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INTRODUÇÃO AO NOVO

TESTAMENTO III
Carta aos Hebreus, epistolas gerais e Apocalipse
Epistolas Gerais e Apocalipse

ÍNDICE

Epístola aos Hebreus


Epístola de Tiago
Primeira Epístola de Pedro
Segunda Epístola de Pedro
Primeira Epístola de João
Segunda Epístola de João
Terceira Epístola de João
Epístola de Judas
O Livro de Apocalipses

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EPÍSTOLA AOS HEBREUS

A Epístola aos Hebreus é a décima quarta do Novo Testamento, segundo o arranjo de


nossas Bíblias.

O Autor começa estabelecendo a superioridade do Cristianismo a toda a revelação prévia


possível, devido à dignidade de Cristo, superior a todos os órgãos de revelação anterior, fato esse
que nos vem a advertir de que não se deve desprezar o evangelho. A humilhação de Cristo não se
constitui uma dificuldade, pois, por isso mesmo, Ele se fez nosso Salvador e Sumo Sacerdote.
Ele é superior à dignidade de Moisés. As admoestações de incredulidades feitas na antiga aliança
a Israel são explicáveis contra a incredulidade, a respeito da nova aliança.

Em seguida, a epístola mostra o valor do sacerdócio de Jesus Cristo, explicando a nova


natureza desse sacerdócio, e mostrando o que Cristo fez, e que estava predito o seu ofício
sacerdotal. No Capítulo 6, nos mostra a superioridade de Cristo como sacerdote, tipificando
Melquesedeque, em confronto com o sacerdócio levítico, ab-rogado com todos os seus rituais,
pela excelência do sacerdócio da nova dispensação.

Nos capítulos 8 e 10 o escritor expõe o sacerdócio de Cristo, cujas funções são exercidas
no céu, que, mesmo sendo invisíveis, não deixam de ser, confirma as promessas e supre as
imperfeições do ritual antigo.

Segue nos capítulos 10:19 a 12:29, uma exortação do escritor aos hebreus a viverem suas
vidas em conformidade com as verdades ora ensinadas, sem desfalecer na sua fé, e renovarem
sua confiança em Cristo, descreve os perigos da descrença conseqüente da apostasia, incita-os a
retornar ao seu antigo zelo, mostra-lhes os exemplos dos heróis da fé, e do próprio Jesus,
ordenando-lhes a considerarem as atuais provações como um processo divino, preparatório a
uma gloriosa salvação. Encerrando no capítulo 13, o escritor faz algumas exortações especiais.

Esta epístola é a única em que o título de sacerdote é aplicado a Cristo, porém a


substância desta doutrina encontra-se difundida em todos os outros escritos do Novo Testamento.

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1. Autoria. O autor desta epístola tem sido alvo de muita discussão. Na igreja primitiva,
as opiniões estavam divididas, embora nunca houvesse dúvida quanto a canonicidade e a
inspiração. A igreja primitiva do oriente recebeu-a como sendo de São Paulo, a despeito de não
ter muita semelhança com outras cartas do apóstolo.

O Autor desta epístola usa em suas citações do Antigo Testamento a tradução grega, ao
passo que o apóstolo São Paulo se mostra mais familiarizado com o texto hebraico. Hebreus não
designa seu autor, e não existe unanimidade de tradição em relação à sua identidade. Alguns
sábios destacam algumas evidências que podem indicar uma autoria paulina, enquanto outros
sugerem que um dos colaboradores de Paulo, como Barnabé ou Apolo podem ter escrito o livro.
A especulação provou-se infrutífera, e a melhor conclusão pode ser a de Orígenes, no séc. III,
que declarava que só Deus sabe ao certo quem o escreveu.

2. Data e Lugar. O lugar da composição é desconhecido, a única evidência em relação


ao local em que o livro foi escrito é a saudação enviada pelos “da Itália” (13.24), indicando
talvez que o autor estivesse em Roma ou escrevendo para os cristãos de Roma. Mas é possível
fazer uma estimativa razoável da data. Esta carta já era conhecida no primeiro século, pois é
citada por Clemente de Roma no ano 95 d.C.; além disso, o fato desta epístola não mencionar o
fim do sistema sacrificial do Antigo Testamento e nem a destruição do templo que ocorreu no
ano 70 d.C., indica que esta carta foi escrita antes desta data. Timóteo ainda vivia (13.23), a
perseguição alastrava-se e o antigo sistema judaico estava prestes a ser removido (12.26,27).
Tudo isso pressupõe uma data entre o 65 e 68 d.C.

3. Destinatário. O próprio título já indica para quem foi escrita esta carta. Ela foi
endereçada a uma comunidade de crentes que vieram do judaísmo. Pelo seu conteúdo, vê-se que
foi endereçada aos judeus que haviam abraçado o cristianismo. A ninguém mais se adapta essa a
esses argumentos. Eles estavam em risco de voltar ao judaísmo, pelas influências externas e
oposição social. Os Hebreus cristãos estavam sendo assolados pelos judeus tradicionais a
abandonarem a fé cristã e voltarem à religião dos seus antepassados. O livro parece muito mais
um sermão no qual o autor defende a fé cristã e tenta provar a superioridade de Jesus Cristo e da
fé n’Ele sobre os grandes heróis do Antigo Testamento e suas façanhas. Recomenda que os
leitores prestem atenção e não se desviem do caminho da fé, mas prossigam firmes até o fim.
Mas a região em que estava localizada esta comunidade não poder ser determinada com precisão.
Com base em 13.14 com a declaração “os da Itália vos saúdam” alguns estudiosos sugerem que

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os destinatários de Hebreus provavelmente viviam em Roma. Tal saudação parece sugerir que os
italianos da distante Itália estavam enviando saudações patrióticas.

4. Tema e Propósito. O tema básico de Hebreus se percebe no uso da palavra “melhor”


(1.4; 6.9; 7.7,19,22; 8.6; 9.23; 10.34; 11.16,35,40; 12.24). As palavras “perfeito” e “celestial”
são igualmente proeminentes em descrever a superioridade da pessoa e obra de Cristo. Ele
oferece melhor revelação, posição, sacerdócio, aliança, sacrifício e poder. O escritor desenvolve
este tema com o fim de impedir que os leitores substituam a substância pela sombra,
abandonando o cristianismo e retrocedendo ao antigo sistema judaico.

Para se compreender o propósito de Hebreus é preciso levar em conta o que o autor diz
no término da Epístola: “Rogo-vos ainda, irmãos, que suporteis a presente palavra de
exortação; tanto mais quanto vos escrevi resumidamente” (13.22). O próprio autor afirma então
que escreveu a fim de exortar. Ele não pensava em um tratado abstrato. Seus irmãos em Cristo
precisavam de encorajamento. No começo, eles haviam aceitado a fé e alegremente suportado até
mesmo a perda de todas as coisas. Mas, com o passar do tempo, aquele primeiro entusiasmo
havia desaparecido. A própria esperança estava desvanecendo. Alguns já estavam
negligenciando os cultos (10.25). Havia sinais não só de negligência, mas também de completa e
irrevogável apostasia (6.1-6; 10.26-31). Dessa forma, o apelo sincero do autor é para que seus
leitores sejam dignos de seu passado. Esta epístola foi escrita para exortá-los a cultivar a
maturidade em Cristo e a descartar o embotamento e a degeneração. Este é o motivo de o autor
pôr forte ênfase na doutrina, concentrando-se na cristologia e na soteriologia.

5. Chaves para Hebreus:


5.1. Palavras-chave: Superioridade de Cristo
5.2. Versículos-chave: (4.14-16; 12.1,2)
5.3. Capítulo-chave: (11). Neste capítulo, o autor cita vários heróis do Antigo
Testamento com o propósito de demonstrar o valor da fé cristã. Ele quer mostrar para
aqueles que estão sem esperança e enfrentando perseguições que a fé é o firme
fundamento das coisas que não se veem mais que se esperam, e sem ela é impossível
agradar a Deus. Os crentes antigos passaram por dificuldades, mas todos foram
vitoriosos. Qual é o segrego? A fé. A fé é chave da vitória.

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6. Esboço do conteúdo

Introdução - Jesus Cristo, a mais perfeita revelação de Deus - Cap. 1.1-3


Cristo é superior aos anjos - Caps. 1.4-2.18
Cristo é superior a Moisés e Josué - Caps. 3.1-4.13
Cristo, o Grande Sacerdote eterno - Caps. 4.14-7.28
O acordo feito por meio de Cristo é superior - Caps. 8.1-9.22
O sacrifício de Cristo é superior - Caps. 9.2-10.39
Os heróis da fé - Cap. 11
Conselhos - Cap. 12
Como agradar a Deus - Cap. 13.1-19
Oração e saudações - Cap. 13.20-25

7. Assuntos principais:

A comparação das duas alianças é o foco da Epístola e a abrange a maior parte da mesma
(1.1-10.18). O restante da epístola consiste de encorajamentos à fidelidade e advertência contra a
apostasia (10.19-13.25). Na primeira e maior parte de sua obra, a grande verdade que o autor se
propõe a provar é o sacerdócio de Cristo e suas conseqüências eternas. Para o autor, esse assunto
– e este é o único livro do Novo Testamento que o apresenta – é crucial. De que vale uma
religião que não pode purificar a consciência? De que vale uma religião em que homem fica
sempre de fora, que pela sua própria natureza não pode estabelecer um relacionamento íntimo
entre Deus e o homem? Este foi o resultado, o trágico fracasso do leviticalismo. Mas a própria
falha do antigo Sistema é a força do novo: Jesus Cristo é o acesso pelo qual os homens podem
agora achegar-se a Deus (7.19; 10.21,22).

7.1. Cristo e os profetas. Nos primeiros versículos de abertura (1.1-3), o autor


apresenta a relação de Cristo com os profetas. Ele afirma que Deus falou na verdade
através dos profetas, mas esta revelação da antiguidade era fragmentária e veio de várias
formas. No fim dos tempos, porém, Deus falou através de alguém que tem a posição de
filho; e a palavra falada através dele é completa e final.

7.2. Cristo e os anjos. Cristo é superior aos anjos (1.4-14). Os judeus tinham
muita estima pelos anjos. Eles pensavam nos anjos como seres mais elevados na criação

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de Deus. Eram os intermediários divinamente indicados entre Deus e o homem;


mediante os anjos Moisés recebeu a lei (2.2; At 7.53; Gl 3.19). Mas os anjos, como
mostram algumas passagens do Antigo Testamento, não são rivais para Cristo. Cristo é
superior aos anjos da mesma forma que um filho difere dos servos, que um rei está
acima de seus súditos, que um criador está acima da sua criação. A conclusão deve ser
então no sentido de que a revelação mediada pelos anjos era muito inferior àquela que
veio através de Cristo.

7.3. Cristo e Moisés (3.1-19). O autor se aproxima de Moisés com extremo


cuidado, sabendo quão alta era a estima de cada judeu pelo legislador da antiguidade.
Ele não fala muito de Moisés, mas o apresenta como alguém que se mostrou fiel na casa
de Deus. Todavia, na mesma casa em que Moisés foi fiel como servo, Cristo foi fiel
como filho. Apesar de elogiar a Moisés, o autor o coloca em uma categoria diferente
daquela do filho.

