAS, M. A. Globalização e inovação localizada. In: CASSIOLATO, J.
E.; LASTRES, H. M. M. (Eds.) Globalização e inovação localizada: expe-
riências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: Ibict/IEL, 1999.
30 Preâmbulo
Apresentação
Apresentação 31
versitárias de pesquisa em 22 estados, em um grande e inédito
esforço de pesquisa, produzisse conhecimento sistemático e orga-
nizado sobre como têm sido implementadas políticas de APLs e
como se pode aprimorá-las.
Este livro pretende demonstrar que o uso da abordagem de
APLs na formulação de políticas ampliou e enriqueceu sobrema-
neira o leque de alternativas de políticas para o desenvolvimento
produtivo e inovativo no país, em especial o desenvolvimento com
foco no território, no espaço econômico e social. Essa abordagem
parte do reconhecimento de que uma empresa competitiva intera-
ge com outros agentes econômicos para os mais variados fins, em
especial para inovar. Se essa é a referência, a abordagem, desde
uma perspectiva normativa, destaca a necessidade de estimular
a cooperação de empresas com outras empresas, produtoras ou
fornecedoras de insumos, comercializadoras de bens e serviços,
e também com instituições de ensino e pesquisa, apoio, financia-
mento, além de cooperativas, associações e sindicatos.
Fundado na hipótese de que, para a empresa, a inovação é
fundamental para o processo competitivo, e do entendimento da
natureza cumulativa, localizada e sistêmica do conhecimento,
o referencial de APLs reconhece as diferentes características de
cada ator, sua capacidade de gerar e assimilar conhecimentos, de
articular-se com outros atores e fontes de inovação. Além disso,
parte-se da especificação e diferenciação entre distintos sistemas
de produção e inovação para entender os fatores determinantes
do desempenho competitivo das empresas, voltando-se, portanto,
para a investigação da força competitiva de diferentes conjuntos
de empresas e outros atores, suas articulações e dinâmicas, em
lugar do foco na empresa individual.
A abordagem com foco nas interações entre agentes é terre-
no fértil para um novo e mais adequado modo de se programar
políticas para o desenvolvimento produtivo e inovativo. Isso é
particularmente relevante no caso de um país com a dimensão e
diversidade do Brasil. A pesquisa executada mostrou que a ênfase
introduzida com a visão de APLs permitiu a implementação de
políticas, ao mesmo tempo, mais focalizadas, abrangentes e ade-
rentes a demandas pouco contempladas neste país continental,
32 Apresentação
as quais, por conseguinte, passaram a ter um reconhecimento e
visibilidade inéditos.
O livro aponta para outras oportunidades que se descortinam
ao mobilizar e desenvolver atores, laços e atividades locais que
podem contribuir para fortalecer e renovar políticas de promoção
do seu desenvolvimento. É importante louvar a ênfase em inova-
ção em empresas de menor porte e em atividades produtivas cuja
relevância econômica não era, então, percebida. Isso se deve ao
fato de que muitos dos casos estudados foram realizados em esta-
dos e regiões pouco considerados em pesquisas desse tipo.
O estudo ressalta também importantes avanços já obtidos com
políticas para arranjos produtivos e inovativos e identifica oportu-
nidades para a formulação de uma nova geração de políticas. Essa
contribuição é particularmente relevante em um momento de reno-
vação dos modelos de planejamento e de política no país. A disse-
minação do conhecimento produzido por esse estudo é importante
para alimentar e renovar o desenvolvimento de estratégias para o
país, com foco na interação entre agentes e com a demonstração da
importância do produtivo e da inovação para além dos espaços tradi-
cionalmente considerados e privilegiados por políticas públicas deste
país até o momento. Destaque-se, em particular, a oportunidade de
inserir novos conceitos e novas proposições no marco da elaboração
da segunda fase da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP)
pelo governo federal.
O BNDES tem por missão institucional promover o desenvol-
vimento econômico e social do país e, para isso, apoia programas,
projetos e empreendimentos em diversos setores da economia. No
contexto do seu Planejamento Corporativo 2009-2014, o Banco de-
limitou o escopo de sua atuação e definiu como missão promover o
desenvolvimento sustentável e competitivo da economia brasileira,
com geração de emprego e redução das desigualdades sociais e re-
gionais. Nesses termos, o BNDES se compromete com o desenvol-
vimento do país em uma concepção integrada, que inclui, de forma
explícita, as dimensões social, regional e ambiental.
Para que esses objetivos sejam alcançados de forma consis-
tente, mostra-se vital a constante avaliação da dinâmica social e
econômica contemporânea associada às várias atividades em que
o Banco está envolvido. Além de reafirmar seu compromisso his-
Apresentação 33
tórico com o fortalecimento dos sistemas produtivos e o desenvol-
vimento da infraestrutura, o Banco elegeu dois temas transversais
que devem constituir objeto de ações de fomento:
i) a inovação, através do apoio às atividades de P&D, engenharia
e outras competências empresariais associados ao fortaleci-
mento da competitividade; e
ii) o desenvolvimento local e regional, através de investimentos
integrados em diferentes escalas territoriais e diferentes insti-
tucionalidades, priorizando regiões menos desenvolvidas.
Nesse sentido, o BNDES gostaria de agradecer a todos os en-
volvidos na pesquisa pelo esforço realizado e pela contribuição ao
debate de como a instituição pode melhor atender aos desafios do
desenvolvimento brasileiro.
Leandro Coutinho
Chefe de Departamento da Área de Pesquisa
e Acompanhamento Econômico do BNDES
Sérgio Waddington
Gerente da Área de Pesquisa e
Acompanhamento Econômico do BNDES
34 Apresentação
Análise de políticas para arranjos
produtivos locais no Brasil:
uma introdução
Cristiane Garcez
Eduardo Kaplan
Walsey Magalhães
Cristina Lemos
Helena M. M. Lastres
Assessores do Presidente e membros da
Secretaria de Arranjos Produtivos, Inovativos e
Desenvolvimento Local e Regional do BNDES
2. Além desses produtos, foram elaboradas listagens dos arranjos produtivos lo-
cais nos estados, bem como realizados dois seminários para debate das questões
metodológicas.
3. Em termos de recorte temporal, os anos de 2008 e 2009 foram utilizados como
referência para as ações das instituições voltadas aos APLs nos estados. O recorte
temporal para o segundo grupo, dos não apoiados, refere-se ao período do início
do ano 2000 ao final do ano de 2008.
Introdução
O Estado do Rio Grande do Sul foi um dos pioneiros na definição
e execução de políticas de apoio para arranjos produtivos locais
no país; daí a relevância em analisar a sua trajetória e verificar
a possibilidade de novas diretrizes para qualificar a ação política
nessa área. A história da política de apoio a APLs no RS remonta
aos anos 1990, sendo inclusive anterior às ações realizadas no
âmbito federal. No ano de 1999, o Governo do Estado do Rio
Grande do Sul, por meio de sua Secretaria do Desenvolvimento e
dos Assuntos Internacionais (Sedai), criou o Programa de Apoio
aos Sistemas Locais de Produção e, com isso, iniciou e formalizou
a política voltada para APLs no estado.
O objetivo deste capítulo é a análise crítica das políticas de apoio
a APLs implementadas no RS, com vistas a contribuir com propo-
sições de novas diretrizes. Para alcançar tal objetivo, foi necessário
compreender inicialmente a trajetória da política para APLs e a es-
trutura institucional envolvida nesse processo. Para tanto, foram
utilizadas diversas fontes secundárias de pesquisa, que foram qua-
lificadas através de entrevistas nas instituições responsáveis pela
formulação e/ou implementação de iniciativas no RS.
Para apresentar os resultados obtidos, o artigo foi estruturado
em três seções, além desta introdução. Na primeira, apresenta-se
a trajetória das políticas de apoio a APLs, a estrutura institucio-
6. No ano de 2006, teve início o movimento intitulado Agenda 2020. Esse movi-
mento da sociedade gaúcha se propõe a discutir propostas concretas de soluções
para o desenvolvimento do estado. São mais de 100 entidades participantes, que
indicam seus representantes nos fóruns temáticos e também no Fórum de Gestão
da Agenda 2020. Dentre esses participantes, estão o Poder Público (estadual e mu-
nicipal), empresários, universidades, a sociedade gaúcha, trabalhadores, partidos
políticos e ONGs. Os vários fóruns temáticos instalados para discutir o cenário de-
sejado para 2020 tinham como meta inicial realizar o detalhamento de ações, in-
dicadores, metas e prazos para cada um dos 11 grandes temas propostos no mapa
estratégico da Agenda: infraestrutura, cidadania e responsabilidade social, meio
ambiente, gestão pública, saúde, ambiente institucional e regulatório, educação,
desenvolvimento regional e de mercado, inovação e tecnologia, disponibilidade
de recursos financeiros e desenvolvimento regional.
Orçado
(R$)
CP 197.363 590.000 673.985 70.000 900.000 100.000 2.531.348
Total 1.517.413 1.395.000 1.383.652 469.570 1.769.000 1.102.939 7.637.574
Figura 3 – RS: focos das ações viabilizadas pela Sedai por APL
Bibliografia
BATISTI, V. S. Políticas para aglomerados produtivos: uma análise do ar-
ranjo produtivo local de gemas e jóias do Estado do Rio Grande do Sul.
Dissertação de mestrado em Economia. São Leopoldo: Universidade do
Vale do Rio dos Sinos, Centro de Ciências Econômicas, 2009.
BRASIL. Presidência da República. Controladoria Geral da União. Por-
tal da Transparência. Convênios por Estado/Município. Disponível em:
http://www.portaltransparencia.gov.br. Acesso em: 5 nov. 2009.
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M.; SZAPIRO, M. Arranjos e sistemas
produtivos locais e proposições de políticas de desenvolvimento industrial e
Introdução
Este capítulo sintetiza as principais conclusões da pesquisa so-
bre as políticas de apoio aos APLs no Estado de Santa Catarina.
Ainda que não haja explicitamente estratégias de políticas para o
desenvolvimento de APLs, observou-se a existência de ações que
estão ampliando a experiência estadual e criando estímulos para
a formulação de tais políticas.
Em primeiro lugar, existem diferentes órgãos do governo es-
tadual e também representações no estado do governo federal,
além de órgãos não governamentais que atuam no apoio a arran-
jos produtivos locais. Junto com essas instituições, existe também
a Câmara de Arranjos Produtivos e Redes de Empresas, que é o
núcleo estadual do GTP-APL. Essa diversidade de entidades ca-
racteriza a presença de uma densa estrutura institucional para o
apoio a APLs.
Em segundo lugar, algumas ações desses órgãos podem ser
consideradas como intervenções explícitas de estímulo a APLs.
Além disso, existem também outras ações que não são explicita-
mente denominadas de apoio a APLs, mas que afetam agentes de
um mesmo setor articulados regionalmente. Portanto, junto com
11. Este artigo tem como base o Relatório final: síntese dos resultados, conclusões e
recomendações – Santa Catarina. Os autores agradecem a colaboração dos estagiá-
rios Franklin Rockenbach, Moisés Spilere e Thiago de Aguiar Netto.
93
94
Denominação Natureza Área de atividade Forma de participação no apoio a APL
Organização das Cooperativas do Representa todos os ramos
Privado/estadual Membro da Câmara de APL
Estado de Santa Catarina – Ocesc das atividades cooperativistas
Oferece ensino fundamental,
Sociedade Educacional de Santa
Privado/estadual médio, superior e pós- Membro da Câmara de APL
Catarina – Sociesc
graduação
Universidade Região de Joinville Instituição de ensino superior
Público/regional Membro da Câmara de APL
– Univille regional
Universidade do Estado de Santa Instituição de ensino superior
Pública/estadual Membro da Câmara de APL
Catarina – Udesc estadual
Serviço de Apoio às Micro e Peque- Instituição técnica de apoio ao
Membro da Câmara de APL; realiza programa específico de apoio à
nas Empresas de Santa Catarina Público/estadual desenvolvimento da atividade
APL – Arranjo Produtivo Local
– Sebrae/SC empresarial de pequeno porte
Universidade Federal de Santa Instituição de ensino superior
Público/federal Membro da Câmara de APL
Catarina federal
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo e GTP-APL.
