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Período de graça - art. 15, Lei 8.

213
segunda-feira, 7 de maio de 2018
10:27

Conceito
O conceito vem previsto no parágrafo 3º, do art. 15:

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:


I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer
atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de
segregação compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar serviço militar;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já
tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a
perda da qualidade de segurado.
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado
desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do
Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a
Previdência Social.
§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado
no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês
imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.

O período de graça previsto neste artigo contém norma de projeção da qualidade de segurado
para um período posterior ao do exercício de atividade laboral, independentemente do
pagamento de contribuições, consistindo numa exceção temporária e material da regra geral
de que se mantém a qualidade de segurado com o pagamento de contribuições. Em outras
palavras, é um período diante de circunstâncias específicas por lei em que o segurado apesar
de não pagar contribuição, continua mantendo essa qualidade. A ideia conceitual é que período
de graça se caracteriza pelo não pagamento da contribuição, mas a proteção previdenciária
continua se prolongando no tempo, dentro do período estabelecido pela lei.

Este instituto se caracteriza pela própria definição do que é um seguro social. Ou seja, não
significa que o fato de não haver pagamento de algumas contribuições, retirará a qualidade de
segurado de cada indivíduo imediatamente. Apesar do caráter de contributividade, este "não
pagamento" não impedirá o acesso à Previdência Social.

Esta condição anômala só se aplica para as hipóteses previstas expressamente dentro do art.
15 da Lei n. 8.213, pelo período de tempo que a lei estabelece. Encontraremos 6 hipóteses
taxativas, portanto, dentro da legislação, são taxativas. Precisamos identificar que sempre que
haja contato com uma dessas hipóteses o indivíduos poderá se utilizar deste período de graça.

Efeitos
Período de graça não é contado como tempo de contribuição e, também, não é contado e
validado para fins de carência. Pode utilizar muito o período de graça, não estando estabelecido
um limite máximo.

A verificação do período de graça é fundamental para que não haja perda da qualidade de
segurado, pois isso importa em caducidade dos direitos inerentes a esta condição. As
consequências jurídicas deste instituto nos remetem aos benefícios programados, como as
aposentadorias, aos quais será postergado o acesso.

Para a preservação dos direitos previdenciários, deve o segurado, se não tiver conseguido
retomar ao mercado de trabalho em alguma atividade que o enquadre como segurado
obrigatório, contribuir como segurado facultativo.

1ª Hipótese
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;

Esta primeira hipótese prevista em lei trata daquele segurado que está em fruição/gozo do
benefício previdenciário. Ou seja, trata daquele que recebe qualquer prestação previdenciária
e, enquanto a percebe, não paga contribuição.

Exemplo: alguém que está recebendo auxílio-doença. Durante este período, se ele é segurado
obrigatório, não perde essa condição.

 Exceção: na lei de custeio (art. 28/29), diz respeito ao salário-maternidade (seja ao


segurado que adote ou aquela que tenha filho). Durante o período de gozo do salário
maternidade há a obrigação de pagamento desta contribuição. Tanto a segurada, quanto
seu empregador devem pagar.

Existe essa exceção, porque ocorreria uma proteção incompleta: caso fosse aplicada a
regra geral, durante o período de 4 meses em que a segurada recebe o salário, ela não
pagaria contribuição. Isso faria com que quando a segurada fosse requerer aposentadoria
por idade ou por tempo de contribuição, não se incluiria o tempo no qual esta benefício
era conferido.

 Exceção: trata do seguro-desemprego - regrado dentro de lei própria e específica. É a


materialização da proteção para quem está diante de um desemprego involuntário, que
está no rol de universo mínimo de proteção previdenciário. Este benefício também é
alcançado pelo período de graça constante no inciso I, do artigo em comento.

O INSS entende que essa hipótese não incide no inciso I do art. 15 pois não se trata de
benefício estabelecido pela Lei 8213; entretanto, esta é uma interpretação que não
alcança a natureza previdenciária que não foi dada pela CF e que, portanto, não é a mais
adequada.

Enquanto o segurado recebe o seguro desemprego, não precisa contribuir. O período de


graça, nessa hipótese, inicia-se com a percepção da última parcela do seguro desemprego
e não na rescisão do contrato.

Quem paga o seguro-desemprego é o Fundo de Amparo ao Trabalhador.


O segurado não perde a qualidade de segurado se deixou de contribuir em virtude do
desemprego decorrente de incapacidade física. Esta situação equipara-se à deste inciso.

