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Enfoque forma: infração penal é aquilo que assim está rotulado em uma norma penal
incriminadora, sob ameaça de pena.
Conceito material: infração penal é comportamento humano causador de relevante e
intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal.
Conceito analítico: leva em consideração os elementos estruturais que compõem
infração penal, prevalecendo fato típico, ilícito e culpável.
Infração penal é gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e contravenção penal.
Obs1: o Brasil adotou o sistema dualista ou binário. Divide a infração penal em crime e
contravenção penal.
Obs2: Essas espécies de infração penal não guardam entre si distinções de natureza
ontológica (no mundo do ser, não há diferença), a diferença é axiológica, ou seja, valorativa
(fatos mais graves é crime, fatos menos graves é contravenção).
“Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a
infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas
alternativa ou cumulativamente”.
incondicionada
PÚBLICA
CRIME condicionada
PRIVADA
EXCEÇÃO: A doutrina estabelece como exceção a contravenção das vias de fato (art. 21 da
LCP) também seja ação penal pública condicionada dependendo de representação. Para o
STF e STJ continua incondicionada.
CRIME:
a) Justiça Estadual;
b) Justiça Federal.
CONTRAVENÇÃO: só é competência da Justiça Estadual.
CUIDADO! Quando o contraventor tem foro por prerrogativa de função federal, a competência
é do TRF.
Sujeito ativo do crime: é a pessoa que pratica a infração penal, qualquer pessoa física,
capaz e com 18 anos completos pode ser sujeito ativo de crime.
A CF/88, no art. 225, § 3º, anuncia: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (grifos
aditados).
Seguindo o mandado constitucional de criminalização, nasceu a Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes
Ambientais). Reza seu art. 3º, caput: “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração
seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado,
no interesse ou benefício da sua entidade”.
1ª corrente: a pessoa jurídica não pode praticar crimes, nem ser responsabilizada
penalmente. A empresa é uma ficção jurídica, um ente virtual, desprovido de consciência e
vontade. A intenção do Constituinte não foi criar a responsabilidade penal da pessoa jurídica. O
texto do § 3º do art. 225, da CF apenas reafirma que as pessoas naturais estão sujeitas a
sanções de natureza penal, e que as pessoas jurídicas estão sujeitas a sanções de natureza
jurídica.
Conclusão: A pessoa física pode ser responsabilizada administrativa, civil e
penalmente; a pessoa jurídica pode ser responsabilizada civil e administrativamente,
jamais penalmente.
2ª corrente: apenas pessoa física pratica crime. Entretanto, nos crimes ambientais, havendo
relação objetiva entre o autor do fato típico e ilícito e a empresa (infração cometida por decisão
de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
da entidade), admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica.
3ª corrente: a pessoa jurídica é um ente autônomo e distinto dos seus membros, dotado de
vontade própria. Pode cometer crimes ambientais e sofrer pena. A CF/88 autorizou a
responsabilidade penal do ente coletivo, objetiva ou não. Deve haver adaptação do juízo de
culpabilidade para adequá-lo às características da pessoa jurídica criminosa. O fato de a teoria
tradicional do delito não se amoldar à pessoa jurídica, não significa negar sua
responsabilização penal, demandando novos critérios normativos. É certo, porém, que sua
responsabilização está associada à atuação de uma pessoa física, que age com elemento
subjetivo próprio (dolo ou culpa).
Conclusão: tanto pessoa física quanto a jurídica praticam crimes ambientais, podendo
ser responsabilizadas administrativa, civil e penalmente.
1. STJ: a denúncia deve imputar o fato criminoso à pessoa física para também abranger a
pessoa jurídica criminosa;
2. STF 1ª Turma: a denúncia pode imputar o fato criminoso somente à pessoa jurídica,
principalmente nos casos em que desconhece a pessoa física autora do comportamento
indesejado ao meio ambiente.
Classificação do crime quanto ao sujeito ativo:
E os animais? Não são vitima de crimes, embora possam figurar como objeto material
do delito. No crime de maus tratos contra animais, a coletividade e o proprietário podem
ser as vítimas.
Pode o homem ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo do crime? Em regra
não. ATENÇÃO: Rogério Greco admite uma exceção no crime de rixa – art. 137 do CP,
caracterizada pelo tumulto generalizado entre mais de duas pessoas.
É possível crime sem objeto material? Nem todo crime tem objeto material.
Objeto jurídico do delito revela o interesse tutelado pela norma, o bem jurídico
protegido pelo tipo penal.
