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Modificações Dietéticas, Reposição Hídrica, Suplementos PDF
Modificações Dietéticas, Reposição Hídrica, Suplementos PDF
QUADRO 2
Grau de recomendação
A = Sempre usar. Recomendação conclusiva, sendo adotada por unanimidade; conduta conclusi-
vamente útil e segura; eficácia e segurança comprovadas. Quase sempre se requer níveis de
evidência 1 ou 2 para que este grau de recomendação seja adotado.
B = Deve ser geralmente indicada. Recomendação considerada aceitável, mas com ressalvas;
conduta aceitável e segura; grande potencial de utilidade, mas ainda sem comprovação conclu-
siva, com nível de evidência menos sólido.
C = Fica a critério pessoal usar. Recomendação indefinida; conduta a respeito da qual não há
evidência segura a favor ou contra, quanto à eficácia e segurança.
D = Em geral não se deve usar. Conduta não recomendada, embora possa em algum contexto
excepcional ser adotada, tratando-se de opção muito fraca; evidência mínima de eficácia e segu-
rança, embora se vislumbre algum potencial de utilidade em algumas circunstâncias.
E = Nunca usar. Não recomendada por unanimidade.
I. MODIFICAÇÕES DIETÉTICAS dos profissionais qualificados para tal, que são os nutricio-
Os estudos científicos vêm demonstrando que a perfor- nistas e os médicos especialistas.
mance e a saúde de atletas podem ser beneficiadas com a A indústria de alimentos e suplementos nutricionais tem
modificação dietética. Em relação a este tema existem pou- desenvolvido alimentos modificados com a promessa de
cas controvérsias, diante da documentação que comprova melhorar a performance. De uma forma geral, utilizam
os efeitos benéficos para a saúde, mudanças favoráveis da apenas nutrientes cujas fontes são os alimentos consumi-
composição corporal e aprimoramento do desempenho dos na alimentação normal. Pode-se afirmar que o atleta
desportivo de atletas, decorrentes do manejo dietético. Os que deseja otimizar sua performance, antes de qualquer
estudos têm sido convergentes em conclusões que estabe- manipulação nutricional, precisa adotar um comportamento
lecem que, de um modo geral, basta o manejo dietético alimentar adequado ao seu esforço, em termos de quanti-
para a obtenção dos efeitos acima explicitados. A suple- dade e variedade, levando em consideração o que está es-
mentação alimentar deve, portanto, ficar restrita aos casos tabelecido como alimentação saudável.
especiais, que serão apresentados nesta diretriz, nos quais As orientações que constam nesta seção destinam-se a
a eventual utilização deve sempre decorrer da prescrição atletas saudáveis, adultos e adolescentes em fase de matu-
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ração sexual final. Para os indivíduos que praticam exer- tecidos musculares após os exercícios. Os treinos podem
cícios físicos sem maiores preocupações com performan- aumentar ou alterar a necessidade de vitaminas e minerais.
ce, uma dieta balanceada, que atenda às recomenda- O estresse dos exercícios pode resultar numa adaptação
ções dadas à população em geral, é suficiente para a bioquímica muscular que aumenta as necessidades nutri-
manutenção da saúde e possibilitar bom desempenho cionais, com maior utilização e/ou perda de micronutrien-
físico (Grau de recomendação A e nível de evidência 2). tes. O ajuste das dietas, em termos de macronutrientes, às
maiores necessidades calóricas decorrentes das atividades
Avaliação nutricional desportivas, proporciona um concomitante ajuste no con-
A avaliação nutricional é um fator importante para a ela- sumo dos micronutrientes. Recomenda-se que sejam con-
boração e adesão à dieta. A anamnese alimentar criteriosa sideradas as orientações nutricionais destinadas à po-
permite que se estabeleçam as estratégias para introdução pulação em geral, calculadas para cada 1.000 kcalorias
das eventuais modificações dietéticas necessárias. Os atle- ingeridas. Deste modo, o incremento na oferta de mi-
tas não devem ser privados dos alimentos preferidos ou cronutrientes é proporcional ao aumento calórico da
iniciar uma dieta com regras e obrigações incompatíveis dieta, mantendo-se o equilíbrio ou balanço nutricional
com sua realidade. As prescrições devem ser flexíveis, de em níveis adequados (Grau de recomendação A e nível
modo a serem passíveis de se transformar em hábito ali- de evidência 2).