2ª hipótese
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer
atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;

Esta hipótese aplica-se aos segurados obrigatórios (modalizados pela lei em 5 tipos no art. 11 -
empregados, empregados domésticos, segurados especiais, contribuintes inviduais e
trabalhador avulso).
São duas as regras de extensão dessa regra geral, disciplinadas nos §§ 1° e 2° - pode ser que
tenha adesão a apenas um ou a ambas, mas se não ocorrer adesão a nenhuma regra disposta
nos parágrafos aplica-se a regra geral de 12 meses de período de graça - a depender do aspecto
fático.

§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já
tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a
perda da qualidade de segurado.

 12 meses, se houver 120 mensais de contribuição; e + 12 meses, se houver 120 mensais


de contribuição + nunca ter perdido a condição de segurado (podem ter lacunas até que
razoáveis de contribuição); e

§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado


desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do
Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

 + 12 meses - se este segurado obrigatório tiver tido contato com a contingência e


desemprego involuntário. Comprova-se que este segurado teve contato com o
desemprego involuntário, tendo acesso ao seguro-desemprego (que será anotado na
carteira de trabalho).; ou, então, que este indivíduo tenha sido demitido imotivadamente
e não recebia seguro-desemprego, porque (i) é o primeiro emprego e não ficou pelo
menos seis meses trabalhando, ou (ii) já recebeu seguro-desemprego mas, entre a
rescisão primeira e o segundo momento em que se vai buscar outro seguro-desemprego
deve ter 16 meses de espera, então não gerará seguro-desemprego. Neste último caso
não terá anotação na carteira, deve ir no Ministério do Trabalho requerer essa anotação.

O Superior Tribunal de Justiça, em apreço ao compromisso constitucional com a


dignidade da pessoa humana, entende que o referido dispositivo deve ser interpretado
de forma a proteger não o registro da situação de desemprego, mas o segurado
desempregado que, por esse motivo, encontra-se impossibilitado de contribuir para a
Previdência Social.

Neste passo, não pode o segurado ficar excluído da cobertura previdenciária apenas pela
ausência de registro perante o órgão competente, mesmo porque, essa exigência legal se
dirige mais às autoridades administrativas previdenciárias, que não podem, livremente,
prorrogar o período de manutenção da qualidade do segurado sem o citado registro, do
que aos julgadores.
Na seara judicial, por sua vez, vige o princípio do livre convencimento motivado do juiz e
não o sistema de tarifação legal de provas, de modo que esse registro não deve ser tido
como único meio de prova da condição de desempregado do segurado.

A egrégia Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça já firmou a compreensão de que a


percepção de benefício de seguro-desemprego atende ao comando legal de registro da
situação de desemprego no órgão competente para fins de manter a condição de
segurado, verbis:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. MANUTENÇÃO DA


QUALIDADE DE SEGURADO. COMPROVANTE DE SEGURO-DESEMPREGO. DIREITO À
EXTENSÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. AGRAVO
IMPROVIDO.
1. A qualidade de segurado indica a existência de vínculo entre o trabalhador e a
Previdência Social, cabendo ao art. 15 da Lei nº 8.213/91 estabelecer condições para que
ele mantenha tal qualidade no chamado período de graça, no qual há a extensão da
cobertura previdenciária, independentemente de contribuições.
2. Para se beneficiar do acréscimo elencado no § 2º do citado dispositivo, que acrescenta
12 (doze) meses ao mencionado período, é indispensável que o segurado comprove sua
situação de desemprego perante órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência
Social.
3. Tendo o ex-segurado recebido o benefício de seguro-desemprego, que, por sua vez, tem
a finalidade de promover a assistência financeira temporária do trabalhador
desempregado, sendo proposto e processado perante os Postos do Ministério do Trabalho
e Emprego, atende ao comando legal de registro da situação de desemprego no órgão
competente.
4. Ocorrendo o óbito durante o chamado "período de graça", não há falar em perda da
qualidade de segurado do de cujus, razão pela qual seus dependentes fazem jus à pensão
por morte.
5. Decisão monocrática mantida por seus próprios fundamentos.
Agravo regimental improvido (AgRgRD no REsp 439.021/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 18/9/2008, DJe 6/10/2008)

Sem embargo, o Conselho da Justiça Federal caminhou neste sentido, ao editar a súmula
27, in verbis:

“A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação


do desemprego por outros meios admitidos em Direito.”