105
Atividade
106
produtiva
Nº APL Municípios Organização responsável pelo apoio
principal
(CNAE*)
Videira, Água Doce, Arroio Trinta, Caçador, Campos Novos,
10 APL da apicultura da região de Videira 01.59-8 Capinzal, Florianópolis, Fraiburgo, Frei Rogério, Iomere, Sebrae-SC
Luzerna, Matos Costa, Rio Das Antas, Salto Veloso, Tangara
São Miguel do Oeste, Itapiranga, Dionísio Cerqueira, São
APL da apicultura da região do Extremo Jose do Cedro, Romelândia, Barra Bonita, São João do
11 01.59-8 Sebrae-SC
Oeste Oeste, Tunapolis, Anchieta, Flor do Sertão, Santa Terezinha
do Progresso
APL de malacocultura de Florianópolis Florianópolis, Baguaçu, Governador Celso Ramos, São
12 03.21-3 GTP-APL/Sebrae-SC, Epagri, Finep
(prioritário GTP/APL) Jose, Palhoça
13 APL de carcinicultura de Florianópolis 03.21-3 Florianópolis GTP-APL/Sebrae-SC
GTP-APL/Fapesc, Epagri, UFSC, Univali,
14 APL malacocultura de Itajaí / São José 03.21-3 Itajaí, São Jose
Famasc, Acaq
15 APL de aquicultura de Laguna 03.21-3 Laguna Sebrae-SC
Chapecó, Águas de Chapecó, Águas Frias, Anchieta,
Bandeirante, Barra Bonita, Bom Jesus do Oeste, Caibi,
Campo Ere, Caxambu do Sul, Cordilheira Alta, Coronel
Freitas, Coronel Martins, Cunha Pora, Cunhatai, Descanso,
Dionísio Cerqueira, Flor do Sertão, Formosa do Sul, Galvão,
Guaraciaba, Garuva do Sul, Guatambu, Ipora do Oeste,
Iraceminha, Irati, Itapiranga, Irati, Itapiranga, Jardinopolis,
APL de leite e derivados do Oeste Catari-
16 10.5 Jupia, Maravilha, Modelo, Nova Erechim, Nova Itaberaba, Sebrae-SC, GTP-APL/Instituto Saga
nense (prioritário GTP-APL)
Novo Horizonte, Palma Sola, Palmitos, Paraíso, Pinhalzinho,
Planalto Alegre, Princesa, Quilombo, Rio Negrinho, Rome-
lândia, Saltinho, Santa Helena, Santa Terezinha do Progres-
107
Atividade
108
produtiva
Nº APL Municípios Organização responsável pelo apoio
principal
(CNAE*)
Tubarao, Agrolândia, Agronômica, Apiuna, Atalanta, Auroroa,
Braço do Trombudo, Capivari de Baixo, Chapadão do
Lageado, Cocal do Sul, Criciúma, Dona Emma, Forquilhinha,
Ibirama, Içara, Imbuia, Ituporanga, Jose Boiteux, Laurentino,
APL de cerâmica vermelha Tubarão e Rio Lontras, Morro Da Fumaça, Petrolandia, Presidente Getulio, Sebrae-SC, Finep, GTP-APL/MME, Apex
26 23.4
do Sul (prioritário GTP/APL) Presidente Irineu, Rio do Oeste, Rio do Sul, Sangao, Treze BR, IEL, Sistema C e T e IEL
de Maio, Trombudo Central, Urussanga, Vidal Ramos, Vitor
Meirelles, Witmarsum, Tijucas, Angelina, Itajaí, Leoberto
Leal, Major Gercino, Nova Trento, Rio do Sul, São João
Batista
27 APL de cerâmica vermelha de Sombrio 23.4 Sombrio Sebrae-SC
28 APL de cerâmica vermelha de Camboriú 23.4 Camboriu GTP-APL/IEL-SC
Tijucas, São João Batista, Rio do Sul, Nova Trento, Major GTP-APL/Apex BR, Sistema C e T, Sebrae-
29 APL de cerâmica vermelha de Tijucas 23.4
Gercino, Leoberto Leal, Itajaí, Angelina SC
30 APL de cerâmica vermelha de Canelinha 23.4 Ipumirim GTP-APL, IEL, Sistema C e T
Joinville, Araquari, Balneário Barra do Sul, Corupá, Garuva,
31 APL eletrometalmecânico de Joinville 25.3 Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Massaranduba, São Sebrae-SC, GTP-APL/Sosiesc
Francisco do Sul, Schroeder
32 APL eletrometalmecânico de Joinville 2 26.5 Joinville Sebrae-SC, Finep
Joinville, Araquari, Balneário Barra do Sul, Corupá, Garuva,
APL da indústria de metalmecânica de Sebrae-SC, GTP-APL/MEC, Sistema C e T,
33 28.2 Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Massaranduba, São
Joinville (prioritário GTP/APL) Bradesco
Francisco do Sul
34 APL eletrometalmecânico de Joinville 33.12-1 Joinville Sebrae-SC
109
Atividade
110
produtiva
Nº APL Municípios Organização responsável pelo apoio
principal
(CNAE*)
APL de varejo de móveis do Extremo Chapecó, Xanxerê, Joaçaba, Pinhalzinho, São Miguel do
47 47.54-7 Sebrae-SC
Oeste Catarinense Oeste, Concórdia
APL de bares e restaurantes da Grande
48 56.1 Florianópolis, São Jose Sebrae-SC
Florianópolis
49 APL de software de Florianópolis 62.0 Florianópolis Sebrae-SC, Finep
APL de tecnologia da informação e
Florianópolis, Baguaçu, Blumenau, Gaspar, Itapoá, Joinville,
50 comunicação de Florianópolis/Joinville/ 62.0 GTP-APL/MI, IEL, CNI, Sociesc
Palhoça, Pomerode, Santo Amaro Da Imperatriz, São Jose
Blumenau (prioritário GTP/APL)
APL das empresas de base tecnológica Chapecó, Concórdia, Xanxerê, Maravilha, Joaçaba, Pinhalzi-
51 62.0 Sebrae-SC
do Oeste Catarinense nho, Xaxim, São Miguel do Oeste
Joaçaba, Fraiburgo, Pinheiro Preto, Piratuba, Treze Tilias,
52 APL Rota da Amizade 79.1 Sebrae-SC
Tangara, Videira
53 APL Rota dos Tropeiros 79.1 Lages Sebrae-SC
54 APL de turismo Costa Esmeralda 79.1 Itapema, Porto Belo, Bombinhas Sebrae-SC
55 APL de turismo da Grande Florianópolis 79.1 Florianópolis, São Jose, Baguaçu, Palhoça Sebrae-SC
Lages, São Joaquim, Urubici, Urupema, Bom Jardim Da
56 APL de turismo da Serra Catarinense 79.1 Sebrae-SC
Serra
Blumenau, Ascurra, Apiuma, Benedito Novo, Doutor Pedri-
57 APL de turismo no Vale do Itajaí 79.1 nho, Indaial, Pomerode, Rio Dos Cedros, Rodeio, Timbó, Sebrae-SC
Jaraguá do Sul
58 APL de turismo do Vale Europeu 79.1 Blumenau, Pomerode, Brusque Sebrae-SC
111
Bibliografia
CAMPOS, Renato Ramos (Coord.). Os arranjos produtivos locais no Esta-
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—. Secretaria de Estado do Planejamento. Masterplan. Santa Catarina,
2009. Disponível em: http://www.spg.sc.gov.br/masterplan.php. Acesso
em: 5 nov. 2009.
Introdução
As políticas públicas voltadas para os APLs no Estado do Para-
ná foram implementadas predominantemente por instituições já
existentes, segundo as demandas emanadas dessa nova forma de
organização industrial. A lógica conceitual e a dinâmica empre-
sarial que emergiram no seu interior foram decisivas para a for-
mação da Rede APL, a qual, embora aparentemente autônoma, é
composta por distintas instituições de acordo com suas áreas es-
pecíficas de atuação. Após a identificação dos APLs, o governo do
Paraná, através da Secretaria de Estado do Planejamento (SEPL),
em parceria com a Federação de Indústrias do Paraná (Fiep) e o
Sebrae-PR, coordenou, a partir de 2004, iniciativas para articular
todas as instituições relacionadas direta ou indiretamente com
a base industrial do estado, em particular aquelas atuantes nas
áreas de ensino e pesquisa.
Anteriormente, ações isoladas de algumas secretarias esta-
duais responderam a demandas do Governo Federal, nas quais
a preocupação central era o processo de inovação em aglome-
rados de empresas em um mesmo espaço territorial. A partir de
2003, a estrutura de planejamento do governo estadual passou
a incorporar o conceito de APL como um dos eixos orientadores
da política de desenvolvimento estadual, segundo uma agenda
13. Para mais detalhes sobre a montagem da matriz paranaense, ver a seção 2.4
da publicação Identificação, caracterização, construção de tipologia e apoio na for-
mulação de políticas para os arranjos produtivos locais (APLS) do Estado do Paraná:
etapa 1 – Identificação, mapeamento e construção da tipologia das aglomerações pro-
dutivas/Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, Secretaria
de Estado do Planejamento e Coordenação Geral. Curitiba: Ipardes, 2005. 44 p.
Disponível em http://www.redeapl.pr.gov.br.
Tabela 1 – PR: número de casos identificados pelos filtros segundo classes CNAE
Madeira e mobiliário 46
Têxtil e confecções 29
Produtos alimentares 14
Produtos cerâmicos e cal/calcário 12
Calçados e couros 7
Outras classes 57
TOTAL 165
Fonte: SEPL, Ipardes.
Fonte: SEPL.
Por sua vez, o papel do sistema Fiep, tido como o terceiro seg-
mento do tripé que sustenta a Rede APL, é definido por estratégias
globais e ações específicas, incluindo suas diferentes instituições,
como o Senai, o IEL e os sindicatos representativos em cada se-
tor de atividade. Embora mantenha uma sintonia com as políti-
cas governamentais do período de 2003 a 2006, as ações da Fiep
estiveram mais próximas do trabalho desempenhado pelo Sebrae
(Quadro 4).
Nessa perspectiva, a primeira linha de ação da Fiep concernen-
te à difusão do conceito de APL como uma forma de organização
industrial esteve voltada para a governança local. Orientados pela
necessidade de um ambiente cooperativo e de engajamento das
instituições locais, a preocupação maior era fortalecer a dimensão
local da indústria e elevar sua competitividade nos respectivos
mercados. Todavia, obstáculos emergiram em três frentes, influen-
ciando os resultados projetados. Primeiramente, a ausência de li-
derança no ambiente empresarial local limitou a capacidade orga-
nizativa no interior dos APLs em formação, e, consequentemente,
sua governança. Em segundo lugar, a cultura local, marcada, em
muitos casos, por um forte conservadorismo e individualismo dos
empresários, representou uma barreira às iniciativas da Fiep e dos
seus sindicatos locais. Finalmente, diante das perspectivas trazi-
das por essas organizações à luz de um novo conceito, a postura
do meio empresarial passou a ser pautada pela expectativa de be-
nefícios creditícios ou fiscais, num horizonte imediatista. Mesmo
assim, os integrantes da rede perderam a organicidade inicial, na
medida em que se orientaram por suas próprias estratégias, em
detrimento das potenciais demandas locais.
A segunda linha de ação da Fiep foi definida através do pla-
nejamento estratégico, em torno da qualificação de mão de obra,
Bibliografia
BARROS, S.Q.M.; KRETZER, J. Arranjos Produtivos Locais: um estudo
de caso do segmento de confecções de bonés de Apucarana – PR. In: Ar-
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camp, 1993.
Introdução
O presente capítulo analisa as políticas de apoio a arranjos pro-
dutivos locais (APLs) no Estado de São Paulo, procurando carac-
terizar os traços gerais da ação do governo do estado e sua arti-
culação com outras instituições, de forma a configurar a estrutura
dessa ação no território estadual e identificar os arranjos produti-
vos que são objeto dessas políticas, segundo o entendimento que
as instituições envolvidas fazem do que seja APL.
O texto está estruturado em seis seções, incluindo esta intro-
dução. A segunda seção apresenta a trajetória da política do Es-
tado de São Paulo para APLs, reconstituindo seus antecedentes
e desdobramentos a partir da atuação pioneira da Fiesp e do Se-
brae-SP e destacando a atuação progressivamente coordenadora
do governo estadual, por intermédio da Secretaria Estadual de
Desenvolvimento (SD). A terceira seção analisa o foco e os instru-
mentos da política estadual para APLs e apresenta sua estrutura
institucional, explicitando o papel das três instituições que fazem
parte da Rede Paulista de APLs. A quarta seção expõe as metodo-
logias de identificação de arranjos produtivos do Sebrae-SP e da
Fiesp, bem como analisa os critérios de seleção de arranjos prio-
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 139
ritários para a política estadual de apoio a APLs, evidenciando a
definição conceitual que os orientou. A quinta seção fornece uma
visão mais geral da ação do Sebrae-SP, permitindo contextualizar
seu programa de apoio especificamente voltado ao que a insti-
tuição entende por APL vis-à-vis sua atuação territorial por meio
de outros programas. No mesmo sentido, a sexta seção apresenta
uma análise similar com relação a iniciativas do governo esta-
dual, por meio de uma análise exploratória de outros programas
não explicitamente direcionados para APLs. Por último, há uma
seção contendo considerações finais.
140 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
1.1. Antecedentes: a atuação pioneira da Fiesp e do Sebrae-SP
Depois de um estudo exploratório no APL de calçados de Franca
e de um projeto piloto no APL de joias de São José do Rio Preto,
a Fiesp coordenou, no final de 2002 e início de 2003, um extenso
trabalho para identificar e mapear as aglomerações produtivas no
estado, visando selecionar quatro APLs para serem objeto do pro-
jeto Aumento da Competitividade das Micro e Pequenas Indús-
trias Localizadas em APLs do Estado de São Paulo, com recursos
da Fiesp e do Sebrae-SP.16
Selecionados os APLs de bijuterias/semijoias de Limeira, móveis
de Mirassol, confecções de Ibitinga e cerâmica de Vargem Grande
do Sul, as duas instituições começaram a prover alguns serviços
dirigidos ao fortalecimento desses APLs. Ao mesmo tempo, foram
desenvolvendo suas próprias metodologias e aplicando-as (no caso
do Sebrae-SP, a um universo maior de APLs). Com o aprendizado
obtido com a experiência da atuação direta nas localidades,17 aos
poucos essas metodologias foram se aproximando.
Um elemento comum dessas metodologias é a realização de uma
etapa inicial, que requer vários meses, abrangendo sensibilização/
mobilização de empresas e instituições locais e elaboração de diag-
nósticos e planos estratégicos para cada APL, antes da implemen-
tação de intervenções mais potentes para aumentar sua competi-
tividade, apoiadas nas seguintes ações e investimentos principais:
programas de capacitação em gestão empresarial; implantação de
centros de tecnologia setoriais; oficinas de design; programas de
apoio à exportação; implantação de telecentros etc.
Em 2004, teve início a segunda etapa do projeto Fiesp/Sebrae-
SP, abrangendo oito APLs: joias de São José do Rio Preto, móveis
de Mirassol, confecções de Ibitinga, cerâmica de Vargem Grande
do Sul, cerâmica de Tambaú, cerâmica de Itu, cerâmica de Tatuí
e plástico do Grande ABC.18 Considerando as duas etapas do pro-
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 141
jeto, nesse ano, Fiesp e Sebrae-SP acumulavam atuação conjunta
em nove APLs.
Ao mesmo tempo, o Sebrae-SP foi ampliando seu escopo de
atuação. No final de 2004, já atuava em 20 APLs focados na in-
dústria19 e acumulava experiência suficiente para identificar, na
maioria deles, problemas de governança, o que reforçava a neces-
sidade de aprimoramento metodológico e operacional, uma das
razões que motivou a atuação em parceria com a Fiesp.
