Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
S I N D I C AT O Impresso
ANDES
Especial
9912248799/2009-DR/RS
NACIONAL Sedufsm
CORREIOS
Publicação mensal da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES - Novembro de 2010 ISSN 2177-9988
SEDUFSM, 21 anos
de muitas lutas
No dia 8 de novembro foi aberta
oficialmente a comemoração dos 21
anos da SEDUFSM. Reitor, diretores e
ex-diretores do sindicato prestigiaram
o happy hour . O jantar do Dia do
Professor também fez parte dessa
comemoração.
Extra-classe, pág. 10
MÁRCIO PREVEDELLO
Ministro Carlos Lupi assumiu compromisso com o ANDES-SN
Assim como em 2008, novamente centenas de pessoas, a maioria docentes, mas também
estudantes, integrantes de outros sindicatos e até do MST, se reuniram em Brasília em defesa do
ANDES-SN. O ato público aconteceu no dia 21 de outubro, reuniu mais de 2 mil pessoas, que
marcharam pelos pontos nevrálgicos da política em Brasília. A pressão surtiu efeito, a tal ponto que
o próprio ministro do Trabalho, Carlos Lupi, subiu no carro de som (foto) para se comprometer que
encontrará uma solução para o caso da representação do ANDES-SN em relação aos professores
federais de Santa Catarina. Leia mais na pág. 07
Debate aborda fim dos jornais impressos e a internet Extra-classe, pág. 11 Com a palavra, págs. 08 e 09
EDITORIAL Clauber
SEDUFSM: 21 anos
O mês de novembro de cada ano é sempre uma data
significativa para o movimento docente na UFSM. Isso porque
em 7 de novembro de 1989, uma centena de professores
sonhadores resolveu fundar a Seção Sindical dos Docentes da
UFSM, uma extensão do ANDES - Sindicato Nacional dos
Docentes. No ano passado, recuperamos a história dessas duas
décadas de existência, destacando momentos importantes que
marcaram a trajetória da entidade, considerando que a
memória deve ser preservada e que as conquistas devem ser
rememoradas.
Num país ainda bastante carente no que se refere à
preservação da história dos trabalhadores e daqueles que
lutam pela construção de um país melhor, a preocupação dos
sindicatos também deve ser no sentido de resgatar a história
desses lutadores.
Durante um bom tempo, alguns setores na UFSM viram a
SEDUFSM como uma entidade que queria concorrer com a
Associação dos Professores (APUSM). Entretanto, aqueles que
ajudaram a construir a entidade não tinham outro objetivo a
não ser assumir um papel que a APUSM abdicou. Com a
constituição cidadã , promulgada em 1988, o direito à
sindicalização foi garantido na Carta Magna do país. Dessa
PONTO A PONTO
forma, havia o entendimento de que os docentes não deveriam
perder a oportunidade de criar uma entidade classista com Carreira docente Fotos: FRITZ NUNES
prerrogativas legais de defesa e de luta da categoria. O Grupo de Trabalho (GT) Carreira da SEDUFSM reuniu
O acerto foi se comprovando ao longo dos anos. A seção parte de seus integrantes na tarde do dia 4 de novembro, no
sindical iniciara com uma centena de abnegados, lutadores Colégio Politécnico da UFSM. Cerca de 10 professores
com uma trajetória histórica na instituição. Poucos anos estiveram presentes à atividade (foto), cujo objetivo foi
depois, após diversas vitórias no campo jurídico e também no apresentar aos docentes daquela instituição o andamento
político, o número de filiados alcançou a casa dos mil e de lá das discussões sobre a carreira, que tem acontecido tanto
para cá, jamais baixou disso, ultrapassando atualmente a casa em âmbito nacional, como em nível local. Representando a
dos 1.200 sindicalizados. seção sindical esteve presente o vice-presidente, professor
Julio Quevedo. No que se refere à proposta que está sendo
É verdade que as assembleias não lotam mais os auditórios
esboçada pelo GT Carreira do ANDES-SN, o professor do
como as que ocorriam nas décadas de 80 e 90, até mesmo departamento de Física, Alcides Adornes, considerou que ela tem coisas boas e coisas não tão boas .
porque os rituais da democracia foram se tornando cotidianos, Já o 2º vice-presidente da secretaria regional do ANDES-SN, professor Carlos Pires, do departamento de
sem ameaças de autoritarismo no horizonte. Todavia, é preciso Geociências da UFSM, ressaltou que o que existe em termos do ANDES é um esboço de proposta que
ter sempre presente que se não temos mais um regime ditatorial, foi construída em assembleias gerais de todo o país. Pires analisa que a proposta não está fechada ainda e
superado há mais de 25 anos, existem outros fatores ela só passará a ser assumida pelo ANDES-SN a partir de fevereiro, quando for apreciada e votada no
conjunturais a nos oprimir. Um deles se refere à permanente congresso da entidade, em Uberlândia (MG).
tentativa de domesticar a universidade, transformando-a em
um espaço de reprodução das teses do capital, em que a Reunião na ANDIFES
sociedade fica em segundo plano sobrepujada pelos valores do
mercado. A presidente do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN), Marina
Contra esse tipo de visão é que se insurge a maioria dos Barbosa Pinto, apresentou, no último dia 7 de outubro, durante a 94ª Reunião Ordinária do Conselho
Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições do Ensino Superior (Andifes),
docentes. E, enquanto houver insurgentes, enquanto houver realizada em São Luís-MA, a avaliação do movimento docente sobre a minuta do Projeto de Lei do
pessoas que se mantenham desfraldando a bandeira em defesa governo federal que altera a carreira docente do magistério superior.
da universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente Aos reitores, a presidente do ANDES-SN expôs sobre as principais questões que serão alteradas
referenciada, o sindicato terá a sua existência justificada e com as medidas propostas pelo governo e sobre o processo em curso, apontando os principais
mantida imprescindível. elementos que o Sindicato considera fundamentais para a compreensão da carreira docente como
componente estratégico para influenciar os rumos da instituição. Por isso, reafirmou pressupostos
que sempre ordenaram a compreensão do Sindicato e que considera não haver motivos para alterá-
EXPEDIENTE los, como, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão como componente estrutural da
concepção de desenvolvimento do trabalho; e a paridade e a isonomia.