7.4. Cristo e Josué (4.1-13). Cristo é superior a Josué porque verdadeiramente


somente ele pode conduzir o seu povo ao verdadeiro descanso. Josué, na verdade, fez o
povo atravessar o Jordão, mas a terra para a qual os levou não lhes deu descanso. A
implicação é que Cristo é o Salvador maior que Josué, pois pode levar Seu povo ao
descanso final.

7.5. Cristo e Arão (4.14-10.18). Arão foi o primeiro sumo sacerdote do judaísmo.
Como uma figura histórica no Antigo Testamento, ele não foi tão importante, mas como
representante do cargo de sumo sacerdote, ele era muito importante. Para provar, então,
como o velho sistema era inócuo, o autor compara o sacerdócio de Cristo com a da
ordem arônica (4.14-7.28) e o trabalho sacerdotal de Cristo com o da linhagem de
sacerdotes que o tinha precedido (8.1-10.18).

Cristo não é apenas sumo sacerdote, mas também superior aos sacerdotes arônicos. Este
princípio é desenvolvido de várias formas. Um dos requisitos essenciais para o sumo sacerdote é
que seja um homem entre homens, alguém capaz de genuína compaixão e compreensão. Outro
requisito é que ele seja nomeado por Deus para esse cargo. Jesus Cristo de maneira maravilhosa
preenche esses requisitos básicos, tendo compaixão pelos homens sem ser pecador e recebendo
um chamado divino para servir sem tomar para si a honra (5.1-10).

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EPÍSTOLA DE TIAGO

A preocupação de Tiago ao escrever esta epístola é a prática cristã. Para ele o evangelho é
prático. Não é uma filosofia a ser observada, mas, sim, princípios espirituais que devem ser
praticados por todo cristão no dia-a-dia. A fé sem obras não pode ser chamada de fé. Está morta
e uma fé morta é pior que a ausência total de dela. A fé deve ser operosa; deve produzir frutos. A
fé deve converter-se em atos. Por toda esta epístola, Tiago integra a fé genuína e a experiência
prática cotidiana, deixando bem claro que a fé genuína é “operosa”. Ela suporta as provações;
obedece a palavra de Deus; produz bons frutos; não nutre preconceito; domina a língua; age
sabiamente; proporciona poder para resistir ao mal; espera pacientemente pela vinda do Senhor.

Ao invés de especular ou debater sobre teorias religiosas, Tiago direciona seus leitores
para uma vida piedosa. Do Início ao fim, o tom desta carta é imperativo. Em 108 versos, são
dados 54 mandamentos evidentes, e 7 vezes Tiago chama a atenção para suas declarações usando
termos de natureza imperativa. Esse “servo de Deus” (v.1) escreve como alguém
supervisionando outros servos. O resultado é uma declaração da ética cristã que se iguala a
ensinamentos semelhantes de nosso Senhor Jesus Cristo.

1. Autoria. O autor identifica-se somente como Tiago. O nome era bastante comum; e o
NT enumera pelo menos cinco homens com este nome, dois dos quais eram discípulos de Jesus e
um era seu irmão. A tradição atribui o livro ao irmão do Senhor, e não há motivos para
questionamentos. Evidentemente, o escritor era bastante conhecido. E Tiago, o irmão de Jesus,
logo se tornou líder da igreja em Jerusalém (At 12.17; 15.13-21; 21.18; Gl 1.19; 2.9,12). A
linguagem da carta é semelhante à da fala de Tiago em At 15. Aparentemente, Tiago era um
descrente durante o ministério de Jesus (Jo 7.3-5). Uma aparição de Cristo a ele após sua
ressurreição (1Co 15.7) provavelmente o tenha levado a essa conversão; pois ele é enumerado
com os crentes de At 1.14.

2. Data e Lugar. O historiador Judeu Flávio Josefo indica que Tiago foi apedrejado até a
morte por volta de 62 d.C.. Se ele é o autor, a carta foi escrita antes dessa data. O conteúdo do
livro sugere que pode ter sido escrita um pouco antes do concílio da Igreja relatado em At 15,
realizado por volta de 49 dC. Não podemos ser precisos em relação à data. Podemos apenas

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concluir que a carta provavelmente tenha sido escrita entre 48 e 62 dC. e, provavelmente, foi
escrita em Jerusalém.

3. Destinatário. Tiago se destina “às doze tribos que se acham dispersas” (1.1). Mas,
essa expressão "doze tribos" é ambígua. Pois, como sabemos, na época em que foi escrita essa
epístola, já não existia mais as doze tribos de Israel. Com a conquista do Reino do Norte pela
Assíria em 722 a.C., as dez tribos que formavam o Reino do Norte desapareceram. Portanto, a
expressão "doze tribos" deve ser entendida com um símbolo de todos os cristãos, quer sejam
judeus ou não, espalhados no mundo daquela época. Esses cristãos são o novo Israel de Deus.

4. Tema e Propósito. Através de toda a epístola, Tiago desenvolve o tema das


características da fé genuína. Ele efetivamente usa essas características como uma série de testes
com vistas a ajudar seus leitores a avaliar a realidade de sua relação com Cristo. O propósito
desta carta não é doutrinal e nem apologética, e sim, prática, ao tentar desafiar os crentes a
examinar a qualidade de sua vida diária em termo de atitudes e atos. Uma fé genuína produzirá
mudanças reais na conduta e no caráter de uma pessoa, e a ausência de mudança é sintoma de fé
morta.

5. Chaves para Tiago


5.1. Palavras-chave: "A Fé que funciona".
5.2. Versículos-chave: (1.19-22; 2.14-17).
5.3. Capítulo-chave: (1). Uma das mais difíceis áreas da vida cristã é a das
provações e tentações. Tiago revela nossa resposta correta a ambas: às provas, adiciona-
se-lhes toda a alegria; às tentações, compreende-se que sua fonte não é Deus.

6. Esboço do conteúdo
1. Saudação 1.1
2. Religião prática e julgamentos 1.2-18.
(a) Adversidades externas 1.2-12.
(b) Tentações internas 1.13-18.
3. Religião prática e a palavra de Deus 1.19-27.
(a) Escutar a Palavra 1.19-20.
(b) Receber a Palavra 1.21.
(c) Obedecer à Palavra 1.22-27.

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4. Religião prática e relacionamentos humanos 2.1-26.


(a) Parcialidade negativa 2.1-13.
(b) Compaixão positiva 2.14-26.
5. Religião prática e discurso 3.1-18.
6. Religião prática e mundanismo 4.1-12.
7. Religião prática e negócios 4.13-5.6.
8. Apelos finais 5.7-20.
(a) Por paciência 5.7-11.
(b) Por um falar puro 5.12.
(c) Por oração 5.13-18.
(d) Por compaixão 5.19-20.

7. Assuntos principais
7.1. A Tentação. Tiago está interessado na tentação, que, por sua vez, reflete algo
de sua idéia da natureza do homem. Aparentemente, ele estava familiarizado com os
cristãos que evitavam responsabilidade pessoal por seus pecados, jogando a culpa na
situação em que Deus os colocou, e então, de fato, culpando a Deus. Tiago insiste que
Deus não pode ser tentado nem tenta ninguém a pecar. Cada pessoa é tentada quando é
induzida e tentada por seu próprio desejo (1.14). Quando os desejos seduzem e tentam
um homem a se desviar da vontade de Deus, concebe-se o pecado, e a morte é o fim.
Parece claro que, no pensamento de Tiago, o desejo, em si, não é pecaminoso ou mau;
torna-se assim apenas quando o homem é “atraído e engodado” por ele.

7.2. A vida cristã. Tiago tem pouco a dizer sobre a natureza da vida cristã, mas o
que diz é importante. Entramos na vida cristã quando somos gerados “pela palavra da
verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas" (1.18). A palavra,
“como” é comum no Novo Testamento. É o evangelho proclamado. Quando ela é
recebida, quando é “implantada” dentro do coração (1.21), o homem encontra a salvação.
A palavra “ele nos gerou” significa “dar à luz”. Tiago já a havia usado, ao dizer que o
pecado gera a morte (1.15). É uma palavra médica comum, que designa nascimento
físico. Este é o modo de dizer de Tiago o que os outros escritores do NT querem dizer
através de expressões análogas, tais como receber o reino de Deus como criança (Mc.
10.15); nascer de novo (Jo 3.3); ser sepultado e ressuscitado com Cristo (Rm 6.1 ss; Ef
2.1ss); tornar-se uma nova criação (II Co 5.17); e ser regenerado (Tt 3.5). Todas estas

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expressões, inclusive a de Tiago, indicam que uma mudança interior tem que ocorrer, por
meio do Espírito Santo, por meio de Cristo, na vida cristã. Aqueles que assim nascem de
novo e entram para a nova vida torna-se, num sentido especial, o povo de Deus.

Está implícito em Tiago que o crente vive a tensão do “já” e “não ainda”. Pela
vontade divina, nasce-se de novo; e se torna uma das pessoas redimidas de Deus (1.18),
com a palavra de Deus implantada no coração (1.21). Apesar deste fato, o crente está
sujeito tanto à tentação ao pecado de vários tipos como à pressão das provações (1.2),
que podem fazer com que se desvie da fé (5.19); contudo, ele espera a “parousia”
(vinda) de Cristo, quando herdará o Reino de Deus (2.5) e receberá a vida eterna (1.12).

7.3. A Lei. Tiago tem a lei do AT em mente ao discuti-la em sua carta e dar pesos
aos pecados (2.9-11). “Pois qualquer que guardar a lei, mas tropeçar em um só ponto,
tem-se tornado culpado de todos” (2.10). O ponto que Tiago está fazendo é mais
interessante à vista da opinião proeminente de que os pecados sexuais superam todos os
outros. O contexto de toda a discussão de Tiago sobre pecados relativos é o pecado de
lisonjear um incrédulo rico que calha de entrar numa sinagoga cristã (2.1ss), e cobri-lo
de atenção, enquanto um homem obviamente pobre, esfarrapado, é deixado de lado.
Contudo, o conteúdo essencial da lei é resumido em termos cristãos: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (2.8). Se uma pessoa realmente cumpre a lei, ela mostrará
amor igual ao pobre e ao rico.

7.4. Fé e Obras. O problema teológico de Tiago está em 2:14ss. A doutrina


paulina sobre justificação tem-na sobre a base da graça mediante a fé sem as obras da lei
(Rm 3.20). Entretanto, Tiago diz: “Que proveito há meus irmãos, se alguém disser que
tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo?... Assim também a fé, se
não tiver obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: tu tens fé, e eu tenho obras;
mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”
(2.14-18). Entretanto, embora as palavras sejam semelhantes, os conceitos são bem
diferentes. É provável que Tiago esteja refutando perversões da doutrina paulina, quer
as epístolas paulinas fossem conhecidas ou não. De fato, Paulo e Tiago têm significados
diferentes para as palavras fé e obras. Por fé, Paulo quer dizer a aceitação do evangelho
e submissão pessoal a Jesus. Tiago quer dizer algo diferente: “Crê tu que Deus é um só?
Fazes bem; os demônios também o crêem, e estremecem” (2.19). Tiago está usando o

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conceito da fé segundo a asserção rabínica do monoteísmo. A fé, para Paulo, é


confiança pessoal, cordial; para Tiago, é opinião ortodoxa. Além disso, por obras, Paulo
designa os feitos judaicos de obediência formal à Lei, que fornecem ao homem uma
base para a ostentação em suas boas obras. Para Tiago, obras são feitos de amor cristão,
feitos que cumpram a “lei real” do amor ao próximo. Isto está evidente em sua
ilustração de “obras”. Uma palavra complacente a irmãos crentes que estejam passando
por necessidades extremas não é amor; tão somente uma provisão amorosa de suas
necessidades realmente expressa o amor (2.15 s.).