Nesta contextura, conclui-se que o registro perante o Ministério do Trabalho e da


Previdência Social poderá ser suprido quando for comprovada tal situação por outras
provas constantes dos autos, inclusive a testemunhal ou, por exemplo, a comprovação da
percepção de seguro-desemprego. Todavia, não pode o período de graça, estabelecido
no art. 15 da Lei 8.213/91, ser prolongado pela simples ausência de anotação na Carteira
de Trabalho e Previdência Social – CTPS, na medida em que tal fato não afasta a
possibilidade do exercício de atividade informal remunerada.

De <https://jus.com.br/artigos/23938/stj-e-tnu-a-ausencia-de-anotacao-na-ctps-e-insuficiente-para-demonstrar-
situacao-de-desemprego>
A rigor desemprego involuntário irá atingir empregados domésticos, estando os demais
segurados obrigatórios não atingidos por essa extensão. Entretanto, essa regra de extensão do
parágrafo 2º alcança os demais contribuintes individuais, conforme jurisprudência consolidada.

3ª Hipótese
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de
segregação compulsória;

Doença de segregação compulsória refere-se àquela doença que exige isolamento, é


obrigatório. É o Ministério da Saúde quem determina que a doença é desta espécie.
Temos apenas uma doença de segregação compulsória no Brasil que é a meningite viral. Não
produz efeito jurídico, normalmente, porque a pessoa acaba falecendo.
No mundo, também se consideram doenças de segregação compulsória a gripe aviária e a
ebola.

4ª Hipótese
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;

Segurado da previdência social, enquanto preso, tem direito a este período de graça. Depois de
ser colocado em liberdade, tem mais 12 meses sem pagar contribuição, mantendo essa
hipótese de período de graça.

5ª Hipótese
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar serviço militar;

Esta hipótese trata do serviço militar em sentido estrito e em tiro de guerra. Durante prestação
de serviço militar, o contrato de trabalho fica suspenso; então o segurado continua mantendo
a proteção previdenciária. Findo o período militar, ele tem 3 meses de período de graça,
independentemente de retornar ao mercado de trabalho ou não.

6ª hipótese
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.

Regra própria específica dos segurados facultativos (inciso II trata dos obrigatórios). Período de
graça de 6 meses.

Perda da qualidade de segurado


§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado
no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês
imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.

Findo o período de graça, se não houver retorno de contribuição, ocorrerá a perda da qualidade
de segurado.
A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia 16 do segundo mês seguinte ao término dos
prazos fixados no art. 15 supramencionado. O reconhecimento da perda da qualidade de
segurado ocorrerá no dia seguinte ao do vencimento da contribuição do contribuinte individual
relativa ao mês imediatamente posterior ao término daqueles prazos (art. 14, do Decreto n.
3.048/99). Nesta hipótese há cruzamento da (i) lei de custeio e da (ii) lei de benefício.
 Lei de custeio - pagamento da contribuição se dará no mês imediatamente subsequente,
após o fim do período de graça.
 Lei de benefício - aguarda-se até 15 dias , no máximo, o pagamento das parcelas.
O marco de pagamento mais extenso é até o do dia 15, relativo aos segurados individuais.
Ou seja 30 dias+15 dias, se não houver pagamento até o 45º dia, no 46º dia ele perdeu a
qualidade de segurado e, consequentemente, deixa de estar sob proteção previdenciária,
assim como seus dependentes.
Neste intervalo de 45 dias, ainda há a qualidade de segurado, então a proteção previdenciária
se projeta neste período.

No art. 27-A, da Lei 8.213, está disposto que, havendo perda da qualidade de segurado, as
contribuições anteriores a esta data só serão computadas para efeito de carência depois de o
segurado contar, a partir da nova filiação à previdência social, com no mínimo 1/2 do número
de contribuições exigidas para o cumprimento da carência em relação aos benefícios do inciso
I e III do caput do art. 25, da Lei n. 8.213/91.

Art. 27-A. No caso de perda da qualidade de segurado, para efeito de carência para a concessão
dos benefícios de que trata esta Lei, o segurado deverá contar, a partir da nova filiação à
Previdência Social, com metade dos períodos previstos nos incisos I e III do caput do art. 25 desta
Lei.

Carência
segunda-feira, 14 de maio de 2018
10:24

Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para
que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos
meses de suas competências.