Obs1: Crimes pluriofensivos: protegem mais de um interesse jurídico. Ex: crime de roubo
(art. 157) protege a incolumidade pessoal + patrimônio da vítima.
Obs2: não existe objeto sem objeto jurídico. A missão fundamental do direito penal é proteger
bens jurídicos.
2. SUBTRATOS DO CRIME
TIPO PENAL
TEORIAS DA CONDUTA
Premissas básicas:
Dica: o de seja do causalista é que o tipo penal seja composto somente de elementos objetivos
descritivos (são os elementos percebidos pelos sentidos).
Críticas:
1- Ao conceituar conduta como “movimento humano”, esta teoria não explica de maneira
adequada os crimes omissivos (inação / sem movimento).
Premissas básicas:
Dica: a teoria neokantista não se prende aos métodos da ciência exata, não depende somente
dos sentidos. Admite elementos não objetivos descritivos no tipo penal (normativos e
subjetivos). Sabe que o direito é do dever ser, dependendo de elementos normativos para ser
valorado.
Críticas:
Críticas:
FATO TÍPICO
DIMENSÃO OBJETIVA DIMENSÃO SUBJETIVA
Conduta Dolo
Resultado Culpa
Nexo causal
Tipicidade
Conduta = ato de vontade com conteúdo.
d) Teoria Social da Ação
Conclusão: a conduta deve ser compreendida de acordo com a missão conferida ao Direito
Penal.
FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO / DUALISTA / MODERADO / DA POLÍTICA CRIMINAL
CRIME: para Roxin, o crime é composto de três substratos: conduta pertence ao (fato típico),
ilicitude e reprovabilidade, esta última constituída de imputabilidade, potencial consciência da
ilicitude do fato, inexigibilidade de conduta diversa, necessidade de pena. Pena desnecessária
passa-se a não ter fato reprovável e não há mais crime.
A teoria do Direito Penal do Inimigo está presente nos pensadores filósofos da antiguidade.
Lei 12.850/13.
CARACTERÍSTICAS:
O Código Penal, com a reforma de 1884, de acordo com a maioria, adotou o finalismo.
2. Exteriorização da vontade
Força maior: fato da natureza ocasionando o acontecimento (ex.: raio que provoca
incêndio).
Caso fortuito: o evento tem origem em causa desconhecida (ex.: cabo elétrico que sem
motivo aparente se rompe provocando incêndio).
Em resumo: nos dois casos, estar-se diante de fatos imprevisíveis ou inevitáveis, não havendo
comportamento voluntário. Se não há comportamento voluntário, não há conduta.
2. Involuntariedade
CRIME DOLOSO
Dolo: vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta descrita no tipo
penal.
Elementos do dolo:
CUIDADO: não raras vezes há doutrina conceituando dolo como vontade + livre + consciência.
A liberdade ou não da vontade não é elemento do dolo, mas circunstâncias que deve ser
analisada na culpabilidade.
Teorias do dolo
1. Teoria da vontade
2. Teoria da representação
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, ainda
assim, decidir prosseguir com a conduta.
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, ainda
assim, decidir prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzir o evento.
ATENÇÃO: não mais abrange a culpa consciente, uma vez que o agente não mais assume o
risco de produzir o evento, acreditando evita-lo.
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, ainda
assim, decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzir o evento.
Teorias da vontade
Teoria do assentimento
Espécies de dolo:
2. Dolo natural ou neutro: é o dolo componente da conduta, adotado pela teoria finalista.
O dolo pressupõe apenas consciência e vontade.
2.1. Elementos:
a) Elemento volitivo – vontade;
b) Elemento intelectivo – consciência;
6. Dolo de dano: a vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
7. Dolo de perigo: o agente atua com a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado.
Ex: dirige a conduta para periclitar a vida da vítima – art. 132 do CP.
8. Dolo genérico: o agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal
sem um fim específico.
9. Dolo específico: o agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo
penal com um fim específico.
No dolo de 2º grau, a vontade do agente se dirige aos meios utilizados para alcançar
determinado resultado.
Abrange os efeitos colaterais do crime, de verificação praticamente certa.
Obs: O agente não persegue imediatamente os efeitos colaterais, mas tem por certa sua
ocorrência, caso se concretize o resultado imediatamente pretendido. Ex:
13. DOLO
a) Dolo antecedente:
b) Dolo concomitante: o único dolo que interessa.
c) Dolo subsequente:
15. Dolo de ímpeto: caracterizado por ser repentino, sem intervalo entre a fase da
cogitação e da execução.