Cabe apontar que o início da atuação do Sebrae em prol do
desenvolvimento local, na verdade, é anterior à própria dissemi-
nação do conceito de cluster ou arranjo produtivo local. Desde
meados de 2000, o Sebrae Nacional e suas unidades estaduais
criaram o Programa Sebrae de Desenvolvimento Local, em substi-
tuição ao Programa de Emprego e Renda – Proder.20 Tal mudan-
ça não foi apenas de denominação do programa, mas sim apoia-
da na constatação explicitada pela instituição de que “a geração
de emprego e renda está cada vez mais atrelada a processos de
maior amplitude que implicam o estabelecimento de parcerias
formais ou informais com o poder público, a sociedade civil e a
própria comunidade, que para ser diretamente atingida precisa
ser envolvida”.21
19. Além dos nove em atuação conjunta com a Fiesp, em 2004 o Sebrae-SP já atua-
va também em outros 11 APLs: calçados de Jaú, calçados de Birigui, calçados de
Franca, cerâmica de Porto Ferreira, confecções de Tabatinga, confecções de Novo
Horizonte, confecções de Cerquilho/Tietê, equipamentos médico-odontológicos de
Ribeirão Preto, móveis do ABC, móveis de Itatiba e têxtil e confecções de America-
na e região (segundo informações extraídas do site do Sebrae-SP, na ocasião).
20. No caso de São Paulo, o Proder iniciou-se em 1996 em quatro municípios
de baixo índice de desenvolvimento (Buri, Capão Bonito, Itapeva e Itararé). Foi
expandido em 1997/98 para 27 municípios, além de passar a incluir uma atua-
ção com recorte regional (ABC, Baixada Santista, Presidente Prudente e Entre
Serras e Águas). Em 1998/99, foi ampliado significativamente, abrangendo 107
municípios e avançando na experiência de elaborar diagnósticos e planos de ação.
Desde então, os escritórios regionais do Sebrae passaram a se empenhar na tarefa
de promover a articulação de empresas e instituições locais a fim de viabilizar
algumas das ações propostas nos planos de ação. Em 1999, cinco municípios de
baixo índice de desenvolvimento foram objeto de atenção: Apiaí, Capão Bonito,
Itaporanga, Ribeirão Branco e Sete Barras. No ano de 2000, o Sebrae-SP encerrou
os trabalhos de elaboração de diagnósticos municipais, que já totalizavam 215 es-
tudos, realizados por pesquisadores vinculados às universidades públicas paulistas
(USP, Unicamp e Unesp).
21. Segundo documento sobre o Programa de Desenvolvimento Local, extraído do
site do Sebrae-SP em 02/06/2004.
142 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Para completar o quadro, dois outros projetos devem ser con-
siderados nesse esforço de reconstituição de antecedentes de
apoios a arranjos produtivos paulistas.
Primeiro, concluído o projeto Fiesp/Sebrae-SP, a Fiesp, em con-
junto com o MDIC, realizou, ao longo de 2007, o projeto Apoio
Conjunto ao Incremento da Competitividade das Micro, Pequenas
e Médias Empresas Inseridas e Organizadas em Arranjos Produti-
vos Locais no Estado de São Paulo, abrangendo 10 APLs selecio-
nados: móveis de Mirassol, confecções de Ibitinga, cerâmica de
Vargem Grande do Sul, cerâmica de Tambaú, cerâmica de Itu, ce-
râmica de Tatuí, plásticos do Grande ABC (esses sete com atuação
anterior da Fiesp, em parceria com o Sebrae-SP), móveis de Vo-
tuporanga, calçados de Jaú e aeroespacial de São José dos Cam-
pos. O objetivo do projeto Fiesp/MDIC foi o de capacitar agentes
locais para o gerenciamento de APLs, bem como a elaboração do
Plano de Desenvolvimento de cada um dos 10 APLs, nos moldes
preconizados pelo Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos
Produtivos Locais – GTP-APL, comissão integrada por ministérios
e instituições não governamentais coordenada pelo MDIC.
Segundo, no APL aeroespacial de São José dos Campos, a Fiesp
desenvolveu também, em conjunto com a CNI e o Sebrae-NA, o
Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas In-
dústrias – Procompi,22 em 2007/2008, com o objetivo de capacitar
e qualificar cerca de 15 empresas fornecedoras do referido APL.
22. Além de Limeira, São José dos Campos também tem se revelado um caso
problemático. São experiências que as instituições apoiadoras consideram exigir
reflexões que permitam avançar na metodologia de atuação em APLs.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 143
O Plano Plurianual – PPA 2004-2007 do Estado de São Pau-
lo explicitou e o PPA 2008-201124 reforçou como prioridade o
23
144 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
2. Foco, instrumentos e institucionalidade da política estadual
A política estadual de apoio a APLs parte do pressuposto de que
diferentes “atores” locais – empresários individuais, sindicatos, as-
sociações, entidades de capacitação, de educação, de crédito, de
tecnologia, agências de desenvolvimento, entre outras – podem
mobilizar-se e, de forma coordenada, identificar suas demandas
coletivas por iniciativa própria ou por indução. Esse entendimen-
to reflete-se no papel central de articulação desempenhado pelas
três instituições que conduzem a política para APLs no estado,
bem como na sua forma de condução.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 145
recursos do tesouro (R$ 4,4 milhões) e recursos oriundos de ope-
ração de crédito com o BID (R$ 13,3 milhões). Em 2008, a Ação
5239 dispunha de R$ 5,1 milhões (integralmente na fonte de re-
cursos do tesouro).
Constata-se, assim, que o montante total de recursos destina-
dos ao apoio e fomento de APLs no estado aumentou expressiva-
mente, principalmente com os recursos do contrato de emprésti-
mo com o Banco Interamericano para execução do Programa de
Fortalecimento de APLs no Estado de São Paulo (BRL1016), para
atendimento de 15 APLs paulistas.
O problema é que a característica de heterogeneidade dos
APLs, em termos setoriais, de estágio de desenvolvimento, for-
ma e grau de articulação entre os agentes etc., impõe inúmeras
dificuldades operacionais, inclusive para execução do orçamento
do programa de apoio. Em 2008, do total de R$ 5,1 milhões de
recursos disponíveis para execução da Ação 5239, apenas R$ 838
mil foram executados (16% do total).
O Decreto 54.654, de 7 de agosto de 2009, que institui o Pro-
grama Estadual de Fomento aos APLs, visa contornar parte dos
entraves, ao possibilitar a celebração de convênios com municí-
pios, entidades representativas de classe, institutos de pesquisa
e desenvolvimento, instituições sem finalidade econômica de
interesse privado, de interesse correlato e entidades vinculadas,
objetivando a execução de projetos destinados ao incremento de
cadeias produtivas por meio de ações estruturantes.
Os objetivos do Programa Estadual de Desenvolvimento Local
são: a) incremento da produtividade e da qualidade de produtos
e processos com foco no processo produtivo que agregue inova-
ções tecnológicas, tornando-os competitivos nos mercados nacio-
nal e internacional (PPA 2008-2011); b) aumento da competiti-
vidade das empresas que fazem parte dos 15 APLs selecionados,
por meio do incremento da produtividade e eficácia coletiva e do
incremento da coordenação empresarial e institucional para ado-
ção de práticas competitivas nas empresas dos arranjos atendidos
(Projeto BID).
As iniciativas previstas concentram-se nas chamadas “ações
horizontais”, apoiadas principalmente na implantação de Centros
de Serviços voltados para a competitividade das cadeias produti-
146 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
vas atendidas (centros de capacitação/formação; laboratórios de
centros de suporte tecnológico; núcleos de inteligência; centros
de serviços integrados etc.).
O Programa de Desenvolvimento Local definido no PPA 2008-
2011 dá continuidade ao programa Desenvolvimento Sustentável
do PPA 2004-2007, mas com uma importante mudança de foco.
Anteriormente, o foco era o desenvolvimento de metodologias
para organização de APLs. Agora, está diretamente voltado para
o incremento da competitividade das MPMEs e de setores rele-
vantes da economia paulista, por meio do investimento direto em
infraestrutura, equipamentos, programas específicos de capacita-
ção e transferência de tecnologia para as MPMEs.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 147
por coordenar a elaboração de planos estratégicos dos APLs; é
o grande executor do processo e tem um papel de organizador
local.
Fiesp: responsável por apoiar a sensibilização, capacitação e
mobilização de empresários e entidades locais dos APLs; reali-
zar análise de panorama de mercado nacional e internacional
para os setores dos APLs; apoiar a elaboração dos planos es-
tratégicos e auxiliar nas definições de objetivos estratégicos,
demandas dos APLs e do plano de ação; facilitar avaliações
qualitativas com empresários e localidades, realizando um
papel de ombudsman do projeto, propiciando correções de
rumo e ações; sistematizar informações de forma a obter li-
ções aprendidas e best practices dos APLs. Tem papel central na
articulação com sindicatos de classe, além da disponibilização
dos serviços do Senai.
BID: apoio metodológico e financiamento de recursos.
Na prática, a política estadual para APLs, como um conjunto
de ações articuladas em torno de um programa com recursos re-
levantes, teve início efetivamente com a assinatura do Decreto
54.654, de 7 de agosto de 2009. De fato, após a concretização
da assinatura do convênio com o BID (em junho de 2008) e a
extensa negociação da lista de 15 APLs objetos do projeto (con-
cluída no início de 2009), restava a aprovação do decreto que
tramitava na Assembleia Legislativa paulista, de modo a instituir
o Programa Estadual de Fomento aos APLs e, principalmente, au-
torizar a celebração de convênios com municípios e certos tipos
de entidades, essencial para viabilizar a execução do orçamento
disponível, possibilitando investimentos em estrutura física nas
localidades dos APLs.
O primeiro ato nesse sentido foi a criação, em 14 de agos-
to de 2009, do Centro de Desenvolvimento e Inovação Aplicada
em Equipamentos Médico-Hospitalares e Odontológicos (Cedina)
em Ribeirão Preto, que será gerido pela Fundação Instituto Polo
Avançado de Saúde de Ribeirão Preto (Fipase), com representan-
tes da prefeitura, da Fiesp/Ciesp, da USP-Ribeirão Preto, da SD,
das empresas e dos trabalhadores. Os recursos para construir e
equipar o Cedina totalizam R$ 628 mil, sendo R$ 304,7 mil do
estado e o restante, contrapartida da Fipase.
148 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Contando com instrumento jurídico hábil para o investimento
em projetos de desenvolvimento de APLs, foi possível ao governo
estadual fomentar, ainda no ano de 2009, outros nove projetos
que, somados ao do Cedina, em Ribeirão Preto, totalizam R$ 3,15
milhões: Centro de Capacitação e Produção de Cooperativas de
Trabalho de Costura, em Americana; Centro de Formação de Mão
de Obra, em Cerquilho/Tietê; Núcleo de Inteligência para o Se-
tor Coureiro-Calçadista, em Jaú; Centro de Design e Manufatura,
em São José dos Campos; Núcleo de Design Estratégico, em Biri-
gui; Núcleo de Inteligência para o Setor Coureiro-Calçadista, em
Franca; Oficina Atelier de Cerâmica Artística, em Cunha; Espaço
Empresarial para Apoio ao Aglomerado Produtivo de Confecções,
em Votuporanga; e Centro de Formação e Prestação de Serviços
no APL, em Garça.
A implementação do Projeto BID, por sua vez, deu um pas-
so decisivo com a contratação pelo Sebrae-SP, em 17/08/2009,
da empresa de consultoria The Cluster Competitiveness Group
Consultoria Ltda. para realização de 15 Planos de Melhoria da
Competitividade (PMCs),29 no valor de R$ 7.045.720,00, para um
período de vigência contratual de 36 meses. Em fins de julho de
2010, a empresa Competitiveness apresentou, em seminário pro-
movido pelo Sebrae-SP,30 14 PMCs. O projeto não teve sucesso no
APL de têxtil e confecções de Americana e região.
29. A metodologia para elaboração dos PMCs utilizada pela empresa de consulto-
ria Competitiveness (de origem espanhola) baseia-se na análise dos APLs em 10
passos: “1 – mapeamento do cluster; 2 – segmentação estratégica; 3 – evolução
da atratividade do segmento (cinco forças competitivas, de Michael Porter); 4
– análise BPC avançada; 5 – opções de estratégias genéricas para o futuro; 6 –
análise KSF (fatores-chave de sucesso) para as opções mais inovadoras; 7 – cadeia
de valor ideal e diamante do cluster para opções escolhidas; 8 – benchmarking
nosso cluster com a referência/cluster ideal; 9 – opções estratégicas viáveis para
empresas do cluster; 10 – áreas de melhoria no nível da empresa e do cluster”
(SEBRAE-SP, 2009).
Segundo a própria empresa de consultoria, a metodologia de análise adotada tem
como base teórica os conceitos desenvolvidos por Michael Porter, da Universida-
de de Harvard, no seu livro A Vantagem Competitiva das Nações (1990) e em Ser
Competitivo (1998).
30. Seminário de Políticas Horizontais, realizado em 29/07/2010, no Sebrae-SP.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 149
Antes de concluir esta seção, cabe apontar que a participação
da Fiesp no Projeto BID dá continuidade à relevante atuação que
a instituição vem desempenhando, desde 2002, por meio do de-
senvolvimento de vários projetos (em parceria com o Sebrae-SP
e com o MDIC), tendo como foco o aumento da competitividade
de empresas e setores industriais, utilizando como instrumento a
abordagem de APL, tendo sido responsável pelo programa de de-
senvolvimento de 10 APLs em todo o Estado de São Paulo. Nessa
nova fase da atuação da Fiesp, registram-se as seguintes mudan-
ças principais: aumento do escopo do projeto e da quantidade de
APLs atendidos (15 APLs); atuação a partir da Rede Paulista de
APLs, sob a coordenação do Governo do Estado de São Paulo (via
SD); construção metodológica em conjunto com o BID.