A carência é determinada em nossa legislação no art. 24 acima transcrito como exigência de


período mínimo de vinculação ao sistema previdenciário para que os beneficiários (segurados e
dependentes) tenham acesso às prestações (benefícios e/ou serviço). Ela tem natureza de
elemento de manutenção e garantia do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema
previdenciário.

A OIT encara a carência como instrumento de lastro financeiro, visando o mínimo de equilíbrio
compensatório, funcionando como âncora do sistema. Assim, é possível entender que a carência
é um instituto que nos remete à característica da contributividade, pois ele visa garantia
financeira do sistema; funcionará como um seguro em qualquer área, pois não basta que se seja
segurado, deve também ter contribuído. Em outras palavras, a carência junto com a qualidade
de segurado como regra são requisitos genéricos para acesso e entrega das prestações
previdenciárias.

À título de carência é a lei previdenciária que estabelece quantas prestações devem ser
contribuídas para caracterizar este instituto. Destaca-se que a ratio legis para dispensar a
carência leva em consideração o impacto social; para contingências sociais que apresentam
grande impacto, a carência é dispensada. Assim, é possível concluir que a regra é ter carência,
sendo exceção dispensá-la; até porque nosso modelo é contributivo.

Inicia-se a contagem do período de carência para o segurado empregado e trabalhador avulso a


partir da data da filiação ao Regime Geral da Previdência Social. Para os contribuintes
individuais, empregados domésticos, segurados especiais (se contribuintes facultativos) e
segurados facultativos, a partir da data do pagamento efetivo da primeira contribuição sem
atraso, não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes
a competências anteriores.

As contribuições que integrarão a carência não precisam ser consecutivas, ou seja, contam-se,
para efeito de carência, todas as contribuições vertidas, ainda que entre elas haja um intervalo
temporal. O sistema não admite adiantamento destas contribuições, para que se configure este
período de carência.

Na lei 8.213, o art. 24 traz o conceito de carência; o art. 25 traz a lista das prestações que exigem
carência; e o art. 26 traz a listagem das prestações que estão dispensadas do cumprimento de
carência.

Para que as prestações sejam contadas como carência, a primeira prestação deve ser paga, em
relação àqueles segurados que têm a obrigação de fazer o próprio recolhimento. Se não é
realizado o pagamento da primeiro contribuição, ele pode vir a regularizar futuramente
mediante pagamento, passando esse tempo a valer como tempo de contribuição, mas não como
tempo de carência. Veja-se:

Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para
que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos
meses de suas competências.

Prestações que exigem carência


No art. 25, estão dispostas as prestações que exigem carência.

Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende
dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26:
I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais;
II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial: 180
contribuições mensais.
III - salário-maternidade para as seguradas de que tratam os incisos V e VII do art. 11 e o art. 13:
dez contribuições mensais, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 39 desta Lei.
Parágrafo único. Em caso de parto antecipado, o período de carência a que se refere o inciso III
será reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em que o parto foi
antecipado.

Inciso I
Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende
dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26:
I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais;
Trata do auxílio doença e aposentadoria por invalidez comuns, relacionados a patologia ou
doença que lhe retira a capacidade laborativa, ou seja, que não decorram de causa acidentária
do trabalho ou de qualquer natureza.
Exige-se doze contribuições mensais; caso recolha-se menos do que 12 meses, o segurado não
estará habilitado para ter acesso/direito à esta prestação;

O que vai mudar do auxílio doença para a aposentadoria por invalidez é a gradação da
incapacidade laborativa. No auxílio-doença, a incapacidade laborativa é passageira; já, na
incapacidade, será sempre total e permanente (enquanto esta incapacidade existir, ou seja, há
possibilidade de mudança, por mais difícil que seja; é diferente de definitiva, que é situação
consolidada/fechada, não se admitindo mudança).

Inciso II
Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende
dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26:
II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial: 180
contribuições mensais.

Tempo de serviço = tempo de contribuição.


Estas três aposentadorias (idade, por tempo de serviço e especial) exigem 180 contribuições
mensais, podendo haver intervalos. Esta é a regra geral, que se aplica a todos aqueles que se
vincularam à previdência a partir do dia 24.07.1991 (data da edição da lei n. 8.213).

A quem já estava no sistema, se aplica a regra de transição de carência que está disposta no art.
142, da Lei n. 8.213. Esta regra de transição foi escrita porque a lei antes da atual, exigia-se 60
contribuições mensais. Para a lei atual, esta carência deixou de ser 60 para ser 180. Houve,
então, a triplicação do período de carência. A carência que era de 60, será aumentada
gradativamente até alcançar 180 contribuições (art. 142, da Lei 8.213).

