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Fragmentos históricos da criação e inauguração do

Hospital PsiquhHrico São Pedro


Edson Medeiros Cheu1che
Historiador do Serviço de Memória Cultural do l f P<;P

O llospital Psiquiátrico São Pedro foi a primeira instituição psiquif11rica do Estado do Rio Grande do Sul. Criado em 13 de maio de
1874 e inaugurado em 29 de junho de 1884, recebeu a denominação de l lospício São Pedro em homenagem ao santo padroeiro da província.
roi o sexto asilolhospicio de alienados implantado durante o Segundo Reinado no Brasil ( 1841-1889). O hospicio (do latim "hospi1111111";
hospedeiro de doentes pobres e incuráveis) de alienados (do latim "alie11u.\"; estranho a si mesmo ou à comunidade social) foi renomeado a
partir de 1925 como Hospital São Pedro e, em 1962, Hospital Psiqu 1átrico São Pedro.
A urbe, concepção de espaço apolíneo, foi ocupada por notáveis considerados judiciosos que no propósito de instaurar organiLação
e o funcionamento social, estabeleceram padrões sanitários avahLados por processos de medical1zação higienização (discurso> '\esse
ambiente considerado racional a loucura foi silenciada, institucionalizada e isolada do ··centro de civilidade", pretendido como previs1vel.
transparente, disciplinado, purificado e opulento (prática).
A criação do asilo de alienados fez parte do procedimento de saneamento social de Porto Alegre. O artificio utilizado foi o de
deslocar para a periferia da cidade os estabelecimentos que abrigaram as enfermidades, as detenções e os sepuhamentos: a Santa Casa foi
construída no alto da colina - ..alto da .\/isericórdia" - circundando o núcleo populacional da cidade; o Lazareto de Variolosos estava
situado no perímetro leste da .cidade, na "Chácara das Bmu111eims", onde hoje estão estabelecidos os quartéis da Brigada Mi litar e o
Presídio Central; a Casa de Correção, uma edificação pública que serviu para o encarceramento dos aviltados sociais que não se
enquadravam nas normas comportamentais ditadas pela sentenc1osa comunidade, foi edificada na extremidade da península que acolhia a
zona urbana da sede do município, e o cemitério da Santa Casa localiLado na região rural e alta do arraial da Azenha, afastado do curso
natural do arroio conhecido como do Sabão, depois da Azenha e atualmente, canalizado, como Dilúvio ou lpiranga.
Os hosp1cios foram utilizados pelos médicos alienistas como espaços de observações dos insanos, confiando no propósito de que
os isolando estariam afastados das prováveis causas que levaram à alienação mental. Se o hospício foi o meio na construção do saber
alienis1a, o isolamento foi o método empregado como prática terapêutica de reabilitação mental.
Na Província de São Pedro a preocupação do governo em conlar com um local específico para o acolhimento e tratamento dos
alienados ficou evidente através do relatório do presidente Joaquim Antão Fernandes Leão, apresentado à Assembleia Provincial, na 2"
sessão da 8" legislatura de OS de novembro de 1859. Lembrando aos deputados a proibição do encaminhamento de alienados para o
Hospício Pedro li no Rio de Janeiro, sugeriu a criação de uma instituição de caridade especialmente voltada aos insanos da província. A
construção do ediftcio teria a supervisão da Santa Casa da capital e o apoio financeiro do Governo Provincial:
"l lo.1111cio de l/iemulos - t::swndo proliihida a rl!me.ua e admiss<io 110 /w.\phw de Pedro li dos alienados. c111e existem na prorí11cw. e </UI!
