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Tubarão
2019
3
________________________
Prof. Viviane Almeida, Mse.
Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
________________________
Prof.ª Alexandra Sombrio Cardoso, Mse.
Orientadora
________________________
Prof.ª Luciana Moskorz Kersbaumer, Mse.
Co-orientadora
________________________
Prof. Andréa Claudia de Souza, Dr.
Banca
________________________
Prof. Viviane Almeida, Mse.
Banca
5
Nadia Lopes
9
RESUMO
ABSTRACT
This paper presents a Sociodrama workshop using Clown as an auxiliary
instrument for reflection on role-playing of women’s professional role.
This reflection is relevant as the relational perspective and the satisfaction
in the professional role is influenced by the recent economic, value and
political crises in Brazil. The proposal was to understand the Clown’s
contribution for a Sociodrama workshop with women on their
professional role, as both approaches are related in philosophical and
relational aspects, as well as common concepts and the promotion of a
healthy environment. This research was based on the Action research and
Cartography perspectives and applied in a GEP meeting (Studies and
Practices group of Psychology, Clown and Psychodrama). A logbook was
also produced along this study. The Clown methodology was used as a
warm-up and during the action phase, promoting a reflection about the
participants’ professional role. The participants showed involvement and
significant interaction, evidencing Tele and Spontaneity, in addition to
assuming their professional role and using it for social transformation.
Thus, Clown proved to be an effective way of complementing
Psychodrama, considering that it is also a relational tool, enabling contact
with emotions, placing the person in evidence and complementing
Psychodrama goals, to the extent it promotes autonomy and Spontaneity.
SUMÁRIO
1. Introdução.......................................................................................... 15
1.1 Problema de pesquisa .................................................................. 15
1.2 Objetivo ....................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo geral ....................................................................... 16
1.2.2 Objetivos específicos ........................................................... 16
1.3 Justificativa ................................................................................. 16
2. Marco teórico .................................................................................... 19
2.1 Psicodrama .................................................................................. 19
2.1.1 Socionomia........................................................................... 19
2.1.2 História do Psicodrama ........................................................ 20
2.1.3 A Utopia Moreniana............................................................. 22
2.1.4 Teoria do Momento .............................................................. 25
2.1.5 Matriz de identidade............................................................. 27
2.1.6 Teoria dos Papéis ................................................................. 29
2.1.7 Elementos, Contextos e etapas ............................................. 30
2.1.8 Técnicas ............................................................................... 34
2.1.9 Sociodrama........................................................................... 35
2.2 Palhaçaria .................................................................................... 37
2.3 Reflexões sobre Papel profissional feminino .............................. 43
2.3.1 A mulher e seu papel profissional ........................................ 43
2.3.2 O papel profissional no Psicodrama ..................................... 48
3. Metodologia ...................................................................................... 53
3.1 Grupo de Estudos e Práticas (GEP)............................................. 53
3.2 Pesquisa-ação .............................................................................. 54
3.3 Cartografia................................................................................... 55
3.4 Vivência: Palhaçaria e Sociodrama ............................................. 58
3.5 Etapas da vivência .......................................................................58
3.5.1 Momento inicial .................................................................... 58
3.5.2 Aquecimento inespecífico..................................................... 58
3.5.3 Aquecimento específico........................................................ 60
3.5.4 Dramatização ........................................................................ 60
3.5.5 Compartilhamento ................................................................ 60
4. Processamento teórico........................................................................61
4.1 Momento inicial ...........................................................................61
4.2 Aquecimento inespecífico............................................................62
4.3 Aquecimento específico ...............................................................66
4.4 Dramatização ...............................................................................66
4.5 Compartilhamento .......................................................................71
5. Conclusões .........................................................................................73
Referências.............................................................................................75
Anexos ...................................................................................................81
Anexo A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .....81
15
1. INTRODUÇÃO
- Tu mudaste de área?
- Não, só estou olhando sob um diferente ponto de
vista.