Art. 142. Para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem
como para o trabalhador e o empregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência
das aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela,
levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à
obtenção do benefício:

Ano de implementação das condições Meses de contribuição exigidos

1991 60 meses

1992 60 meses

1993 66 meses

1994 72 meses

1995 78 meses

1996 90 meses

1997 96 meses

1998 102 meses

1999 108 meses


2000 114 meses

2001 120 meses

2002 126 meses

2003 132 meses

2004 138 meses

2005 144 meses

2006 150 meses

2007 156 meses

2008 162 meses

2009 168 meses

2010 174 meses

2011 180 meses

Inciso III
Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende
dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26:
III - salário-maternidade para as seguradas de que tratam os incisos V e VII do art. 11 e o art. 13:
dez contribuições mensais, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 39 desta Lei.

Para acesso à salário maternidade (biológico e adotivo) devem ser comprovadas 10


contribuições mensais. Esta hipótese trata dos contribuintes individuais, segurados especiais
que contribuem facultativamente e facultativos, os quais têm direito ao salário maternidade.
Nestas mesmas condições, fazem jus os que estiverem em período de manutenção da qualidade
de segurado decorrente dessas categorias. Para os segurados: empregado, empregado
doméstico e avulso não há carência para o salário-maternidade, bastando a comprovação do
vínculo para fazer jus ao benefício.

Ademais, considera-se fato gerador do salário maternidade biológico é o parto (excluem-se os


natimortos).

Há uma regra de ajustamento/exceção quanto a questão da carência às seguradas, que decorre


deste salário maternidade biológico, está no parágrafo único do art. 25.

Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende
dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26:
Parágrafo único. Em caso de parto antecipado, o período de carência a que se refere o inciso III
será reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em que o parto foi
antecipado.

O período médio da gestação humana é de 9 meses; se a criança nasce aos 9 meses, a carência
que se exige é de 10 meses de contribuições; se esta criança nascer antes do 9º mês, a carência
que se aplicará é reduzidas proporcionalmente ao número de meses, então se antecipou dois
meses (nasceu no sétimo mês), a carência também reduzirá dois meses.
Prestações que independem de carência
Todas estas prestações do art. 26 não têm período de carência, não são exigidas prestações
mínimas. Neste caso, basta que se comprove que o indivíduo tenha tido contato com o risco
social objeto de proteção e prove a qualidade de segurado, quando assim requerido.

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:


I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente;
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou
causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-
se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada
pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo
com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;
III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no
inciso VII do art. 11 desta Lei;
IV - serviço social;
V - reabilitação profissional.
VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada
doméstica.

Inciso I
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente;

Inciso II
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou
causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-
se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada
pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo
com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;

Esta hipótese trata do auxílio-doença e aposentadoria por invalidez acidentários - tanto faz ser
um acidente do trabalho (em que haja nexo causal com a atividade desenvolvida) ou ser um
acidente qualquer. Se o benefício de incapacidade for acidentário, há a dispensa de carência.

Demorou-se 10 anos para o executivo elaborar a lista prevista neste incio e, após elaborada,
nunca mais foi atualizada. Esta portaria editada pelo Ministério da Saúde e da Previdência Social
perdeu, então, sua vigência com a Lei n. 13.135/15 e, então, o art. 151 foi represtinado.

Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26,
independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao
segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa,
hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna,
cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget
(osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação
por radiação, com base em conclusão da medicina especializada.
Hoje, quando precisa-se saber quais as doenças que dispensam a carência para acesso ao auxílio-
doença e à aposentadoria por invalidez, é necessário observar e considerar a redação atual
(dada pela lei n. 13.135), que acrescentou a esclerose múltipla.
Quando tivermos a edição da portaria conjunta pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério de
Desenvolvimento Social e Agrário, este artigo deixará de ter vigência e passa a ter aplicação,
então, a listagem da portaria.

Inciso III
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no
inciso VII do art. 11 desta Lei;

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com
o auxílio eventual de terceiros, na condição de:
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou
meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do
caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio
de vida;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal
meio de vida; e
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este
equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente,
trabalhem com o grupo familiar respectivo.

Aposentadoria por idade do segurado especial do trabalhador rural no valor de um salário


mínimo.

