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Anderson Amorim – Anderson.pamorim@hotmail.

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Especialista em Teologia
Pós-Graaduação Estácio de Sá

Agostinho de Hipona é um dos mais importantes pensadores do período patrístico.


Podemos entender a patrística como “um conjunto de ideias produzidas e sistematizadas
pela razão de um todo lógico” (PESSANHA, 1980, p.12), na intenção de criar uma
filosofia cristã; também considerado como período dos “Pais da Igreja”, dividindo-se em
padres apostólicos, padres apologistas e padres nicênicos (considerando os pré-nicênicos
e pós-nicênicos). Agostinho, dentro da patrística está entre os padres pós-nicênicos, e foi
influenciado por um outro importante padre, chamado Ambrósio de Milão. Agostinho
tratou em seus postulados, questões importantíssimas como a trindade, o livre arbítrio, a
natureza da graça e a natureza de Cristo. Sob a ótica histórica, o referido autor foi um
grande expoente entre seus pares, chegando a tratar a interpretação do livro dos Salmos
de maneira sistemática e minuciosa.
Em seu tempo, tratou o mistério trinitário devido o grande levante de várias
doutrinas consideradas por ele na época como heréticas, temos por exemplo, os
manaquinianistas (Monarchiam Tenemus) que acreditavam que Jesus, o Cristo era um
simples homem; e os adopcionistas, que consideravam Jesus Cristo como tão só filho de
Deus pela graça; dentre outras doutrinas. Agostinho sempre mostrou em suas postulações,
uma vocação filosófica considerando que a razão pode ser uma ferramenta penetrante
para a compreensão da fé. Em sua visão dualística, era totalmente possível a distinção
entre a filosofia e a teologia, todavia não as separava totalmente, que em seu prisma,
poderiam tratar do mesmo objeto: Deus.
Já Tomás de Aquino, pertencia à escolástica, e foi o mais proponente clássico da
teologia natural, e é considerado o pai do tomismo. Diferente de Agostinho que tinha um
viés neoplatonista, Tomás de Aquino abraçou as idéias aristotélicas, sintetizando as
teorias de Aristóteles com os princípios do cristianismo. Uma questão de evidente
convergência entre Tomás de Aquino e Agostinho, era sobre a guerra. Para eles, a
ideologia pacifista não era contrária à guerra, entretanto a finalidade deveria ser
defensiva, ou seja, o que era defendido era a restauração da paz.
É preciso claramente salientar que, na filosofia de Tomás de Aquino, a espécie inteligível
não é a coisa entendida, ou seja, a representação da coisa (id quod intelligitur),
considerando que neste caso não conheceríamos as coisa, e sim o conhecimento em si da
coisa, despontando no fenomenismo. Portanto a espécie inteligível é o meio pelo qual a
mente entende as coisas exteriores (id quo intelligitur) e isso pode ser perceptível ao
conhecimento humano, nos fazendo conhecer coisas e não ideias.
Conforme observa Oliveira (2013, p. 20-21), Tomás de Aquino evidencia no
artigo primeiro da questão 15 da Suma de Teologia que a tese que localiza as ideias na
mente divina possui duas características centrais. Do ponto de vista teológico, essa tese,
não obstante de seus próprios fundamentos, e da teoria platônica das ideias, visto que, de
acordo com Platão, as ideias existiriam em si mesmas e não na inteligência de Deus.
Todavia, A doutrina das ideias tomista tem um especial interesse histórico, pois nela, de
um lado, a crítica aristotélica da doutrina platônica das ideias e, de outro, a doutrina
agostiniana das ideias, que aliás brotou do pensamento platônico, são unidas uma com a
outra. A doutrina das ideias tomista é um arguto produto de síntese de Agostinho e
Aristóteles. (GRAMBMANN, 1993, p. 35).

AGOSTINHO DE HIPONA. As ideias (De ideis). Tradução de Moacyr Novaes.


Discurso. Revista do Departamento de Filosofia da USP. São Paulo: Barcarolla/Discurso,
2008 (40), p. 377-380.

GRABMANN, Martin. A “Quaestio de ideis” de Santo Agostinho: seu significado e sua


repercussão medieval. Tradução de Moacyr Novaes, colaboração de César Ribas Cezar e
Márcio Sattin. Cadernos de Trabalho CEPAME. Centro de Estudos de Filosofia Patrística
e Medieval de São Paulo. São Paulo: Departamento de Filosofia da USP, março de 1993,
vol. II(1), p. 29-41.

GONZALEZ, Justo L.The Story of Christianity. 1984


OLIVEIRA, Carlos Eduardo de. Tomás de Aquino e a Filosofia: guia de estudos.
Publicação do CEAD - Centro de Apoio à Educação a Distância da Universidade de
Lavras. Lavras: UFLA, 2013.

TOMÁS DE AQUINO. “Suma de Teologia, Primeira Parte, Questão 15: Sobre as ideias,
artigos 1-3”. Tradução de Carlos Eduardo de Oliveira. In: OLIVEIRA, Carlos Eduardo
de. Platonismo e Aristotelismo no século XIII. São Paulo: 2014, p. 77-81.

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