mentar regular. As necessidades nutricionais podem ser
calculadas através de protocolos apropriados, sendo esti- Recomendações:
madas por meio de tabelas próprias. Devem ser levados
em consideração a modalidade esportiva praticada, a fase a) Taxa calórica total da alimentação
de treinamento, o calendário de competições e os objeti- Vários estudos demonstram baixa ingestão calórica e
vos da equipe técnica em relação ao desempenho, dados desequilíbrio nutricional nas dietas de atletas profissionais
referentes ao metabolismo basal, demanda energética de e/ou amadores. Apesar da comprovada eficiência do car-
treino, necessidades de modificação da composição cor- boidrato na recuperação do glicogênio muscular, atletas
poral e fatores clínicos presentes, como as condições de de elite ainda demonstram resistência no consumo deste
mastigação, digestão e absorção. As necessidades energé- nutriente. A alimentação adequada em termos de oferta de
ticas são calculadas por meio da soma da necessidade ener- carboidratos contribui para a manutenção do peso corporal
gética basal (protocolo de livre escolha), gasto energético e a adequada composição corporal, maximizando os resul-
médio em treino e consumo extra ou reduzido para contro- tados do treinamento e contribuindo para a manutenção da
le de composição corporal. saúde. Balanço calórico negativo, que se acompanha de
Para a determinação das necessidades dos macronutrien- menor ingestão de micronutrientes, pode ocasionar perda
tes (carboidratos, proteínas e lipídios) devem ser levados de massa muscular, disfunção hormonal, osteopenia e maior
em consideração as necessidades calóricas e o tempo ne- incidência de fadiga crônica, lesões músculo-esqueléticas
cessário de digestão para o aproveitamento dos músculos. e doenças infecciosas, que se constituem em algumas das
Os macronutrientes são essenciais para a recuperação mus- principais características da síndrome do excesso de trei-
cular, à manutenção do sistema imunológico, ao equilíbrio namento ou overtraining.
do sistema endócrino e à manutenção e/ou melhora da per- Quando se deseja a modificação da composição corpo-
formance. ral à custa de redução da massa gorda, em geral, se propõe
De um modo geral, os micronutrientes (vitaminas, mi- a redução da ingestão calórica com a escolha de alimentos
nerais e os oligoelementos) presentes em dietas balancea- de baixa densidade energética, pobres em gordura. Entre-
das e diversificadas em alimentos, com aporte calórico su- tanto, em atletas, a redução de 10 a 20% na ingestão caló-
ficiente para atender à demanda energética, são suficientes rica total promove alteração na composição corporal, com
para as necessidades do desportista. Recomenda-se a su- redução de massa corporal de gordura, não induzindo à
plementação em algumas situações especiais. É o caso da fome e fadiga, como ocorre com dietas de muito baixo va-
utilização de ácido fólico em gestantes, da utilização de lor calórico e pobres em gordura. A redução drástica da
cálcio na presença de osteopenia e osteoporose e do ferro gordura dietética pode não garantir a redução de gordura
para a anemia. Os micronutrientes desempenham papel corporal e ocasionar perdas musculares importantes por
importante na produção de energia, síntese de hemoglobi- falta de nutrientes importantes na recuperação após o exer-
na, manutenção da saúde óssea, função imunológica e a cício físico, como as vitaminas lipossolúveis e proteínas.
proteção dos tecidos corporais em relação aos danos oxi- A necessidade calórica dietética é influenciada pela he-
dativos. São necessários na construção e manutenção dos reditariedade, sexo, idade, peso corporal, composição cor-
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poral, condicionamento físico e fase de treinamento. De- dos para manter hidratação, pobre em gorduras e fibras para
vem ser levadas em consideração a freqüência, intensida- facilitar o esvaziamento gástrico, rica em carboidratos para
de e duração das sessões de exercícios físicos. As necessi- manter a glicemia e maximizar os estoques de glicogênio,
dades nutricionais, em termos calóricos, estão entre 1,5 moderada na quantidade de proteína e deve fazer parte do
a 1,7 vezes a energia produzida, o que, em geral, cor- hábito alimentar do atleta.
responde a um consumo que se situa entre 37 a 41kcal/ Estima-se que a ingestão de carboidratos corresponden-
kg de peso/dia. Dependendo dos objetivos, a taxa caló- te a 60 a 70% do aporte calórico diário atende à demanda
rica pode apresentar variações mais amplas, com o teor de um treinamento esportivo. Para otimizar a recupera-
calórico da dieta situando-se entre 30 e 50kcal/kg/dia ção muscular recomenda-se que o consumo de carboi-
(Recomendação de grau A e nível de evidência 2). dratos esteja entre 5 e 8g/kg de peso/dia. Em atividades
de longa duração e/ou treinos intensos há necessidade
b) Carboidratos de até 10g/kg de peso/dia para a adequada recuperação
O efeito ergogênico da ingestão de carboidratos durante do glicogênio muscular e/ou aumento da massa muscu-
o exercício já foi consistentemente demonstrado em vários lar (Recomendação de grau A e nível de evidência 2).
experimentos, muitos dos quais efetuados durante etapas A quantidade de glicogênio consumida depende, natu-
de muitas horas de duração. Foi demonstrado que o exercí- ralmente, da duração do exercício. Para provas longas, os
cio prolongado reduz acentuadamente o nível de glicogê- atletas devem consumir entre 7 e 8g/kg de peso ou 30 a
nio muscular, exigindo constante preocupação com sua 60g de carboidrato, para cada hora de exercício, o que
reposição, porém, apesar de tal constatação, tem sido ob- evita hipoglicemia, depleção de glicogênio e fadiga. Fre-
servado um baixo consumo de carboidratos pelos atletas. qüentemente os carboidratos consumidos fazem parte
A energia consumida durante os treinos e competições da composição de bebidas especialmente desenvolvidas
depende da intensidade e duração dos exercícios, sexo dos para atletas. Após o exercício exaustivo, recomenda-se
atletas e o estado nutricional inicial. Quanto maior a inten- a ingestão de carboidratos simples entre 0,7 e 1,5g/kg
sidade dos exercícios maior será a participação dos carboi- peso no período de quatro horas, o que é suficiente para
dratos como fornecedores de energia. A contribuição da a ressíntese plena de glicogênio muscular (Recomenda-
gordura pode ser importante para todo o tempo em que ção de grau A e nível de evidência 2).