1.3 JUSTIFICATIVA
2. MARCO TEÓRICO
2.1 PSICODRAMA
2.1.1 Socionomia
Nunca deixou escritos, e foi a memória daqueles que conviveram com ele
que perpetuaram a essência hassídica (FONSECA, 1980). Moreno, mais
tarde, influenciado pelas ideias hassídicas, acreditava que então seríamos
gênios em potencial, com o potencial criador divino, a chamada centelha
divina (ALMEIDA, 1991; BUSTOS, 1982; SCHMIDT, 2007).
Bucareste, Romênia, 1889. Ano de nascimento de Jacob Levy
Moreno. Aqui estamos na irradiação da primeira revolução industrial,
palco de grandes inovações como a máquina a vapor substituindo a
manufatura, e a imprensa – a agilidade na produção e na comunicação era
o mote. Também o Romantismo pairava no ar, distanciando-se do
racionalismo (ALMEIDA, 1991).
“Viena [Áustria], a cidade de muitos berços” (MORENO, 2014,
p. 54), e também lar de Moreno com poucos anos de idade. Sua história
estava sendo escrita a partir do que uma cigana havia dito à sua mãe - que
ele iria mudar o mundo (SCHIMIDT, 2007). Em sua adolescência, já
seguia o caminho de fazer diferente para um mundo novo: iniciou dando
aulas de tutoria e foi cursar medicina. Durante a faculdade, Moreno se via
nas praças de Viena com crianças, brincando, contando histórias e
dramatizando-as. Disse Moreno que as crianças são puro ato: “criar e
“ser” parecem para ela a mesma coisa” (MORENO, 2014, p 139). Essa
Espontaneidade é uma das bases da Teoria do Psicodrama, novamente
retomando ao potencial criador da centelha divina (ALMEIDA, 1991).
Nesta época, também criou grupos de terapia e apoio em uma
república que morava – a Casa do Encontro – com todos os que
necessitavam, o que culminou com os grupos de terapia com prostitutas,
lhes oferecendo também apoio jurídico. Junto ao filósofo Martin Buber
(1878-1965), com quem tinha muitas afinidades filosófico-religiosas,
também foi editor e escritor da revista Daimon (SCHMIDT, 2007).
Almeida remete a palavra grega Daimon a demônio, “sendo usada como:
energia, força cósmica, espírito criativo, destino pessoal, ‘centelha
divina’, deus individual e anjo particular intermediário entre homem e
Deus” (1991, p.37/8), já caracterizando a base do Psicodrama e a visão de
mundo de Moreno.
E em Viena, no dia primeiro de abril de 1921, nasce o Psicodrama
que, segundo o próprio autor, “pode ser definido como a ciência que
explora a "verdade" por métodos dramáticos” (MORENO, 2014, p. 49).
Estados Unidos, década de 1940. Moreno se mudou para terras
norte-americanas pela oportunidade de patentear um rádio que havia feito
com seu irmão. E de lá nunca mais saiu. Terra do Behaviorismo, aprendeu
que sistematizar sua obra lhe daria mais embasamento e visibilidade
(SCHMIDT, 2007). E foi com a terceira esposa, Zerka1, que passou o
restante de sua vida. Em Nova York, 1974, chega ao fim uma vida que
quis mudar o mundo, e que deixou uma vasta bagagem de como podemo-
lo fazer (ALMEIDA, 1991).
No Brasil, o Psicodrama chegou em diversas épocas de várias
maneiras. O sociólogo baiano Guerreiro Ramos, junto a Ananias do
Nascimento – que trazia o Teatro do Negro -, trouxeram ao Rio de Janeiro
as ideias de Moreno. Porém, foram expulsos na época da ditadura militar
e o espaço do Psicodrama regrediu. Mais tarde, no final dos anos 1960, a
pedido do Banco da Lavoura mineiro, o francês Pierre Weil trouxe
novamente as ideias de Moreno – dessa vez, para realizar treinamentos
com os funcionários do banco. Bermudez também ajudou a divulgar o
Psicodrama no Brasil, principalmente com sua Teoria do Núcleo do Eu,
bem como o argentino Bustos, com o Psicodrama clínico. A FEBRAP,
por fim, veio a ser criada em 1976 para regulamentar a formação do
psicodramatista (Febrap, 2011).