A diretoria da SEDUFSM é composta por:
Presidente: Rondon Martim Souza de Castro; Vice-presidente: Julio Ricardo
Quevedo dos Santos; Secretária-geral: Leila Wolff; Tesoureiro-geral: Sérgio A. Protesto estudantil
Massen Prieb; Primeira secretária: Carmem Deleacir Ribeiro Gavioli; Primeira
tesoureira: Glaucia Vieira Ramos Konrad; Segunda suplente: Rejane Terezinha
Entre os dias 21 e 25 de outubro, Santa Maria foi sacudida
Pereira dos Santos e Terceiro suplente: Luís Eduardo de Souza Robaina.
Jornalista responsável: Fritz R. F. Nunes (MTb nº 8033)
pelos protestos dos estudantes, capitaneados pelo DCE da
Relações Públicas: Estefânia Adams; Vilma Ochoa (licenciada) UFSM. O movimento ganhou a solidariedade de grupos
Arquivista: Cláudia Rodrigues estudantis independentes e ainda ganhou adeptos de alunos
Demais funcionários: Claudionéia Petry, Márcio Prevedello, Paulo Marafiga e de cursinhos, de faculdades particulares e do pessoal
Maria Helena Ravazzi da Silva. secundarista. A motivação foi a aprovação no Conselho
Diagramação e projeto gráfico: J. Adams Propaganda Municipal de Transportes do aumento da tarifa de ônibus de
Ilustrações: Clauber Sousa e Reinaldo Pedroso 2 reais para 2,20 reais.
Impressão: Gráfica Pale, Vera Cruz (RS) Tiragem: 1.500 exemplares
Obs: As opiniões contidas neste jornal são da inteira responsabilidade de quem No ato em frente ao Paço Municipal houve até spray de
as assina. Sugestões, críticas, opiniões podem ser enviadas via fone(fax) pimenta, usado por seguranças da prefeitura. Centenas de estudantes fizeram caminhadas pelas ruas
(55)3222.5765 ou pelo e-mail sedufsm@terra.com.br centrais da cidade, pela praça Saldanha Marinho (foto), ganhando a simpatia de setores importantes da
Informações também podem ser buscadas no site do sindicato: população. Ao realizarem uma audiência pública na Câmara de Vereadores, da qual o prefeito Cezar
www.sedufsm.org.br Schirmer (PMDB) se ausentou, os estudantes ganharam a ira de alguns vereadores da base de apoio do
A SEDUFSM funciona na André Marques, 665, cep 97010-041, em Santa governo. A SEDUFSM, através de seu presidente, Rondon de Castro, divulgou nota de solidariedade ao
Maria(RS). protesto estudantil.
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES NOVEMBRO 2010 03
RADAR
RADAR ESPECIAL
Vito Giannotti
Comunicação deve ser ferramenta
para mudar cultura do trabalhador
A comunicação de um sindicato não ressalta o escritor do NPC, os jornais
Fotos: FRITZ NUNES
deve ser feita apenas através do jornal, do surgem comprometidos com a visão da
site ou com boletins para rádio ou im- nova classe que se formara a partir da
prensa comercial. O ideal é usar todos os Revolução Industrial a burguesia.
instrumentos de comunicação possíveis, O século XIX vai representar a
buscando disputar a hegemonia, ou seja, disseminação dos jornais, em todo o
a visão sobre os fatos, que é feita de forma planeta, sempre usados como instru-
massiva pela mídia comercial. Isso seria mento de disputa de hegemonia, quer
uma forma de, aos poucos, mudar a visão, dizer, que passavam a visão da classe
a cultura dos trabalhadores. O pensamen- dominante os capitalistas. Mas, é tam-
to é do escritor Vito Giannotti, do Núcleo bém em meados do século XIX, quando
Piratininga de Comunicação (NPC), que surgem as fábricas e os operários, que
na manhã do dia 20 de outubro, ministrou vão ser criados os sindicatos e, a partir
a primeira parte do curso de Comu- daí, os jornais vinculados a esses sindi-
nicação Sindical , no auditório da catos, bem como a partidos políticos
SEDUFSM. O evento teve a participação que se contrapunham a essa visão dos
de um público de 50 pessoas, formado de jornais dos donos das fábricas.
forma mesclada por estudantes de Comu- A chegada do século XX propicia um
nicação, profissionais de assessoria de salto em termos de evolução da
imprensa e diretores de entidades comunicação. O primeiro grande
sindicais. avanço é a invenção do rádio, em Vito Giannotti e Rondon de Castro (microfone): curso para 50 pessoas
Giannotti, após a saudação feita pelo meados da década de 1920. O processo
presidente da SEDUFSM, professor evolutivo na área se amplifica ainda acaba sendo em meados da década de trabalhadores em meio a um aparato
Rondon de Castro, trouxe um pouco da mais na década de 1950, com o apare- 1990, com o surgimento e populari- comunicacional da mídia comercial, que
história da imprensa em âmbito mundial. cimento da televisão. O casamento zação da internet, que tornará as não faz concessões a quem se opõe a ela,
Segundo ele, os jornais surgem no final entre áudio e imagem celebrará informações on line , ou seja, em prescreve Vito Giannotti, autor de vários
do século XVIII, a partir do advento da avanços grandiosos à comunicação, tempo real. E é esse o quadro em que se livros tratando da história operária no
Revolução Industrial, que lançaria as com o uso comercial, mas também encontram a sociedade e os sindicatos. país e também da comunicação dos
bases para o Capitalismo. Desde o início, político. O novo salto na comunicação É preciso disputar a visão de mundo dos sindicatos.