durar o exercício, tendendo a se tornar mais expressiva
quando a atividade se prolonga e se mantém em intensida- c) Proteínas
de francamente aeróbia. Contudo, a proporção de energia Para os indivíduos sedentários recomenda-se o consu-
advinda da gordura tende a diminuir quando a intensidade mo diário de proteínas (RDA) entre 0,8 e 1,2g/kg de peso/
de exercício aumenta, o que exige maior participação dos dia. Tem sido constatada uma maior necessidade de inges-
carboidratos. A proteína, com a maior a duração do exercí- tão para aqueles indivíduos praticantes de exercícios físi-
cio, aumenta a sua participação, o que contribui para a cos, pois as proteínas contribuem para o fornecimento de
manutenção da glicose sanguínea, principalmente por meio energia em exercícios de endurance, sendo, ainda, neces-
da gliconeogênese hepática. sárias na síntese protéica muscular no pós-exercício. Para
A escolha dos alimentos fontes de carboidrato, assim atletas de endurance, as proteínas têm um papel auxi-
como a preparação da refeição que antecede o evento es- liar no fornecimento de energia para a atividade, calcu-
portivo, deve respeitar as características gastrintestinais lando-se ser de 1,2 a 1,6g/kg de peso a necessidade diá-
individuais dos atletas. A recomendação do fracionamento ria. Para os atletas de força, a proteína tem papel
da dieta em três a cinco refeições diárias deve considerar o importante no fornecimento de “matéria-prima” para
tempo de digestão necessária para a refeição pré-treino ou a síntese de tecido, sendo de 1,4 a 1,8g/kg de peso as
prova. O tamanho da refeição e a composição da mesma necessidades diárias (Recomendação de grau A e nível
em quantidades de proteínas e fibras podem exigir mais de de evidência 2).
três horas para o esvaziamento gástrico. Na impossibilida-
de de esperar por mais de três horas para a digestão, pode d) Lipídios
se evitar o desconforto gástrico com refeições pobres em Um adulto necessita diariamente cerca de 1g de gordura
fibras e ricas em carboidratos. Sugere-se escolher uma pre- por kg/peso corporal, o que significa 30% do valor calóri-
paração com consistência leve ou líquida, com adequação co total (VCT) da dieta. A parcela de ácidos graxos essen-
na quantidade de carboidratos. Assim, a refeição que ante- ciais deve ser de 8 a 10g/dia. Para os atletas, tem preva-
cede os treinos deve ser suficiente na quantidade de líqui- lecido a mesma recomendação nutricional destinada à
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população em geral, portanto, as mesmas proporções da biodisponibilidade. Recomenda-se que a dieta conte-
de ácidos graxos essenciais, que são: 10% de saturados, nha a quantidade mínima de 1.000mg/dia de cálcio. Em
10% de polinsaturados e 10% de monoinsaturados (Re- relação ao ferro, recomenda-se 15mg/dia para a popu-
comendação de grau A e nível de evidência 2). lação feminina e 10mg/dia para a masculina. Para as
Deve constar a orientação para não ingerirem dietas muito gestantes, a recomendação diária (RDI) é de 30mg. Tais
pobres em gorduras por muito tempo. Quando houver a necessidades são contempladas pela manipulação die-
necessidade de dietas hipolipídicas, devem prevalecer as tética, não sendo necessária a suplementação (Recomen-
cotas, em relação ao aporte calórico total, menor do que dação de grau A e nível de evidência 2).
8% para as saturadas, maior que 8% para as monoinsatu-
radas e de 7 a 10% para as polinsaturadas. Em geral, os II. REPOSIÇÃO HÍDRICA
atletas consomem mais do que 30% do VCT em lipídios,
com déficit na ingestão de carboidratos, que tendem a ser O estresse do exercício é acentuado pela desidratação,
consumidos em proporções inferiores ao recomendável. que aumenta a temperatura corporal, prejudica as respos-
tas fisiológicas e o desempenho físico e produz riscos para
Alguns estudos sugerem um efeito positivo de dietas re-
a saúde. Estes efeitos podem ocorrer mesmo que a desidra-
lativamente altas em gorduras na performance atlética e
tação seja leve ou moderada, com até 2% de perda, agra-
têm proposto a suplementação de lipídios de cadeia média
vando-se à medida que ela se acentua. Com 1 a 2% de de-
e longa, poucas horas antes ou durante o exercício, com a
sidratação inicia-se o aumento da temperatura corporal em
finalidade de poupar o glicogênio muscular. Diante da falta
até 0,4oC para cada percentual subseqüente de desidrata-
de evidências científicas consistentes, recomenda-se não
ção. Em torno de 3%, há uma redução importante do de-
usar suplementação de lipídios (Recomendação de grau
sempenho; com 4 a 6% pode ocorrer fadiga térmica; a par-
E e nível de evidência 7).