/orem renmheddos i11c:11rm·ei:.. como sejiio os idiows. imhecis. epi/eptiW.\ e parulitic:os eleme11tes 11ue pwiSlio 1•frer 111of/e11.111·m em
1/lltif1111er pune e 11iio havendo 1101 e.\/aheled111e111os de caridade fumlmlm 11a pro1•incia accomm"'laçi>es apropriadas. onde pm wlo 1e1
c11mt!1T111I"' I! tratados aquele:. 111fel1:e.f. '0111 l!specwliclacle os de111e11te.1 furio.10.1. dwmo a 1·oss" a/len~·tio sobre" necessidade ele li! /11mlar
11m pt!1llll!llt1 lw.1111âo em local apropriado. 011</I! po.uiio elle.1 ser ren1/111do.1 e 1ra1111los co1ffe11ii!nleme111e e11e estahelecime/lfo potlt!ria .li!/ '
feilo /1t!lt1 \'1111/a <·a.1t1 ela ( 'aridacle d1t.1/a ("apitai. 1>emlo para e.ui! fim applicada \()/1111/a s11{fit:i1t11/e
"'º ano seguinte, como a população de alienados crescia rapidamente na Santa Casa de Porto Alegre, cujos insanos eram
provenientes de intendências de todas as regiões da província, aumentou a dificuldade de acolhimento na instituição. sendo necessário
abrigai insanos de ambos os sexos na cadeia civi 1. A decisão foi registrada no balanço anual de novembro de 1860 que foi apresentado à
Assembleia Provincial pelo mesmo conselheiro Antão Fernandes Leão no seu segundo ano como presidente provincial:
". llienwlos Cirandes são os emharaços co111 q11e ////a o estabeleci111e11to parti proporcionar co111111odo.1· cul1tq11ados lÍ essa classe de i11/eli:e.1.
por .1e límitar" I] o 1Í11111ero das cel/11lm que a/li lw sem as co11dirõe:, hyg1e111rns i11dispensaveis á s11a comen•açtio: pelv l/Ue por 111111.1 1111111
1•e; H' 11!111 mwulado re1111ir t1lg11m "" cadêa de Justiç". "'é que possào ser tmm/erulos parti o f/ospitar'.
Em 1864 foi registrado no relatório emitido pelo presidente da Pro\.incia de São Pedro, Esp1ridião Eloy de Barros Pimentel. no
Capitulo "fatabeleâmentos de Candm/e", mformações do atendimento proporcionado ao longo do ano anterior pela t<.lisericórdia de Porto
Alegre: Que dentre uma população atendida de 1.012 enfermos constavam cinquenta alienados pobres (trima homens e vinte mulheres) e
sete particulares (cinco homens e duas mulheres). Que saíram curados do1e alienados pobres e dois particulares. falecendo seis alienados
pobres e dois particulares. Também ficou consignado no relalório de Punente!, que no ano anterior, na administração do provedor João
Rodrigues ragundes, houve a inauguração de um local específico para o acolhimento de alienados na Santa Casa:
". l.1:1·/o dt! alienados. - Xo dia 02 de /)e:emhro 11ltimo /vi com toda a .wlenulade inaugurado eMe e.1wheleci111e1110 no ed[/iâo para elle
expre.1.vc1111e11te '"mstruiclv com m neces.wrias proporções e soh o mesmo piemo do hospiwl de caridade. de q11e é co111i1111açào .\o
pal"i111e11w .rnpl!rior dt!sli11ado ás m111heres.forc1o recolhidas em 1. u de Ja11e1ru do a1111oji11do 13 alie11t1dm·. o .1eg111ulo p1ffime1110 d1t.Wi111ulo
parn 0.1 homem r1tcebeo 18 alie11mlvs. q11e ,·om aqmdlas perfa:em o n °dt! 31 ·
O marechal de campo Luiz Manoel de Lima e Silva, provedor da Santa Casa de Misericórdia de 1865 a 1872. censurou em ~eu
relatório de 1867, emitido à Mesa Administrativa, o comportamento destrutivo dos alienados asilados na pia instituição:
"Pcm O.\ 111/eli:e.\ c111e 11 ·lles habuào. 11111110 os e1iww1lhào e estragtio. alJm do q11e 111111ilisiio ro11pas. t.\IO co111w111eme111e mio olHt1111re a
po11111al 1·í~i/1111cia dos en.fermeiro.f ( .) fl 11i10 impedia a co111i111111d11 c111el>rn ti.: 1·idros. que tra: uma gra11de de.\pt!:a no mmo. tudo n1111wl11
por tal!.\ í11ft!li:1ts. q11e têm 11111 imtincto p<1rtic11lar para a destr11içào".