RADAR ESPECIAL
OPINIÃO
Os meios de comunicação
influenciam no processo ANDES-SN: 5º Encontro Intersetorial Fotos: Najla Passos/ANDES-SN
Para a presidente do ANDES-
eleitoral? SN, o grande desafio que temos
Fotos: Arquivo/SEDUFSM
hoje é nos aproximarmos da nossa
Adriano Severo Figueiró, 40 categoria, é saber dialogar com os
anos, professor do depar- novos docentes que chegam às
tamento de Geociências do universidades, e conseguir mobili-
CCNE. zá-los para a defesa da educação
Sim, mas de uma maneira muito pública e de melhores condições de
mais sutil e profunda do que trabalho para os docentes. Temos
aquilo que se possa supor a que enfrentar, por exemplo, o fato
princípio. Entendo que a de que a educação já é tratada como
principal ação dos meios de mercadoria na nossa sociedade, e
comunicação não se dá tanto pela não como um direito , afirmou
influência sobre a definição do Marina Barbosa Pinto. O discurso
voto dos eleitores, muito embora isso ocorra de forma foi feito para cerca de 150 docentes
Marina: desafio do sindicato é se aproximar da categoria
muito evidente, especialmente junto às camadas mais de 53 Seções Sindicais que parti-
populares e incapazes de interpretar o contexto dos ciparam da abertura do 5º Encontro Intersetorial da históricos que permeiam seus 30 anos de
acentos e das escolhas editoriais de cada veículo. A entidade, realizado em Brasília (DF), de 21 a 23 de existência, mas também apontando as muitas
influência mais contundente, acredito, se dá sobre a outubro, dando a medida da importância do perspectivas de futuro. Marina atacou diretamente
"pasteurização" dos próprios candidatos e suas Sindicato Nacional para a condução das lutas em a política do governo que, apoiado em entidades
performances elegíveis. Avalio que o principal papel prol da educação pública e das melhores condições pelegas, têm tentando destruir o Sindicato
dos meios de comunicação (me referindo àqueles cuja de trabalho para os docentes. O presidente da Nacional, como forma de diminuir à resistência ao
função é a defesa dos interesses do sistema hegemônico SEDUFSM, Rondon de Castro, representou a processo de mercantilização da educação. O
excludente) é oferecer aos candidatos que se sujeitam à entidade nesse encontro. quadro atual do registro sindical do ANDES-SN
cumplicidade ao sistema, uma possibilidade de Durante sua manifestação, a presidente arrancou reflete uma política deliberada de submeter à
"chancelar" a adequação das suas plataformas ao calorosos aplausos do público ao relembrar toda a capacidade de organização e luta dos docentes de
modelo político-cultural conservador . história de constituição do ANDES-SN, demons- ensino superior do Brasil , sintetizou. (Leia mais
trando a força da entidade nas lutas e na sobre a questão do registro sindical e a
Marta Regina Lopes Tocchetto, organização dos trabalhadores, com exemplos representação dos docentes na página 07)
53 anos, professora do departa-
mento de Química do CCNE.
Os meios de comunicação e as
pesquisas eleitorais influenciam
Um ano de derrota dos trabalhadores
no processo eleitoral. É só em uma perspectiva histórica, fará de 2010 um
observar algumas tomadas de ano emblemático para os trabalhadores do país.
decisão com relação à mudança Havia uma expectativa de reunificação da
do voto por convicção por causa classe, e não foi nisso que resultou o 1º Conclat.
das pesquisas divulgadas. E o 2º turno das eleições indicou um refluxo
Muitas vezes, o eleitor deixa de ideológico enorme, com antigos companheiros
votar num candidato apenas para evitar que o não nossos de luta tentando vender a falsa idéia de
desejado se eleja. Isso se observou no 1º turno, pois que há dois projetos de sociedade diferentes se
muitas pessoas deixaram de votar na Marina Silva para confrontando , argumenta.
votar no Serra, acreditando desta forma evitar a eleição Apropriando-se do tema do painel, Badaró
da então candidata Dilma. O exemplo, no meu acrescenta que o quadro no sindicalismo
entendimento, demonstra claramente a influência dos
brasileiro é o sintoma mais visível do refluxo
meios de comunicação por meio das pesquisas no Badaró: incapacidade do movimento sindical
da esquerda. O movimento do chamado Novo
processo eleitoral .
Num quadro eleitoral em que o palhaço Sindicalismo acabou de forma progressiva, o
Tiririca conquista sozinho, mais votos do que que já era visível no meio da década de 90. Em
Glaucia Vieira Ramos Konrad, todos os candidatos dos partidos da esquerda 1989, o Brasil registrou 4 mil greves. Em
44 anos, professora do depar- socialista, é preciso admitir que 2010 1994, foram 600. Hoje, registramos
tamento de Documentação do
entrará para a história como um cerca de 400 greves por ano. E isso
CCSH.
ano de derrotas profundas para a O 2º sem contar que as greves do
A mídia (ou parte hegemônica
dela) tem se achado a porta-voz
classe trabalhadora brasileira. A turno das eleições passado eram nacionais, gerais,
análise é do professor de Histó- significou um unificadas , exemplifica.
da "opinião pública" ou a própria
ria Brasileira da Universidade O professor defende que ao
"opinião-pública". Porém, quem
Federal Fluminense (UFF),
refluxo ideológico avaliar a quantidade de greves,
cria opinião são os segmentos (Marcelo Badaró, professor
sociais, da qual a mídia faz parte. Marcelo Badaró, que participou da UFF) instrumento mais tradicional do
A mídia lhes dá elaboração mais do painel Atualidade do Movi- sindicalismo, se chega à con-
consistente ao mesmo tempo em que procura passar mento Sindical e o ANDES-SN , clusão de que, hoje, o movimento
isenção, o que na realidade não existe. Por isso, direta realizado na abertura do 5º Encontro sindical não possui nem 10% da
ou indiretamente, os meios de comunicação tomam Intersetorial do ANDES-SN, na noite do dia 21 capacidade de mobilização que tinha na década
posição político-eleitoral e tem lado. Mas não é decisiva de outubro, em Brasília (DF). de 80, quando o ANDES-SN surgiu e
em última instância, tanto que, nas últimas eleições Para o professor, o desempenho eleitoral da empreendeu muitas vitórias para a categoria
presidenciais, seu candidato preferencial foi esquerda socialista é apenas o sintoma mais docente e a educação pública brasileira.
derrotado . visível de um processo que, quando avaliado (Fonte: ANDES-SN)
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES NOVEMBRO 2010 07
Reflexos da dívida
O ato público do dia 21 de outubro também contou com representantes do
entidades que ousam sair às ruas e
não se submetem aos governos têm
que lutar unidas .