tir de 6% existe risco de choque térmico, coma e morte.
e) Vitaminas Como o suor é hipotônico em relação ao sangue, a desi-
Para atletas em regime de treinamento intenso, tem sido dratação provocada pelo exercício pode resultar num au-
sugerido, o que tem gerado controvérsia, o consumo de mento da osmolaridade sanguínea. Tanto a hipovolemia
vitamina C entre 500 e 1.500mg/dia (proporcionaria me- como a hiperosmolaridade aumentam a temperatura inter-
lhor resposta imunológica e antioxidante) e de vitamina E na e reduzem a dissipação de calor pela evaporação e con-
(aprimoraria a ação antioxidante). A documentação cien- vecção. A hiperosmolaridade plasmática pode aumentar a
tífica permite que os profissionais qualificados, nutri- temperatura interna, afetando o hipotálamo e/ou glândulas
cionistas e médicos, prescrevam de forma sistemática sudoríparas e retardando o início da sudorese e da vasodi-
vitamina C e E para atletas, com a ressalva de que esta latação periférica durante o exercício.
atitude se baseia em um baixo grau de evidência cientí- A desidratação afeta o desempenho aeróbio, diminui o
fica (Recomendação de grau C e nível de evidência 7). volume de ejeção ventricular pela redução no volume
sanguíneo e aumenta a freqüência cardíaca. São alterações
f) Minerais acentuadas em climas quentes e úmidos, pois a maior va-
O zinco está envolvido no processo respiratório celular sodilatação cutânea transfere grande parte do fluxo san-
e sua deficiência em atletas pode gerar anorexia, perda de guíneo para a periferia, ao invés da musculatura esqueléti-
peso significativa, fadiga, queda no rendimento em provas ca, ocasionando importantes reduções da pressão arterial,
de endurance e risco de osteoporose, razão pela qual tem do retorno venoso e do débito cardíaco. A reposição hídri-
sido sugerida a utilização em suplementação alimentar. ca em volumes equivalentes às perdas de água pela sudo-
Entretanto, as evidências científicas não justificam o uso rese pode prevenir um declínio no volume de ejeção ven-
sistemático do zinco em suplementação nutricional (Re- tricular, sendo, também, benéfica para a termorregulação,
comendação de grau E e nível de evidência 7). pois aumenta o fluxo sanguíneo periférico, facilitando a
Atletas do sexo feminino, em dietas de restrição calóri- transferência de calor interno para a periferia.
ca, podem sofrer deficiências no aporte de minerais. É o É importante que sejam reconhecidos os sinais e sinto-
caso do cálcio, envolvido na formação e manutenção ós- mas da desidratação. Quando leve a moderada, ela se ma-
sea. O baixo nível de ferro, que ocorre em cerca de 15% da nifesta com fadiga, perda de apetite e sede, pele vermelha,
população mundial, causa fadiga e anemia, afetando a per- intolerância ao calor, tontura, oligúria e aumento da con-
formance e o sistema imunológico. Recomenda-se aten- centração urinária. Quando grave, ocorre dificuldade para
ção especial ao consumo de alimentos com ferro de eleva- engolir, perda de equilíbrio, a pele se apresenta seca e mur-
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cha, olhos afundados e visão fosca, disúria, pele dormente, do de 0,5 a 0,7g/l (20 a 30mEq·l-1) de sódio, que corres-
delírio e espasmos musculares. Foi demonstrado ainda que ponde a uma concentração similar ou mesmo inferior
a ingestão de líquidos, independente da presença de car- àquela do suor de um indivíduo adulto. (Recomenda-
boidrato, melhora o desempenho durante uma hora de exer- ção de grau A e nível de evidência 2).
cício aeróbio em alta intensidade. Como a desidratação de-
corrente do exercício pode ocorrer não apenas devido à Carboidrato
sudorese intensa, mas, também, devido à ingestão insufi-
ciente e/ou deficiente absorção de líquidos, é importante A ingestão de carboidratos durante o exercício prolon-
reconhecer os elementos que influem na qualidade da hi- gado melhora o desempenho e pode retardar a fadiga nas
dratação. modalidades esportivas que envolvem exercícios intermi-
tentes e de alta intensidade. A ingestão de carboidratos pre-
Água vine a queda da glicemia após duas horas de exercício. Exis-
tem estudos indicando que uma bebida com 8% de
A água pode ser uma boa opção de reidratação para o carboidrato ocasiona maior lentidão na absorção e no es-
exercício por ser facilmente disponível, barata e ocasionar vaziamento gástrico, em comparação à água e às bebidas
um esvaziamento gástrico relativamente rápido. Entretan- que contêm até 6% de carboidrato. Preferencialmente deve
to, para as atividades prolongadas, de mais de uma hora de ser utilizada uma mistura de glicose, frutose e sacarose. O
duração, ou para as atividades de elevada intensidade como uso isolado de frutose pode causar distúrbios gastrintesti-
o futebol, o basquetebol e, o tênis, apresenta as desvanta- nais. A reposição necessária de carboidratos para man-
gens de não conter sódio e carboidratos e de ser insípida, ter a glicemia e retardar a fadiga é de 30 a 60g/hora,
favorecendo a desidratação voluntária e dificultando o pro- com concentração de 4 a 8g/decilitro (Recomendação
cesso de equilíbrio hidro-eletrolítico. A desidratação vo- de grau A e nível de evidência 2).