Com relação ao Sebrae-SP, é importante destacar que, além
de coexecutor das ações nos 15 APLs selecionados para o Projeto
BID, a instituição tem uma atuação independente de reconhecida
relevância em várias outras localidades, conforme será detalhado
na seção 5.
150 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
pregadores do MTE, de março de 2002), por atividade industrial
a quatro dígitos da CNAE.
No mesmo ano, os resultados obtidos para o Estado de São
Paulo foram reunidos na publicação Atlas das Concentrações In-
dustriais do Estado de São Paulo. Esse mapeamento de estabele-
cimentos industriais do estado reúne 48 mapas (um para cada
atividade a 4 dígitos CNAE selecionada), assinalando cerca de
400 concentrações industriais (municípios com 50 ou mais esta-
belecimentos em cada atividade selecionada).
A Fiesp, por sua vez, entre o final de 2002 e o início de 2003,
tendo em vista selecionar quatro arranjos para aplicação do proje-
to Aumento da Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias
Localizadas em APLs do Estado de São Paulo (em parceria com o
Sebrae-SP), realizou um amplo mapeamento de todos os setores
industriais existentes em cada um dos 645 municípios do estado,
por número de estabelecimentos e de pessoal ocupado.
Esse primeiro levantamento resultou em mais de 15 mil regis-
tros de pontos de “aglomeração” industrial (interseções setores x
município). Foram, então, aplicados critérios de seleção e classi-
ficação, em conformidade com os objetivos do referido projeto,
como forma de estabelecer regiões prioritárias para o desenvolvi-
mento do programa. Basicamente, os critérios principais para ele-
gibilidade dos APLs foram: 1) nível de concentração industrial; 2)
setores intensivos em mão de obra; e 3) participação de MPEs.31
Um dos critérios utilizados para seleção/classificação dos po-
los industriais excluiu setores industriais de cidades cujo agrupa-
mento de empresas fosse inferior a 15. Esse critério deveu-se à
necessidade de haver, pelo menos, 15 empresas participantes no
grupo piloto para viabilizar a execução do projeto na localidade.
Do número inicial de mais de 15 mil concentrações, chegou-se a
533, reduzidas posteriormente a 212, com a exclusão da região
metropolitana de São Paulo e da cidade de Campinas, diante da
complexidade inerente às grandes cidades.32
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 151
A amostra resultante foi submetida ainda a outros critérios
de seleção que permitiram, por meio de uma escala de valores,
listar, por ordem de classificação, todos os 212 arranjos produ-
tivos encontrados. Para tanto, foram destacadas 10 variáveis
quantitativas consideradas importantes para o estudo.33 Rece-
beram maior peso arranjos produtivos com um grande número
de empresas de pequeno porte e aqueles com maior probabili-
dade de geração de emprego. Setores com maior crescimento de
mercado (nacional e internacional) receberam igualmente uma
pontuação maior.
Critérios qualitativos também foram utilizados. Assim, foram
excluídos agrupamentos empresariais com apoio34 ou que regis-
travam grau de desenvolvimento avançado (como os APLs de
calçados de Franca e têxtil de Americana). Nesses casos, a ex-
clusão deveu-se ao fato de o trabalho ter sido idealizado com o
objetivo de priorizar o fortalecimento, em um primeiro momen-
to, de concentrações em um estágio inicial de maturação, onde
a dinâmica de cooperação entre empresas, e destas com as enti-
dades de apoio específicas, ainda não estivesse completamente
estabelecida. Ademais, por serem de difícil tipificação, evitou-
se selecionar setores com classificação difusa, como produtos
de panificação, confeitaria, fabricação de produtos diversos de
plásticos e outros.
Essa metodologia, desenvolvida no âmbito do Projeto Fiesp/
Sebrae-SP, que envolveu muitas outras instituições (inclusive a
SD, por meio do IPT), serviu de referência para os projetos poste-
riores, inclusive o que constitui a base da atual política estadual
voltada para APLs, com as adequações devidas à mudança de foco
implementada.
152 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
3.2. Política estadual para APLs: critérios para seleção de 15 APLs
prioritários
A Rede Paulista de APLs (SD, Sebrae-SP e Fiesp), instância inte-
rinstitucional constituída em julho de 2007, dentre outras atribui-
ções, tem a função de selecionar os setores produtivos e as regiões
a serem apoiados por recursos do Estado, seguindo critérios quan-
titativos e qualitativos. Os principais são: I) concentração produ-
tiva, entendida como aglomeração territorial de empresas de um
mesmo setor ou cadeia produtiva; II) interesse e organização dos
empresários, cultura empresarial de participação e presença de
governança local.35
Esses dois critérios permitem classificar os APLs segundo seu
estágio de desenvolvimento (de acordo com a sua importância
para o desenvolvimento local e para o setor ou cadeia produti-
va ao qual pertencem) e a organização da chamada governança
local: I) APLs consolidados: importantes para o desenvolvimento
local ou para o setor em que estão inseridos, com governança
local consolidada; II) APLs em desenvolvimento: importantes para
o desenvolvimento local ou para o setor em que estão inseridos,
mas ainda sem governança consolidada; III) APLs embrionários:
concentrações de empresas com pouca representatividade para
o setor industrial, mas com potencial para o desenvolvimento da
economia local, sem governança consolidada.
Contam também na seleção as experiências acumuladas nos
projetos anteriores das três instituições no apoio a arranjos do
estado (fazendo uso das metodologias que foram sendo desenvol-
vidas). Foi assim que a SD, junto com seus coexecutores, Sebrae-
SP e Fiesp, chegaram aos 15 APLs considerados prioritários para
compor o Projeto BID. A relação desses arranjos é apresentada no
Anexo 1.
Dos 15 APLs selecionados para compor o Projeto BID, oito fi-
zeram parte de projetos anteriores da Fiesp (em parceria com o
Sebrae-SP ou MDIC). Os demais contam com presença atuante
do Sebrae-SP (que, aliás, atua em todos), sendo que vários deles
estavam na “lista de espera” segundo a metodologia inicial da
Fiesp.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 153
Entretanto, revendo os critérios de identificação e seleção pro-
postos nessa metodologia, dois pontos chamam a atenção: 1o) a
ampliação do número de APLs da região metropolitana de São
Paulo (além do APL de plásticos do ABC, que já havia sido incor-
porado na segunda etapa do projeto Fiesp/Sebrae-SP, na lista dos
15 prioritários consta mais um APL da RM de SP: o de móveis);
2o) a inclusão dos APLs de calçados de Franca e têxtil de America-
na (arranjos que ficariam de fora pelos critérios iniciais de seleção
da Fiesp, que excluíam agrupamentos mais avançados).
Essas constatações confirmam que, atualmente, no enten-
dimento da Rede Paulista, as ações voltadas para APLs devem
priorizar arranjos produtivos do setor industrial com significativa
capacidade de coordenação entre os atores locais, ou seja, com
possibilidades mais concretas para o desenvolvimento de ações
conjuntas.
154 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
na identificação da cidade-polo do arranjo pode levar a conside-
rar como dois APLs o que, na verdade, compõe um único arranjo
produtivo. Diferentes níveis de agregação da informação também
podem induzir a erros.37
Por outro lado, apesar do grande volume de informações, os
mapeamentos disponíveis são incompletos. Geralmente, são res-
tritos às atividades industriais, e mesmo estas são captadas par-
cialmente – apenas o segmento formalizado (empresa e empre-
go). Também têm dificuldades de lidar com as especificidades e
complexidades das regiões metropolitanas.
Em resumo, o acervo de mapeamentos abrange, na prática:
a) enormes listas de aglomerações ou concentrações produtivas –
em geral industriais – que são potenciais APLs (mas que exigem
um olhar mais detido para a confirmação), obtidas pela aplica-
ção de alguma metodologia apoiada em índices de concentração
e especialização de atividades; e b) pequenas listas de arranjos
apoiados (ou pretendentes a apoio) produzidas pelas instituições
envolvidas.
Para efeitos da análise das políticas para APLs no Estado de
São Paulo, procurou-se avançar no sentido de mapear arranjos
produtivos já identificados no estado (apoiados ou não) e, na me-
dida do possível, arranjos que sequer tenham sido identificados.
Para tanto, procedeu-se da seguinte forma:
1. Identificou-se os arranjos que são objeto de políticas especi-
ficamente voltadas para APLs no estado, segundo o entendi-
mento que as instituições envolvidas fazem do que seja APL.
Dessa forma, chegou-se a uma lista de 23 APLs (todos indus-
triais) apoiados por instituições que conduzem a política esta-
dual para APLs (SD, Fiesp e Sebrae-SP).
2. Reuniu-se o conjunto de APLs identificados por alguma insti-
tuição e que não recebem apoio ou o recebem no âmbito de
37. Por exemplo, além das agregações usuais de municípios adotadas pelo gover-
no do estado e pelo IBGE (região administrativa, região de governo, região metro-
politana, microrregião), há também agregações específicas de outras instituições
(por exemplo: escritórios regionais – ERs do Sebrae-SP e escritórios regionais da
Ciesp/Fiesp), que frequentemente agregam sob uma mesma denominação (em
geral, o nome do município sede) conjuntos diferentes de municípios.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 155
outros programas que não o de apoio a APLs.38 Dessa forma,
chegou-se a uma lista de mais de 200 APLs, abrangendo um
espectro mais amplo de atividades econômicas.39
38. Essa segunda lista abrange, portanto, os arranjos não contemplados na política
de apoio especificamente voltada a APLs.
39. O resultado desse esforço de mapeamento encontra-se no relatório final sobre
o Estado de São Paulo do projeto Análise do Mapeamento e das Políticas para
Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Esse traba-
lho, entretanto, carece de complementação, em particular com relação às regiões
metropolitanas do estado, que requerem não apenas um trabalho mais apurado,
tendo em vista a elevada concentração de inúmeras atividades econômicas, mas
também uma reflexão sobre a própria concepção de arranjos produtivos nesses
contextos.
40. Posteriormente, a SD incluiu em sua lista de “outros APLs prioritários” o arran-
jo produtivo de flores de Holambra (SD, 2009), que é considerado pelo Sebrae-SP
dentro do seu programa de apoio a agronegócios.
41. São os seguintes os arranjos produtivos considerados pela SD na sua lista de
“aglomerados produtivos”: 1) Batatais – transformadores de aço inox; 2) Marília
– alimentos; 3) RMSP (Brás, Bom Retiro e Guarulhos) – confecções; 4) São Paulo
(Zona Leste) – metais sanitários; 5) São Sebastião da Grama – café fino; 6) Ser-
156 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
ro que, na determinação da hierarquia de arranjos produtivos da
SD, a avaliação do grau de governança é critério decisivo.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 157
34.778.284,00; Inversão Financeira = R$ 25.000.045,00; Total =
R$ 264.293.361,00.
Respondendo por 58% dos recursos, os chamados “projetos
finalísticos” incluem os seguintes tipos de projeto de apoio do
Sebrae-SP: Projeto APL; Projeto de Agronegócio; Projeto Turismo,
Cultura e Artesanato; Projeto Comércio Varejista; Projeto Setorial;
Projeto Incubadora de Empresas; Projeto de Inovação para MPEs
Finep/Sebrae; Projeto de Fomento à Cultura Empreendedora –
Ensino Formal e Projeto de Atendimento Presencial Individual.43
O programa Arranjos Produtivos Locais do Sebrae-SP foi cria-
do em 2003, tendo como foco principal de atuação, segundo o
documento Trabalhos em Arranjos Produtivos Locais – Diretrizes
para o Modelo de Atuação do Sebrae-SP: “apoiar a promoção de
localidades, inclusive ‘rurais’, que denotem um conglomerado de
micro e pequenas empresas que podem estar associadas entre si
ou não, ou ainda ligadas às médias e grandes empresas operando
em sistema de rede, ou mesmo de grandes indústrias que pro-
porcionem uma interligação com micro e pequenas empresas”
(SEBRAE-SP, 2004, p. 2).
Ainda de acordo com as referidas Diretrizes, os projetos pac-
tuados priorizam as seguintes ações: “1 – acesso aos mercados
internos e externos, a tecnologias produtivas e de organização;
2 – coordenação e cooperação público-privada e entre empresas”
(SEBRAE-SP, 2004, p. 5-7).
Nesses seis anos em que atua localmente com o programa
Arranjos Produtivos Locais, o Sebrae-SP adquiriu experiência com
os erros e acertos da metodologia adotada. Atualmente, a insti-
tuição reconhece que se encontra em um momento de reflexão
sobre alguns pontos dos projetos em andamento e os resultados
deles esperados, estando em processo de elaboração uma nova
versão de seu manual de atuação, segundo informação obtida em
entrevista junto à instituição.
Um dos principais pontos de revisão da atuação do Sebrae-SP
visa contemplar de forma mais efetiva as condições de mercado.
Assim, o processo de planejamento, que era bastante voltado ao
que a localidade deseja e apoiado sobre a sua própria visão da
realidade, vem procurando incorporar esse novo entendimento,
158 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
de modo que a “visão da localidade” passe a ser considerada à luz
do que está acontecendo no mercado.
Outra mudança importante refere-se aos requisitos para que
arranjos produtivos possam fazer parte do programa Arranjos Pro-
dutivos Locais do Sebrae-SP. Atualmente, a instituição considera
nesse programa apenas arranjos industriais. Ademais, o apoio a
um arranjo industrial não significa sua inclusão automática no
Programa APL. O Sebrae-SP pode iniciar o apoio pela atuação
setorial em projetos coletivos (Programa Setorial), com a finali-
dade de entender e auxiliar na dinâmica do setor específico, além
de estabelecer vínculos com a governança local. Assim, além do
requisito de pertencer ao setor industrial, um critério relevante
do Sebrae-SP para classificação como APL é a existência de go-
vernança local estabelecida, como, aliás, se verificou com relação
à atuação da SD.