Inciso IV
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
IV - serviço social;

É uma prestação previdenciária que consiste na orientação para que os beneficiários possam vir
a ter acesso as prestações. Ou seja, é orientação dada por profissional específico à usuários que
tenham baixa formação - ex. orientação para obtenção de documentos.

Inciso V
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
V - reabilitação profissional.

Trata-se, de fato, de uma reabilitação profissional, a fim de conferir aptidão ao indivíduo a se


reinserir no mercado de trabalho, com aquilo que ele tem/restou. Refere-se ao fato de que o
indivíduo para garantir sua subsistência e para aumentar sua capacidade laboral, precisa ser
recapacitado laboralmente.

Observação: Inclui-se nessa categoria o fornecimento de orteses (não integram o organismo, ex.
óculos) e proteses (integram o organismo, ex. prótese de perna) para os beneficiários.
Inciso VI
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada
doméstica.

Terá acesso ao salário maternidade (adotivo e biológico) a segurada empregada, trabalhadora


avulsa e empregada doméstica. Diferencia-se do art. 25, III, porque o salário maternidade, que
é dúplice ou híbrido (existe carência para alguns grupos e se dispensa carência para outros), é
protegido pela convenção 113, da OIT.
Esta convenção, já ratificada pelo Brasil, trata da proteção à mulher e, consequentemente, da
proteção à maternidade; ela diz que os países signatários devem criar mecanismos de proteção
da mulher, também se deve criar mecanismos para evitar que a mulher seja descriminada no
mercado de trabalho pelo simples fato de poder parir.
Então, àquelas seguradas que pudessem vir a discriminadas no mercado de trabalho por
estarem em idade procriativa dispensou-se da carência. As que estão fora deste alcance de
descriminação estão abarcadas pela carência.
Portanto, não se trata de violação ao princípio da isonomia, previsto no art. 5º, da CF.

Art. 27-A
A consequência geral da perda da qualidade de segurado é estar fora da proteção previdenciária.

Em relação a tudo o que o segurado contribuiu, o patrimônio previdenciário, nada se perde. Em


outras palavras, o que ele levou de contribuição para o sistema previdenciário não é perdido,
ficando suspenso virtualmente (não projeta efeitos); ao voltar a contribuir (como facultativo ou
obrigatório) ele readquire a qualidade de segurado.

No entanto, uma vez readquirida a qualidade de segurado, para absorver o patrimônio suspenso
virtualmente, é necessário que o indivíduo contribua 1/2 do período de carência metade dos
períodos de carência previstos para o respectivo benefício. Depois, todo aquele lote é somado
ao que ele voltou a contribuir.

Cálculo de Benefícios (Art. 28, Lei 8.213)


sábado, 2 de junho de 2018
23:25

Prestação é gênero do qual são espécies: (i) benefício e (ii) serviço.


i. Benefícios previdenciários são prestações pecuniárias em moeda corrente.
ii. Serviços previdenciários são prestações entregues diretamente pela previdência
social ou por convênios.
Quando falamos de cálculo das prestações previdenciárias, estamos falando dos benefícios
previdenciários. As prestações previdenciárias na espécie de benefício tem como
característica principal o caráter continuado (art. 28), ou seja, tem uma projeção no tempo,
uma continuação de pagamento. Alguns tem inclusive caráter vitalício.

Art. 28. O valor do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma especial
e o decorrente de acidente do trabalho, exceto o salário-família e o salário-maternidade,
será calculado com base no salário-de-benefício.
Para calcular essas prestações na espécie de benefício, a lei estabelece uma fórmula para
se chegar na renda mensal inicial (RMI). A renda mensal inicial é o valor pecuniário final a
ser pago pela previdência social; ela corresponde ao salário de benefício multiplicado pelo
percentual legal a ser aplicado aos benefícios. A renda mensal do benefício de prestação
continuada será calculada aplicando-se sobre o salário de benefício os percentuais previstos
legalmente.

RMI = % do salário de benefício.

Fórmula RMI = alíquota (%) x Salário de benefício.


 % (determinada pela lei a ser aplicada sobre o salário de benefício);
 Salário de benefício (conceito indispensável para cálculo da prestação previdenciária
determinado no art. 29 da Lei n. 8213 e art. 4º da Lei n. 9876/99 - regra de transição).

Salário de benefício (art. 29) – é um conceito próprio do direito previdenciário, o


nome dele é estranho e na realidade ele não é o valor do benefício em si e ele não é
salário, mas é assim que a legislação chama. Consiste na média aritmética simples
correspondente a 80% dos maiores salários de contribuição.