'lo último ano de sua gestão, o provedor Lima e Silva reafirmou as dificuldades administrativas e financeiras da t<.tbericórdia
proporcionadas pelo acolhimento de insanos e alertou para a prática contumaz do envio indiscriminado de alienados de toda a pro' meia para
o asilo de alienados da Santa Casa, sendo que alguns alienados estavam abrigados em outros espai;os da instituição:
"1~·.11111 f>l!ll\lllllis/l/s 1·it11licios st7o os mais pesados para o pio estabel1tc11111t1110 pelas despe:aJ q11e jú:l!m. I! o i11co111111vdo q11e titio. <)asilo
co11ti1111a r<'plc!to dl! aliemulos de ambos os sexos. e se 111aior/o.1w 111io 'hl!guria para twlfos i11/eli:e.1. poi.I' ti.: todas as parte1 el11 Prol'i11ci11
11! red1111111 e11tradc1s de novos(. ). As a1111gas rec/11sões do pm·1111e1110 1Jrreo esteio ocupada.\' l'Olll 11lie11111lo.\ i11111111111los"
f·o1 recorrente a prática de regulação social dos insanos na prO\.lllCia, antes e após a inauguração do asilo de alienado. As propostas
di<cricionarias estatuidas pelo poder público através dos Códigos de Posturas de diversas Càmaras ~lunicipais da Província de São Pedro
estabeleceram uma marginalização coagida desses indivíduos ··c1.:111111idm da m:tio'·. Exclu1dos dos padrões sociais os alienados fornm
u•n•1derndos inap1os para conviverem no cotidiano e em meio ás comunidades das vilas e cidades da província.
O comerciante José Antônio Coelho Junior, provedor da Santa Casa de 1873 a 1881, foi um cidadão ativo e altrulsta na vida
pública da provfncia. Diante das circunstâncias aviltantes de acolhimento dos insanos na Misericórdia ·e na cadeia, Coelho Júnior sempre
registrou nos relatórios exibidos à Mesa Administrativa sua consternação e inconformidade, até mesmo com a indiferença da sociedade.
Através de criticas enérgicas e com in~istência propôs como alternativa a criação de um asilo de alienados na provfncia:
"Os pm•ime111os baixos desle edifício, únicos em que se póde col/ocar os loucos mais furiosos, são xadre:es escuros. fi-ios e /111111idos. são
wrdadeiras 1111nmorras. mais p1·óprias por certo para fa:er perder o juí::o a quem o til'er do que para 11ellas recuperai-o ( .) Ao 1·er-se
esws infeli:es sepultados nessas humildes f sombrias enxol'ias parece que a sociedade não quer curai os nem mesmo atenuar-lhes os seus
soffrime111os. e .fim que considera 11m crime a sua desgraça e que os quer punir com isso( ... ). Que tratamemo podem ter na cadéa cil•il esses
desven/urados. que não seja ainda peíor do que o que podem ler neste estahelecime1110? ! E há de colllínum· uma sociedade r:histã e
cMli:ada. a collocar aquelles que perderam a ra:ão, muitas ve:es por injustiças da própria sociedade, nas mesmas condiç<Jes em que
colloca o malwulo e o criminv.w ( ) Não conheço. Srs .. nada mais revoltante 11 'uma sociedade christã e cil'ili:ada. do que rér um pai que
perdeu a ra:ão porque u111 assassino lhe arrancou a preciosa 1•ida de um filho querido. ser lançado por essa sociedade na mesma enxo1·ia
em que lanro o malrndo 1 e1 u111 homem que perdeu a ra:c1o por injustiças da propria sociedade. ainda ser por el/a lançado 11 'uma
masmorra. e ahi terminar seus tristes dias. e 110 e111anto estes e outros factos se dão, e se continuarão a dar. em quanto não tivermos 11111