Santa Catarina. Entretanto, o
ministro prometeu uma solução
definitiva para a questão somente em
movimento 'Auditoria Cidadã da Dívida'. Maria Lúcia Fatorelli parabenizou o Representantes dos trabalhadores nova reunião, agendada para o dia 10
ANDES-SN pela atividade e enfatizou o tamanho dos desafios a serem enfrentados da Universidade de São Paulo USP de novembro.
pelos brasileiros a partir do próximo ano. Em 2009, o governo federal investiu 48%
dos recursos do orçamento da união no pagamento da dívida pública. Descontando a
rolagem, foram 36% do orçamento para os juros da dívida. E apenas 2,8% para a
Educação. É por isso que os direitos de professores e alunos vêm sendo
massacrados . ELES DISSERAM
Em nome da CSP-Conlutas, José Maria Almeida evidenciou o esforço que o
Estado brasileiro segue fazendo para continuar a garantir o lucro da burguesia . De Não subestimem Dilma Rousseff . (João Santana, responsável pelo marketing da candidata
acordo com ele, o novo governo já estaria preparando uma reforma previdenciária, a Dilma Rousseff. Folha de São Paulo, 7 de novembro de 2010, pág. A10)
exemplo do que ocorre na França, para tentar conter a crise financeira que se alastrou O problema das revoltas nas periferias (das cidades francesas) é político . (Didier
pelo mundo. Por isso, esses ataques às entidades de luta estão se acirrando. Temos Lepeyronnie, sociólogo francês, comentando sobre os recentes protestos e depredações nas periferias
que lutar juntos contra isso , destacou Almeida. de importantes cidades francesas, durante a greve geral naquele país. Folha de São Paulo, 7 de
Após o ato na frente do MTE, os manifestantes estiveram no Ministério do novembro de 2010, pág. A22)
Planejamento, Orçamento e Gestão e no Ministério da Educação, onde protocolaram
outras reivindicações dos docentes. A categoria reivindica, principalmente, a (A eleição do palhaço Tiririca) foi apenas uma piada niilista do eleitor, que vai se
abertura efetiva de negociações sobre a carreira docente, considerando que a voltar contra ele mesmo . (Fernanda Torres, atriz, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo,
proposta de projeto de lei apresentada pelo governo foi bastante criticada pela base da caderno Ilustrada, pág. E4, em 7 de novembro de 2010)
categoria.
08 NOVEMBRO 2010 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
COM A PALAVRA
Acabou o
romantismo
sindical
Ele atuou no movimento docente nos tempos áureos, em meados da
década de 1980. Foi vice-presidente da Associação dos Professores
(APUSM) entre 1985 e 1987, que era presidida por Clóvis Guterres. Já
em 1989, foi um dos signatários na fundação do sindicato dos professores
da UFSM (SEDUFSM). Passado esse período, o professor Edson Nunes
de Morais, que é formado em Medicina pela UFSM, com mestrado e
doutorado pela USP, optou por se restringir à atuação acadêmica e
também assumiu cargos importantes na área administrativa, como o de
diretor do Centro de Ciências da Saúde (1990-94) e coordenador do
mestrado em Medicina, de 1994-96. Chegou a concorrer a reitor, no ano
de 1993, quando a chapa vencedora foi a do professor Odilon Marcuzzo
do Canto. No mês em que a SEDUFSM completa 21 anos, procuramos o
professor Edson Morais para saber o que ele pensa sobre várias
questões envolvendo universidade e movimento docente. Entre
outras coisas, o professor diz que o sindicalismo que se faz hoje é
muito pragmático , deixando de lado o romantismo
vivenciado na década de 80. Acompanhe a seguir a entrevista
concedida ao Jornal da SEDUFSM.
PERGUNTAS&RESPOSTAS
Pergunta - O sr. é um dos antigos cores. Ou seja, ideologia é zero. Só que ampliar a universidade criando uma Quando o ministro da Educação era
militantes do movimento docente na o movimento docente me parece que série de cursos sem qualidade, com Marco Maciel, nos recebia como um
UFSM, tendo sido da direção da ainda mantém um pouco (a ideologia). mentiras, com uma evasão enorme. gentleman, mas nada avançava, porque o
APUSM e um dos fundadores da Já em relação a outros sindicatos, é projeto que queria para a universidade era
SEDUFSM. Que diferença principal muito claro os que têm e os que não têm P- E na sua avaliação, por que a o do chamado GERES, que separava as
pode ser estabelecida entre o que era as conveniências necessárias para os discussão sobre a ampliação, criação universidades por estrelas, como os
atuar num sindicato ainda nos anos 80 e seus pares. de novos cursos, não é feita de forma hotéis. Aquelas destinadas ao ensino,
nos dias atuais? mais ampla? outras somente à pesquisa e outras à
Resposta- Eu acredito que a principal P- A que se pode atribuir o fim do R- Porque hoje passa, antes de mais extensão. E a política de hoje eu vejo
diferença é que nós encarávamos a luta romantismo? nada, por um crivo prático, mais diferente. Eu crio um núcleo da
sindical de uma forma praticamente R- Eu acho que hoje as coisas são muito pragmático. universidade em Silveira Martins e
romântica, se compararmos com os dias mais pragmáticas, ou seja, as perguntas vamos lá . Quero votos. E eu não estou
de hoje. O sindicato foi fundado por são nós vamos negociar o que? . As P- Mas qual o sentido prático de criar aqui criticando a política partidária, pois
algumas pessoas em 1989, com o coisas são de ordem prática e não cursos com alto número de evasão? nós dependemos dela.