Esta aparente contradição entre Paulo e Tiago se esclarece quando levamos em


consideração que eles estão tratando de problemas opostos. Paulo está combatendo o
legalismo, isto é, uma tendência judaica de buscar a justificação pelas obras da lei.
Contra eles, Paulo enfatiza que a justificação é alcançada somente pela fé (Rm 3-4).
Tiago, por sua vez, está combatendo um grupo que está transformando a fé uma mera
ortodoxia doutrinária, divorciando-a da prática. Contra essa perversão, Tiago enfatiza a
importância das obras, não como meio de salvação, mas como demonstração da
verdadeira fé.

7.5. Escatolgogia. Está claro, no entanto, que Tiago escreve como um cristão a
companheiros cristãos. Jesus é referido como “o Senhor Jesus Cristo” (1.1), e em outro
lugar é chamado de “Senhor da Glória” (2.1). Embora esta seja a expressão cristológica
mais notável na epístola, ela claramente envolve fé na glorificação, isto é, na
ressurreição e ascensão de Jesus, e até em sua deidade. Tiago vive na expectativa dos
últimos dias, um tempo, conclui em que a acumulação de tesouros terrenos será sem
sentido. O retorno iminente (parousia) do Senhor é ainda uma esperança viva (5.7,8);
“Eis que o juiz está à porta” (5.9). Tal esperança argumenta fortemente por uma data
bem antiga. É obviamente na parousia que a salvação será completa, uma experiência
descrita como o recebimento da “coroa da vida” (1.12), a salvação da alma da morte
(5.20), ou a herança do Reino de Deus (2.5). Tais referências de passagem deixam claro
que a escatologia desempenha um importante papel no pensamento de Tiago.

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PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO

A perseguição pode levar você a crescer ou murmurar na vida cristã. Tudo depende de
sua reação. Ao escrever aos crentes que estavam vivendo em meio à perseguição, Pedro lembra-
lhes de suas raízes. Eles nasceram para uma viva esperança, e, por isso, tanto o seu caráter
quanto sua conduta podem estar acima das censuras, quando eles imitam o Santíssimo que os
chamou. O fruto desse caráter aprovado serão ações baseadas na submissão: cidadãos firmes na
lei, empregados obedientes, esposas submissas, esposos amorosos; e amor uns para com os
outros.

1. Autoria. O apóstolo Pedro.

2. Data e Lugar. Esta epístola foi escrita por volta de 64 d.C. De acordo com 5.13, ela
foi escrita da Babilônia, que parece simbolizar Roma, e também não há nenhuma evidência de
que Pedro esteve na Babilônia. Este termo só pode ser usado aqui, simbolizando a cidade de
Roma.

3. Destinatário. Esta epístola foi destinada aos cristãos por toda a Ásia Menor. Conforme
1.1, ela foi endereçada aos “estrangeiros dispersos”, ou mais literalmente, aos “peregrinos da
dispersão”. Isso, associado ao apelo para conservarem seu procedimento “correto entre os
gentios” (2.12), dá a impressão inicial de que os leitores eram de cristãos hebreus. Uma
observação mais nítida, porém, forma a visão oposta, de que a maioria dos crentes era gentílica.
Eles foram chamados das trevas (2.9). E “vós, que outrora não éreis povo, agora sois povo de
Deus” (2.10). E a anterior “vã maneira de viver que por tradição recebeste de vossos pais” era
caracterizada por ignorância e futilidade (1.18; cf. Ef 4.17). Uma vez que não mais se envolvem
em devassidão e idolatria, eles são difamados por seus contemporâneos (4.3,4). Estas descrições
não se ajustam a leitores predominantemente cristãos hebreus. Embora Pedro fosse um apóstolo
destinado aos da circuncisão (Gl 2.9), ele também ministrou aos gentios (At 10.34-48; Gl 2.12),
e uma carta como esta não estaria fora de seu esboço ministerial.

4. Tema e Propósito. O tema básico desta carta é a “reação correta ao sofrimento


cristão”. Sabendo que estes leitores estariam enfrentando mais perseguição do que antes, Pedro
escreveu esta carta com o objetivo de apresentar-lhes uma perspectiva divina destas provações,

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de modo que eles fossem capazes de suportá-las sem vacilar na fé. Eles não deveriam
surpreender-se ante a sua provação, portanto, Aquele que seguiam também sofrera e morrera
(2.21; 3.18; 4.1,12-14). Ao contrário, deveriam considerar um privilégio poderem participar dos
sofrimentos de Cristo. Pedro, portanto, os exorta a estar certos de que suas dificuldades não eram
causadas por seus próprios malfeitos, mas por seu testemunho cristão. Eles não eram os únicos
crentes que sofriam (5.9), e devia reconhecer que Deus traz essas coisas à vida de seus filhos não
como castigo, mas como estímulo ao crescimento à estatura de Cristo.

5. Chaves para 1 Pedro


5.1. Palavras-chave: "Sofrimento por Cristo".
5.2. Versículos-chave: (1.10-12; 4.12,13).
5.3. Capítulo-chave: (4) – o capitulo 4 é central na revelação neotestamentária
acerca de como manipular a perseguição e o sofrimento causados pelo testemunho
daquele que é cristão. O sofrimento de Cristo não é apenas nosso modelo (4.1,2), mas
também devemos regozijar-nos no fato de podermos participar dele (4.12-14).

6. Esboço do conteúdo
1. A salvação do Crente (1.1-2.12).
a) Esperança para o futuro (1.1-4).
b) Provações para o presente (1.5-9).
c) Antecipação no passado (1.10-12).
d) A santificação do crente (1.13-2.12).
2. A submissão do crente (2.13-3.12).
a) Ao governo (2.13-17).
b) Na profissão (2.18-25).
c) Na vida conjugal (3.1-8).
d) Em tudo na vida (3.9-12).
3. O sofrimento do crente (3.13-5.14).
a) Conduta no sofrimento (3.13-17).
b) Exemplo de Cristo no sofrimento (3.18-4.6).
c) Exigências no sofrimento (4.7-19).
d) Ministro do sofrimento (5.1-9).
4. Benção (5.10-14).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

7. Assuntos principais

O pensamento teológico de Pedro é desenvolvido a fim de manter viva a esperança da


Igreja em meio ao sofrimento. E isso é, certamente, a experiência mais difícil do crente. Não é de
se admirar que em Pedro encontremos uma vasta lista de imperativos:

Sede santos (1.15); andai em amor (1.17); amai-vos uns aos outros (1.23); desejai
afetuosamente (2.2); honrai a todos (2.17); amai a fraternidade (2.17); temei a Deus (2.17);
honrai o rei (2.17); vós, servos, sujeitai-vos (2.18); vós, mulheres, sede sujeitas (3.1); sede todos
(3.8); não temais (3.14); nem vos turbeis (3.14); santificai (3.15); armai-vos (4.1); sede sóbrios
(4.7); vigiai (4.7); não estranheis (4.12); alegrai-vos (4.13); que nenhum de vós padeça (4.15);
não vos envergonhe (4.16); glorifique a Deus (4.16); sede sujeitos (5.5); revesti-vos (5.5);
humilhai-vos (5.6); sede sóbrios (5.8); vigiai (5.8); resisti ao Diabo (5.9).

7.1. Deus. O crente tem sua segurança em Deus que é vivo, criador,
transcendental e santo, longânimo e gracioso. Ele é nosso Deus e Pai, como também é
Pai de nosso senhor Jesus Cristo. Deus é Juiz e dele devemos nos aproximar com
respeito. Ele é o Deus da ressurreição (1.3,7,15,17,21; 3.20; 3.2; 4.9; 5.10; 3.2).

7.2. Cristo e sua obra. Cristo é Senhor, ressurreto, o servo sofredor. Cristo é
quem faz expiação dos pecados. Ele é o Salvador cósmico, preexistente, Yahweh, Deus
com o Pai e o Espírito Santo, é o instrumento de nossa fé em Deus (1.2,3,21;
2.3,21,22,24; 3.15; 3:21; 3.18-20; 4.6).

7.3. O Espírito Santo. O Espírito Santo foi enviado dos céus como uma possível
referência ao dia de pentecostes (1.2). Ele é a causa da nossa consagração e nos
transforma em uma casa espiritual (1.2; 2.5). Ele repousa sobre os crentes e inspirou os
profetas tanto no AT como no NT (4.14; 1.11).

7.4. Ensinos morais. A purificação da mente, a invocação de Deus, as boas obras,


a retribuição do mal com o bem, as bênçãos advindas dos sofrimentos por causa da
justiça, o prestar contas a Deus (Juiz dos vivos e dos mortos), o humilhar-se sob a mão
de Deus, a abstinência de toda ansiedade, bem como o procedimento correto em família

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Básico em Teologia 15


Epistolas Gerais e Apocalipse

são temas éticos e morais desenvolvidos por Pedro (1.13, 7; 2.12; 3.9,14; 4.5,14;
5.11,6,7; 3.1-8).

Na relação com as autoridades, será bom testemunho o sujeitar-se a elas (2.11-25).


A sujeição às autoridades é tida como “prática do bem que fará emudecer a ignorância
dos insensatos”. Por sermos livres, devemos ter em mente que a sujeição às autoridades
não é negação dessa liberdade, mas afirmação, pois Deus está acima de todas as
autoridades. Não haveria glória se fôssemos castigados pelas autoridades por pecados
cometidos por nós, mas se somos injustiçados pelas autoridades por causa da nossa
santidade e por causa da prática do bem isso, então, é “grato a Deus”. Esse foi o exemplo
de Cristo (2.21-25).

7.5. A doutrina da igreja. A igreja é o povo de Deus e se forma de judeus e


gentios crentes, reunidos em um corpo (2.10), assumindo títulos que pertenciam ao
povo de Israel (2.9,10). A igreja é um templo espiritual e os crentes são pedras vivas
sendo Cristo a principal pedra. Os crentes são sacerdotes desse templo e oferecem
sacrifícios espirituais. É o rebanho de Deus, tendo Cristo como sumo pastor (2.5; 5.2,4).

7.6. Esperança e vida eterna. Pedro enfatiza estes temas porque lhe servem ao
objetivo de manter de pé a igreja em meio aos sofrimentos. Cristo é o motivo da
esperança dos crentes. Sua volta está próxima, quando virá em glória com grandes
galardões (1.3,7,13; 4:13; 5.1,5; 4.5,17,18).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

SEGUNDA EPÍSTOLA DE PEDRO

A primeira carta de Pedro trata dos problemas externos relacionados às perseguições.