Assim, o apoio a arranjos produtivos industriais pode ser des-
crito como projeto APL (quando apresente essa configuração e já
disponha de articulação local) ou pode ser iniciado como peque-
nos projetos setoriais, que podem, mais tarde, vir a fazer parte do
Programa APL.
O Programa Setorial do Sebrae-SP possui um escopo amplo,
que permite contemplar atividades industriais, comerciais e de
serviços. Porém, segundo a orientação atual da instituição, ape-
nas os projetos setoriais industriais podem trilhar o caminho em
direção ao Programa APL. Vários arranjos produtivos recebem
apoio do Sebrae-SP no âmbito do Programa Setorial na Indústria,
totalizando 25 projetos (segundo dados de 2009, obtidos junto à
instituição).
No caso do apoio setorial aos agronegócios (Programa SAI –
Sistema Agroindustrial Integrado), embora a atuação também
ocorra territorialmente, o enquadramento no Programa APL não
se verifica, tendo em vista a prática atual do Sebrae-SP de res-
tringir esse programa apenas ao setor industrial. Cobrindo pra-
ticamente todo o Estado de São Paulo, o Programa SAI abrange
dezenas de projetos de agronegócios de inúmeras atividades pro-
dutivas: aquicultura, agroenergia, caprinos, café, derivados arte-
sanais de cana-de-açúcar, flores, frutas, leite, mandioca, mel, ovi-
nos, produtos orgânicos e olericultura. Em 2009, o Programa SAI
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 159
contemplava 39 projetos de agronegócios. Segundo informações
do Sebrae-SP, os recursos utilizados nesse programa em 2008 e
os recursos previstos nos projetos para os próximos três anos (Se-
brae-SP e parceiros) equivalem ao valor de R$ 46.476.599,00.
O programa Turismo, Cultura e Artesanato também apresenta
grande abrangência geográfica e de escopo, apoiando atividades
turísticas, culturais e artesanais. Em 2009, esse programa contem-
plava 23 projetos de apoio a negócios relacionados a essas ativi-
dades, abrangendo significativo número de municípios paulistas.
Segundo informações do Sebrae-SP, os recursos envolvidos nesses
projetos no triênio 2008-2010 (Sebrae-SP e parceiros) equivalem
ao valor de R$ 18.431.269,00. Do mesmo modo que o Programa
SAI, os projetos de apoio às atividades de turismo, cultura e arte-
sanato não são enquadrados no Programa APL do Sebrae-SP.
Quanto ao Programa de Incubadoras de Empresas do Sebrae-
SP, iniciado em 1996, congrega 79 incubadoras em operação,
com 1.356 empresas atendidas e 6.908 postos de trabalho ge-
rados.44 Segundo Andrade (2009, p. 62), as 79 incubadoras que
fazem parte do programa podem ser classificadas de acordo com
a seguinte tipologia: Tradicional (36); Base Tecnológica45 (19);
Mista (18); Agronegócios (4); Cooperativas (1) e Cultural (1),
tendo contado com investimentos do Sebrae-SP da ordem de R$
7.330.609,00 em 2006.
160 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Estadual de Fomento aos APLs apoia-se em uma interpretação
restritiva do conceito de APL, de modo que se deve avançar no
sentido de uma avaliação mais ampla, ainda que exploratória,
das iniciativas de cunho territorial do Governo do Estado de São
Paulo por meio de vários outros importantes programas, contex-
tualizando-as no âmbito da estratégia de desenvolvimento perse-
guida para o estado.
46. Em 2003, o Estado de São Paulo respondia por 32,1% do total do PIB brasi-
leiro e por 44% do PIB da indústria de transformação brasileira (CANO, 2007,
p. 18). Para uma revisão da evolução histórica da industrialização brasileira, em
especial no que se refere à sua concentração no Estado de São Paulo, ver Cano
(1975; 1997; 1998).
47. Para uma discussão da dinâmica socioeconômica da economia paulista de
1980 a 2005, em particular a caracterização do processo de interiorização das ati-
vidades econômicas de forma concentrada em torno da RMSP, ver Cano (2007).
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 161
Tabela 1 – SP: Valor Adicionado Fiscal (VAF) por Região Administrativa – 2006
Região Administrativa VAF % % acumulada
RMSP 96.230.476.180 37,75 37,75
Campinas 71.477.137.327 28,04 65,79
São José dos Campos 21.779.104.830 8,54 74,33
Sorocaba 14.050.228.400 5,51 79,84
Baixada Santista 10.584.519.195 4,15 84,00
Ribeirão Preto 9.615.532.900 3,77 87,77
Central 6.102.593.577 2,39 90,16
São José do Rio Preto 5.375.901.971 2,11 92,27
Bauru 5.276.026.889 2,07 94,34
Franca 3.387.494.827 1,33 95,67
Marília 3.214.938.983 1,26 96,93
Araçatuba 2.799.011.436 1,10 98,03
Barretos 2.752.729.414 1,08 99,11
Presidente Prudente 1.926.637.848 0,76 99,86
Registro 344.269.969 0,14 100,00
Total 254.916.603.746 100,00
162 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
cional, além de ter sido muito prejudicado pela intensa “guerra
fiscal”48 entre estados brasileiros.
Não há espaço aqui para analisar detidamente os efeitos des-
ses fatores sobre a economia paulista, mas o item 6.3 apontará
de forma sucinta a estratégia de desenvolvimento que vem sen-
do perseguida pelo governo estadual para enfrentar os principais
desafios. Antes, para melhor situar essa análise, o próximo item
procura caracterizar as relações comerciais paulistas.
48. Para uma discussão detalhada da “guerra fiscal” no Brasil desde os anos 1990,
ver Cardozo (2010).
49. Os dados sobre comércio interestadual da Sefaz-SP utilizados dizem respeito
às entradas e saídas do estado descontadas as chamadas “transferências” (ope-
rações de devolução etc.). A classificação de atividades corresponde à atividade
principal da empresa informante (seja na venda, seja na compra), e não a do bem
ou serviço que esteja sendo efetivamente vendido ou comprado.
50. Com relação às operações de exportação e importação, registradas no Sistema
Siscomex, foram extraídas do banco de dados do Sistema Alice (disponível no site
do MDIC). Para correta interpretação dos dados de comércio exterior, é impor-
tante destacar que: a) na exportação, as operações são creditadas para a UF que
produziu/extraiu as mercadorias exportadas (conceito de origem), independente-
mente da UF da empresa exportadora ou do porto de saída da mercadoria; b) na
importação, as operações são creditadas para a UF onde a empresa importadora
tenha seu domicílio fiscal.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 163
Tabela 2 – SP: entradas e saídas interestaduais e com o exterior
Nível por origem e destino das grandes regiões – 2006
geográfico
Entradas Saídas Saldo Fluxo comercial
R$ % R$ % R$ R$
Sudeste Sul
164 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Tabela 3 – SP: origem das entradas (compras) setoriais segundo
intensidade dos fatores de produção – 2006
Valor das entradas de Valor das entradas de
Atividades CNAE 2.0 % %
outros estados (R$) outros países (R$)
Intensivas em recur-
24.988.397.663,46 10,04 13.771.591.786,53 17,09
sos naturais
Intensivas em
14.492.299.351,97 5,82 1.530.069.681,61 1,90
trabalho
Intensivas em econo-
63.798.675.472,47 25,62 26.584.076.337,58 32,99
mia de escala
Intensivas em espe-
42.055.109.804,72 16,89 17.723.409.379,92 21,99
cialização
Intensivas em conhe-
8.634.727.417,26 3,47 19.572.044.896,52 24,29
cimento
Demais 33.822.895.943,60 13,58 1.406.279.919,32 1,74
Código 46 61.195.039.690,15 24,58 0,00 0,00
Total 248.987.145.343,63 100,00 80.587.472.001,49 100,00
Fonte dos dados brutos: Sefaz-SP e MDIC.
– Atividades intensivas em trabalho = CNAE – 13, 14, 15, 16, 31, 41, 42, 43, 52,
55, 56, 84, 85, 96 e 97;
– Atividades intensivas em economia de escala = CNAE – 17, 18, 20, 22, 23, 24,
25, 27, 35 e 51;
– Atividades intensivas em especialização = CNAE – 28, 29, 30, 45, 64 e 65;
– Atividades intensivas em conhecimento = CNAE – 21, 26, 58, 59, 60, 61, 62,
63, 69, 70, 71 e 72;
– Demais = 32, 33, 36, 37, 38, 39, 47, 49, 50, 53, 66, 68, 73, 74, 75, 77, 78, 79,
80, 81, 82, 86, 87, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95 e 99;
– Código 46 = Comércio por atacado, exceto veículos automotores e motocicletas
(nesse caso, as informações disponíveis não permitiram a desagregação dos dados
segundo a intensidade dos fatores de produção).
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 165
Valor das saídas para Valor das saídas para
Atividades CNAE 2.0 % %
outros estados (R$) outros países (R$)
Demais 36.229.755.992,08 9,31 724.471.638 0,72
Código 46 82.415.226.353,13 21,17 0 0,00
Total 389.267.395.060,13 100,00 100.420.325.746,94 100,00
Fonte dos dados brutos: Sefaz-SP e MDIC.
166 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Tabela 6 – SP: comércio exterior – entradas, saídas e saldos setoriais
segundo intensidade dos fatores de produção – 2006
Atividades Valor das entradas de Valor das saídas para
Saldo (R$) %
CNAE 2.0 outros países (R$) outros países (R$)
Intensivas
em recursos 13.771.591.787 27.159.503.067 13.387.911.280 67,50
naturais
Intensivas em
1.530.069.682 3.544.479.656 2.014.409.975 10,16
trabalho
Intensivas em
economia de 26.584.076.338 26.306.658.898 -277.417.440 -1,40
escala
Intensivas em
17.723.409.380 36.067.899.940 18.344.490.560 92,50
especialização
Intensivas em
19.572.044.897 6.617.312.548 -12.954.732.349 -65,32
conhecimento
Demais 1.406.279.919 724.471.638 -681.808.281 -3,44
Total 80.587.472.001,49 100.420.325.746,94 19.832.853.745,45 100,00
Fonte dos dados brutos: MDIC.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 167
estradas, portos, aeroportos53 etc.), infraestrutura em ciência, tec-
nologia e inovação (C&T&I) e na extensa rede de ensino profis-
sionalizante.54
A dimensão territorial aparece nos Planos Plurianuais (PPAs)
do estado via objetivo de redução das desigualdades regionais e
também via consideração das especializações produtivas regio-
nais do estado (as chamadas “vocações regionais”) para fortalecer
a inserção competitiva.
A política estadual para APLs está inserida na estratégia mais
ampla de desenvolvimento do estado e deve ser assim compreen-
dida. O foco da política de desenvolvimento estadual é reforçar a
competitividade do estado frente ao exterior e às demais unida-
des da federação. O sucesso da estratégia impulsiona as regiões
acionadas, mas não necessariamente reduzindo as desigualdades
regionais.
O Estado de São Paulo detém expressivo orçamento, mas tam-
bém enfrenta tarefas gigantes. O PPA 2008-2011 totaliza recursos
no montante de R$ 464,5 bilhões, destinados às seguintes áreas
principais: social (educação, saúde, habitação etc.) = R$ 107,4 bi-
lhões; justiça e segurança = R$ 77,4 bilhões; infraestrutura (trans-
porte, saneamento, energia) = R$ 83,9 bilhões; desenvolvimento
e infraestrutura de C&T&I = R$ 33,7 bilhões. Nesta área, desta-
cam-se os programas e ações voltados para o Sistema Paulista de
Parques Tecnológicos, APLs, ensino superior e profissionalizante,
entre outros. À Secretaria de Desenvolvimento é reservado papel
central na estratégia de desenvolvimento traçada para o estado.
A SD foi, inclusive, reformulada em 2008, visando facilitar ações
em conjunto com outros órgãos do governo estadual, federal e dos
municípios.55
53. Apenas para ilustrar, o Estado de São Paulo possui 35 aeroportos, sendo cinco
administrados pela Infraero e 30 pelo Departamento Aeroviário de São Paulo –
Daesp.
54. Vinculado à Secretaria de Desenvolvimento (SD), o Centro Paula Souza ad-
ministra 187 escolas técnicas – Etecs e 48 faculdades de tecnologia – Fatecs esta-
duais. A essas instituições é reservado papel de “potencializar as vocações produ-
tivas das diferentes regiões do estado, qualificando recursos humanos e atraindo
novos investimentos” (www.investimentos.sp.gov.br).
55. Nesse sentido, cabe destacar que o PPA paulista 2008-2011 explicita, entre as
prioridades, o reforço da atuação do Estado como regulador e articulador.
168 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
A estratégia de desenvolvimento paulista apoia-se em um
grande conjunto de ações articuladas, entre elas:56
Criação da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e
Competitividade – InvesteSP, visando implementar ações que
contribuam para a atração de novos investimentos nacionais e
internacionais para o estado, bem como estimular a expansão
de empresas já instaladas.57
Comissão de Avaliação Tributária integrada pelas secretarias
estaduais de Desenvolvimento (SD), de Economia e Plane-
jamento (SEP) e da Fazenda (Sefaz), tendo por missão dar
maior agilidade a demandas tributárias das empresas.
Ampliação da rede de escolas técnicas (Etecs) e faculdades de
tecnologia (Fatecs) do Centro de Paula Souza, aumentando
a oferta de vagas de acordo com as “vocações” regionais e as
peculiaridades das cadeias produtivas locais.
Criação do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec)
para dar suporte aos parques tecnológicos, com o objetivo de
atrair investimentos e gerar novas empresas intensivas em co-
nhecimento ou de base tecnológica.58
Rede Paulista de Incubadoras de Empresas – RPI, visando
fortalecer o empreendedorismo inovador por meio de ações
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 169
técnicas, políticas, institucionais e gerenciais, influenciando
diretamente as empresas incubadas.59
Aprovação da Lei Paulista de Inovação, visando intensificar a
integração dos centros de conhecimento aos setores produti-
vos por meio de incentivos diretos60 e forte articulação com os
parques tecnológicos e as incubadoras de empresas.