(professor) Clovis Guterres como ideológicas. A ideologia acabou. Por Alguém lucra com isso?
primeiro presidente, o (professor) Sérgio isso, esse romantismo, de lutar por R- A instituição, eu acho que não P- E como o sr. analisa esse quadro
Pires comandando todo o jogo político. ideias, parece que também está ganhando com isso. colocado ao longo dos oito anos de
Ali ainda e durante um bom tempo, que terminou. A universidade Nossa Alguém está, é claro. Nesse governo Lula, em que se, de um lado,
eu convivi dentro do sindicato, e mesmo que se queria em cima de universidade país, alguém sempre leva. não privatiza ao estilo FHC (PSDB), por
antes, através da APUSM (que cumpria o ideias acabou. Só para dar um exemplo, a outro, faz uma ampliação precarizada
papel de sindicato antes de existir o Antigamente, quando a ainda é de fome no nordeste. Se um do ensino superior federal?
sindicato), era uma luta romântica, bem gente comparava, por fundo de dia ela acabar por lá, muita R- Eu não sou contra a expansão, muito
diferente de hoje. Claro, eu estou longe exemplo, universidades quintal gente vai deixar de ganhar pelo contrário. Provavelmente na minha
do dia a dia do sindicato, pode ser que estaduais paulistas e com isso. O mesmo caso é área, que é a médica, eu sou um dos que
tenha uma percepção distorcida, mas universidades federais, o avanço para a seca, que é uma indústria mais quer a expansão, e quando digo eu, é
vejo com uma visão romântica aquela político das federais era imenso. que sustenta muitos coronéis. Então, a porque tenho uma história no curso de
época. Eu diria que nos dias atuais, é Hoje, eu não sei se ainda existem essas mesma coisa é aqui. Alguém vai lucrar Medicina da UFSM, onde criei o curso de
muito mais pragmática a atuação, e não diferenças. Eu vejo, por exemplo, na com esses cursos que não têm mestrado, quando eu fui diretor do
só do sindicato docente, mas do atualidade, a política partidária candidatos ou que metade dos Centro de Ciências da Saúde. Depois eu
sindicalismo em geral. E acho até que o interferindo muito fortemente na candidatos cai fora. Mas, a instituição fui coordenador do mestrado, que acabou
movimento docente, ao menos pelo universidade. Interfere mais do que não ganha, ela perde. sendo extinto. Por isso, eu gostaria muito
jornal que eu acompanho, ainda mantém antigamente. Antes, havia um limite que houvesse um curso de mestrado, e
uma certa ideologia, se é que eu posso dessa ingerência, o que hoje não tem P- Afinal, o que haveria em tudo isso, não ter representa uma vergonha para
assim qualificar. Ideologia, no meu mais. As coisas são bem práticas. uma moeda de troca? mim, que fui o primeiro doutor-médico
entendimento, neste país, já acabou. Não Então, se pergunta, quem é o presidente R- Ah, com certeza. Eu não tenho dentro da UFSM. Então, eu não quero
existe mais esquerda, direita, centro, no da República? Ah, é o Collor de Mello. dúvida disso. Há uma moeda de troca, expansão? Quero sim. E como eu, meu
Brasil, desde que o (presidente) Lula Bom, nós queremos criar mais 20 ou 30 especialmente política. O jeito de fazer Deus, muitos querem. Mas, com o que?
assumiu. Isso porque ele conseguiu cursos na UFSM. Ou, se o governo é o política hoje é muito diferente da época Com qualidade. Isso é o que eu me bato.
colocar no mesmo saco de gatos todas as Lula, do PT, vamos usar isso para dos militares ou do (José) Sarney. Porque não adianta expandir, expandir,
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES NOVEMBRO 2010 09
sem critérios. O problema é todo esse, o a UFSM, fazer convênio com o Detran
do pragmatismo. Porque isso (expansão) para atuar na área de exame para
dá mil dividendos. Tem determinados obtenção de carteira de motorista.
cursos, à base de cuspe e giz, que é muito R- Claro, claro. Concordo plenamente. E
fácil de criar. Muitos desses cursos, e eu aí tem outra coisa. Causa-me uma certa
posso estar fazendo uma injustiça, estranheza todas essas questões
carecem de professores para dar uma envolvendo a Fatec, de que parece que
disciplina. Mas, é inegável que os oito está tudo certo, que se deixe tudo como
anos do governo Lula foram muito está para ver como é que fica.
diferentes do período do governo
Fernando Henrique. Acontece que vem P- O sr. diz internamente?
aquela discussão, que é a da universidade R- Sim, internamente. Na época em que
com qualidade, que sempre foi a bandeira fui diretor do Centro de Ciências da
levantada pelo movimento docente. Quer Saúde, um dos equívocos que eu achava
ver um exemplo absurdo? Na década de e, por isso, que quase não ia nas reuniões
80, quando eu atuava no movimento da Fatec, era de que os diretores eram
docente, o número de faculdades de membros natos da fundação. Então, o que
Medicina no país era de 80, e já era o os membros do conselho diretivo da
suficiente. Daquele período para cá, a Fatec decidiam lá, depois vinha para o
população do país nunca excedeu de nós Conselho Universitário, e eram os
termos que mais do que duplicar o mesmos que iam avaliar o que havia sido
número de faculdades de Medicina. Isso decidido na Fatec. Isso para mim sempre
é o maior absurdo. A OMS (Organização foi um absurdo. Não sei como é que está
Mundial de Saúde) preconiza 1 médico agora, mas isso tem que ser modificado.
para cada mil habitantes. No Brasil, esse
índice é um dos maiores do mundo, nem P Mudando um pouco de assunto, cito
nos Estados Unidos nós temos algo que houve uma experiência sua na
assim. Em alguns lugares, como por política universitária, em meados de
exemplo, no Rio, em Copacabana, deve 1993, quando o sr. concorreu a reitor da
ter 1 médico para cada menos de 100 UFSM, tendo como vice, a professora
habitantes. E depois que você abre um Cecília Pires. Por que candidaturas com
curso de Medicina, mesmo que ele não proximidade da esquerda não foram
tenha qualidade, jamais fecha, pois passa bem sucedidas na universidade? A
a ser uma referência de status para a UFSM é uma instituição de valores
sociedade. conservadores?