luntária é verificada quando se compara a hidratação com
água com a hidratação com bebidas contendo sabor. Outros elementos que afetam a eficácia de uma bebi-
da esportiva
Sódio
O esvaziamento gástrico é facilitado com a ingestão de
Como perdemos sódio através da sudorese, em algumas líquidos com baixo teor calórico, sendo a absorção intesti-
situações justifica-se a sua ingestão durante o exercício. A nal otimizada com líquidos isosmóticos, entre 200 e
concentração de sódio no suor varia individualmente, de 260mosmol/kg. A ingestão de líquidos hipertônicos pode-
acordo com vários fatores, como a idade, o grau de condi- riam causar a secreção de água do organismo para a luz
cionamento e a aclimatização ao calor. A concentração intestinal. Vários outros fatores referentes à palatabilidade
média de sódio no suor de um adulto está em torno de do líquido afetam a ingestão voluntária como a temperatu-
40mEq/L. Supondo que um indivíduo de 70kg corra por ra, doçura, intensidade do gosto e acidez, além da sensa-
três horas e perca dois litros de suor por hora, a perda total ção de sede e das preferências pessoais.
de sódio é de 240mEq, ou seja 10% do total de Na+ do
espaço extracelular. Esta perda seria irrelevante, não fosse
o risco de hiponatremia, concentração de sódio plasmático Recomendações de reposição de líquidos
menor que 130mEq·l-1, decorrente de uma reposição hídri- Devemos ingerir líquidos antes, durante e após o exercí-
ca com líquidos isentos de sódio ou com pouco sódio, prin- cio. Para garantir que o indivíduo inicie o exercício bem
cipalmente em eventos muito prolongados. A diminuição hidratado, recomenda-se que ele beba cerca de 250 a
da osmolaridade plasmática produz um gradiente osmóti- 500ml de água duas horas antes do exercício. Durante o
co entre o sangue e o cérebro, causando apatia, náusea, exercício recomenda-se iniciar a ingestão já nos primei-
vômito, consciência alterada e convulsões, que são algu- ros 15 minutos e continuar bebendo a cada 15 a 20 mi-
mas das manifestações neurológicas da hiponatremia. A nutos. O volume a ser ingerido varia conforme as taxas
inclusão de sódio nas bebidas reidratantes promove maior de sudorese, na faixa de 500 a 2.000ml/hora. Se a ativi-
absorção de água e carboidratos pelo intestino durante e dade durar mais de uma hora, ou se for intensa do tipo
após o exercício. Isto se dá porque o transporte de glicose intermitente mesmo com menos de uma hora, devemos
na mucosa do enterócito é acoplado com o transporte de repor carboidrato na quantidade de 30 a 60g·h-1 e Na+
sódio, resultando numa maior absorção de água. na quantidade de 0,5 a 0,7g·l-1. A bebida deve estar numa
Em exercícios prolongados, que ultrapassam uma temperatura em torno de 15 a 22oC e apresentar um
hora de duração, recomenda-se beber líquidos conten- sabor de acordo com a preferência do indivíduo. Após o
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exercício, deve-se continuar ingerindo líquidos para freqüência. Recomenda-se para indivíduos sedentários
compensar as perdas adicionais de água pela urina e a ingestão de 0,8g de proteína por kg/dia. Já indivíduos
sudorese. Deve-se aproveitar para ingerir carboidratos, ativos, com a ingestão de 1,2 a 1,4g/kg/dia, teriam sua
em média de 50g de glicose, nas primeiras duas horas demanda atendida. Atletas e indivíduos visando à hi-
após o exercício para que se promova a ressíntese do pertrofia muscular teriam suas necessidades atendidas
glicogênio muscular e o rápido armazenamento de gli- com o consumo máximo de 1,8g/kg/dia. Tais necessida-
cogênio muscular e hepático. (Recomendação de grau des seriam contempladas, a não ser em situações espe-
A e nível de evidência 2). ciais, por uma alimentação equilibrada (Grau de reco-
Mesmo que uma boa hidratação durante o exercício pro- mendação A nível de evidência 2).
longado no calor favoreça as respostas termorregulatórias Estudos recomendam que o uso dos suplementos protéi-
e de performance ao exercício, não podemos garantir que cos, como a proteína do soro do leite ou a albumina da
em situações de extremo estresse térmico, ela seja sufi- clara do ovo, deve estar de acordo com a ingestão protéica
ciente para evitar uma fadiga ou choque térmico. Reco- total. O consumo adicional destes suplementos protéicos
mendações específicas foram elaboradas pelo Comitê em acima das necessidades diárias (1,8g/kg/dia) não determi-
Medicina do Esporte e Condicionamento da Academia na ganho de massa muscular adicional, nem promove au-
Americana de Pediatria (tabela abaixo). O grau de estresse mento do desempenho.