Nesta segunda carta, o foco está nos problemas internos. O intuito do autor é de advertir os
crentes acerca dos falsos mestres que estão tentando prejudicar a doutrina cristã genuína. Ele
começa insistindo com eles para manter estrita vigilância sobre sua vida pessoal. A vida cristã
demanda diligência no cultivo da excelência moral, do conhecimento, do domínio próprio, da
perseverança, da piedade, da fraternidade benigna e do amor altruísta. Ao contrário disto, os
falsos mestres são sensuais, arrogantes, ávidos e cobiçosos. Escarnecia da idéia de um juízo
futuro e se entretiam como se o presente fosse o padrão para o futuro. O autor lembra-lhes de que
embora Deus usasse de longanimidade antes de enviar o seu juízo, por fim ele viria.

1. Autoria. Não há certeza quanto ao autor desta carta, tradicionalmente tem sido aceita a
autoria petrina.

2. Data e Lugar. Se esta carta foi de fato escrita pelo apóstolo Pedro, ela foi escrita antes
de seu martírio (cf. 1.14) que ocorreu entre o ano 64 e 66 d.C. Provavelmente, foi escrita de
Roma.

3. Destinatário. Alguns vêem em 3.1 (“Amados, já é esta a segunda carta que vos
escrevo”) uma referência a 1Pedro. Se este for o caso, Pedro tinha em mente os mesmos leitores
da Ásia Menor, embora a saudação mais geral (1.1) permitisse também destinatários mais
numerosos.

4. Tema e Propósito. O tema básico que percorre 2Pedro é o “contraste entre o


conhecimento e a prática da verdade versus a falsidade”. Esta epístola foi escrita para expor a
perigosa heresia dos falsos mestres e advertir os crentes a colocar-se em guarda contra o
“engano dos homens perversos” (3.17). Também foi escrita para exortar os leitores a crescerem
continuamente na graça e no conhecimento (3.18), porque é através da maturidade espiritual que
eles se tornarão aptos para se defenderem dos falsos mestres e suas heresias. Outro propósito
desta epístola consiste em proporcionar um “lembrete” (1.12,13; 3.1,2) aos leitores acerca dos
elementos fundamentais da vida cristã dos quais eles não devem afastar-se. Isto inclui a certeza
do regresso do Senhor em poder e juízo.

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Epistolas Gerais e Apocalipse

5. Chaves para 2Pedro


5.1. Palavras-chave: "Advertência contra os falsos mestres".
5.2. Versículos-chave: (1.20,21; 3.9-11).
5.3. Capítulo-chave: (1) -

6. Esboço do conteúdo
1. Cultivo do caráter cristão (1.1-21).
a) Saudação (1.1,2).
b) Crescimento em Cristo (1.3-14).
c) Os fundamentos da fé (1.15-21).
2. Condenação dos falsos mestres (2.1-22).
a) Perigo dos falsos mestres (2.1-3).
b) destruição dos falsos mestres (2.4-9).
c) Descrição dos falsos mestres (2.10-22).
3. Confiança no regresso de Cristo (3.1-18).
a) O escárnio dos últimos dias (3.1-7).
b) A manifestação do Dia do Senhor (3.8-10).
c) Maturidade olhando para o Dia do Senhor (3.11-18).

7. Assuntos principais
7.1. A revelação bíblica. De forma surpreendente Pedro mostra a necessidade de
uma base sólida para manter-se a Igreja dentro da vontade de Deus. No seu argumento
contra o gnosticismo, Pedro firma-se na palavra profética e no embasamento apostólico.
O fundamento da Igreja não foi e nem pode ser construído sobre “fábulas
engenhosamente inventadas” (2 Pe 1.15-18), mas, sim, através de testemunhas oculares
que tudo transmitiram pela inspiração do Espírito Santo para servir de base ao povo de
Deus (2 Pe 1.19-21).

“A palavra profética” referida por Pedro provém da Escritura: uma referência ao


AT e ao seu cumprimento no NT. Assim, nenhuma profecia da Escritura é de particular
elucidação, não é fruto da especulação dos homens, não pode ser baseada em pontos de
vistas pessoais, porque “nunca, jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana,
entretanto homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo”
(1.21). A teologia de Pedro sobre a revelação bíblica não deixa margens para a

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Epistolas Gerais e Apocalipse

especulação gnóstica. Tudo precisa ser conferido com o fundamento registrado na


Escritura, pois ela é como “uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia
clareie e a estrela da alva nasça em vossos corações” (1.19). O mundo é o lugar
tenebroso onde, mesmo de forma ainda não completa, brilha a luz que emana da Escritura
até que o Dia do Senhor chegue.

7.2. A Escatologia
7.2.1. O dia do juízo. Depois de apoderar-se do fundamento da doutrina e fé que
sedimentam a Igreja, Pedro volta-se para mostrar que os falsos mestres não ficarão
impunes. Pedro fala dessa punição relacionando-a ao dia do juízo de Deus. Os falsos
mestres são mercenários como o foi Balaão (2.15,16); são como névoas impelidas por
temporal, isto é, não têm firmeza e vão para onde possam melhor atender seus
interesses, mas para eles está reservada “às trevas” (2.17,18), isto é uma referência ao
inferno, ao castigo a que serão submetidos os ímpios; são libertinos por acharem que o
pecado cometido com o corpo não contamina a alma, assim são imorais e acabam
conduzindo ao abismo àqueles desejosos de se libertarem do pecado (2.18); são
enganadores, mentirosos, mascarados, pois, sendo prisioneiros, se dizem livres (2.19-
22); são adúlteros, avarentos, malditos, místicos (2.13,14); comercializam o evangelho
(2.1,2). A eles está reservado o Dia do Juízo “lavrado há longo tempo” (2.3). O Dia do
Juízo não tarda e Deus não os deixará impunes, pois nem a anjos Deus poupou,
precipitando-os no inferno, no abismo de trevas, reservando-os para o Juízo, o mesmo
juízo a que serão submetidos os falsos mestres, não poupou os infames nos dias de Noé,
reduziu a cinzas Sodoma e Gomorra (2.4-8). O Dia do Juízo será de terror e destruição
para os falsos mestres, mas de salvação para os justos (2.9,10). É impressionante a
arrogância e atrevimento dos falsos mestres, pois os próprios anjos, maiores em força e
poder, respeitam àqueles que eles menosprezam e desrespeitam: as autoridades
superiores e os governos (2.10,11).

O Dia do Juízo é, pois, o dia em que o Senhor exercerá o seu julgamento sobre os
homens e fará justiça conforme a sua justa forma de julgar. Desta maneira, os ímpios
não ficarão sem punição.

7.2.2. A volta de Cristo. Os falsos mestres provocavam a Igreja argüindo-a:


“onde está a promessa da sua vinda? Porque desde que os pais dormiram, todas as

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Epistolas Gerais e Apocalipse

cousas permanecem como desde o princípio da criação” (3.4). Isto é, eles duvidavam
da “parousia” (vinda) de Cristo. Assim Pedro, de forma clara, passa a demonstrar o
conceito bíblico da criação do universo para, da mesma forma, profetizar o seu fim. A
terra surgiu da água por intermédio da palavra de Deus e pela água pereceu. E esta
mesma terra e os céus, isto é, o universo, tem sido preservado para o fogo, no Dia do
Juízo, quando os ímpios perecerão (3.5-7). A Igreja nasceu esperando a volta iminente
de Cristo e o seu “retardamento” fez com que a parousia fosse desacreditada, entretanto
Pedro mostra que os tempos de Deus e a sua forma de mensurá-lo é bem diferente da
forma que o fazemos e, por isso mesmo, o Senhor não retarda a sua promessa. A
“demora” de Deus tem base na sua longanimidade, pois “não quer que nenhum se
perca, senão que todos cheguem ao arrependimento” (3.8,9). A escatologia de Pedro
não deixa margem para uma vida eterna numa terra renovada, mas prevê o fim
cosmológico pela explosão e pelo fogo e um novo céu e uma nova terra hão de emergir
onde habita a justiça. Certamente, este dia de Deus que é a mesma coisa que Dia do
Senhor e Dia do Juízo tem seu paralelo escatológico nos outros autores bíblicos. Não
há, pois, razão para duvidar da “parousia” ou achar que ela retarda. Não devem os
crentes relaxar por pensarem que Jesus retarda sua vinda, pelo contrário, devem os
crentes estar empenhados por serem achados em paz, sem mácula e irrepreensíveis
(3.10-16).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

Existem grandes semelhanças entre esta epístola e o Evangelho de João. O tom da


epístola é amigável e paterna, refletindo a autoridade que a idade e o apostolado trazem. O estilo
é informal e pessoal, revelando o relacionamento íntimo do apóstolo com Deus e com o povo de
Deus.

Em primeiro lugar, João ressalta os temas do amor, luz, conhecimento e vida em suas
advertências contra a heresia. Esses elementos repetem-se por toda a carta, sendo o amor a nota
dominante. Possuir amor é evidência clara de que uma pessoa é cristã, e a falta de amor indica
que a pessoa está nas trevas (2.9-11; 3.10-23; 4.7-21). João afirma que Deus é a luz, e a
comunhão com ele faz com que as pessoas caminhem em verdadeira comunhão com outros
crentes. A comunhão com Deus e os irmãos permite que as pessoas reconheçam através da unção
de Deus, a falsa doutrina e o espírito do anticristo.

A comunhão com Deus exige que se caminhe na luz e se obedeça aos mandamentos de Deus
(1.6-7; 2.3,5).

1. Autoria. Embora esta carta seja anônima, seu estilo e vocabulário indicam claramente
que foi escrita pelo autor do Evangelho de João. Evidências internas também apontam João
como o autor, e o antigo testemunho atribui, com unanimidade, a carta a ele. A falta de especial
dedicação e saudação indicam que a carta foi circular, provavelmente enviada à igrejas perto de
Éfeso, onde João passou seus últimos dias.

2. Data e Lugar. O peso de uma tradição antiga e forte sobre João ter passado seus
últimos anos em Éfeso, junto com o fato dos escritos sugerirem que se trata de um produto de um
homem maduro que passou por experiência espiritual profunda, apontam uma data próxima ao
final do século I. Além disso, o caráter da heresia combatida na carta aponta para a mesma
época, cerca de 90 dC.

3. Destinatário. Esta carta foi endereçada às comunidades cristãs da Ásia Menor.

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Epistolas Gerais e Apocalipse

4. Tema e Propósito. João declara ter escrito para dar garantia da vida eterna àqueles que
Crêem “no nome do Filho de Deus (5.13). A incerteza de seus leitores sobre sua condição
espiritual foi causada por um conflito desordenado com os mestres de uma falsa doutrina. João
refere-se ao ensinamento como enganosos (2.26; 3.7) e aos mestres como “falsos profetas” (4.1),
mentirosos (2.22) e anticristos (2.18,22; 4.3). Eles um dia tinham estado com a igreja, mas
tinham se afastado (2.19) e tinha se “levantado no mundo” (4.1) para propagar sua perigosa
heresia.