Rede de APLs e Programa de Fomento a APLs.
Programas de apoio às MPMEs: Exporta SP, Projeto Unidades
Móveis – Prumo (apoio tecnológico), Programa de Apoio Tec-
nológico à Exportação – Progex (adequação tecnológica para
exportação) e SP Design.
Nossa Caixa Desenvolvimento – Agência de Fomento do Esta-
do de SP – Afesp, criada para oferecer linhas de financiamento
com juros menores a empresas de menor porte: aprovada pelo
Banco Central para operar com capital de R$ 1 bilhão destina-
do às MPMEs.
Retomada do Fundo Estadual de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – Funcet, voltado para a inovação tecnológica de
produtos e processos em MPEs paulistas.
Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios – Patem: servi-
ços especializados do IPT para obtenção de laudos técnicos em
municípios de pequeno e médio portes.
Criação da Comissão Especial de Petróleo e Gás – Cespeg e do
Programa Paulista de Petróleo e Gás Natural, visando o desen-
volvimento dessas atividades na Bacia de Santos.61
59. A Rede Paulista de Incubadoras – RPI foi criada em outubro de 2009, com
51 incubadoras associadas, representando um universo de mais de 800 empresas
incubadas.
60. A Lei Paulista de Inovação, aprovada em 19/06/2008, tem por objetivo superar
entraves ao fortalecimento da inovação técnico-científica. Autoriza, por exemplo,
a utilização da infraestrutura de pesquisa existente, comercialização de patentes,
licenças, remuneração aos inventores, apoio financeiro e até mesmo participação
do Estado em sociedades de propósito específico, fundo de investimento e outros.
Estão também entre as inovações da lei a possibilidade de atuação do pesquisador
público nos setores da produção (prestação de consultoria técnico-científica), a
previsão de mecanismos de apoio ao inventor independente e a autorização ao
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e ao Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares (Ipen) para constituírem subsidiárias.
61. A Baixada Santista é considerada estratégica na concorrência por investidores
com outros estados, devido à infraestrutura proporcionada pelo Porto de Santos e
pela indústria de base consolidada no polo de Cubatão.
170 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Criação da Comissão Especial de Bioenergia, visando manter
a liderança paulista na produção e uso de combustíveis reno-
váveis.62
Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social do Vale do Ri-
beira – Fundesvar: voltado à implementação de ações de de-
senvolvimento no Vale do Ribeira, região menos desenvolvida
do estado.
O governo estadual executa, portanto, um conjunto de pro-
gramas e ações no bojo de uma estratégia de desenvolvimento do
estado que tem efeitos estimuladores importantes sobre inúmeros
arranjos produtivos paulistas que não são captados em uma aná-
lise do programa estadual de fomento a APLs. Se considerarmos
apenas o que é explicitamente denominado de apoio a APLs, os
montantes são relativamente reduzidos. Em caráter indicativo,
utilizando os dados orçamentários apenas da Secretaria de De-
senvolvimento (referentes ao ano de 2008), é possível situar a
importância relativa do programa APL vis-à-vis alguns outros pro-
gramas e ações estaduais da própria SD:
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 171
6. Considerações finais
A análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado
de São Paulo não deve restringir-se ao conjunto de programas e
ações explicitamente voltados a APLs, tendo em vista a adoção,
por parte das instituições envolvidas, de conceitos restritivos do
que sejam essas configurações produtivas. Assim, requer a incor-
poração da atuação do Sebrae-SP por intermédio de outros pro-
gramas caracterizados também por forte aderência territorial e
intensa articulação com empresas e instituições locais, bem como
considerar um amplo conjunto de programas e ações do governo
estadual implementados no bojo de uma estratégia de desenvol-
vimento do estado com forte impacto territorial.
Na perspectiva metodológica adotada pela RedeSist, o recor-
te de “arranjos produtivos locais” possibilita uma visão sistêmica
das atividades produtivas que transcende os recortes tradicional-
mente adotados (setorial, cadeia produtiva). Em última instân-
cia, busca-se com a noção de “APL” captar as complexas relações
(produtivas, comerciais, inovativas, de cooperação, financiamen-
to, regulamentação etc.) em torno de um conjunto articulado de
setores, identificando-se inclusive suas relações importantes para
além do território definido.
Sob esse olhar, o Estado de São Paulo revela uma enorme ri-
queza e coerência nas articulações produtivas, que perpassam
ampla gama de setores, para muito além do universo industrial.
Assim, é possível identificar um expressivo número de arranjos
produtivos no estado, abrangendo uma grande diversidade em
termos setoriais, formas de articulação e grau de maturidade. Há
no estado inúmeras aglomerações que, pelo conceito da RedeSist,
são APLs,63 a maioria delas com algum tipo de apoio (em maior
ou menor grau), embora boa parte não esteja contemplada em
programas especificamente destinados a APLs.
172 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Fortemente determinados pelas diferentes características seto-
riais, encontram-se distintos graus de relações intersetoriais, de
poder de encadeamento, de dinamismo, capacidade inovativa e,
portanto, diferentes potenciais de geração de renda e emprego e
padrões de conformação territorial. Assim, a lista de APLs mapea-
dos no âmbito do projeto de pesquisa contempla aglomerações
em diferentes estágios de desenvolvimento, de importância pro-
dutiva e de potencialidades para desenvolver-se, o que representa
um enorme desafio para as políticas públicas.
Certas regiões apresentam perfis produtivos fortemente espe-
cializados, enquanto em outras a complexidade da matriz produ-
tiva é tão grande que a análise torna-se muito complexa. Parece
evidente, porém, que a estratégia de desenvolvimento do estado
apoia-se justamente em tirar proveito dessas diferenças e, em cer-
to sentido, acentuá-las.
Alguns setores e regiões são eleitos para liderarem a posição
competitiva do estado no exterior, e outros no comércio com as
demais unidades da federação. Em ambos os casos, a estratégia é
ampliar a capacidade do estado de atrair investimentos privados
e, para tanto, muitos recursos são destinados. Outros setores e
regiões são escolhidos pela capacidade de geração de emprego ou
para reduzir as desigualdades regionais.
De cunho mais horizontal, a política de expansão da infra-
estrutura física e a política de apoio a C&T&I e capacitação de
recursos humanos desempenham papel de destaque na estratégia
de desenvolvimento do estado, abocanhando parcela considerá-
vel do orçamento estadual.
O foco da estratégia de desenvolvimento paulista é reforçar a
competitividade do estado frente ao exterior e às demais UFs. O
sucesso da estratégia impulsiona as regiões acionadas, não neces-
sariamente reduzindo as desigualdades regionais. É nesse contex-
to que a política estadual de apoio a APLs se insere.
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 173
Anexo I
174 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Ano Instituições Discriminação
2a Etapa do Projeto Fiesp/Sebrae-SP Aumento da Competitividade
das Micro e Pequenas Indústrias Localizadas em Arranjos Produtivos
Locais (APLs) do Estado de São Paulo, abrangendo oito APLs:
São José do Rio Preto/joias;
Mirassol/móveis;
Fiesp Ibitinga/confecções;
2004/06
Sebrae-SP Vargem Grande do Sul/cerâmica vermelha;
Tambaú/cerâmica vermelha;
Itu/cerâmica vermelha;
Tatuí/cerâmica vermelha;
Grande ABC/plásticos.
(Dessa 2a etapa, foi excluído o APL de Limeira/bijuterias-semijoias.)
Além dos nove APLs em atuação conjunta com a Fiesp (conside-
rando as duas etapas do Projeto Fiesp/Sebrae-SP), em 2004 o
Sebrae paulista já atuava também em outros 11 APLs (totalizando
os 20 informados em seu site naquela época):
Jaú/calçados;
Birigui/calçados;
Franca/calçados;
Situação
Sebrae-SP Americana e região/têxtil e confecções;
em 2004
Tabatinga/confecções;
Novo Horizonte/confecções;
Cerquilho-Tietê/confecções;
ABC/móveis;
Itatiba/móveis;
Porto Ferreira/cerâmica;
Ribeirão Preto/equipamentos médico-odontológicos.
As secretarias estaduais ratificaram uma lista de cinco APLs priori-
tários por estado, ampliando-se a atuação de 11 APLs pilotos para
142 APLs prioritários (11 + 131) para o período 2005-2007.
A lista de SP passou a constituir-se de seis APLs:
Franca/calçados;
2005 GTP-APL
Birigui/calçados;
Jaú/calçados;
Ibitinga/confecções;
Mirassol/móveis;
São João da Boa Vista (Tambaú/VGSul)/cerâmica.
2a Conferência Brasileira sobre APLs, realizada de 12 a 14/09/2005,
2005 GTP-APL
no Rio de Janeiro-RJ, com cerca de 350 participantes.
Decreto n° 50.124, de 24/10/2005 – atribui à SCTDE a respon-
Governo do sabilidade pela coordenação e cumprimento do Programa de
2005 Estado de Fortalecimento da Competitividade das Empresas Localizadas em
São Paulo Arranjos Produtivos Locais do Estado de São Paulo (projeto em
negociação com o BID).
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 175
Ano Instituições Discriminação
I Encontro de Arranjos Produtivos do Estado de São Paulo
2005 Fiesp
(07/11/2005).
Decreto n° 50.929, de 30/06/2006 – reestruturação da SCTDE.
Constitui o campo funcional da secretaria formular políticas e imple-
mentar ações de competência do estado em matéria de desenvol-
vimento econômico e ciência e tecnologia, com vista a: I – geração
de trabalho e renda; II – redução das desigualdades regionais e
harmonização do desenvolvimento; III – articulação dos fatores de
SCTDE
2006 produção; IV – aumento da competitividade da economia paulista;
(atual SD)
V – incremento do comércio exterior e das relações internacio-
nais; V – fortalecimento dos APLs e das MPMEs; VII – atração de
investimentos; VIII – formação de RHs no âmbito do ensino superior
e profissional, em todos os seus níveis; IX – estímulo à produção de
conhecimento e à pesquisa científica e tecnológica; X – estímulo à
inovação tecnológica.
SCTDE
(atual SD)
2006 Articulação para Reunião do Núcleo Estadual do GTP-APL (MDIC).
Sebrae-SP
Fiesp
20/11/2006 – Oficina de Orientação à Instalação de Núcleos Esta-
2006 GTP-APL duais de Apoio a APLs Articulados ao GTP-APL – Região Sudeste
(1ª edição).
23/03/2007 – Oficina de Orientação à Instalação de Núcleos Esta-
2007 GTP-APL duais de Apoio a APLs Articulados ao GTP-APL – Região Sudeste
(2ª edição).
Resolução SD nº 7, de 13/07/2007 – instituição da Rede Paulista
de Arranjos Produtivos Locais, instância interinstitucional voltada
2007 SD às questões dos APLs do estado e que tem, entre outros objetivos,
a função de selecionar os setores produtivos e as regiões a serem
apoiados por recursos do estado.
Projeto Apoio Conjunto ao Incremento da Competitividade das
Micro, Pequenas e Médias Empresas Inseridas e Organizadas em
Arranjos Produtivos Locais no Estado de São Paulo, abrangendo
10 APLs:
Jaú/calçados;
Ibitinga/confecções;
Fiesp Mirassol/móveis;
2007
MDIC Votuporanga/móveis;
Vargem Grande do Sul/cerâmica vermelha;
Tambaú/cerâmica vermelha;
Itu/cerâmica vermelha;
Tatuí/cerâmica vermelha;
Grande ABC/plásticos;
São José dos Campos/aeroespacial.
Fiesp
Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indús-
2007/08 CNI
trias – Procompi no APL aeroespacial de São José dos Campos.
Sebrae-NA
II Encontro de Arranjos Produtivos do Estado de São Paulo
2007 Fiesp
(22/10/2007).
176 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Ano Instituições Discriminação
SD
Assinatura de Protocolo de Cooperação Técnica para o Desenvolvi-
2007 Fiesp
mento de APLs Paulistas (22/10/2007).
Sebrae-SP
3a Conferência Brasileira sobre APLs, realizada de 27 a 29/11/2007,
em Brasília-DF, com cerca de 750 participantes, entre empresários,
2007 GTP-APL
líderes setoriais, acadêmicos, gestores de APLs, representantes
dos Núcleos Estaduais de APLs e de instituições governamentais.
Os 27 Núcleos Estaduais de Apoio a APLs apresentaram lista com
a indicação de até cinco outros APLs (além daqueles definidos em
2005), elevando para 261 o número de APLs priorizados para o pe-
ríodo 2008-2010, envolvendo APLs de base agrícola, base animal,
turismo e industriais, de indústrias tradicionais, intensivas em mão
de obra ou capital, além de setores inovadores.
2008 GTP-APL À lista anterior de seis APLs de SP somaram-se mais cinco
arranjos:
Bom Retiro – Distrito de SP/confecções;
RM São Paulo/móveis;
Panorama-Ouro Verde/cerâmica;
São José dos Campos/aeroespacial;
Piracicaba/álcool.
Assinatura do Contrato de Empréstimo nº 1911 – OC/BR, em 13/06/2008,
com o objetivo de cooperar na execução do Programa de Fortalecimento
da Competitividade das Empresas Localizadas em APLs do Estado de
São Paulo (BR-L1016) – Projeto BID, sob a coordenação geral da SD.
Componentes do projeto:
Mobilização dos agentes locais (grupo piloto e grupo gestor);
Elaboração dos Planos de Melhoria da Competitividade – PMCs
(visão do futuro e foco no mercado);
Implementação dos PMCs (priorização dos projetos e investimen-
Governo do
tos/ contrapartidas);
Estado de
2008 Avaliação e difusão (mensuração de impactos e incorporação do
São Paulo
aprendizado pelos agentes).
BID
Estrutura gerencial do projeto:
SD: coordenação e execução do programa; investimentos nas
localidades;
Sebrae-SP: ações de capacitação e consultoria; acompanhamen-
to local;
Fiesp: mobilização, estudos e avaliação;
APLs: gestão local da execução do programa; contrapartida dos
investimentos; apoio de instituições locais; participação de grupo
de empresas.
