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Alberto Daniel
Uma cónica pode ser representada por equação de 2◦ grau nas variáveis x e y :
1.1 Elipse
Denição 1.2 é o conjunto dos pontos do plano cuja soma das distâncias a dois pontos xos
Elipse
(denominados focos) é constante e maior que a distância entre eles.
2
Equação Reduzida
x2 y 2
Equação Reduzida + 2 =1 (a < b)
x2 y 2 a2 b
+ 2 =1 (a > b)
a2 b
(x − x0 )2 + (y − y0 )2 = r2
1.2 Hipérbole
Denição 1.3 Hipérbole é o conjunto dos pontos do plano tais que o módulo da diferença das
distâncias a dois pontos xos (focos) é constante e menor que a distância entre eles.
3
Equação Reduzida Equação Reduzida
x2 y 2 y 2 x2
− 2 =1 − 2 =1
a2 b b2 a
1.3 Parábola
Denição 1.4 Parábola é o conjunto dos pontos do plano equidistantes de um ponto xo (denomi-
nado foco) e de uma recta (directriz) que não contém o ponto.
4
Equação Reduzida
y 2 = 4px (p > 0) Equação Reduzida
y 2 = 4px (p < 0)
Foco: F (p, 0)
Foco: F (p, 0)
Directriz: x = −p
Directriz: x = −p
Vértice: V (0, 0)
Vértice: V (0, 0)
Equação Reduzida
Equação Reduzida x2 = 4py (p < 0)
2
x = 4py (p > 0)
Foco: F (0, p)
Foco: F (0, p)
Directriz: y = −p
Directriz: y = −p
Vértice: V (0, 0)
Vértice: V (0, 0)
A Equação Reduzida da Parábola com vértice em V (x0 , y0 ) é dada por:
• (y − y0 )2 = 4p(x − x0 ) , onde F (x0 +p, y0 ) e d : x = x0 −p são foco e directriz, respectivamente.
5
Exemplo 1.5 Determine a equação reduzida da hipérbole com focos F1 (0, −5) e F2 (0, 5) e um vértice
no ponto P (0, −3).
Resolução: O eixo real está sobre o eixo Y . O centro é a origem. Temos então:
2
c = a2 + b 2
a = 3 ⇒ b2 = 52 − 32 = 25 − 9 ⇒ b2 = 16
c = 5
y 2 x2
Portanto, a equação da hipérbole é: − = 1.
16 9
Exemplo 1.6 Encontre a equação da parábola de foco F (0, 3) e recta directriz de equação x = 2.
Resolução: Como a directriz (x = 2) é paralela ao eixo Oy então a equação desta parábola tem a
forma (y − y0 )2 = 4p(x − x0 ), onde F (x0 + p, y0 ) é o foco e x = x0 − p é a directariz. Assim,
x0 + p = 0
(x0 + p, y0 ) = (0, 3) 2x0 = 2 x0 = 1
⇒ y0 = 3 ⇒ ⇒
x0 − p = 2 y0 = 3 y0 = 3
x0 − p = 2
6
2 Classicação das cónicas a partir da equação geral
Redução da equação geral de uma cónica
1◦ Dada a equação
Ax + 2Bxy + Cy + 2Dx + 2Ey + F = 0,
2 2
A B
calcule ∆ = .
B C
2◦ Para ∆ = 0: Encontre as raízes λ1 e Para ∆ 6= 0: Temos uma curva central. Efectue uma
λ2 = 0 da equação característica translação para O0 = (x0 , y0 ), de modo que
A−λ B A B x0 −D
= 0. =
B C −λ B C y0 −E
Ax02 + 2Bx0 y 0 + Cy 02 + Q0 = 0
7
lineares. Para tal, reslovemos o seguinte sistema linear:
α = − 11
Aα + Bβ = −D α − 3β = −1
⇒ 8
Bα + Cβ = −E −3α + β = 4 β = − 18
Portanto 4x002 − 2y 002 − 398 = 0 é a equação obtida após a eliminação dos termos lineares e do termo
misto. Escrevendo-a na forma canónica, temos:
39 39 x002 y 002 x002 y 002
4x002 − 2y 002 − = 0 ⇔ 4x002 − 2y 002 = ⇔ 39 − 39 = 1 ⇔ q 2 − q 2 = 1
8 8 32 16 39 39
32 16
1−λ 1
= 0 ⇔ (1 − λ)2 − 1 = 0 ⇔ 1 − λ = 1 ∨ 1 − λ = −1 ⇔ λ = 0 ∨ λ = 2
1 1−λ
8
Como λ1 = 0 e λ2 = 2 são distintos, então os seus respectivos autovectores são ortogonais. Devemos
então, apenas normalizar os autovectores:
√ √ !