Um importante autor que bebeu - mesmo que não assumidamente
- da fonte de Moreno foi Augusto Boal, proponente do Teatro do
Oprimido. Na década de 1970, Boal acreditava que o teatro poderia ser
utilizado para trabalhar opressões já sofridas por alguém da plateia, que
mergulharia em um ato de uma questão social com a qual o grupo se
identificaria, tornando-a primeira pessoa do plural, para depois, através
da autoobservação, cada um poder trabalhar internamente sua questão. O
dramaturgo não admitiu que estudou Psicodrama e Moreno a fundo,
porém há de se convir que a ideia de transformação social através de um
teatro mais participativo, terapêutico e de diversas técnicas para auxiliar
neste caminho aproximou o Teatro do Oprimido ao Psicodrama
(OLIVEIRA & ARAÚJO, 2012).
1
Zerka foi extremamente importante na sistematização da obra de Moreno, assim
como suas esposas anteriores. O documentário “Jacob Levy Moreno: Sua vida e
suas musas” (MAIDA, 1997) fala da importância dessas mulheres para a grande
obra do Psicodrama.
23
2
A Matriz de Identidade, conceito-chave do Psicodrama, se refere a todo o
contexto social, familiar, biológico, etc. do sujeito ao nascer. Mais a respeito
será discorrido no subtítulo Matriz de Identidade.
25
Por fim, pode-se dizer que a coesão grupal é fruto da tele entre os
participantes (diretor, inclusive). São também elementos que auxiliam na
coesão: “a urgência de sua necessidade comum, a clareza da tarefa do
grupo, as normas do líder, as semelhanças e diferenças nos valores
culturais e expectativas dos membros” (HOLMES; KARP; WATSON,
1998, p. 358), dentre outros.
Espontâneo, transformador, coletivo. Psicodrama tem, sim, algo
de revolucionário.
3
Tradução livre: homem atípico
ou regiões do corpo. Cada zona tem um foco, que permite o dispositivo
de arranque, que o leva às expressões psicológicas e sociais:
conosco mesmo e o que está à nossa volta para nos implicarmos nas
diversas situações. Com dados de realidade, acentuamos a disponibilidade
para o outro, nossas relações e, em última análise, nossa Espontaneidade
e saúde.
Fonseca (1980) sugere uma ampliação da Matriz de Identidade
proposta por Moreno. Inicia-se pela indiferenciação – apenas Eu -, que é
seguida pela simbiose entre Eu e Tu. O reconhecimento do Eu, e em
seguida o reconhecimento do Tu, permitem a etapa seguinte: relação em
corredor, tendo apenas uma relação como base. A pré-inversão de papeis,
em seguida, oferece um outro tipo de relação entre Eu e Tu, na qual há a
possibilidade de uma imitação precária do outro. A triangulação, por sua
vez, inclui um terceiro no rol de relações. A circularização, então, facilita
o contato com grupos, uma vez que há não só a ideia de Eu e Tu, mas
também de “nós”. Por fim, há a inversão de papeis, na qual o sujeito
consegue mais facilmente se colocar no lugar do outro, e o outro em seu
lugar, facilitando o Encontro em um processo espontâneo e de saúde.
Essas etapas também podem ser vistas no desenvolvimento de um grupo.
Moreno (2014) esclarece que o Psicodrama surgiu também para
promover essa Espontaneidade geralmente latente no adulto. Ela é a
capacidade de dar novas respostas às mesmas ou diferentes situações. E é
assim que nos construímos como seres humanos, interagindo com o outro
criativamente, através de diferentes papéis para cada contexto.
4
Também comumente chamados de Materno, Paterno e Fraterno.
31
5
Diretor e Ego auxiliar formam a Unidade funcional.