A.fy/o de alienados"
Após liderar a exitosa campanha de criação do asilo de alienados em Porto Alegre, o provedor Coelho Júnior exerceu a presidência
da primeira comissão incumbida da construção do prédio manicomial. No primeir" momento os recursos financeiros foram obtidos através
da promoção de eventos sociais, de donativos e por meio da concessão da extração de doze loterias à Irmandade da Santa Casa, encarregada
de implantar o asilo de insanos na capital, de acordo com a Lei Provincial nº 944, de 13 de maio de 1874, sancionada pelo presidente
provincial João Pedro Carvalho de Moraes. No ano seguinte, através da Lei nº 988, de 27 de abril de 1875, decretada pela Assembleia
Provincial e sancionada pelo presidente provincial José Antônio de Azevedo Castro, o Art. 1°, § 12, "Subvenção ás Casas de Caridade", foi
autorizado o adiantamento de 25 contos de réis por conta das loterias para iniciar a edificação do asilo de alienados.
No ano seguinte foi ajustada a compra da chácara de Israel Rodrigues Barcelos para a construção do prédio do asilo de alienados.
O local estava situado na "lstrada do ,\fato Grosso" (atual Av. Bento Gonçalves), caminho para a localidade de Nossa Senhora da
Conceição de Viamão, próximo da atual Rua Vicente da Fontoura (ex-Boa Vista), no arraial do Partenon. No dia 19 de março, na presença
das autoridades provinciais, dom Sebastião Dias Larartjeira, bispo da Provfncia de São Pedro, benzeu a pedra fundamental da nova
insliluição manicomial que levou o nome de Hospício São José. Por motivos desconhecidos o proprietário do terreno acabou desistindo do
negócio. impossibilitando a construção do asilo de alienados.
Ern novembro de 1879. no governo de Carlos Thompson Flores, a Fazenda Provincial comprou um terreno conhecido como
"chácara ela .\mide" para a edificação do hospício. A área foi adquirida da viúva Maria Rita Clara Rabello por vinte e cinco contos de réis.
Afastada da urbe, a chácara tinha "2.500 palmos de frente e 3 181 palmos de fundos" e entestava ao sul com a "Estrada do Mato Grosso".
Como estabelecia a lei de criação do asilo, a bucólica quinta era arborizada, rica em ar puro e água potável, onde corria a leste o arroio do
Chagas e ao norte o arroio da A1enha, apta à terapêutica laboral e à segregação social da loucura.
Em Porto Alegre. mesmo com a compra de um espaço especifico para a construção de um asilo de alienados, permaneciam as
inquietações das autoridades provinciais com as detenções dos insanos na cadeia. Em janeiro de 1882, o presidente provincial Francisco de
Carvalho Soares Brandão, ao comentar no seu relatório anual as ocorrências na Repartição de Obras Públicas, relatou que de acordo com sua
prnposição estava conclufda a edificação de cinco celas na cadeia civil para o exclusivo acolhimento de alienados:
"f)e accrirdo com o prnjec1<1 e orçmnento c1ue mandei organi:ar pela repartição de obras públicas. determinei ao respectivo direc1or a
cunstrucçcio de d11co cellulas pam alienaclos junto ao c01po da guarda da cadéa cfril desta Capital (...) as cellulas se achão cmrcluidas e
jcí os alienado.1· ahí acommoclado.t. e1·i1mulo-lt> os i11co111•e111e11tes de sua consen·açâo 110 illlerior da cadéa".