Obs: presente nas ações de curto circuito. É atenuante de pena (art. 65, “e” do CP).
CRIME CULPOSO
Crime culposo
Conceito: O crime culposo consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não
querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou
excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que poderia ser evitado se empregasse a
cautela necessária.
CP MILITAR
O agente na culpa viola seu dever de diligência (regra básica para o convívio social).
O comportamento do agente não atende o que esperado pela lei e pela sociedade.
# Como apurar se houve ou não infração do dever de diligência? De acordo com a maioria,
o operador deve analisar a circunstâncias do caso concreto, pesquisando se uma pessoa de
inteligência mediana evitaria o perigo.
Ex.: condutor que troca pedal do freio pelo pedal da embreagem, não conseguindo parar o
automóvel.
Ex.1: “Fulano matou culposamente Beltrano” - não aponta a forma de violação do dever
de diligência.
Ex.2: “Fulano, com manifesta imprudência, matou Beltrano” - aponta a forma de violação
do dever de diligência, não descreve no que consistiu a imprudência.
Ex.3: “Fulano, dirigindo em alta velocidade em dia de chuva, nisso, aliás, consistiu sua
imprudência, matou Beltrano” – FORMA CORRETA: aponta não só no que consiste a
forma de violação do dever de diligência, como descreve no que consistiu a imprudência.
# PROBLEMA: MP denuncia Fulano por crime culposo, indicando ter havido imprudência.
Durante a instrução, comprova-se a culpa, porém decorrente de negligência. O juiz pode
condenar Fulano ou deve enviar os autos para o MP aditar a inicial?
# R: para não violar o principio da ampla defesa, o MP deve aditar a inicial (art. 384 do CPP –
emendatio libelis).
ATENÇÃO: temos casos excepcionais de crime culposo sem resultado naturalístico (crime
culposo formal ou de mera conduta).
CUIDADO: ainda que previsto o perigo não se descarta a culpa, desde que o agente acredite
poder evitar o resultado previsto (culpa consciente).
6. Tipicidade:
Art. 18, parágrafo único, CP.
# E a previsibilidade subjetiva?
ESPÉCIES DE CULPA:
1. Culpa consciente (com previsão / “ex lascivia”): o agente prevê o resultado, mas
espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo com suas habilidades ou com a
sorte.
Obs: o agente mais do que previsibilidade tem previsão, porém o resultado continua
involuntário.
- Culpa consciente
Obs1: a estrutura do crime é dolosa, mas o agente é punido a título de culpa, por razões de
política criminal.
Obs2: sendo a estrutura do crime dolosa, é a única culpa que admite tentativa.
Culpa impropria – conduta voluntária + resultado voluntário (punido a título de culpa por
razões de política criminal).
Descriminantes putativas
5. Culpa presumida (“in re ipsa”): Modalidade de culpa admitida pela legislação penal
anterior ao Código de 1940, consistente na simples inobservância de uma disposição
regulamentar.
VOLUNTARIEDADE - RESUMO
CONSCIÊNCIA VONTADE
DOLO DIRETO O agente tem previsão O agente quer o resultado
DOLO EVENTUAL O agente tem previsão O agente aceita o resultado,
assumindo o risco.
FODA-SE
CULPA CONSCIÊNTE O agente tem previsão O agente não quer e não
aceita o resultado,
FUDEU acreditando poder evitar.
CULPA INCONSCIÊNTE O agente tem previsão O agente não tem vontade
quanto ao resultado.
STF: indica, num primeiro momento culpa consciente, ou seja, o motorista bêbado que
atropela e mata uma pessoa até tem previsão do resultado, mas acredita poder evitar.
Já racha ou pega (competição de veículo automotor em via pública sem autorização) o
Supremo cabível dolo eventual, onde o agente tem previsão e aceita o resultado
considerando o perigo dessa prática.
OBS: no Direito Penal não existe compensação de culpa, aceito no Direito Civil.
CRIME PRETERDOLOSO
No crime preterdoloso, o agente pratica delito distinto do que havia projetado cometer, advindo
da conduta dolosa resultado culposo mais grave do que o projetado.
ELEMENTOS:
ATENÇÃO! O resultado deve ser culposo. Se fruto de caso fortuito ou força maior, não
pode ser imputado ao agente (sob pena de responsabilidade objetiva).