Ele é a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Nesse momento existe a


intersecção entre a base de cálculo e a base de financiamento.

Dentro desse conceito de salário de benefício temos a lei atrelando salário de


contribuição, que nada mais é do que a base de cálculo das contribuições
previdenciárias.

Suponhamos, um empregado que ganhe 1500 reais, a base de cálculo deste trabalhador
será 1500 reais, mas o valor que será pago a título de contribuição será outro (base de
cálculo x alíquota).

Esse universo do qual se retira os 80% é chamado de período básico de cálculo (PBC). Ele
representa os 100% que a lei determinar que for pra retirar os 80%. Em outras apalavras,
PBC é o período que será considerado para a média dos salários de contribuição, cujo valor
resultará no salário de benefício do segurado. Ele passa a variar a partir do momento em
que a pessoa se vinculou a previdência social.

Regra de transição: para o segurado filiado à previdência social antes da Lei n. 9876/99 que
vier a cumprir os requisitos legais para a concessão dos benefícios do regime geral, será
considerado no cálculo do salário do benefício a média aritmética simples dos maiores
salários de contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o período
contributivo decorrido desde a competência de julho de 1994 até a data da entrada do
requerimento (DER).
Regra geral: para os segurados inscritos depois da Lei n. 9876/99 considerar-se-ão no PBC
todos os salários de contribuição desde o momento da vinculação ao sistema até o
momento de entrada do requerimento, considerando-se para efeito de salário de benefício
a media aritmética simples correspondente aos 80% dos maiores salários de contribuição.
O art. 201, §3º da CF prevê que todos os salários de contribuição que entram no cálculo do
benefício (80%), devem ser atualizados.
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão
devidamente atualizados, na forma da lei.

O art. 41-A da Lei 8.213 prevê que o índice de atualização dos salários de contribuição é o
INPC-Índice Nacional de Preços ao Consumidor, calculado pelo IBGE. Ao final, tem-se a
listagem de todos os salários trazidos para o salário de benefício atualizados para se listar
os 20% que não entram no valor do salário de benefício.

Chega-se assim no valor do salário de benefício em reais, atualizado para o mês correto.
Agora, para ser calculado a RMI, deve-se então, multiplicar esse valor pela alíquota, que
está prevista na Lei n. 8213, que dita qual a alíquota para cada um dos benefícios, de forma
dispersa.

Lista de Alíquotas
Aposentadoria por idade – 70% + 1% para cada grupo de 12 contribuições (art. 50 da lei
8213/91 – alíquota variável), limite máximo que não ultrapasse 100%. A carência para
aposentadoria por idade é de 180 contribuições, ou seja 15 anos.

Art. 50. A aposentadoria por idade, observado o disposto na Seção III deste Capítulo,
especialmente no art. 33, consistirá numa renda mensal de 70% (setenta por cento) do
salário-de-benefício, mais 1% (um por cento) deste, por grupo de 12 (doze) contribuições,
não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário-de-benefício.

Aposentadoria por tempo de contribuição – 100%


Aposentadoria especial – 100%
Aposentadoria por Invalidez – 100%
Auxilio doença – 91%.
O trabalhador não recebe sua remuneração integral quando não está exercendo suas
funções por doença, há descontos de contribuição previdenciária e imposto de renda, o
legislador coloca 91% porque, quando não está sob essa proteção, ele arca com esse custo.
A lei estabelece 91% para que ele não ganhe mais quando esteja no auxílio doença.

Art. 61. O auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, consistirá numa


renda mensal correspondente a 91% (noventa e um por cento) do salário-de-benefício,
observado o disposto na Seção III, especialmente no art. 33 desta Lei.

Auxílio acidente – 50% (art. 86, §1º lei 8213/91) – natureza indenizatória, não tendo caráter
substitutivo da remuneração da renda do trabalhador, o valor do auxílio acidente pode ser
inferior ao salário mínimo.

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas
que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
§ 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinqüenta por cento do salário-de-benefício
e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer
aposentadoria ou até a data do óbito do segurado.

Pensão por morte – 100% (não foi assim sempre, só a partir de 1997 que a legislação mudou
e a alíquota passou a ser de 100%)
Auxílio reclusão – 100%

Os dois benefícios que não são calculados dessa forma, são o salário família e o salário
maternidade - art. 28, Lei 8.213. A lei estabelece cálculo e forma de prestação específicos.

Art. 28. O valor do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma especial
e o decorrente de acidente do trabalho, exceto o salário-família e o salário-maternidade,
será calculado com base no salário-de-benefício.