térmico segue o Índice da Temperatura do Globo e Bulbo Ingestão protéica, após o exercício físico de hipertrofia,
Úmido (WBGT), que combina as medidas de temperatura favorece o aumento de massa muscular, quando combina-
do ar (Tdb), umidade (Twb) e radiação solar (Tg), de acor- do com a ingestão de carboidratos, reduzindo a degrada-
do com a equação WBGT = 0.7 Twb + 0.2 Tg + 0.1 Tdb. ção protéica. Este consumo deve estar de acordo com a
ingestão protéica e calórica total. O aumento da massa
Restrições de atividades físicas de acordo
muscular ocorre como conseqüência do treinamento, as-
com os níveis de estresse térmico sim como a demanda protéica, não sendo o inverso verda-
deiro.
WBGT (oC) Restrições das atividades
Aminoácidos
< 24 Qualquer atividade é permitida. Em atividades
O consumo de aminoácidos, sob a forma de suplemen-
prolongadas, observar os sinais iniciais de hi-
pertermia e desidratação. tação, tem sido sugerido como estratégia que visa atender
a uma solicitação metabólica específica para as necessida-
24-25,9 Fazer intervalos mais prolongados na sombra,
des do exercício. A ingestão de aminoácidos essenciais após
estimular a ingestão de líquidos a cada 15min.
o treino intenso, adicionados a soluções de carboidratos,
26-29 Interromper as atividades daqueles que não es- determinaria maior recuperação do esforço seguido de au-
tão aclimatizados ao calor ou que apresentam mento da massa muscular. Do consumo de aminoácidos
algum outro fator de risco. Limitar as ativida-
des para todos os outros.
isolados, apenas os essenciais apresentam alguma susten-
tação na literatura científica. Os efeitos da suplementação
> 29 Cancelar qualquer atividade atlética. com BCAA no desempenho esportivo são discordantes e a
American Academy of Pediatrics, 2000. maioria dos estudos realizados parece não mostrar benefí-
cios na performance. Faltam estudos científicos com in-
formações consistentes a respeito das vantagens ergogêni-
cas desta suplementação, assim como a respeito de seus
III. SUPLEMENTOS ALIMENTARES possíveis efeitos colaterais.
Proteínas
Os benefícios de um aporte adequado de proteínas para Considerações especiais
praticantes de atividade física regular têm sido documen- Os aminoácidos de cadeia ramificada, que são a leucina,
tados na literatura científica de forma significativa. Para se isoleucina e valina, por serem potentes moduladores da
estabelecer o valor adequado para ingestão de proteína, é captação de triptofano pelo sistema nervoso central, esti-
necessário, antes de tudo, determinar além das caracterís- mulariam a tolerância ao esforço físico prolongado. Entre-
ticas individuais (sexo, idade, perfil antropométrico, esta- tanto, estes dados, relatados em alguns estudos, são pouco
do de saúde, etc.), parâmetros básicos a respeito da ativi- reprodutivos, não sendo justificável o consumo destes ami-
dade física praticada, tais como intensidade, duração e noácidos com finalidade ergogênica. Outro ponto a ser
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considerado com relação aos aminoácidos ramificados é o tas fica estabelecida a recomendação de nunca usar
seu consumo visando aprimoramento da atividade do sis- (Grau E de recomendação).
tema imunitário após atividade física intensa, para o que,
também, há carência de evidências científicas. Deste modo, β -hidroxi-β
β -metilbutirato
recomenda-se que não seja utilizada a suplementação O uso de β-hidroxi-β-metilbutirato (HMB) tem sido co-
de aminoácidos de cadeia ramificada, com finalidade gitado como um potencial agente para o aumento da força
ergogênica (Grau de recomendação E e nível de evidên- e massa magra corporal. Seria uma ação anticatabólica.
cia 7). Porém ainda faltam estudos científicos que comprovem de
A glutamina, um aminoácido que age como nutriente maneira inequívoca a eficácia do suplemento nesta ação
para as células de divisão rápida, como as intestinais e imu- ergogênica, a não ser em algumas situações específicas,
nitárias, tem sido utilizado para aumentar a defesa imuno- como é o caso de populações de idosos que participam de
lógica de atletas. Quando a ingestão é oral, o elevado con- programas de exercícios físicos visando o ganho de força
sumo das células intestinais inviabiliza sua disponibilidade muscular. Para a população em geral, mesmo quando se
para outras regiões do organismo. Portanto, não é justifi- trata de atletas de competição, não existe recomenda-
cável a suplementação oral de glutamina, mesmo para ção para o seu uso, devendo prevalecer a orientação de
os participantes de exercícios físicos muito desgastan- que não se deve usar. (Grau E de recomendação e nível
tes (Grau de recomendação E e nível de evidência 7). de evidência 7).