v1 (−1, 1) (−1, 1) (−1, 1) 2 2
• u1 = = =√ = √ = − , ;
kv1 k k(−1, 1)k 1+1 2 2 2
√ √ !
v2 (1, 1) (1, 1) (1, 1) 2 2
• u2 = = =√ = √ = , .
kv2 k k(1, 1)k 1+1 2 2 2
" √ √ #
−√ 22 2
E a matriz P cujas as colunas são os autovectores normalizados é P = 2
√2
2
. Então
2 2
" √ √ #
0
−√ 22 2
x0 √ √
x
− 7 = 4 2x0 + 2 2y 0 − 7
2D 2E P +F = −2 6 √2
y0 2 2 y0
2 2
3 Superfícies Quádricas
Denição 3.1 Chama-se quádrica qualquer conjunto de pontos de R3 que satisfazem a seguinte
equação do segundo grau nas variáveis x, y e z :
Ax2 + By 2 + Cz 2 + 2Dxy + 2Exz + 2F yz + 2Gx + 2Hy + 2Iz + J = 0 (2)
onde A, B, C, D, E e F não são todos nulos.
9
Observação 3.2 Se a superfície (2) for cortada pelos planos coordenadores ou por planos paralelos
a eles, a curva de intersecção será uma cónica. Essa interseccão é chamada de traço da superfície
no plano.
onde
• P (x, yz) é um ponto qualquer da superfície.
• C(0, y, 0) é o centro da circunferência que é o traço da superfície no plano que passa por P e é
perpendicular ao eixo - y .
• Q(0, y, z) é a intersecção da circunferência com a parábola.
• R é o pé da perpendicular traçada de P ao plano -xy .
Note que |CP | = |CQ| = r, pois são raios da circunferência. O triângulo CRP é rectângulo em R,
então: p √
|CP | = |CR|2 + |RP |2 = x2 + z 2
ou
4y, pois Q pertence à parábola.
p
|CP | = |CQ| = z =
Portanto, √
Equação da superfície. (4)
p
x2 + z 2 = 4y ⇔ x2 + z 2 = 4y →
10
√
Observação 3.7 A equação (4) pode ser obtida imediatamente pela substituição de z por x2 + z 2
na equação da geratriz z 2 = 4y .
Dessa forma, se a geratriz estiver contida num dos planos coordenados e girar 360◦ em torno de um
dos eixos desse plano, a equação da superfície gerada será obtida da seguinte maneira: se a curva
girar em torno:
a) do eixo - x, substitui-se y ou z na equação da curva por y2 + z2;
p
√
b) do eixo - y , substitui-se x ou z na equação da curva por x2 + z 2 ;
c) do eixo - z , substitui-se x ou y na equação da curva por x2 + y 2 .
p
3.1 Elipsóide
y2 z2
Consideremos no plano x = 0 a elípse de equação 2 + 2 = 1.
b c
Figura 2: Elípse
y2 z2 y 2 x2 + z 2 x2 y 2 z 2
+ = 1 ⇔ + = 1 ⇔ + 2 + 2 = 1.
b2 c2 b2 c2 c2 b c
Podemos também girar a elípse em torno do eixo - z e obter o elipsóide com equação
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 =1
b2 b c
Equação Canónica de um Elipsóide
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 = 1, (5)
a2 b c
onde a, b, c ∈ R+ e determinam as medidas dos semi-eixos do elipsóide.