R- Sem dúvida. Acho que a nossa
P - Fala-se muito que a universidade nos universidade continua sendo de fundo de
dias atuais cumpre um papel que está quintal. Ou seja, conservadora. Deixa
submisso aos interesses do mercado. O como está para ver como é que fica. Eu
sr. entende dessa forma ou tem uma ensino público a 25%. E, apesar disso, houve algumas mudanças, mas no tenho amigos, não mexe comigo que eu
análise diferente? 90% da pesquisa produzida vinham da próprio governo Lula, essa relação não mexo contigo. Claro que eu estou
R- Tem muito a ver sim, mas não todo. universidade pública. Tudo bem que passou ser mais bem entendida e com fazendo uma caricatura, mas em relação a
Depende das áreas do conhecimento. Por boa parte dessa produção das públicas algum tipo de aceitação maior por parte essa forma de ver as coisas, não se
exemplo, eu não acredito que na área das vinham de uma USP, Unicamp, daqueles que resistiam à idéia. Isso avançou.
artes haja uma submissão aos interesses UNESP, UFRJ, entre outras, mas acho também leva a uma interpretação de
do mercado. O artista tira da cabeça dele que hoje melhorou mais essa divisão na que os problemas têm relação com as P- Às vezes parece que a instituição
o que ele tiver que achar. Já outras áreas produção de conhecimento. E, para pessoas que gerenciam essas estruturas. avança em termos de quantidade, ou
são literalmente compradas. A univer- citar o governo atual (Lula), acho Eu pergunto se pode haver uma seja, aumenta o espaço físico, contrata
sidade é comprada e vende conforme os importante destacar que melhorou coexistência pacífica, legítima, ética mais pessoal, ingressam mais alunos,
interesses das empresas. Na minha área, muito na parte de projetos exten- entre uma instituição pública e mas do ponto de vista dos valores
da Medicina ou da saúde em geral, isso é sionistas das universidades. uma instituição de direito pri- culturais ainda deixaria a desejar.
comum. Uma pesquisa clínica, por O vado dentro da universi- R- Para a gente ter uma ideia em relação a
exemplo, vai depender do interesse do P - No final de 2007, a romantismo dade? Eu acho que sim. Vou isso, é importante vermos em que campos
laboratório x, y ou z. Não falo nem na UFSM foi envolvida num de lutar dar só um exemplo e na do conhecimento ela (UFSM) realmente
nossa universidade, porque ela não tem escândalo de repercussão minha área: o Hospital das marcou, demarcou. É fato que a nossa
experiência nessa área (pesquisa clínica). nacional, que pôs a públi- por ideias Clínicas de Porto Alegre. universidade é conhecida e reconhecida
Refiro-me às grandes universidades co o mau uso das fundações acabou Os caras têm uma fundação nacionalmente e internacionalmente,
brasileiras, em que vem dinheiro direto de apoio (Fatec, em especial). por trás, sem problema algum. mas, o quanto? Qual a nossa produção
das empresas para pesquisar o medi- Quais foram os erros em toda Contemplam todas as neces- científica? E de onde vem essa produção?
camento a, b ou c. É grana e grana grossa. essa situação envolvendo a univer- sidades políticas, administrativas e Eu diria que nós temos apenas nichos. Só
sidade? universitárias, sem qualquer conflito. É para exemplificar: eu nunca ouvi dizer
P - E nesse contexto, a universidade R- É complicada essa questão. Nos um modelo maravilhoso e que nunca que algum filósofo santa-mariense tenha
pública continua cumprindo a função anos 80 nós discutíamos muito isso, não gerou qualquer discussão ou qualquer se despontado mundialmente. E isso é
para a qual foi criada, levando-se em era nem sutilmente e nem superfi- escândalo. cultural. De repente até tem e eu não sei.
conta aspectos como o tripé ensino, cialmente. Nós batíamos de frente Mas o que eu sei é que existem
pesquisa e extensão? contra esse problema na época, em que P- O que parece neste caso da professores de Filosofia. Isso é outra
R- Eu acho que sim. Apesar de tudo, não a Fatec já existia, e só ela existia. Já fundação para o Hospital das coisa. E na minha área então é um
dá para comparar a universidade pública naquele período a gente colocava de Clínicas, é que atua de uma forma absurdo. Nós não temos ninguém. Pode
com uma universidade privada. Eu não que a atuação da fundação era uma específica, com um único objetivo. Já ser que tenham alguns nomes na
sei se os números ainda são esses, mas forma clara de privatização da univer- no caso da Fatec, o que muitas pessoas Medicina e, talvez, algum serviço. E eu
numa determinada época o ensino sidade pública por dentro dela própria. se perguntavam é qual o objetivo de até acho que tem. Mas não temos nada
superior privado correspondia a 75% e o E a coisa evoluiu de tal forma que uma fundação que deveria beneficiar como referência internacional.
10 NOVEMBRO 2010 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
EXTRA-CLASSE
Marcando presença
Momento político
A abordagem política da noite foi feita
pelo vice-presidente da seção sindical,
professor Julio Quevedo dos Santos.