Em setembro do mesmo ano, o presidente provincial José Leandro de Godoy e Vasconcelos determinou a construção imediata de
um dos pavilhões projetados do hospício para o acolhimento imediato dos alienados que estavam detidos na cadeia civil:
"Pam se recolherem os ttlie11ados que se acham na cadéa civil. mandei que com urge11cia se preparasse 11111 dos pavilhões desse hospicio
suspende11do-.1e a.1 demais t'omtrncções".
Em fevereiro do ano seguinte, enquanto o engenheiro Álvaro Nunes Pereira, diretor da Repartição de Obras Públicos, reforçou a
premência da construção de pelo menos um dos pavilhões do hospício, o chefe de Policia José Maria de Araújo manifestou seu desconforto
com a situação desagradável e perversa do encarceramento de alienados na cadeia civil da capital:
"f: 1•erdculem1111e111e co11111101·edora a sorle desses desgraçados que, perdendo o uso da ra:ão. tornam-se uma ameaça e um perigo para a
co1111111111/uio wcial, c/11u11do. úv triste:m ele seu i11fortu11io, acaescem os co11stnmgime11tos de uma reclus<1o incommoda e iniqua (... ).
Lristem 11e.Ha nclade ci11coentu ulie1111dos. dos quaes 1•inte e 11cll•e st1o homens e 1•i11te e uma mulheres. De:e11ove estão lançados nos quartos
da Cadéa Ciril e 1r111ta e 11111 permwwcem na \c111ta (asa ele \/1sericórdia"
Do lançamento da pedra fundamental do " lsylo de ~lienados". em 02 de dezembro de 1879, aniversário de 54 anos de D. Pedro li,
até 1903. com a conclusão das obras do sexto pa\ ilhão, foi conclufda a metade do projeto original de edificação do hospício.
O provedor ela ~liseric6rdia Joaquim Pedro Salgado comunicou ao presidente provincial José Júlio de Albuquerque Barros, em 19
de junho de 1884, o aceite da 1\ lesa Administrativa em gerir o futuro asilo de alienados. Essa situação durou até a assunção do governo
republicano gaíicho, que através do Ato nº 04, de 28 de novembro de 1889, determinou que o hosplcio "de1•e estar sob as vistas directas e
immediata.1 do< im·erno". indicando no mês seguinte o médico Francisco de Pauta Dias de Castro para comandar o Hosplcio São Pedro.
Em de 2<> de junho de 1884, domingo, 13 horas, foi inaugurado o Hospício São Pedro pela Mesa Administrativa da Santa Casa de
l\lisericórdia de Porto Alegre. sendo liberado para visitação pública a partir das 15 horas. O evento foi comemorado com ostentação na
presença das autoridades civis, militares e religiosas, dos benfeitores do asilo de alienados, dos notáveis e da imprensa da capital. Durante a
solenidade o presidente Albuquerque Barros nomeou o ex-provedor José Antônio Coelho Júnior, "Grande Protector do 1-/ospicio". Dos
atuais seis pavilhões, o Hospício São Pedro foi instalado com somente um pavilhão concluldo e dois em construção. Ne véspera da
inauguração foram acolhidos 41 alienados, sendo 25 provindos da Santa Casa ( 14 homens e 11 mulheres) e 16 da cadeia civil ( 1O homens e
6 mulheres), sendo indicado o médico Carlos l.isbôa para responder pela direção do serviço sanitário da instituição manicomial.

OOVl:RNO DO ES 1AOO DO RIO GRANDE 00 SUL I SI:CRETARIA ESTADl \L DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE COORDENAÇÃO DOS HOSPITAIS
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO
SERVIÇO DE MEMÓRIA CULTURAL
Av Bento Gonçalves, 2460- PONRS- Fone (51) 3240-1312 - e-mall: hpsp-memorlal@saude.rs.gov.br

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