A ornitina e a arginina são aminoácidos que infundidos
intravenosamente produzem maior secreção de hormônio IV. DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS
de crescimento, sendo, entretanto, o seu consumo por via Drogas ilícitas são aquelas cuja utilização, de acordo com
oral ineficaz. Não é recomendada a suplementação des- a Agência Mundial Antidoping e o Comitê Olímpico Inter-
tes aminoácidos (Grau de recomendação E e nível de nacional (COI), caracteriza uma infração de códigos éticos
evidência 7). e disciplinares, podendo ocasionar sanções aos atletas, bem
como aos seus técnicos, médicos e dirigentes. A lista de
Creatina substâncias e métodos proibidos, aprovada em 1o de se-
tembro de 2001, consta no Anexo A do Código Antidoping
Ultimamente, no meio esportivo, vem sendo relaciona-
do Movimento Olímpico.
do o uso da suplementação de creatina a potenciais efeitos
ergogênicos, que repercutiriam na prática em aumento da I. Classes de substâncias proibidas:
resistência ao esforço em atividades de curta duração e alta
A. Estimulantes;
intensidade e aumento da massa muscular. Já o uso da crea-
tina, como recurso ergogênico em atividades físicas pro- B. Narcóticos;
longadas, não encontra nenhum suporte na literatura cien- C. Agentes anabolizantes:
tífica. 1. Anabólicos esteróides androgênios;
Embora com resultados ainda controversos, muitos es- 2. Beta-2 agonistas;
tudos têm sugerido que a creatina teria efeito ergogênico D. Diuréticos;
em indivíduos nos quais se constata diminuição de aporte E. Hormônios peptídicos, miméticos e análogos:
da creatina exógena alimentar, como os vegetarianos e os 1. Hormônio gonadotrófico coriônico (hCG) (somente
indivíduos idosos, sendo somente para estes casos especí- em atletas masculinos);
ficos, após uma boa análise do profissional especializado, 2. Gonadotrofinas pituitárias e sintéticas (LH) (so-
médico e/ou nutricionista, justificável o seu uso, embora, mente em atletas masculinos);
ainda, com um fraco grau de recomendação.
3. Corticotrofinas (ACTH, tetracosactide)
Somente para atletas competitivos de eventos de gran- 4. Hormônio de crescimento (hGH)
de intensidade e curta duração, ou seja, atividades nas
5. Fator de crescimento tipo insulínico-1 (IGF-1)
quais predomina a utilização de fosfagênios, sempre em
caráter excepcional, é permitido o uso. Portanto, mes- Precursores e análogos destes hormônios são também
mo nestes casos, a recomendação é a de que em geral proibidos:
não se deve usar a suplementação de creatina, sendo o 6. Eritropoetina (EPO);
seu uso aceito em raras ocasiões (Grau D de recomen- 7. Insulina (exceção feita a atletas insulino-dependen-
dação e nível de evidência 4). Para os demais desportis- tes)
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 9, Nº 2 – Mar/Abr, 2003 51
A presença de uma concentração anormal de um hormô- Anabólicos esteróides androgênios, hormônios peptídi-
nio endógeno (referido na classe E), ou seus marcadores cos e diuréticos não podem ser utilizados a menos que haja
diagnósticos, na urina de um atleta implica infração, a uma autorização específica da autoridade médica relevan-
menos que sejam devidos a uma condição própria do indi- te em um determinado esporte ou competição. Em função
víduo. de uma indicação clínica comprovada, pode o médico es-
pecializado prescrever qualquer droga, mesmo que teori-
II. Métodos proibidos: camente ilícita, desde que tenha autorização expressa da
1. Dopagem sanguínea: significa a administração de autoridade médica pertinente. Muito embora as razões mais
sangue, células vermelhas e/ou produtos sanguíneos simi- importantes pelas quais o médico do esporte não deva pres-
lares. Pode ser precedida pela retirada de sangue do atleta, crever substâncias dopantes sejam morais e éticas, é tam-
que continua a treinar em um estado de deficiência sanguí- bém importante entender os problemas médicos relaciona-
nea; dos ao uso destas substâncias. Os atletas têm o direito de
2. Administração de carreadores artificiais de oxigênio conhecer os riscos relativos a eventuais escolhas inadequa-
ou expansores de plasma; das e discutir esta questão também é uma tarefa importan-
te do médico de equipe. A atividade do médico especiali-
3. Manipulação farmacológica, química ou física da uri-
zado no esporte é regulada por códigos de ética da
na.
Associação Médica Mundial, da Federação Internacional
de Medicina do Esporte e do COI.