Em relação a aposentadoria por idade e a aposentadoria por tempo de contribuição, esses


benefícios podem ganhar o acréscimo do fator previdenciário (FP). O Fator Previdenciário
é uma fórmula atuarial (ciência que estuda a probabilidade da ocorrência de riscos e quanto
se deve cobrar para fazer a cobertura desses riscos), utilizada obrigatoriamente para o
cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição e de forma facultativa para a
aposentadoria por idade.

Trata-se de fórmula atuarial, porque os elementos que a compõem (idade, tempo de


contribuição e expectativa de sobrevida) ajudam a dar equilíbrio ao sistema; ou seja, os
elementos que a compõem (i) idade no momento da aposentadoria, (ii) tempo de
contribuição, e (iii) expectativa de sobrevida, fazem com que o benefício inicial seja menor.
Isso porque uma pessoa que se aposenta mais cedo, receberá o benefício por mais tempo
e, por isso, o seu benefício deve iniciar menor para que não haja um desequilíbrio no
sistema.

Ele fundamenta-se no princípio da preservação do equilíbrio financeiro e atuarial esculpido


na EC 20/98, tentou estabelecer uma idade mínima combinado com tempo de contribuição
para que as pessoas possam ter acesso à aposentadoria.

FP = TC + A% + [ 1 + (ID + TC x A%)]
___________ ________________
ES 100

ES = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria = o IBGE faz uma estimativa a


partir da tábua completa de mortalidade, considerando-se a média nacional única para
ambos os sexos.
A% = alíquota de contribuição correspondente a 0,31 (Lei 9.876). Esse valor é a média do
quanto se contribui para a previdência social.
TC = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria; e
ID = idade no momento da aposentadoria.

A expectativa de vida do brasileiro divulgada pelo IBGE em 01/12/2017 é de 75,8 anos.

O resultado dessa fórmula pode ser 1, maior que 1 ou menor que um. Se o resultado der 1,
o FP não altera o benefício. Se o resultado der maior que 1, o FP aumenta o benefício. Se o
resultado der menor que um, o FP diminui o benefício.

Por força do art. 29, §9º, da Lei 8213, para efeito da aplicação do fator previdenciário ao
tempo de contribuição serão adicionados:

Art. 29. O salário-de-benefício consiste:


§ 9o Para efeito da aplicação do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do segurado
serão adicionados:
I - cinco anos, quando se tratar de mulher;
II - cinco anos, quando se tratar de professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio;
III - dez anos, quando se tratar de professora que comprove exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

Na aposentadoria por tempo de contribuição, a aplicação do FP é obrigatória. Existem duas


formas de acesso à aposentadoria por tempo de contribuição, (i) sem aplicação do FP no
cálculo, desde que adota a fórmula 85/95- progressiva; e (ii) com aplicação do FP no cálculo.
A fórmula 85/95-progressiva é a soma do tempo de contribuição + idade. O resultado
sempre será 85 para mulheres e 95 para homens.

Na aposentadoria por idade, a aplicação do FP é facultativa. O INSS fará dois cálculos, um


com o fator e outro sem e entregará ao beneficiário, o melhor benefício (de maior valor).

A introdução da regra do fator previdenciário fere direitos adquiridos?


Não. É absolutamente constitucional, não havendo ofensa ao direito adquirido ou ao
princípio da irredutibilidade dos benefícios.
Diz-se não ofender o direito adquirido, por conta da disposição do art. 6º, da Lei 9876/99:

Art. 6o É garantido ao segurado que até o dia anterior à data de publicação desta Lei tenha
cumprido os requisitos para a concessão de benefício o cálculo segundo as regras até então
vigentes.

O direito adquirido se refere apenas às prestações previstas no art. 201, da CF. Não ocorre
uma redução do benefício, posto que aqueles que não completaram os requisitos ainda não
têm os benefícios em manutenção. O que o art. 194, IV, da CF prescreve é irredutibilidade
dos benefícios. O que não significa que a forma de cálculo seja intocável.
A introdução do FP não cria nenhum requisito adicional, mas tão somente estabelece
parâmetros que levam em conta o maior tempo de permanência no sistema e a idade em
que o segurado exercitará seu direito.
Quanto mais tempo contribuir e maior for a sua idade, consequentemente terá direito a um
porcentual maior como FP., que terá uma relação direta com o valor do benefício
previdenciário.

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