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MODO SUBJUNTIVO

Por Cynthia Cordeiro Chalegre


Graduada em Letras-Português (USP, 2011)

Os verbos desempenham nas orações a função de predicado e entre as classes de


palavras é a que apresenta maior número de variações, relacionadas a número,
pessoa, modo, tempo, aspecto e voz.

Em se tratando das variações relativas aos modos verbais, elas designam


determinada atitude do falante, a partir do que expressa o enunciado. Se o
enunciado é tomado pelo falante como duvidoso, hipotético, incerto (em termos
de probabilidade de ocorrência ou do momento da ocorrência), ou mesmo exprime
um desejo, temos o chamado Modo Subjuntivo. Ele denota que uma ação é
concebida como ligada à outra da qual depende, de modo expresso ou
subentendido, estabelecendo, muitas vezes, uma relação condicional. É uma
noção temporal imprecisa, que, quando empregada, está ligada à vontade,
imaginação ou sentimento.

Veja alguns exemplos comparativos que demonstram a diferença de atitude


contida nos empregos do indicativo e do subjuntivo:

(Afirmo que) ele trabalha (Presente - indicativo)

Duvido que ele trabalhe (Presente - subjuntivo)

(Afirmo que) ele trabalhava (Pretérito imperfeito – indicativo)

Duvido que ele trabalhasse (Pretérito imperfeito – subjuntivo)

(Afirmo que) ele trabalhou (ou tenha trabalhado) (Pretérito perfeito – indicativo)
Duvido que ele tenha trabalhado (Pretérito perfeito – subjuntivo)

Nota-se, a partir da observação dos exemplos, que as orações no modo indicativo


expressam uma certeza, permitindo, inclusive, que se omita a partícula “afirmo
que”, mantendo-se, entretanto, o valor de afirmação das orações. Nas orações no
subjuntivo, porém, os elementos são indissociáveis (“duvido que” completa o
sentido da oração). Desse modo, evidencia-se e reforça-se o caráter duvidoso da
oração, expresso pelo modo subjuntivo.
O Subjuntivo empregado em orações absolutas, coordenadas ou principais pode
exprimir:

 Desejo: Caiam todos os males do mundo!


 Concessão ou hipótese: Sejamos todos abençoados pelos deuses da
abundância!
 Dúvida (precedido de talvez): A janela talvez
se quebrasse e ferisse alguém, se atingida por aquela pedra.
 Ordem ou proibição: Que, a partir de hoje, não fiquem mais bebendo e
cantando à soleira da minha porta!
 Indignação: Que raios o partam!

Normalmente, o subjuntivo é empregado em orações subordinadas. Quando em


orações absolutas ou principais, envolve sempre a ação verbal de caráter afetivo,
visando acentuar a vontade do indivíduo que fala.

Já em orações cuja relação sintática é de subordinação, encontramos outras


possibilidades de uso, conforme vemos em alguns exemplos em destaque:

Oração subordinada substantiva:

Melhor será que nos aceitem naquela casa.

(Expressão de sentimento, apreciação)

Oração subordinada adjetiva:

Queremos um governo que se volte aos interesses da população,


que ofereça melhores condições de vida.

(Expressão de fim, de consequência)

Oração subordinada adverbial concessiva:

Dizem que o mundo pertence aos espertos, embora desejem o fim da corrupção.
(Uso de embora, ainda que, mesmo que etc.)

Oração subordinada adverbial final:

Para que tudo retornasse à condição de prosperidade anterior, seriam necessários


anos e já não estaríamos mais vivos.

(Uso de para que, a fim de que, porque etc.)

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