Heresia era um precursor do gnosticismo do séc. II, que ensinava que a matéria era
essencialmente ruim e o espírito era essencialmente bom. O ponto de vista dualista fez com que
os falsos mestres negassem a encarnação de Cristo e, portanto, a ressurreição. O verdadeiro Deus
os ensinava, nunca poderia habitar um corpo material de carne e sangue. Portanto, o corpo
humano que Jesus supostamente possuiu não era real, mas apenas aparente. João escreveu
vigorosamente contra esse erro (2.22-23; 4.3).

Eles também ensinavam que, como o corpo humano era um simples invólucro para o
espírito interior, e como nada que o copo fizesse poderia afetar o espírito interno, as distinções
éticas pararam de ser relevantes. Portanto, eles não tinham pecado, João responde esse erro com
indignação (2.4,6,15-17; 3.3,7,9-10; 5.18).
“Gnosticismo” é uma palavra derivada do grego gnosis, que significa “conhecimento”.
Mais tarde, os gnósticos ensinavam a salvação através de esclarecimento mental, que acontecia
somente para iniciados da elite espiritual, e não aos cristãos comuns. Em virtude disso, eles
substituíram a fé pelas buscas espirituais e exaltaram a especulação mais do que os dogmas
básicos do evangelho. Mais uma vez, João reagiu energicamente (2.20,27), declarando que não
há revelação particular reservada para alguns poucos intelectuais, e que todo o corpo de crentes
possui a doutrina apostólica.

O objetivo de João ao escrever, então, era expor a heresia dos falsos mestres e confirmar
a fé dos verdadeiros crentes.

5. Chaves para 1 João

6. Esboço do conteúdo
1. Prólogo - a comunhão com Deus é possível por meio do Verbo (1.1-4).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

2. Condições e a base da comunhão (1.5-2.17).


(a) A comunhão se dá no perdão e na santidade (1.5-10).
(b) A comunhão é possibilitada pela expiação de Cristo (2.1-6).
(c) Prova e condição de comunhão: a lei do amor (2.7-11).
(d) Comunhão com Deus mediante a separação do mundo (2.12-17).
3. Os falsos mestres (2.18-27).
(a) Têm o espírito do anticristo (2.18-23).
(b) Os verdadeiros crentes são convidados à fidelidade (2.24-27).
4. Os filhos de Deus: advertências e promessas (2.28-3.24).
(a) Suas relações para com a “parousia” (2.28-3.3).
(b) Suas relações para com o diabo (3.4-10).
(c) Como deve viver uns com os outros: Lei do amor fraternal (3.11-24).
5. Os espíritos falsos e o Espírito de Deus (4.1-6).
6. O amor de Deus (4.7-5.12).
(a) É a base do amor mútuo, o vínculo da família divina (4.7-12).
(b) Inspira a nossa confiança (4.13-18).
(c) É a base dos mandamentos (4.19-5.5).
7. Cristo veio por água e sangue e o testemunho do Espírito (5.6-12).
8. Epílogo: afirmações e exortações finais (5.13-21).

7. Assuntos principais
7.1. Cristo. Ele é o Verbo da vida, despenseiro da vida eterna, e essa vida vêm da
parte de Deus (1.1,2). Seu sangue purifica o crente de todo o pecado, e Ele é nosso
advogado justo na presença do Pai. Essa epístola enfatiza tanto a encarnação do Filho de
Deus quanto a sua divindade (2.22; 4.2,3) em refutação à doutrina gnóstica. Jesus Cristo
"veio através da água e do sangue" (5.6); ele era a mesma pessoa indivisível desde o
princípio (seu batismo) até o fim (sua crucificação).

7.2. A comunhão. No Verbo temos a comunhão com a família divina, com o Pai
e com o Filho. E nisso reside nossa alegria (1.3,4). A vida e a comunhão nos vêm por
meio do sacrifício de Cristo (2.1,2) e de sua atuação como nosso advogado. As provas
da comunhão e do conhecimento de Deus são a obediência aos seus mandamentos e o
amor ao próximo (2.3-17).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

7.3. O amor. Uma das características joaninas é o amor. Tanto aqui quanto no
Evangelho, o tema do amor é abordado com muita propriedade. O amor é a virtude
suprema exigida da parte dos irmãos. Amamos a Deus somente quando amamos ao
próximo (3.11ss.). O amor cristão se manifesta em atitudes de altruísmo e feitos de
gentileza. Amar ao próximo é, ao mesmo tempo, amar a Deus. A observância dos
mandamentos de Deus é a prova de que o amamos. O maior mandamento divino é que
nos amemos uns aos outros. Deus é amor, e todos quantos são seus filhos genuínos
devem amar. E a demonstração desse amor foi feita na cruz do Calvário, onde Cristo se
entregou por nós. Portanto, devemos imitar a Deus em seu amor, nos sacrificando em
favor dos outros. O amor nos prepara para o dia do juízo. Não tememos aquele dia
porque amamos, e o amor lança fora o medo (4.11-21). O amor ao Pai e o amor ao
mundo são totalmente incompatíveis (2.15-17), e nenhuma pessoa nascida de Cristo tem
o hábito de praticar o pecado (3.9; 5.18).

7.4. Os falsos mestres. Eles mostravam-se corruptos em suas doutrinas e práticas,


e eram amigos do mundo; por isso, desprezavam os verdadeiros crentes (4.1-6). A fim de
testar os espíritos, nos devemos encontrar quem eles reconhecem como salvador e senhor.
Todos os espíritos que não reconhecem que Jesus é Deus em carne não são de Deus (v.3).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

SEGUNDA EPÍSTOLA DE JOÃO

A primeira carta de João foi endereçada a um grupo de irmãos que estavam sofrendo
influências de falsos mestres. A segunda é endereçada a uma senhora eleita e seus filhos que
também estão passando por tentações semelhantes. Na preocupação de preservar a igreja pura e
livre de heresias, o autor exorta os irmãos a não receber em casa nenhuma pessoa que não
professe a verdadeira fé cristã, escreve ele: "Se alguém vem ter convosco, e não traz esta
doutrina, não recebei em vossa casa, nem lhes deis as boas-vindas" (v.10).

1. Autoria. O autor se identifica como o "ancião" (presbítero). A similaridade de estilo,


vocabulário, estrutura e método entre 2 e 3 João, bem como com 1 João e o Quarto Evangelho
são fortes evidências de que estas cartas foram escritas pelo Apóstolo João.

2. Data e lugar. Esta carta foi escrita por volta do ano 90 d.C., provavelmente em Éfeso.

3. Destinatário. Há algumas dificuldades em identificar os leitores desta carta, pois a


frase "a senhora eleita e seus filhos" (v.1) tem um sentido ambíguo. Muitos estudiosos veem aqui
uma figura de linguagem, a expressão "senhora eleita" refere-se a uma igreja local. Pelo texto
podemos concluir que os leitores eram bem conhecidos de João e provavelmente viviam na
província da Ásia, não distante de Éfeso. Se considerarmos o ponto de vista figurado, "os filhos
de tua irmã eleita" (v.13) se refere aos membros de uma igreja irmã.

4. Tema e propósito. O tema básico desta pequena carta é "firmeza na prática e pureza
da doutrina apostólica" que os crentes tinham ouvido desde o princípio (v.6). João escreveu esta
carta como um lembrete para que eles continuassem andando em obediência ao mandamento de
Deus de amor recíproco (exortação prática vv. 4-6). Escreveu também como advertência para
que não se associassem nem recebessem os que não reconhecem a verdade acerca de Jesus Cristo
(exortação doutrinária vv. 7-11).

5. Chaves para 2 João


5.1. Palavras-chave: "Evitar os falsos mestres".
5.2. Versículos-chave: (9,10).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

6. Esboço do conteúdo
1. Persistência nos mandamentos de Deus (1-6).
(a) Saudação (1-3).
(b) Andar na verdade (4).
(c) Andar em amor (5,6).
2. Os falsos mestres (7-13).
(a) Doutrina dos falsos mestres (7-9).
(b) Os crentes devem evitar os falsos mestres (10,11).
(c) Bênção (12,13).

7. Assuntos principais
7.1. Sobre o amor. Os cristãos são incentivados a amarem uns aos outros e a
obedecerem, dessa forma, aos mandamentos de Deus. Esse é o mandamento que foi
dado à igreja de Jesus Cristo desde o início.

7.2. Os falsos mestres e as heresias. A igreja é também advertida contra os falsos


mestres, que negam que Jesus Cristo era verdadeiro homem. Eles são denominados de o
anticristo. Falsos mestres e heresias são assuntos que a igreja de hoje deve levar a sério.
Pois, assim como acontecia nos dias de João, os falsos mestres procuram perverter a fé
dos cristãos com suas heresias.

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Epistolas Gerais e Apocalipse

TERCEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

Na primeira epístola, o apóstolo João fala sobre a comunhão com Deus; na segunda ele
orienta os irmãos evitarem os falsos mestres; nessa terceira, ele estimula a comunhão entre os
irmãos. Ele expressa sua alegria pelo fato de seu irmão Gaio continuar firme na fé e agir como
um verdadeiro cristão: andando no amor e na verdade. Por outro lado, João não pode elogiar
Diótrefes, pois as atitudes dele são reprováveis. Ele tem permitido que a soberba substitua o
amor em sua vida. Por isso, rejeita até mesmo as palavras de correção de João. Há um contraste
muito grande entre a vida de Gaio e a de Diótrefes, enquanto aquele permaneceu fiel aos
mandamentos de Deus, este, por sua vez, tornou-se infiel.

Todos nós sabemos de problemas que acontecem na igreja envolvendo liderança. Alguns
se acham mais importantes e mais espirituais que outros e passam a agirem com imponência,
desconsiderando os demais irmãos, e, pior ainda, deixando de lado o principal mandamento: o
amor ao próximo. Nessa breve carta, João orienta a Gaio como um verdadeiro servo de Deus
deve agir dentro da igreja.

1. Autoria. O apóstolo João.

2. Data e lugar. Esta carta foi escrita por volta do ano 90 d.C., provavelmente em Éfeso.

3. Destinatário. Esta carta foi endereçada ao irmão e amigo Gaio. Gaio era um nome
comum no Império Romano, e três outros homens com este mesmo nome são mencionados no
NT: (1) Gaio, um dos companheiros intinerantes de Paulo naturais da Macedônia (At 19.29); (2)
Gaio de Derbe (At 20.4); e (3) Gaio, hospedeiro de Paulo em Corinto, um dos poucos coríntios
que Paulo batizou (Rm 16.23; 1Co 1.14). O Gaio de 3 João evidentemente vivia na Ásia, e é
melhor distingui-lo destes outros homens.

João escreveu esta carta, provavelmente, depois de receber o relatório de alguns dos
missionários (chamados irmãos), que teriam regressado e informado a ele sobre a hospitalidade
de Gaio e da hostilidade de Diótrefes. O arrogante Diótrefes assumiu a direção de uma igreja.
Difamou a autoridade de João e rejeitou os mensageiros enviados por João, expulsando aqueles
que em sua igreja desejavam recebê-los.