11
Figura 3: Elipsóide
12
3.2 Hiperbolóide
y2 z2
Consideremos no plano x = 0 a hipérbole de equação − 2 =1
b2 c
Figura 4: Hipérbole
x2 + y 2 z 2 x2 y 2 z 2
− = 1 ⇔ + 2 − 2 =1
b2 c2 b2 b c
Equação Canónica do Hiperbolóide de uma folha
x2 y 2 z 2
+ 2 − 2 =1 (7)
a2 b c
13
As outras duas equações são
x2 y 2 z 2 x2 y 2 z 2
− + = 1 e − + 2 + 2 =1
a2 b2 c2 a2 b c
e representam hiperbolóides de uma folha ao longo dos eixos-y e eixo-x, respectivamente.
3.3 Parabolóide
14
Figura 7: Parábola
A rotação dessa parábola em torno do eixo-z resulta nopparabolóide de revolução cuja equação
será obtida da equação da parabóla, substituindo-se y por x2 + y 2
x2 y 2
z= + 2
b2 b
Equação Canónica de um parabolóide elíptico:
x2 y 2
z= + 2 (9)
a2 b
15
é denominada parabolóide hiperbólico e esta equação é chamada forma canónica do parabo-
lóide hiperbólico ao longo do eixo-z .
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4 Classicação das quádricas a partir da equação geral
Redução da equação geral de uma quádrica
1◦ Dada a equação 2
+ Cz + 2Dxy + 2Exz + 2F yz + 2Gx + 2Hy + 2Iz + J = 0,
Ax + By
2 2
A D E
calcule ∆ = D B F .
E F C
2◦ Para ∆ = 0: Encontre as raízes λ1 , λ2 Para ∆ 6= 0: Temos uma quádrica central. Efectue
e λ3 = 0 da equação característica uma translação para O0 = (x0 , y0 , z0 ), de modo que
A−λ D E A D E x0 −G
D
B−λ F = 0. D B F y0 = −H
E F C −λ E F C z0 −I
Exemplo 4.1 Identique a quádrica representada pela equação geral dada abaixo:
2x2 + 2y 2 + 2z 2 + 2xy + 2xz + 2yz − 2x − 2y − 2z − 12z − 78 = 0
17
2 1 1
Resolução: Como o determinante da equação desta quádrica é ∆ = 1 2 1 = 4 6= 0, esta
1 1 2
superfície representa uma quádrica central. Assim, devemos eliminar primeiro os termos do 1◦ grau
por meio de uma translação. Para isso, devemos encontrar a nova origem (x0 , y0 , z0 ), de modo que:
A D E x0 −G 2 1 1 x0 1
D B F y0 = −H ⇒ 1 2 1 y0 = 1
E F C z0 −I 1 1 2 z0 6
Assim, obtemos O0 = (−1, −1, 4) e denotando Q(x, y, z) = 2x2 + 2y 2 + 2z 2 + 2xy + 2xz + 2yz +
2x + 2y + 2z + 12z − 78, temos Q0 = Q(−1, −1, 4) = −4. Desta forma, a quádrica ca reduzida à
forma:
2x2 + 2y 2 + 2z 2 + 2xy + 2xz + 2yz + Q0 = 0 ⇐⇒ 2x2 + 2y 2 + 2z 2 + 2xy + 2xz + 2yz − 4 = 0
2 2 2 2 2 2 2 2 2x2 y 2
λ1 x + λ2 y + λ3 z + Q0 = 0 ⇔ x + y + 4z − 4 = 0 ⇔ x + y + 4z = 4 ⇔ + + z2 = 1
4 4
Portanto, a quádrica 2x2 + 2y 2 + 2z 2 + 2xy + 2xz + 2yz + 2x + 2y + 2z + 12z − 78 = 0, após uma
translação seguida de uma rotação é um Elipsóide.