Acompanhado dos demais diretores, ele deu
Diretores, ex-diretores e conselheiros prestigiaram o
o recado sobre a importância do sindicato na
tradicional evento do Dia do Professor
defesa da categoria. Quevedo fez as honras
O jantar docente contou com a presença de lideranças da comunidade da SEDUFSM no lugar do presidente,
santa-mariense, como os vereadores Jorjão e Helen Cabral, ambos do PT, professor Rondon de Castro, que chegou de
mas também de importantes setores da UFSM. Além do atual reitor, viagem no transcorrer da noite e então, fez
professor Felipe Müller, quem compareceu foi o ex-reitor, Paulo Sarkis e o questão de dar as boas vindas a cada um dos
diretor do Centro de Ciências da Saúde, Paulo Burmann, que foi vice- presentes. No primeiro jantar da atual
presidente da SEDUFSM por duas gestões. gestão, o presidente, Rondon de Castro,
Prestigiaram também o jantar os ex-presidentes da SEDUFSM Clovis agradeceu a presença de diretores, ex-
Guterres, Ricardo Rondinel, Francisco Freitas, Jadir Lemos, Carlos Pires, diretores do sindicato, dos conselheiros e
Diorge Konrad e Fabiane Costas. Dirigentes sindicais de Santa Maria como ex-conselheiros da entidade e, especial-
CPERS (Professores Estaduais), Sinprosm (Professores Municipais) e mente, do filiado, que é o responsável pela
SINPRO (Professores particulares) estiverem presentes e solidários à existência do sindicato.
promoção da SEDUFSM. Agenda 2011 - Cada um dos professores
que participou do jantar do dia 23 de outubro Professores filiados ao sindicato
Uma das novidades deste ano é que além da recreação das crianças foi
foi agraciado por um brinde confeccionado ganharam como brinde uma agenda 2011
montado um buffet infantil, que disponibilizou batata frita, nuggets, mini
pizzas e brigadeiros. A diversão da galerinha contou com pinturas artísticas, especialmente pela SEDUFSM: uma agenda correspondente ao calendário de 2011.
cama elástica e outros jogos e brincadeiras. A surpresa da noite foi uma Essa agenda encontra-se disponível a todos os filiados na sede do sindicato.
agenda do ano de 2011, especialmente confeccionada para os filiados.
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES NOVEMBRO 2010 11
EXTRA-CLASSE
Fotos: FRITZ NUNES
Jornais terão
que se reinventar
Os jornais impressos não acabarão, mas terão que se reinventar. A opinião é do
jornalista e colunista político de A Razão, Claudemir Pereira, que também é
responsável por um site de informações que leva o nome dele. Para o repórter especial
de Zero Hora (ZH), Carlos Wagner, a briga entre jornais e a internet é algo sem sentido,
pois há espaço para todos. Já a professora de jornalismo da UFSM, Luciana
Mielniczuck, considera que a redução do espaço dos jornais no mercado começa antes
do surgimento da internet e tem relação com a questão da qualidade do jornalismo
que se produz. Essa é uma síntese das análises manifestadas na noite do dia 5 de
outubro, durante a 43ª edição do Cultura na SEDUFSM. O tradicional projeto trouxe
como tema O fim dos jornais impressos . Cerca de 40 pessoas prestigiaram a
atividade, que teve a coordenação do presidente da SEDUFSM, professor Rondon de
Castro.
O ponto de partida para as discussões do debate é a Cultura na SEDUFSM que debateu fim dos jornais impressos teve presença de 40 pessoas
transformação de um dos mais tradicionais jornais do
país o Jornal do Brasil, JB- de impresso, apenas para a
versão eletrônica, ocorrida no início do mês de setembro.
Se no Brasil, essa situação ainda é pouco comum, em
países como os Estados Unidos, a migração dos
Prepotência questionada
impressos para a versão digital tem se ampliado. O jornalista de 'Zero Hora' elogia a internet e as
Em uma de suas intervenções, o jornalista de ZH, redes sociais em um aspecto: formou-se uma pressão
Carlos Wagner, destacou que a grande questão que está nas redações e a prepotência dos jornalistas está sendo
por trás de tudo são os custos, pois a internet torna mais questionada. Entretanto, o grande perigo, segundo ele,
barato fazer jornais. Entretanto, fazer reportagem é que a redação passou a trabalhar sem filtros . A
investigativa, de qualidade, tem um custo bastante alto, instantaneidade, na maioria das vezes, impossibilita a
destaca ele, autor de dezenas de grandes reportagens, que apuração mais profunda sobre a veracidade das
Luciana: impresso em acabaram se transformando em livros. informações. Ficou mais difícil separar boatos de
busca de seu novo lugar Claudemir Pereira, que ao longo de mais de uma informações , destacou Carlos Wagner. Ele também
década foi editor do jornal A Razão, afirma não saber frisa que a credibilidade do profissional passa
como será tecnologicamente um jornal do futuro, nem sabe se será na versão impressa, justamente pelo processo de apuração da notícia. E,
mas acredita que continuarão existindo. Na realidade, o fenômeno que se verifica, atualmente, na opinião dele, 80% do que aparece em
segundo ele, é a diluição da influência dos jornais, ou do conteúdo produzido por eles, a ferramentas de comunicação como no twitter são Wagner: está mais difícil
partir da disseminação da internet, especialmente das redes sociais como o twitter e o totalmente dispensáveis . separar boato de notícia
facebook. O jornalista deu exemplo por ele mesmo, pois durante o debate dos Wagner diz que uma das características do século é a
candidatos a presidente da República, acompanhou o enfrentamento político pelo multitarefa . Isso pode ser exemplificado por boa parte das pessoas que vivem
twitter e não pela televisão. plugadas à rede virtual. Não basta mais receber e enviar e-mails ou bater papo
Para a professora Luciana Mielniczuck, um dos pecados dos grandes jornais é de pelo Messenger. Com a disponibilidade e popularização das redes sociais, quem
continuarem se comportando como se não houvesse internet e, por isso, em algumas não está no Orkut, no twitter ou no facebook, é visto de certa forma como um
situações, acabam se tornando antiquados. O impresso ainda não encontrou seu novo pária. Para a professora Luciana Mielniczuck, a questão do deslumbramento
lugar , ressaltou ela. Sobre o comportamento dos jornais, Carlos Wagner analisa que o com a internet é um fato real nos dias atuais, entretanto, não é regra única, pois
futuro dos impressos passa pela consolidação do repórter como um produtor de muitos estão conectados por uma questão profissional.
conteúdo . A partir da internet, argumenta, o que se destaca é a comunicação direta
através das chamadas redes sociais e, com isso, o papel de intermediário exercido pelo
jornalista está com os dias contados . A partir desse fato, antevisto por Wagner, o
papel do jornal impresso seria de formação e análise , se destinado a uma elite
REINALDO PEDROSO
cultural. A internet e o rádio, vaticina, serão as ferramentas da comunicação de massa.