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Epistolas Gerais e Apocalipse

4. Tema e propósito. O tema básico desta carta é o contraste entre a verdade e o serviço
de Gaio e o erro e o egoísmo de Diótrefes. Ao escrever esta carta, João tinha alguns propósitos
específicos:
 Elogiar Gaio por seu apego à verdade e por sua hospitalidade aos emissários enviados
por João (1-6a);
 Estimular Gaio a prosseguir em seu apoio a estes irmãos (6b-8);
 Repreender Diótrefes por sua arrogância e má conduta (9-11);
 Expressar uma recomendação por Demétrio (12);
 Informar a Gaio sob sua intenção de visitá-lo (10a,13,14).

5. Chaves para 3 João


5.1. Palavras-chave: "Comunhão com os irmãos".
5.2. Versículo-chave: (11) - "Amado, não imites o mal, mas o bem. Quem faz o
bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus".

6. Esboço do conteúdo
1. Recomendação de Gaio (1-8).
(a) Saudação (1).
(b) Piedade de Gaio (2-4).
(c) Generosidade de Gaio (5-8).
2. Repreensão a Diótrefes (9-14).
(a) Arrogância de Diótrefes (9-11).
(b) Elogio a Demétrio (12).
(c) Bênção (13,14).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

EPÍSTOLA DE JUDAS

Esta epístola está entre os textos mais breves do NT. Talvez uma das epístolas menos lida
pelos cristãos. Apesar de sua brevidade, ela contém uma mensagem clara e objetiva a respeito da
fé cristã e de como essa fé pode ser pervertida pelos falsos mestres. A princípio, parece que o
autor pretendia dissertar sobre o tema da salvação em Cristo e da simplicidade da mensagem do
evangelho. Mas, por causa das ameaças dos falsos mestres de induzirem os cristãos ao erro e de
destruir a mensagem do evangelho, ele se voltou para esta questão controvertida e procurou
defender a fé apostólica. Essa defesa se fazia necessária por causa do avanço desses falsos
mestres e seus ensinos sobre a igreja. Os cristãos não devem aceitar tais ensinos, pelo contrário,
devem "pelejar pela fé que de uma fez para sempre foi entregue aos santos" (v.3). "Quando a
apostasia desponta, quando os falsos mestres emergem, quando a verdade de Deus sofre
violência, então é tempo de batalhar pela fé. Somente os cristãos em condição espiritual têm
como responder à convocação. O perigo é real. Os falsos mestres se introduzem na igreja,
convertendo a graça de Deus em licenciosidade, a fim de fazerem o que lhes agrada" (Wilkinson
p. 545). Mas esses falsos mestres não ficarão impunes, pois, assim como Deus não deixou não os
anjos rebeldes, os habitantes de Sodoma e Gomorra, também trará juízo sobre eles. Os cristãos
devem permanecer firmes porque Deus é poderoso para guardá-los de tropeçar (v. 24).

1. Autoria. O autor se identifica como "servo de Jesus Cristo", e irmão de Tiago (v.1). A
referência que ele faz aos apóstolos no v. 17 nos leva deduzir que ele não fazia parte do quadro
dos apóstolos. Na igreja primitiva só havia um Tiago que poderia ser referido dessa maneira,
Tiago o irmão Senhor (conforme é chamado em Gl 1.19). Isto nos leva a entender que se trata de
Judas irmão do Senhor que aparece em Mt 13.55 e Mc 6.3 como autor desta epístola. Tiago, seu
irmão mais velho foi o famoso líder na igreja em Jerusalém (At 15.13-21). Como seus irmãos,
Judas não creu em Jesus antes da ressurreição (Jo 7.1-9; At 1.14). O Judas de At 15.22,32 pode
também se referir ao Judas irmão do Senhor.

2. Data e lugar. Foi escrita entre os anos 70 e 80 d.C.; quanto ao local em que esta
epístola foi escrita, não há como identificá-lo.

3. Destinatário. O discurso geral de Judas não destaca nenhum círculo particular de


leitores, e não existem restrições geográficas. Entretanto, ele provavelmente tinha em mente uma

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Epistolas Gerais e Apocalipse

região específica que estava sendo perturbada pelos falsos mestres. Apóstatas que rejeitavam a
Cristo na prática e em princípio. Esses libertinos soberbos eram especialmente perigosos por
causa de sua enganosa adulação (v.16) e infiltração nas reuniões cristãs (v.12). Eles pervertiam a
graça de Deus (v.4) e provocavam divisões na igreja (v.19).

4. Tema e propósito. A preocupação básica dessa epístola é a ameaça que os falsos


mestres com suas heresias e a reação dos crentes em relação à ameaça. Examinado o conteúdo da
epístola podemos extrair dois propósitos: (1) desmascarar e condenar os falsos mestres que
perturbavam a igreja e pervertiam a fé; (2) aconselhar e motivar aos irmãos continuarem firmes
na fé e a batalharem contra os falsos mestres, crescendo cada vez mais na fé e na verdade.

5. Chaves para Judas


5.1. Palavras-chave: "Luta pela fé".
5.2. Versículo-chave: (3) - "Amados, enquanto eu empregava toda diligência para
escrever-nos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever,
exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos".

6. Esboço do conteúdo
1. Propósito de Judas (1-4).
2. Descrição dos falsos mestres (5-16).
(a) Juízo passado sobre os falsos mestres (5-7).
(b) Características dos falsos mestres (8-13).
(c) Juízo futuro sobre os falsos mestres (14-16).
3. Defesa contra os falsos mestres (17-23).
4. Doxologia (24,25).

7. Assuntos principais
7.1. A defesa da fé. O falso ensino deve ser desmascarado; não suficiente exibir a
verdade paralelamente na expectativa que todos reconhecerão a verdade. A refutação do
erro é um correlativo essencial da defesa da fé "que uma vez por todas, foi entregue aos
santos".

7.2. Citações apócrifas. Judas faz uma surpreendente série de referências a


personagens e eventos do Antigo Testamento. Muitos, porém, se preocupam com seu

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Epistolas Gerais e Apocalipse

evidente uso de dois livros pseudônimos do primeiro século. O versículo 9 faz uma
alusão à Ascensão de Moisés; e os versículos 14,15 claramente fazem citação do Livro
de Enoque (1.9). Isto, porém, não significa que Judas estivesse com isso afirmando a
autenticidade desses livros, pois ambos são considerados apócrifos. Ele os usa apenas
como ilustração de seus argumentos contra os falsos mestres, assim como Paulo citou os
pensadores gregos Arato (At 17.28), Menander (1Co 15.33) e Epimênedes (Tt 1.12).

7.3. A semelhança entre Judas e 2 Pedro. A forte semelhança entre 2Pe 2.1-3.4
e os versículos 4-18 de Judas dificilmente seria coincidência, mas as diferenças
igualmente óbvias sugerem a possibilidade de que uma é meramente a cópia da outra.
De acordo com muitos estudiosos, Judas provavelmente citou em sua carta parte da
segunda carta de Pedro. Ao comparar as duas cartas podemos perceber, em primeiro
lugar, que 2 Pedro antecipa o futuro surgimento de mestres apóstatas (2 Pe 2.1,2; 3.3),
enquanto Judas registra o cumprimento histórico das palavras de Pedro (Jd
4,11,12,17,18). Em segundo lugar, Judas diretamente cita 2 Pe 3.3 e a reconhece como
uma citação dos apóstolos (cf. 1Tm 4.1; 2Tm 3.1).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

O LIVRO DE APOCALIPSE

O Apocalipse é o último livro da Bíblia. Para a maioria dos cristãos, o mais difícil de ser
entendido, pois ele contém muitos símbolos que não se usa em nossos dias, o que dificulta a sua
interpretação. Alguns evitam até mesmo lê-lo, outros têm até medo deste livro. Este livro é uma
revelação de Jesus Cristo à igreja, mostrando para ela o que há de acontecer nos finais do tempo.

O termo Apocalipse é uma transliteração do grego e significa "revelação, desvelamento


ou tirar o véu". Este livro, portanto, é uma mensagem reveladora. O autor procura revelar o
mistério (10.7) do que está acontecendo e do que vai acontecer. Deus está e continuará agindo na
história, julgando e destruindo o mal, para implantar definitivamente o Seu Reino entre os
homens.

"Assim, como Gênesis é o livro do começo, Apocalipse é o livro da consumação. Nele, o


programa divino de redenção é manifesto, e o santo nome de Deus é vindicado diante de toda a
criação. Embora haja numerosas profecias nos Evangelhos e nas epístolas, Apocalipse é o único
livro neotestamentário que focaliza primordialmente os eventos proféticos. Apocalipse focaliza
as visões e os símbolos do Cristo ressurreto, o único que tem autoridade para julgar a terra,
recriá-la e governá-la com justiça" (Wilkinson p. 552).

1. Autoria. O autor deste livro é, provavelmente, João, o apóstolo que também escreveu
o evangelho. Todavia, há muitos estudiosos que opinam que outro João escreveu o livro. O autor
se descreve como servo de Deus (1.1), como um dos profetas (22.9) e como irmão vosso e
companheiro na tribulação (1.9).

2. Data e lugar. O local é a Ilha de Patmos. Por causa da Palavra de Deus e do


testemunho de Jesus, João foi levado para essa ilha (1.9). Patmos era uma ilha que ficava a 53
Km afastado da costa sudoeste da Ásia Menor. A Ilha tem cerca de 13 km de comprimento e 6
de largura. Era uma ilha rochosa, e por seu aspecto triste, foi transformada em uma detenção, por
ordem do imperador (Domiciano). João foi banido para essa ilha, onde escreveu esse livro. Tem
sido sugerido que a paisagem de suas agrestes colinas vulcânicas e mares circundantes tiveram
seu reflexo no simbolismo desse livro (Douglas p. 1213).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

O imperador César Domiciano Augusto Germânico reinou entre 81-96 d.C. Durante seu
reinado houve grande perseguição contra a igreja. Ele exigia ser chamado de senhor e deus
(dominus et deus). As perseguições ordenadas por ele provavelmente serviram de pano de fundo
para a redação do livro, como encorajamento para os cristãos (House p. 63).

Sendo, pois, que a perseguição promovida por Domiciano foi no final de seu reinado,
podemos conjecturar a data de composição do Apocalipse entre o ano 95 e 96 d.C.

3. Destinatário. Este livro foi enviado às sete igrejas da província romana da Ásia (hoje
atual Turquia), (1.3,11; 2-3). Trata-se, de fato, de sete comunidades cristãs, cuja metrópole era
Éfeso. Por causa do número "sete", que tem o sentido de plenitude, pode se pensar que o autor
visava não algumas comunidades particulares, por ele especialmente conhecidas, mas toda a
igreja.

Este livro, obviamente, foi escrito num período de intensa perseguição contra a igreja, um
período de crise, muitos cristãos perderam a vida (6.9-11). A primeira perseguição severa contra
a igreja ocorreu no reinado do imperador Nero (65-70), é nessa época que Pedro e Paulo
morreram. A segunda perseguição foi promovida por Domiciano (90-96), foi nessa época, como
já vimos, que João foi exilado em Patmos. Essas perseguições provocaram dúvidas nos cristãos
sobre a realidade do Reino de Deus, o valor da morte de Cristo e o triunfo do Ressuscitado sobre
as forças do mal.