18
1 −2 0 1 −2 0 1 0 −1
Para λ1 = 0: −2 0 2 ∼ 0 −4 2 ∼ 0 −4 2 ⇒ yx== 1zz
0 2 −1 0 2 −1 0 0 0 2
−2 −2 0 −2 −2 0 1 0 2
Para λ2 = 3: −2 −3 2 ∼ 0 −1 2 ∼ 0 1 −2 ⇒ xy==−2z
2z
0 2 −4 0 2 −4 0 0 0
Então (x, y, z) = (−2z, 2z, z) = z(−2, 2, 1) e v2 = (−2, 2, 1) é um autovector associado à λ2 = 3.
4 −2 0 4 −2 0 2 0 1 1
Para λ3 = −3: −2 3 2 ∼ 0 4 4 ∼ 0 1 1 ⇒ xy ==−−z2 z
0 2 2 0 2 2 0 0 0
Então v = (− 2 z, −z, z) = z(− 2 , −1, 1) e v3 = (− 2 , −1, 1) é um autovector associado à λ3 =
1 1 1
−3.
v1 1, 12 , 1 1, 12 , 1 1, 21 , 1
2 1 2 1 2
• u1 = = = = = 1, , 1 = , , ;
kv1 k 1 3
q
k 1, 2 , 1 k 1 + 14 + 1 2
3 2 3 3 3
v2
(−2, 2, 1) (−2, 2, 1) (−2, 2, 1) 1 2 2 1
• u2 = = =√ = = (−2, 2, 1) = − , , ;
kv2 k k (−2, 2, 1) k 4+4+1 3 3 3 3 3
2
− 23 − 31
3
Obtemos então, uma base ortonormal: B = {u1 , u2 , u3 } e P = 1
3
2
3
− 23 , portanto,
2 1 2
3 3 3
0 2
0
− 23 − 13
x 3
x
2G 2H 2I P y 0 + J = −6 6 −24 1 2 2 0
− 45 = −18x0 − 18z 0 − 45.
3 3
− 3
y
z0 2
3
1
3
2
3
z0
Agora vamos agrupar os termos de mesma variável e aplicar a técnica de completar quadrados:
3y 02 − 3z 02 − 18x0 − 18z 0 − 45 = 0
⇔ 3y 02 − 3(z 02 + 6z 0 ) − 18x0 − 45 = 0
⇔ 3y 02 − 3(z 02 + 6z 0 + 9 − 9) − 18x0 − 45 = 0
⇔ 3y 02 − 3(z 02 + 6z 0 + 9) + 27 − 18x0 − 45 = 0
⇔ 3y 02 − 3(z 0 + 3)2 − 18(x0 + 1) = 0
19
00
x = x0 + 1
Fazendo a mudança de variáveis y 00 = y0 teremos
00 0
z = z +3
Finalmente, podemos comparar esta equação com as das quádricas obtidas nas secções anteriores e
vemos que esta quádrica é um Parabolóide hiperbólico.
Exemplo 4.3 Identique a quádrica representada por 4x2 + 4y2 + 4z 2 + 4xy + 4xz + 4yz − 3 = 0
Resolução: A equação quádrica em estudo não possui termos lineares, no entanto só precisamos
eliminar os termos mistos calculando os autovalores da matriz da equação:
4−λ 2 2
2 4 − λ 2 = 0 ⇔ −λ3 +12λ2 −36λ+32 = 0 ⇔ λ3 −12λ2 +36λ−32 = 0 ⇔ (λ−2)2 (λ−8) = 0.
2 2 4−λ
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Referências
[1] CORREIA, Juliana Mauri. Superfícies quádricas. Transformação das coordenadas. 2010.
89 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, 2010.
[2] CAMARGO, Ivan; BOULOS, Paulo. Geometria Analítica, um tratamento vetorial, 3a
edição, São Paulo: Prentice Hall, 2005.
[3] HOWARD, António; RORRES, Chris. Álgebra linear com aplicações, 8a edição, Porto
Alegre: Bookman, 2001.
[4] David C. Lay, Álgebra linear e suas aplicações, 2a edição,Brasil, 1997.
[5] STEINBRUCH, Alfredo; WINTERLE, Paulo, Álgebra linear, 2a edição, São Paulo:
McGraw-Hill, 1987, v.1.
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