III. Classes de substâncias proibidas em certas cir-
cunstâncias:
Problemas relativos ao uso de suplementos alimenta-
1. Álcool; res
2. Canabinóides;
Em função de um incremento nos casos positivos de nan-
3. Anestésicos locais; drolona no esporte de alto rendimento a partir de 1997, o
4. Glucocorticóides; Conselho de Esportes do Reino Unido indicou uma comis-
5. Betabloqueadores. são de especialistas para analisar a razão deste problema.
Cabe ressaltar que algumas drogas podem ser lícitas em Esta comissão concluiu que a produção endógena deste
um determinado momento e ilícitas em outro. É o caso dos hormônio não ocorre em humanos, pelo menos em quanti-
estimulantes, narcóticos, analgésicos e corticosteróides, que dades que poderiam ser definidas como acima das estabe-
podem ser usados em algumas situações clínicas durante o lecidas pelo COI, para que os laboratórios credenciados pelo
período de treinamento, mas não devem ser ministrados sistema olímpico considerassem positivos para doping.
antes de uma competição. O uso de certas substâncias ilí- Tem sido detectada a presença de esteróides em suple-
citas pode ocasionar sanções legais, por infração do códi- mentos alimentares e produtos vegetais, tais como vitami-
go penal. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) publica re- nas, creatinas e aminoácidos, sem que este fato fosse indi-
gularmente um boletim informativo listando o nome cado em seus rótulos. A comissão médica do COI, tendo
comercial dos medicamentos lícitos por sintomatologia e em vista as deficiências da legislação de vários países, que
as classes farmacológicas ilícitas, de acordo com as nor- repercutiam em deficiente controle da qualidade de produ-
mas emanadas pelo COI. ção, decidiu alertar para os riscos do consumo destes pro-
Algumas substâncias são positivas a partir de determi- dutos. Um estudo financiado pelo COI (disponível em sua
nada concentração na urina, tais como a cafeína, a catina, homepage), mostra que de 634 suplementos analisados pelo
a efedrina, a metilefedrina, a fenilpropenilamina (fenilpro- Laboratório Antidoping de Colônia, provenientes de 215
panolamina), a morfina e a pseudoefedrina. Somam-se a fornecedores, de 13 países, 94 deles (14,8%) continham
elas substâncias precursoras da nandrolona. O THC possui precursores de hormônios, não declarados em seus rótulos
também uma concentração limite para proteger o fumante e que poderiam gerar casos positivos para doping. Dentre
passivo. O salbutamol é considerado estimulante acima de eles, 24,5% continham precursores de testosterona e 24,5%
uma certa concentração e agente anabólico acima de ou- precursores de nandrolona. Por esta razão, fazendo eco às
tra, dez vezes maior. Por último, a relação testosterona/ recomendações do COI, recomendamos aos profissionais
epitestosterona somente será considerada quando superior da medicina do esporte máxima precaução na prescrição
a 6. deste tipo de produto.
Estimulantes Melhoria da performance por Aumento da pressão arterial, freqüência cardíaca, propensão a arrit-
do sistema aumento da agressividade e mias cardíacas, espasmo coronariano e isquemia miocárdica em pes-
nervoso da força, melhor fluxo de pen- soas suscetíveis. Ocasionam distúrbios do sono. Causam, ainda, tre-
central samento, menos sonolência e mores, agitação, incoordenação motora. Em ambientes úmidos, há o
fadiga. Contribuem para dimi- risco de morte por insuficiência cardíaca. Possibilidade de desencadea-
nuição do tecido adiposo. rem dependência psicológica.
Narcóticos Controle de dor, tosse, dis- Inibição perigosa da dor em atletas lesionados. Risco de dependência
pnéia, cefaléia e analgesia. física e síndrome de abstinência. Indicados para a analgesia profunda.
Esteróides Aumento da síntese protéica, Indicados em hipogonadismo primário masculino, anemia refratária,
anabólicos com aumento da massa, for- edema angioneurótico hereditário e distrofias musculares (AIDS e doen-
androgênicos ça e potência muscular. Au- ças reumáticas). Efeitos tóxicos são retenção hidrossalina com forma-
mentam a retenção de nitro- ção de edema; hipertensão arterial, aumento do LDL colesterol, dimi-
gênio, sódio, potássio, clore- nuição do HDL colesterol, disfunção tiroidiana, alterações do humor e
to e água. do sono. Com esteróides modificados na posição 17 alfa, podem ocor-
rer alteração da função hepática, icterícia e adenocarcinoma hepático.
Todos os esteróides androgênicos aumentam a agressividade. Não
existe qualquer condição na qual esteróides anabólicos androgênicos
devam ser administrados a indivíduos sadios.
Agonista Aumentam a massa corporal Ansiedade, tremores, cefaléia, aumento da pressão arterial e arritmias
beta-2 magra e diminuem a gordura cardíacas. Podem ocasionar hiperglicemia, hipopotassemia, aumento
adrenérgico corporal do lactato e dos ácidos graxos livres circulantes.
Diuréticos Causam rápida perda de peso. Entre outras indicações, são usados para controle da hipertensão arte-
Diminuem a concentração de rial. São proibidos por serem agentes-máscara para substâncias do-
solutos na urina (agente más- pantes, por diminuírem a concentração de solutos na urina; promove-
cara). rem perda rápida de peso, permitindo que um atleta participe em uma
categoria de peso inferior à sua, estabelecendo uma vantagem artifi-
cial e ilícita.
Hormônio do Aumento do volume e potên- Aumenta a retenção de nitrogênio, a assimilação de aminoácidos pe-
crescimento cia muscular los tecidos, ocasionando aumento do peso magro. É indicado em dis-
(hGH) túrbios do crescimento, mediante criteriosa avaliação médica.