O que levou a Domiciano perseguir severamente os cristãos foi o fato dos judeus terem
recusado pagar um imposto público criado para o sustento de Capitolinus Jupiter. Por serem
identificados com os judeus, os cristãos também sofreram a fúria do imperador (Cairns p. 74).

O culto aos imperadores falecidos tinha sido praticado durante anos, mas foi Domiciano o
primeiro imperador a exigir o culto ainda vivo; os cristãos, todavia, recusaram este tipo de
idolatria, suscitando ainda mais a fúria do imperador.

4. Tema e propósito. O tema deste livro é "revelação do que há de acontecer". O


propósito é confortar os cristãos perseguidos e exortá-los a permanecerem firmes no Senhor. O
autor quer reafirmar a certeza da vitória de Cristo e trazer uma mensagem de esperança para os
perseguidos, o Evangelho eterno (14.6) válido para todos os tempos. Os cristãos enfrentavam

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Epistolas Gerais e Apocalipse

tenebrosa perseguição, e tempo ainda piores se seguiriam. Portanto, precisavam ser encorajados
a perseverar, permanecendo firmes em Cristo em vista do plano divino para os justos e os
ímpios. Este plano é essencialmente claro nas estimulantes palavras do epílogo (22.6-21). O livro
também escrito com o propósito de desafiar os cristãos complacentes a quebrar seu
comprometimento com o mundo. Apocalipse serve também ao propósito adicional de fornecer
uma perspectiva sobre os eventos do fim dos tempos que teriam significado e relevância para a
vida espiritual de todas as gerações cristãs posteriores (Wilkinson p. 556).

5. Chaves para Apocalipse


5.1. Palavras-chave: "Revelação de Jesus Cristo".
5.2. Versículos-chave: (1.19; 19.11-15) -
5.3. Capítulos-chave: (19-22). Estes capítulos revelam os planos de Deus para os últimos
dias e para toda a eternidade.

6. Esboço do conteúdo
As coisas que vistes (1.1-20)
1. Introdução (1.1-8).
2. Revelação de Cristo (1.9-20).

As coisas que são (2.1-3.22)


1. Mensagens às sete igrejas (2.1-3.22).
(a) Mensagem a Éfeso (2.1-7).
(b) Mensagem a Esmirna (2.8-11).
(c) Mensagem a Pérgamo (2.12-17).
(d) Mensagem a Tiatira (2.18-29).
(e) Mensagem a Sardes (3.1-6).
(f) Mensagem a Filadélfia (3.7-11).
(g) Mensagem a Laodicéia (3.14-22).

As coisas que sucederão depois destas (4.1-22.21)


1. A pessoa do Juiz (4.1-5.14).
(a) O trono de Deus (4.1-11).
(b) O livro selado (5.1-14).
2. Profecias sobre a tribulação (6.1-19.6).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

(a) Os sete selos (6.1-8.5).


(b) As sete trombetas (8.6-11.19).
(c) A mulher e o dragão (12.1-18).
(e) A besta que emerge do mar (13.1-10).
(f) A besta que emerge da terra (12.11-18).
(g) O Cordeiro e os seus remidos (14.1-20).
(h) As sete taças do juízo (15.1-19.6)
(i) Ruína da grande meretriz (17.1-18).
(j) Ruína da Babilônia, a Grande (18.1-19.6).
3. Profecias da segunda vinda (19.7-21).
(a) Ceia nupcial do Cordeiro (19.7-10).
(b) Segunda vinda de Cristo (19.11-21).
4. Profecias do Milênio (20.1-15).
(a) Satanás é preso por mil anos (20.1-3).
(b) Os santos reinam mil anos (20.4-6).
(c) Satanás é solto e lidera a rebelião (20.7-9).
(d) Satanás é atormentado para sempre (20.10).
(e) O juízo do Grande Trono Branco (20.11-15).
5. Profecias do estado eterno (21.1-22.5).
(a) Novo céu e nova terra (21.1).
(b) a nova Jerusalém (21.2-8).
(c) descrição da nova Jerusalém (21.9-22.5).
6. Conclusão (22.6-21).

7. Assuntos principais
7.1. Cristo. Ele é chamado Jesus Cristo (1.1), a testemunha fiel, o primogênito
entre os mortos, o soberano entre os reis da terra (1.5), o Primeiro e o Último (1.17),
Aquele que vive (1.8), o Filho de Deus (2.28), santo e verdadeiro (3.7), o Amém, o
Princípio da criação de Deus (3.14), o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi (5.5),
Cordeiro (5.6), fiel e verdadeiro (19.11), a Palavra de Deus (19.130, Rei dos reis e
Senhor dos senhores (19.16), Alfa e Ômega (22.13), a Brilhante Estrela da manhã
(22.16) e o Senhor Jesus Cristo).

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Epistolas Gerais e Apocalipse

7.2. As sete igrejas. As sete cartas endereçadas para essas igrejas constituem
exclusivamente das próprias palavras de Cristo; foram ditadas do céu, depois que ele foi
ressuscitado e glorificado. Elas são recados diretos aos anjos (pastores) das igrejas.
Através de João, Jesus apela ao povo de Deus para deixar seu comodismo e pecado. As
igrejas devem se arrepender, vigiar e realmente se aprontarem para o Dia do Senhor.
Essas cartas se caracterizam por uma chamada à santidade juntamente com elogios pelo
alto padrão de vida cristã que algumas igrejas e indivíduos apresentam.

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AS SETE IGREJAS E AS MENSAGENS DIRIGIDAS A ELAS - Ap 2-3
ÉFESO - 2.1-7 ESMIRNA - 2.8- PÉRGAMO - TIATIRA 2.28-28 SARDES - 3.1-6. FILADÉLFIA - LAODICÉIA
A igreja ortodoxa 11 2.12-17 A igreja da A igreja 3.7-13. 3.14-22.
Como Jesus se A Igreja pobre, A igreja em um profetiza imoral moribunda. A igreja fraca mais A igreja rica,
revelou v.1: Ele é porém rica. mal ambiente. Jesus se revelou Jesus se revela leal. porém pobre.
Aquele que tem as Jesus se revelou Jesus se revela como o Filho de como aquele que Jesus se revela Jesus se revela
IGREJAS sete estrelas como o primeiro e como Aquele que Deus, cujos olhos tem os sete como aquele é como o amém, a
(pastores) nas mãos o último. O que tem a espada são como chama Espíritos de Deus verdadeiro e santo, testemunha fiel e
e anda entre os sete morreu e tornou a afiada de dois de fogo e os pés (o Espírito Santo que tem a chave de verdadeira, o
candelabros. Ele viver, o ressurreto. gumes demonstra como bronze em sua plenitude Davi. soberano da
está presente na julgamento severo. reluzente. Is 11.2; 61.1) e as Autoridade para criação de Deus.
igreja. sete estrelas. abrir e fechar.
Boas obras, Nenhuma, para a Guardar fielmente
paciência, doutrina Constância Perseverança Perseverança maioria de seus a palavra e o
VIRTUDES sadia, disciplina na espiritual, tesouro apesar do mal apesar do mal membros. Alguns testemunho (3.8). Nenhuma
igreja, ódio ao mal celestial - 2.9,10. ambiente - 2.13 ambiente (2.19) são louvados pela
(2.3) sua pureza (3.4).
Perda do amor, Tolerância de Pouca disciplina, Formalismo Tibieza (indolên-
PECADOS reincidência (recair) Nenhum registrado doutrinas heréticas tolerância de uma extremo, morte Nenhum cia), arrogância
2.14,15 profetiza corrupta espiritual, inati- espiritual, in-
(20-23) vidade (3.1). consciência de
suas necessida-des
(3.15-17).
Alimento espiritual A coroa da vida, Bênção espiritual Autoridade Um manto de Converter-se em Companheirismo
PROMESSAS 2.10, não sofrerá escondida, espiritual e justiça, registro de colunas espirituais, divino,
nenhum dano da alimento divino, iluminação (26- conhecime-nto levar uma entronização
segunda morte, um novo nome - 28). celestial (3.5). inscrição divina divina.
2.11 2.17. (3.12).
Igrejas ativas, que Igrejas Igrejas sustentadas Desenvolvimento Igrejas que Igrejas verda- Igrejas munda-nas
enfatizam em missionárias e pelo governo que de numerosas apresentam deiramente populares,
APLICAÇÕES demasia a ortodoxia outras que não se levanta seitas. Igrejas um formalismo espirituais. satisfeitas consi-go
mas carecem de padecem contra as heresias descompromis- crescente, declínio própria.
fervor espiritual. perseguição. e corrupção. sadas com as espiritual. Igrejas que ade-
verdades das riram à teologia da
Escrituras prosperidade em
Sagradas (2Tm detrimento do
4.2-4). evangelho
genuíno.

7.3. Os sete selos.


Epistolas Gerais e Apocalipse

SELOS SIGNIFICADOS
Pode ser uma referência a Ap 19.11-21. Este cavalo representa a presença de Cristo dirigindo seus servos que proclamam o evangelho ao
1º Selo: O cavalo mundo (cf. Mt 24.14; 28.20; Mc 13.10). A cor branca e a conquista definitiva do guerreiro, sugere que é isso que representa este selo. Mas
branco - 6.1,2 alguns estudiosos acham que este selo representa o julgamento sobre a terra, paralelamente aos outros três cavalos. (Para mais informações
veja LADD, Apocalipse, introdução e comentário).

2º Selo: Um cavalo O cavalo vermelho representa a força destrutiva, violência e guerra. O propósito aqui é tirar a paz do mundo. Diz respeito a condições
vermelho - 6.3,4 caóticas em geral. Normalmente, deve-se notar que a paz almejada pelos homens não será alcançada até a vinda do príncipe da paz e o
estabelecimento de seu reino (Is 9.6).

3º Selo: O cavalo O cavaleiro com a balança na mão diz respeito a crises econômicas, escassez de alimento, fome. Este cavalo representa a fome em meio à
preto - 6.5,6 fartura. Jesus já havia advertido seus discípulos que haveria peste e fome (Mt 24.7). Após o cumprimento do segundo selo, segue-se um
período de lamento em que a crise atingirá grande parte da população.

Amarelo aqui é a tradução do grego "lívido", que pode também ser traduzido por pálido, cor dos cadáveres. A morte e o hades o seguiam.
4º Selo: O cavalo Esse cavaleiro recebeu autoridade para matar através da espada, fome e peste, feras. Quem montava o cavalo chama-se morte. A morte e o
amarelo - 6.7,8 hades aqui são personificados. Esse quarto selo simboliza o caos universalizado na morte dos homens por pragas, guerras e fome. Esses
quatro primeiros selos parecem descrever a história em geral, desde a primeira vinda de Cristo até o começo do período final.