Conectado
O jornalista Claudemir Pereira é um dos que
acompanham as notícias através da rede virtual por
cerca de 16h diárias. E isso não ocorre apenas pelo
computador. O celular também é uma ferramenta nessa
conexão com as notícias em tempo real. Claudemir cita
que acessa pelo menos 40 sites diferentes, diariamente.
Fica do debate um único consenso: de que não há
certeza em relação ao futuro do jornal impresso. Ele
pode se tornar um produto a ser consumido por uma
elite cultural, mas também pode passar a ser lido em Claudemir: acessando
um formato virtual. Os elementos colocados por todos 40 sites diariamente
os debatedores referiram que o modelo atual de
jornalismo impresso está fadado a perder cada vez mais terreno, especialmente
pela repetição de conteúdos já disponibilizados pelas ferramentas virtuais.
A questão se torna mais intrigante quando se sabe que a internet ainda não é um
instrumento massivo no Brasil. Nos grotões, o rádio é indispensável. Quando a
internet chegar à maioria da população, será que o jornal impresso sobreviverá?
12 NOVEMBRO 2010 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
LI V RO
Trabalho, educação e
mercadoria
COMO O FUTEBOL
EXPLICA O MUNDO:
Um olhar inesperado
sobre a globalização
Autor: Franklin Foer
Editora: Jorge Zahar Editor
Para alguns estudiosos é um equívoco analisar o trabalho intelectual. O pretérito, como tempo verbal, Edição: 2005, 223 páginas
trabalho do professor com as mesmas ferramentas teóri- utilizado foi, altamente, proposital. Nem tudo que reluz é Preço: R30 a 39 reais (internet)
cas que analisamos o trabalho fabril. O quadro produzido ouro, diz o ditado!
com o desenvolvimento das relações sociais capitalistas A Educação, há muitos anos, virou a galinha dos ovos Quem leu? Candido Otto da Luz (*)
tornou esta verdade, pelo menos, questionável. O de ouro para os capitalistas. Para além da natureza dos
trabalho do mundo produtivo fabril produz mercadorias. processos de trabalho, no capitalismo devemos nos deter
Valores de troca segundo a Sociologia Política Marxista. na análise de sua ideologia. Para o capitalista existe uma Para escrever este livro abrangente
O trabalho produtor de mercadoria, no seio das relações pergunta básica: independente da natureza do trabalho, e perspicaz, Franklin Foer viajou o
sociais capitalistas, em última instância, segundo essa racionalmente, como é possível o aumento da taxa de mundo da Itália ao Irã, do Brasil à
teoria, produz lucro ou mais valia. lucro? A questão volta ao gerenciamento do mundo do
Bósnia. E acabou por derrubar
O desenvolvimento técnico-científico vai trabalho. Dentro deste contexto, em nosso enten-
modernizar o chão da fábrica. As diferentes der, o trabalho do professor vai ser abarcado mitos ao verificar que, ao invés de
formas de organizações científicas do pro- pela lógica perversa do mercado. Podemos destruir as culturas locais, como
cesso de trabalho são instituídas para dimi- Produtivo verificar, modernamente, no mundo do preconizava a esquerda, a globali-
nuir o contingente de mão de obra, dimi- e eficiente é trabalho docente, a institucionalização do zação deu nova vida ao tribalismo.
nuir o tempo necessário para a produção, trinômio capitalista: eficiência, produtivi-
aumentar a produtividade e aumentar o o professor dade e competitividade. O capital, sorratei-
E, que, longe de promover o triun-
lucro. A máquina vai substituindo o ser competitivo ramente, vai se materializar em nossas falismo do capitalismo apregoado
humano no processo produtivo. O Produto relações. pela direita, fortaleceu a corrup-
final (a caneta, o carro, outros) traz cada vez Na Universidade, por exemplo, existe um ção. Investigando os bastidores do
menos a marca do trabalhador manual. Estas ranking de produtividade. Produtivo e eficiente é futebol, Foer apresenta uma vasta e
mercadorias são as expressões de quem os concebeu e os o professor competitivo. Os gestores públicos municipais por vezes quase inverossímil gale-
planejou. No trabalho fabril é clara a divisão: quem e estaduais estão apontando estas políticas como
concebe e planeja (trabalho intelectual) e quem executa instrumentos necessários para a melhoria educacional. ria de personagens: um hooligan
(trabalho manual). Esta insana e perversa luta vem, nos discursos políticos, inglês, filho de uma judia com um
O professor trabalha com produção e reprodução do maquiada de Meritocracia. O capital e sua a mão forte vão nazista e que devotou a vida à
conhecimento e com formação/desenvolvimento de normatizando nossas vidas através de políticas de Estado. violência; mulheres que frequen-
pessoas e profissionais. Ao trabalhar com o conheci- Este insalubre mundo está adoecendo as pessoas. tam estádios iranianos; os cartolas
mento produzido historicamente pela humanidade, o Especialistas chamam de mal estar docente esta
professor trabalha no mundo da Cultura. Neste contexto, patologia. Professores para manter a sanidade na vida:
do futebol brasileiro; uma torcida
o trabalho do professor deveria pertencer ao mundo do uni-vos. organizada sérvia que se transfor-
mou em uma brutal unidade
Luiz Carlos Nascimento da Rosa paramilitar...Imperdível!
Professor do departamento de Metodologia do Ensino da UFSM (*) Jornalista da UFSM e escritor