Decreto nº 53.670, de 10/11/2008 – dispõe sobre a estrutura
Governo do organizacional na Secretaria de Desenvolvimento voltada à
2008 Estado de implementação do Programa de Fortalecimento da Competitividade
São Paulo das Empresas Localizadas em APLs do Estado de São Paulo (BR-
L1016) – Projeto BID.
SD
III Encontro de Arranjos Produtivos do Estado de São Paulo
2008 Sebrae-SP
(24/11/2008), com mais de 300 participantes.
Fiesp
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 177
Ano Instituições Discriminação
Seleção dos 15 APLs do Projeto BID:
Birigui/calçados (infantis);
Franca/calçados (masculinos);
Jaú/calçados (femininos);
Americana/têxtil e confecções;
Cerquilho/Tietê/confecções;
Ibitinga/confecções;
SD
2009 Mirassol/móveis;
Sebrae-SP
(início) RM São Paulo/móveis;
Fiesp
Itu/cerâmica vermelha;
Tambaú/cerâmica vermelha;
Tatuí/cerâmica vermelha;
Vargem Grande do Sul/cerâmica vermelha;
Grande ABC/plásticos;
Ribeirão Preto/equipamentos médico-odontológicos;
Piracicaba/álcool (etanol).
Além dos 15 APLs em atuação conjunta com a Fiesp e a SD
(Projeto BID), em 2009 o Sebrae paulista atuava também em outros
oito APLs, totalizando os 23 arranjos produtivos contemplados pelo
Programa APL da instituição (de acordo com informações obtidas
em entrevista):
Limeira/bijuterias-semijoias;
Situação
Sebrae-SP São José do Rio Preto/joias;
em 2009
Santa Cruz do Rio Pardo/couros e calçados;
Tabatinga/têxtil e confecções (bichos de pelúcia);
Panorama/cerâmica vermelha;
Diadema/cosméticos;
RMSP/metalmecânica;
São José dos Campos/aeroespacial.
Decreto 54.654, de 07/08/2009, instituindo o Programa Estadual
de Fomento aos APLs, viabilizando juridicamente a assinatura pelo
governo estadual, ainda em 2009, de 10 projetos de apoio ao desen-
volvimento de APLs (totalizando R$ 3,15 milhões):
Centro de Desenvolvimento e Inovação Aplicada em Equipamen-
tos Médico-Hospitalares e Odontológicos – Cedina, em Ribeirão
Preto;
Centro de Capacitação e Produção de Cooperativas de Trabalho
Governo do
2009 de Costura, em Americana;
Estado de
(agosto) Centro de Formação de Mão de Obra, em Cerquilho/Tietê;
São Paulo
Núcleo de Inteligência para o Setor Coureiro-Calçadista, em Jaú;
Centro de Design e Manufatura, em São José dos Campos;
Núcleo de Design Estratégico, em Birigui;
Núcleo de Inteligência para o Setor Coureiro-Calçadista, em Franca;
Oficina Atelier de Cerâmica Artística, em Cunha;
Espaço Empresarial para Apoio ao Aglomerado Produtivo de
Confecções, em Votuporanga;
Centro de Formação e Prestação de Serviços no APL, em Garça.
178 5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo
Ano Instituições Discriminação
Assinatura, em 17/08/2009, de contrato (com vigência de 36
meses) com a empresa de consultoria The Cluster Competitiveness
Group Consultoria Ltda. para realização de 15 Planos de Melhoria
2009
Sebrae-SP da Competitividade (PMCs), no valor de R$ 7.045.720,00 [no
(agosto)
âmbito do Programa de Fortalecimento da Competitividade das
Empresas Localizadas em APLs do Estado de São Paulo (BR-
L1016) – Projeto BID].
Fonte: Elaboração própria.
Anexo II
5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 179
Bibliografia
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5. Análise das políticas para arranjos produtivos locais no Estado de São Paulo 181
6. Políticas para arranjos produtivos
locais no Estado de Minas Gerais:
institucionalidade, mapeamentos e focos64
Introdução
O objetivo deste capítulo é o de apresentar as políticas de apoio
a APLs em Minas Gerais. A trajetória dessas políticas no estado
é marcada pelo crescimento da importância dessa temática em
nível federal, notadamente com a criação do Grupo de Trabalho
Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL) em 2004,
mas também apresenta aspectos relacionados à atual política de
desenvolvimento produtivo no estado, a denominada Política de
Fortalecimento Competitivo da Estrutura Produtiva de Minas Ge-
rais, cujas diretrizes atendem ao Plano Mineiro de Desenvolvi-
mento Integrado (PMDI 2007-2023).
Embora se verifique ações direcionadas ao apoio a APLs no
estado de Minas Gerais desde os anos 1990, foram ações isoladas
e concebidas ad hoc, tanto pela diversidade de situações existen-
tes nas aglomerações quanto pela ausência de um eixo condutor
e de uma institucionalidade que embasasse as ações. Ademais,
foram desenvolvidas em um ambiente fortemente restritivo das
64. O conteúdo deste capítulo é uma síntese dos resultados da pesquisa Análise
do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais em Minas Gerais,
realizada no âmbito do convênio BNDES/Fepese.
65. Agradecemos aos estagiários da pesquisa: Fernando Henrique Barros Cardoso,
Larissa Rodrigues da Cunha, Olga Priscila Alves de Oliveira e Nathália Bizinoto
Silva.
Secretarias estaduais
Em praticamente todos os APLs que são atualmente apoiados
está presente algum órgão do governo estadual, principalmente a
Sede e, em menor proporção, a Sectes e o Sebrae.
Embora na maior parte dos casos caiba à Sede, através da Sub-
secretaria de Indústria, Comércio e Serviços, a função de formular
e coordenar a execução da política estadual de apoio aos APLs,
a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes)
também tem atuado no apoio a APLs, especialmente naqueles ar-
ranjos que possam gerar e difundir inovações ou que requerem
ações específicas em termos de profissionalização da mão de obra
e desenvolvimento científico e tecnológico. Os apoios atuais dessa
secretaria direcionam-se, especialmente, aos APLs de biotecnolo-
gia, biocombustíveis, microeletrônicos e software.
Além dos recursos próprios aplicados pela Sede e pela Sectes
e demais secretarias no apoio aos APLs mineiros, parte importan-
te e crescente dos recursos atualmente aplicados originam-se da
Ministérios federais
Dois ministérios se destacam no apoio a APLs em Minas Gerais:
o Ministério da Integração Nacional e o das Minas e Energia.
O primeiro tem forte atuação na região Norte de Minas Gerais,
principalmente através da Companhia de Desenvolvimento dos
Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), criada em 1974
e, atualmente, ligada a esse ministério, cujo objetivo é estimular
o desenvolvimento na região das bacias dos rios São Francisco e
Parnaíba. As ações da Codevasf, ao longo de sua existência, con-
tribuíram para a criação de APLs que, atualmente, são apoiados
por essa instituição e reconhecidos como tal por diversas insti-
tuições de apoio em nível estadual e federal. Os principais APLs
constituídos em sua área de influência estão nos setores de aqui-
cultura, apicultura, ovinocaprinocultura, bovinocultura, fruticul-
tura e agroecologia.
A atuação do Ministério das Minas e Energia junto a APLs
ocorre através da RedeAPLmineral. A Rede tem como principal
objetivo fomentar a inovação e a transferência de tecnologia em
micro e pequenas empresas do setor mineral, através de um sis-
tema de informações usado para difundir as transformações que
69. Trata-se dos estudos de CROCCO, M. A.; GALINARI, R.; SANTOS, F.; LEMOS,
M. B. & SIMÕES, R. Metodologia de identificação de aglomerações produtivas lo-
71. Destaque-se que, embora tenha havido uma diminuição importante do núme-
ro de APLs entre o segundo e o terceiro mapeamentos elaborados após a insta-
lação do NGAPL, o número de municípios participantes diminuiu relativamente
menos – passaram de 192 para 174. Ocorreu, em parte, uma reorganização dos
APLs, concentrando alguns anteriormente tidos como independentes.
76. Tal como indicado, por exemplo, por Cassiolato, Lastres e Stallivieri (2008).
77. Ver os trabalhos de Costa e Andrade (2008) e Ferreira Jr. et alli (2008) para
uma análise da implementação dos programas com o BID no Pará e na Bahia,
respectivamente.
Bibliografia
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vativos locais de micro e pequenas empresas. Pequena Empresa – Coope-
ração e desenvolvimento local. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.
Introdução
A dinamização de vocações produtivas locais e regionais através
da estruturação de APLs tem sido crescentemente reconhecida
como fator de aceleração do processo de desenvolvimento da
economia fluminense. No passado recente, ocorreu um processo
de perda de importância relativa dessa economia em relação ao
restante do país, decorrente de uma combinação de fatores, como
problemas de infraestrutura e a ausência de uma política mais
efetiva de apoio à indústria local, que resultaram em “desecono-
mias” de localização no nível do estado. Esse fenômeno se refletiu
na redução da participação da indústria fluminense no total da
indústria brasileira ao longo da década de 1980 e até meados da
década de 1990.
A partir de então, consolida-se uma retomada do crescimen-
to, induzida principalmente pelo comportamento extremamente
positivo da indústria extrativa mineral no estado, decorrente da
extração de petróleo. Isso proporcionou uma aparente reversão
da tendência à “desindustrialização” da economia fluminense
observada até o início da década de 1990. No entanto, as evidên-
cias mais recentes indicam que esse comportamento positivo não
4) Região Noroeste:
Tendência à especialização em atividades agrícolas (fruticultu-
ra e agricultura orgânica, em especial), pecuária (em especial
a leiteira), no setor têxtil/vestuário (particularmente em Ita-
peruna), produtos alimentares e bebidas, extração e produtos
de minerais não metálicos (incluindo a produção de pedras
em Santo Antônio de Pádua) e prestação de serviços de saúde
(nesse caso, concentradas em Itaperuna).
Atividades especializadas, apesar de orientadas fundamental-
mente para o mercado local ou regional, apresentam potencial
de dinamização a partir de uma paulatina intensificação do
esforço exportador, como no caso de alguns produtos agroali-
mentares (aguardente, por exemplo), do setor de vestuário e
da exportação de pedras a partir de um processo de upgrade
produtivo e tecnológico das empresas locais.
7) Região Sul:
Estrutura produtiva relativamente diversificada, o que se re-
flete nos padrões de especialização.
Especialização em atividades vinculadas aos complexos side-
rúrgico (particularmente em Volta Redonda, Barra Mansa e
Itaguaí), automotivo (em Resende e Porto Real) e naval (em
Angra dos Reis), que já apresentam um nítido perfil exporta-
dor, que pode ainda ser incrementado.
Dentre as demais atividades, destacam-se algumas tradicio-
nais como as agrícolas (fruticultura da banana, por exemplo),
de pesca e produtos de madeira.
Essas atividades, apesar de orientadas fundamentalmente
para o mercado local ou regional, apresentam potencial de
dinamização de exportações.
Impacto potencial da expansão de Angra 3, com investimento
previsto em R$ 7,3 bilhões e efeitos previstos sobre a cadeia
79. A Câmara de APLs do Estado do Rio de Janeiro foi criada por meio do Decreto
n° 40.372, de 28 de novembro de 2006, revisto em 2008, tendo como objetivo
coordenar as ações governamentais com vistas ao desenvolvimento de arranjos
produtivos no estado. Nesse sentido, reconhece-se como arranjo produtivo local
as concentrações de empreendimentos e indivíduos que atuam em determinado
território em torno de uma atividade predominante, com formas de cooperação e
mecanismo de governança, podendo incluir empresas de pequeno, médio e gran-
de porte.
236
Inovação e difusão Acesso a mercados e
Estágio Estrutura de governança Apoio financeiro Capacitação produtiva
tecnológica competitividade
Concentração espacial de Dificuldade de acesso a Ênfase em processo de Necessidade de capa- Acesso a canais de comercializa-
empresas em determinada produtos financeiros devido à capacitação indutor da for- citação de produtores ção da produção local para merca-
região, porém com baixo informalidade. Necessidade malização das empresas. em Tecnologia Industrial dos mais atrativos. Normalização
grau de associação e de instrumentos financeiros Criação de instituições Básica, como mecanismo e certificação da produção para
desarticulação com institui- adaptados às necessidades de para capacitação básica para acelerar processos viabilizar expansão para mercados
ções de C&T locais. agentes locais. de produtores. Criação de de aprendizado indutores mais sofisticados. Possibilidade
Montagem de linhas de micro- centros de serviços adap- de maior nível de efici- de diversificação da linha de
crédito com apoio de prefeituras tados às necessidades dos ência. Apoio à difusão produtos a partir do processo de
APLs potenciais
e agentes financeiros. arranjos. Importância da de padrões técnicos e à normalização.
capacitação técnico-profis- melhoria da qualidade dos
1) Concentrações produtivas –
sional através do Senai. produtos gerados.
Predominância de redes Ênfase em mecanismos Capacitação de produtores Difusão de equipamentos Normalização e certificação da
horizontais, com papel de associativos para provisão de locais para desenvolvimen- mais modernos, indutores produção para viabilizar expansão
coordenação exercido por crédito para empresas locais. to tecnológico de produtos. de maior produtividade. para mercados mais sofisticados
associações empresariais Apoio de agências de fomento Importância da capacita- Atuação sobre gargalos (no país e no exterior). Diversifica-
locais. (inclusive internacionais, como ção técnico-profissional tecnológicos. Importância ção da linha de produtos a partir
Possibilidade de articula- o BID) no caso de arranjos através do Senai e da do processo de certifica- do processo de normalização.
ção com infraestrutura de mais estruturados. capacitação empresarial ção. Monitoramento de Participação em missões técnicas
C&T para prestação de Importância do financiamento em planejamento e gestão tendências, identificando- e em feiras internacionais. Con-
produtivas locais
serviços vinculados à TIB. da expansão da capacidade e da produção. se inovações em design e solidação de marca regional, que
exploração de vocações
da modernização produtiva e Participação de empresas tecnologia e as macroten- diferencie o produto gerado.