Marca o martírio dos santos já mortos até o tempo de João. As almas dos que foram mortos (grego, esphagmenon, imolar, degolar), ou
5º Selo: As almas dos degolados, estão debaixo do altar e clamam por justiça contra aqueles que os perseguiam sem motivo. Prevê também mais mortes entre os
mátires - 6.9-11 santos, se trata do período da tribulação (7.14; 20.4).

A abertura do sexto selo apresenta os juízos na forma de fenômenos cósmicos (Mt 24.29; 2Pe 3.10). Esse selo também nos faz lembrar do
6º Selo: 6.12-17 fato que o antigo ciclo não terminará sem que a natureza inteira se revolte contra a iniquidade acumulada dos homens. O grande Dia do
Senhor é o dia em que Deus visitará a terra para fazer justiça e julgar o homem pecador (Sl 110.5; Ez 7.1-9; Sf 2.2,3; Rm 2.5; Jl 2.11).

Entre o sexto e o sétimo selo abre-se um parêntese; os eleitos são selados 7.1-7; e a glorificação do povo de Deus, 7.8-17. O sétimo selo não
é aberto sem que antes o povo de Deus seja selado, representado pelos 144 mil. O simbolismo do ato de selar esses servos de Deus
7º Selo: 8.1-6 comunica a segurança e proteção divina com que os cristãos podem contar. Oferece a proteção espiritual diante dos ataques de Satanás e o
terror provocado pelas forças do mal. Em consequência dessa selagem, os demônios soltos na ocasião não alcançarão qualquer vantagem
sobre os que tem o selo de Deus (9.4).
A abertura do sétimo selo traz uma série de juízos. Começa com um silêncio no céu. Logo em seguida, começa uma série de juízos
lançados sobre a terra, que são representados pelas trombetas.

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Epistolas Gerais e Apocalipse

7.4. As sete trombetas (8.2-11.19). Depois da selagem do povo de Deus, o sétimo selo é aberto. Em seguida, aparecem sete anjos com sete
trombetas, que são sete julgamentos. Um anjo inicia o julgamento lançando o incensário cheio de fogo do altar provocando um grande terremoto.
TROMBETAS SIGNIFICADOS
O toque da trombeta anuncia o juízo. Os flagelos desencadeados pelas trombetas recordam as pragas do Egito: granizo (7), água
1º Trombeta transformada em sangue (v.8), águas envenenadas (v.11), trevas (v.12), gafanhotos (9.3). Quando o anjo toca a primeira trombeta,
8.7 saraiva e fogo mistura com sangue, queima a terça parte da terra, árvores, ervas. Saraiva refere-se a um poder devastador.
Quando a segunda trombeta é tocada, uma coisa como uma montanha abrasada foi lançada no mar matando a terça parte dos peixes, e
2º Trombeta atingindo também a terça parte dos navios. Essa montanha ardente, provavelmente representa um poder devastador, um juízo contra
8.8,9 os homens.
Quando a terceira trombeta é tocada uma estrela de fogo. Essa estrela que é chamada de Absinto (planta amargosa) atinge os rios, isto
3º Trombeta é, as fontes de água doce, envenenando um terço delas, provocando mais sofrimentos. Como uma estrela atingiria um terço dos rios e
8.10,11 fontes de água potável. É bem provável que esta estrela seja mais um símbolo de um poder sobrenatural que incitará os homens a se
autodestruirem poluindo e envenenado as fontes de água potável.
4. Trombeta Quando a quarta trombeta é tocada a terça parte do sol, da lua e das estrelas são atingidos, provocando trevas (Is 13.10; Jl 2.10,31; Ez
8.12 32.7). Os efeitos destrutivos das primeiras quatro trombetas se limitam à natureza; portanto, à humanidade indiretamente (8.7-12).
Tudo sugere que a intervenção divina julgando a humanidade perseguidora se mistura com a graça. Os homens deveriam reconhecer
o poder de Deus em mandar essas pragas e voltar dos caminhos errados para glorificá-lo. (Shedd p. 44)
5º Trombeta Antes de a quinta trombeta ser tocada, vem a advertência da águia (8.13). Ela voa gritando três ais - anunciando que as últimas
9.1-12 trombetas serão mais severas que as outras quatro. Com as últimas três trombetas tocadas, as coisas piorarão. A situação aqui na terra
será terrível. As outras trombetas, isto é, os juízos, afetaram o mundo físico, mas esses três últimos julgamentos atingirão as pessoas
que habitam na terra, as que não têm o selo de Deus. As trombetas agora são chamadas de “Ais” que visa indicar a sua natureza
terrível e devastadora.
Quando a quinta trombeta é tocada uma estrela cai do céu. Essa estrela é um símbolo de um ser, ou um anjo caído, que recebe uma
chave do abismo. Ela prediz os terríveis tormentos que os demônios trarão à humanidade incrédula. Parecem gafanhotos por causa do
incalculável número, antes presos no abismo, mas, depois de tocar essa trombeta, soltos para torturar cruelmente a humanidade ímpia.
6º Trombeta Quando o sexto anjo toca a trombeta, João ouve uma voz que dá ordem para soltar os quatro anjos que estão presos próximo ao rio
9.13-21 Eufrates. Esses anjos representam um grande exército de 200 milhões de cavaleiros. Nesta praga, cavalos demoníacos, com cabeças
como de leão e caudas como de serpentes, com o poder de matar vem do Oriente. Esse flagelo tem como propósito levar os homens
ao arrependimento. Ainda assim, eles permanecem com o coração endurecido, praticando todo tipo de pecado e idolatria.
7º Trombeta Antes de narrar a sétima trombeta, abre-se um parênteses: a visão do anjo e do pequeno livro, a medição do templo e as duas
11.15-19 testemunhas (10.1-11.14). O tempo da sétima trombeta será o tempo do fim (10.6). Mas, antes do fim a comissão profética é
confirmada ao profeta, e a ele é certificado que a igreja será preservada durante este período terrível (7.1-17) e que Israel, o povo da
aliança de Deus, será salvo. Esta sétima trombeta ao ser tocado dará início o período do fim (Ladd p. 119). Esta sétima trombeta é
também a última trombeta de 1Co 15.52 e anuncia que o reino de Cristo está estabelecido com poder (Ap 11.15) Esta predição
combina perfeitamente com Apocalipse 19 e 20 que preveem a vitória completa do Senhor Jesus Cristo sobre toda a força do mal.
SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Básico em Teologia 39
Epistolas Gerais e Apocalipse

Esta sétima trombeta também é a porta para mais sete flagelos ou sete taças (15-16).

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7.5. Os 144 mil selados (7.4-8). Este número não pode ser interpretado
literalmente, mas, sim, simbolicamente. Ele representa a "plenitude do povo de Deus".
Trata-se do número 12 (o número da eleição) elevado ao quadrado e multiplicado por
mil, um número indefinidamente grande, e simboliza um número completo de santos de
ambas as alianças, que são preservados por Deus (O Novo Dicionário da Bíblia p.
1127).

Há algumas razões para interpretarmos os 144 mil como um número que


simboliza a plenitude do povo de Deus. Em primeiro lugar, a ordem das tribos difere da
ordem comum que aparece no AT, falta a tribo de Dã (que na relação de Ez 48 está
incluída) e aqui também é incluída a tribo de José.

Em segundo lugar, devemos levar em consideração que as dez tribos do Reino do


Norte que foram levadas cativas pela Assíria (722 a.C.), se espalharam e misturaram
com os gentios (sobre o cativeiro do Reino do Norte veja 2Rs 17.3-6). Desta feita, essas
tribos não estão meramente perdidas, mas não existem mais como povos identificáveis.

Em terceiro lugar, este livro foi enviado às igrejas da Ásia (na sua maioria de
gentios) que estavam passando por severas perseguições, com o propósito de confortar e
fortalecê-las. Não queria João mostrar aqui que os cristãos, tanto judeus quanto gentios
que estavam passando por perseguição faziam parte do povo de Deus?

Por isso, concluímos que a figura mostra a união dos crentes judeus (salvos) com
a plenitude do gentios, todos unidos no Israel perfeito de Deus (cf. Gl 6.16; 3.28). Esses
144 mil servos são apresentados no capítulo 7 antes da tribulação, mas em 14.1-5, eles
comparecem com Cristo no paraíso após a vinda do Senhor. Todos serão preservados
pelo poder do Senhor (Shedd p. 42).

7.6. O Milênio (Ap 20.1-7). O termo milênio vem do latim "mile e annus" que
significa "mil anos", do grego "chiliasmo". O termo milênio não aparece na Bíblia, mas
sim, a expressão mil anos, período em que o diabo será preso e Cristo reinará sobre a
terra. Em relação ao milênio, há três correntes de interpretação, vejamos:
Epistolas Gerais e Apocalipse

(1) Pós-milenismo. O prefixo "pós" significa depois, isso significa que Cristo
voltará após o milênio. Para esta teoria, Cristo encerrará o milênio. Entendem eles que o
milênio é um período de tempo em que a igreja triunfará. No final deste período, Cristo
voltará.

(2) Amilenismo. Para essa corrente teórica, não haverá um reinado terrestre de
Cristo de mil anos de duração. "O milênio é um símbolo da vitória completa de Cristo
sobre Satanás e do gozo perfeito dos santos no céu". O grande julgamento final segue-se
imediatamente à segunda vinda e resultará de pronto o estado final dos justos e dos
ímpios.

(3) Pré-milenismo. Para esta abordagem, a segunda vinda de Cristo será antes do
milênio. O milênio será realmente um período onde Cristo reinará sobre a terra
juntamente com os seus santos. Os mil anos de Apocalipses 20 não são meramente
simbólicos, mas literais. O reino milenar de Cristo será estabelecido assim que Cristo
voltar.

(Para mais informações sobre o milênio e outros assuntos da escatologia, recomendo a


leitura do livro do Millard J. ERICKSON. Opções contemporânea na escatologia - um estudo do
milênio. Editora Vida Nova).

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Básico em Teologia 42


Epistolas Gerais e Apocalipse

Bibliografia:

BUCKLAND, A. R. Dicionário Bíblico Universal. Editora Vida


DOUGLAS, J.D. (org.) O Novo Dicionário da Bíblia. Ed. Vida Nova
CHAMPLIN, Russel Norman. O N.T. interpretado versículo por versículo. Ed. Candeia.
HOUSE, H. Wayne. O Novo Testamento em Quadros. Editora Vida
KUMMEL, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. Editora Paulus
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento Editora Êxodo
Apocalipse: introdução e comentário. Editora Vida Nova
MOO, Douglas J. Tiago Introdução e Comentário. Editora Vida Nova
MUELLER, Ênio R. I Pedro: introdução e comentário. Editora Vida Nova
WILKINSON, Bruce & Boa, Keneth. Descobrindo a Bíblia. Ed. Candeia.
HORSTER, Gerhard. Introdução e Síntese do N.T. Ed. Esperança.
LIGHTFOOT, Neil R. Epístola aos Hebreus. Editora Vida Cristã.
SHEDD, Russel P. Escatologia do Novo Testamento. Editora Vida Nova
WILCOCK, Michael. A mensagem de Apocalipse. ABU Editora
Bíblia de Estudo Vida. Editora Vida
Bíblia de Estudo Thompson. Editora Vida

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