2) Processo de consolidação e
gerencial. locais nas principais feiras dências de consumo.
e eventos do setor.
de especialização consolidados
3) Arranjos Estruturados – polos
inovação.
84. Cabe ressaltar que tal orientação é condizente com o preconizado pelas “boas
práticas” para implementação de “clusters policies” advogadas por organismos
internacionais como OCDE, Unctad, CEE-Eurostat.
Anexo IV
Anexo V
Sites consultados:
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
FIRJAN. http://www.firjan.org.br.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTE-
RIOR – MDIC. http://www.mdic.gov.br.
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, ENERGIA, INDÚ-
STRIA E SERVIÇOS DO GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
– SEDEIS. http://www.desenvolvimento.rj.gov.br.
SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO – SEBRAE /RJ. http://www.sebraerj.com.br.
SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA GESTÃO ESTRATÉGICA ORIENTADA PARA
RESULTADOS – SIGEOR-SEBRAE. http://www.sigeor.sebrae.com.br.
Introdução
De uma maneira geral, pode-se dizer que as aglomerações pro-
dutivas existentes no Espírito Santo resultam de políticas públi-
cas (não necessária e exclusivamente governamentais) adotadas
como reação à severa crise pela qual passou sua formação socio-
econômica a partir do colapso da principal atividade (a monocul-
tura do café) nas décadas de 50 e 60 do século passado. A seve-
ridade da crise guarda estreita relação com o papel estruturante
que desempenhava o café na dinâmica socioeconômica-política
estadual.
Graças à base familiar na qual se sustentava, a cafeicultura
capixaba apresentava baixa geração de excedentes e, como sua
expansão se dava sobretudo no campo, gerava pouca dinâmica
de urbanização. Ainda assim, sua importância está registrada no
Censo do Café de 1960: nessa época, 68,1% da população econo-
micamente ativa (PEA) estadual estava empregada no setor agrí-
cola, 80% desses alocados no cultivo do café (CELIN, 2009).
Os 20 anos que se seguiram depois de 1955 mostram uma
longa crise de preços do café e marcaram um novo modelo de
intervenção estatal no setor. Ao invés de aumentar os estoques
reguladores, como nas crises anteriores, a decisão do governo fe-
deral foi de erradicação dos cafezais antieconômicos para que a
capacidade produtiva se equilibrasse com as demandas do mer-
cado consumidor, principalmente internacional. A erradicação de
cafezais se deu entre 1962 e 1967 (COSME, 2009).
85. As evidências empíricas nas quais os autores baseiam as análises contidas nos
itens 1 e 2 foram obtidas graças à inestimável contribuição do doutorando Ueber
Oliveira, da mestranda Talita Guedes de Souza e das graduandas Jamilly Vivia-
ne dos Santos Freitas, Nívia Cavatti Maciel, Thais Oliveira de Oliveira e Patrícia
Cristina de Abreu Dias. Os autores também registram os agradecimentos à mestra
Eliene dos Santos Lima, por suas contribuições nas buscas dessas evidências em-
píricas.
86. Em termos de pesquisas acadêmicas, a discussão a respeito dos APLs se inicia
anos antes. Os trabalhos produzidos pelo Grupo de Pesquisa em Inovação e De-
senvolvimento Capixaba – GPIDECA, do Departamento de Economia da Universi-
dade Federal do Espírito Santo, se caracterizaram por ter como foco a capacidade
inovativa de empresas capixabas participantes dos APLs. Nesse sentido, os estudos
buscaram valorizar as dimensões tecnológica, econômica e institucional desses
arranjos, analisando em que sentido a combinação dessas três dimensões era ca-
paz de promover arranjos cooperativos e de aprendizado mútuo e integrado que
resultassem em processos e decisões inovativas.
89. Segundo Silva et al. (2007), o café arábica (Coffea arabica) e o café conilon
(Coffea canephora) são os de maior interesse econômico, constituindo, respecti-
vamente, 70% e 30% da produção mundial. O café arábica apresenta caracterís-
ticas distintas da espécie conilon, como ser um café fino, de aroma e sabor mais
pronunciado. Em virtude dessa característica, a demanda mundial e os preços
de mercado do arábica são maiores do que os do café conilon. Este produz um
café de qualidade inferior, mas seus sólidos são muito mais solúveis em água do
que os sólidos da espécie Coffea arabica. Apesar de o café conilon possuir um
valor de mercado inferior ao café arábica, a liquidez dessa commodity é garantida
pela crescente demanda, por parte da indústria, de café solúvel e da utilização
em blends.
4. Comentários finais
Este capítulo apresentou alguns elementos de análise quanto à
definição de políticas públicas de apoio aos APLs no Espírito San-
to. Essa análise levou em consideração as metodologias utiliza-
das para a identificação e os critérios tomados em conta para a
seleção daqueles APLs que têm (ou tiveram) essas políticas a eles
direcionadas.
De forma geral, é possível afirmar que, embora o Governo do
Estado não tenha uma estratégia consolidada de desenho de po-
líticas para os APLs, o tema “aglomerações produtivas” foi incor-
porado à agenda política estadual. As evidências trazidas por este
trabalho, entretanto, sinalizam para a necessidade de se buscar
convergência de ações e de metodologias utilizadas pelas diversas
agências que trabalham o tema no Espírito Santo.
Vale destacar que parte da significação das estratégias volta-
das para o fortalecimento dos APLs no Espírito Santo pode ser
explicada a partir de respostas aos estímulos e definições em âm-
bito nacional (seja do MCT, do MDIC ou do Sebrae-NA). Por outro
lado, é fácil perceber que o estado se apoia em uma estratégia
passiva, em que a lógica de balizamento das ações é reativa, ou
seja, sempre em função do que demandam/oferecem organismos
federais ou as empresas.
De uma forma ou de outra, vale dizer que, seja através de ações
balizadas em nível nacional ou por políticas estaduais, alguns ar-
ranjos apresentam graus de consolidação mais significativos que
Bibliografia
ALBANESES JUNIOR, Neil Palácios. Produtividades das pequenas e médias
empresas via processo de exportação – o caso da Convix – Consórcio Vitória
Export. Dissertação de mestrado em Administração de Empresas. Vitória:
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S.A., 2009.
BUFFON, J. A. O café e a urbanização do Espírito Santo: aspectos econômi-
cos e demográficos de uma agricultura familiar. Dissertação de mestrado
Introdução
O objetivo deste capítulo foi proceder a uma análise crítica das
políticas implementadas em Mato Grosso do Sul relativas aos
arranjos produtivos locais. O conceito de arranjo produtivo local
adotado pela Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos
e Inovativos Locais (RedeSist) foi o norteador dessa análise. Nes-
sa abordagem, o enfoque recaiu sobre os atores e as atividades
produtivas e inovativas de diferentes portes e funções, originários
de diversos setores. A preocupação inicial foi analisar a trajetória
das políticas estaduais para APLs no contexto das especificidades
territoriais do estado, para então apresentar a institucionalidade
dessas políticas e seus instrumentos de identificação e seleção.
Em seguida, apresentou-se o mapeamento de APLs identificados e
apoiados por políticas públicas no estado, como também daqueles
já identificados mas que não foram alvo de apoio e, ainda, daque-
les que, embora existentes, não constam dessas listas de identifi-
cação. E, por fim, realizou-se uma avaliação crítica das políticas
existentes, à luz das condições e políticas públicas atuais.
Órgãos governamentais:
Secretaria de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo
(Seprotur);
Secretaria do Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento e da Ciência e Tecnologia
(Semac);
Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer);
Fundação de Trabalho e Qualificação Profissional de Mato Grosso do Sul (Funtrab);
Governo do Estado de Mato Grosso do Sul (poder executivo).
Federações:
Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul);
Secretaria das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems);
Secretaria dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Mato Grosso do Sul (Fetagri-MS).
Serviços:
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de Mato Grosso do Sul
(Senar-AR-MS);
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Mato Grosso do Sul (Senai-MS);
98. O APL turismo Costa Leste, em função dos novos critérios, deixou de estar
incluído na lista de apoio do governo estadual, embora estivesse entre os APLs que
já tinham sido agraciados com apoio e recursos anteriormente.
Fonte: NE-APLs/MS.
Fonte: NE-APLs/MS.
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110. Trata-se das aglomerações produtivas que estão sendo objeto de políticas/
ações de apoio sob a denominação e/ou sob a ótica de APLs no estado.
111. Foram classificados como “articulados” aqueles arranjos que possuem algu-
ma forma de coordenação local definida, algum planejamento para a sua atuação
e um histórico mínimo de ações de apoio e de protagonismo local.
112. Os classificados como “em articulação” são arranjos que estão sendo obje-
to de políticas de sensibilização e articulação inicial. Estão, ainda, classificados
nessa última categoria alguns APLs que já contaram com certo nível de apoio e
coordenação local, depois se desarticularam, mas estão sendo ou serão objeto de
retomada dos esforços de apoio e organização.
113. Disponíveis em http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.
php?area=2&menu=2343.
118. O eixo da parte sul da BR-153, que liga Goiânia a Itumbiara, o da BR-452, de
Itumbiara a Rio Verde, com sua extensão até Mineiros, o da BR-050, de Brasília a
Catalão, além do eixo Goiânia-Brasília.
119. Que liga Brasília a Teresina de Goiás, passando por Alto Paraíso, cruzando a
Reserva da Bioesfera, com enorme potencial para o ecoturismo.
120. Que liga Brasília a Posse e é a principal saída rodoviária para o Nordeste do
país.
121. Ela será a espinha dorsal de um amplo complexo ferroviário que promoverá
a integração entre o Sudeste e o Centro-Oeste com o Norte e o Nordeste do Brasil.
A ferrovia terá 1.980 km de extensão, sendo cerca de 980 km em território goia-
no. Em sua ponta norte, dará acesso aos portos de Belém, no Pará, e de Itaqui, no
Maranhão, e, na ponta sul, se interligará à Ferronorte, no município de Rubineia
(SP).
122. Associados a essas atividades, deverão ser diretamente estimulados também
os serviços de armazenamento e logística, especialmente junto às estações de
transbordo da ferrovia. Haverá cinco dessas estações no território goiano, no tre-
cho centro-norte da ferrovia, nos municípios de Anápolis, Jaraguá, Santa Isabel,
Uruaçu e Porangatu.
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Os autores 371
André Luiz Pires Muniz
Economista. Doutorando em Economia pelo Instituto de Econo-
mia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e professor
substituto da mesma instituição.
372 Os autores
Cleonice Alexandre Le Bourlegat
Geógrafa. Doutora em Desenvolvimento Regional e Planejamento
Ambiental pela Unesp. Professora titular do mestrado em Desen-
volvimento Local e da graduação em Geografia da Universidade
Católica Dom Bosco. Titular da “Cátedra Itinerante Canadense de
Estudos Brasileiros”, em 2006, no Canadá. Coordenadora cientí-
fica para América Latina da Acteurs Pratiques Recherches Euro-
péennes Internationales pour le Développement Durable (Apreis-
França). Pesquisadora associada à RedeSist.
Os autores 373
Fabio Stallivieri
Economista. Graduação em Economia, mestrado em Economia In-
dustrial pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutorado
em Economia pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente,
é professor adjunto da Universidade Federal Fluminense e pesqui-
sador da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência
na área de Economia, com ênfase em Economia Industrial e Mu-
dança Tecnológica, atuando principalmente nos seguintes temas:
Análise da Dinâmica Produtiva e Inovativa das Firmas e Arranjos
e Sistemas Produtivos e Inovativos.
Guilherme N. P. de Carvalho
Economista pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ). Mestre pelo programa de Pós-graduação em Economia
da Universidade Federal Fluminense (UFF). Título da dissertação:
Análise e mapeamento dos arranjos produtivos locais do Estado do
Rio de Janeiro.
Janaina Ruffoni
Graduada em Ciências Econômicas (FCE/UFRGS), mestre em
Gestão de Ciência e Tecnologia (PPGA/UFRGS) e doutora em Po-
lítica Científica e Tecnológia (DPCT/Unicamp). Tem experiência
de ensino, pesquisa acadêmica e técnica na Unicamp, UFRGS e
Unisinos. Atua principalmente nas áreas de Economia Industrial
e da Tecnologia e Gestão da Inovação Tecnológica. É atualmente
professora de graduação e da pós-graduação da Unisinos.
jruffoni@unisinos.br
374 Os autores
Jorge Nogueira de Paiva Britto
Economista. Graduação em Economia pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, especialização em Planejamento Energético
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, especialização em
Economics pela Science Policy Research Unit, mestrado em Eco-
nomia da Indústria e da Tecnologia pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro e doutorado em Economia da Indústria e da Tec-
nologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente,
é professor adjunto da Universidade Federal Fluminense e pesqui-
sador da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Os autores 375
Marisa dos Reis A. Botelho
Economista. Doutora em Economia pelo Instituto de Economia da
Universidade Estadual de Campinas e pós-doutorado pela Univer-
sidad de Valencia (Espanha). Professora e pesquisadora do Insti-
tuto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
onde atua no Programa de Pós-graduação em Economia. Pesqui-
sadora associada da RedeSist.
376 Os autores
balha com temas relacionados a comércio internacional, agrone-
gócio e aglomeração industrial.
Os autores 377
IE/Unicamp. Formado em Ciências Econômicas na FEA/USP, com
mestrado e doutorado em Economia Aplicada na Esalq/USP. De-
senvolve pesquisas na área de economia de empresas, gestão de
investimentos e mercados de derivativos.
378 Os autores
Vanessa Petrelli Corrêa
Economista. Doutora em Economia pelo Instituto de Economia
da Universidade Estadual de Campinas e pós-doutorado pela Uni-
versidade de Brasília. Professora e pesquisadora do Instituto de
Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde
atua no Programa de Pós-graduação em Economia. Atualmente, é
pesquisadora visitante do Ipea.
Os autores 379