6
Mas, ao contrário da “criança, o adulto possui, é claro, dispositivos mentais,
sociais e psicoquímicos de arranque adquiridos, os quais podem iniciar
independentemente o seu aquecimento, assim como interatuar com os arranques
físicos [como no caso de uma emergência]” (Moreno, 2014, p. 104).
de saúde e Espontaneidade. Essa Espontaneidade, por sua vez, promove
reações rápidas do participante, que está mais em contato com seu próprio
corpo e emoções e menos com sua perspectiva racional. Tal como o
nascituro, o adulto espontâneo tem todos os passos dados como novos,
disponíveis e abertos para as situações que se sucederão na dramatização
e na vida (MORENO, 2014). Além dos iniciadores físicos, fisiológicos,
relacionais e mentais (ao final), Monteiro (1993) destaca os intelectivos
(e.g. brainstorming), temáticos (e.g. filme, música) e psicoquímicos
(alteram estado vigil da consciência).
É de se salientar que a “viabilização do status nascendi é
indicativo de que o participante se interessa, se prepara e se esforça para
caminhar em direção a um ato que é a busca mesma do psicodrama, por
meio do exercício de papéis” (MONTEIRO, 1993, p. 31).
O aquecimento específico se inicia quando os participantes estão
devidamente aquecidos e prontos para mergulhar em uma dramatização.
É parte desta etapa montar a cena ou o ambiente onde será a dramatização.
No caso do Psicodrama interno, que consiste em dramatização simbólica
em que se vive a ação mentalmente, o aquecimento se dá por relaxamento,
além de consignas claras e voz branda por parte do diretor (CUKIER,
1992).
Na etapa seguinte, a dramatização, a plateia se identifica com o
exposto e respectivas emoções; e ego auxiliar identifica-se com a pessoa
que lhe foi atribuída, além de guiar e orientar o protagonista ou o grupo
“para suas ansiedades, deficiência e necessidades” (MORENO, 2014, p.
109). A este respeito, Moreno nos elucida com um exemplo:
2.1.8 Técnicas
2.1.9 Sociodrama
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A localização do Sociodrama na Teoria de Moreno é divergida pelos diferentes
autores do Psicodrama. Neste trabalho, será posicionado dentro da
Sociodinâmica, uma vez que investiga as relações grupais, podendo ter um caráter
psicoterapêutico (como uma terapia de família) ou não (como a proposta de
vivência de papel profissional deste trabalho).
(2012), o objetivo do Sociodrama é colocado em questão, sendo ele tanto
um meio de:
2.2 PALHAÇARIA
8
A Modernidade líquida, ou a pós-modernidade na visão de Bauman, pode
ser brevemente explicada pela “passagem diretamente do desejo para o querer
(que necessita menos ainda de orientação, pois se baseia no impulso
imediato)” (DORNELES, 2009, p. 81).
9
Bobos da corte e “banquete dos loucos” na Idade Média, mimos e menestréis
em Roma, Commedia Dell`Arte italiana, bufões do Egito à China, a figura índio-
americana Heyoka, dentre muitos outros - todos com “carta verde” para falar as
verdades para os reis e/ou público sem serem punidos (BARBOZA, 2016; CURY,
2009; DORNELES, 2003).
39
10
Para facilitar a compreensão do texto no idioma espanhol, as palavras em
itálico foram aqui traduzidas: crianças; imorais/desrespeitosos; refletem;
velhice; caretas; choro; rosto.
41
11
Essa é a perspectiva do “clown pessoal”, muito utilizada até hoje. Cury
contextualiza: “Jacques Lecoq (1921-1999) foi professor e mestre em Teatro.
Em 1956, fundou a École Internationale de Théâtre Jacques Lecoq, na
França, onde ministrava um curso com duração de dois anos, que iniciava
com técnicas de máscaras e finalizava com a criação do clown pessoal. Para
Lecoq, o clown não existe à parte da pessoa que o representa” (2009, p.8).
Há diversas metodologias para alcançar este objetivo clownesco
de conhecimento de si e de seu palhaço (BARBOZA, 2011; DORNELES,
2003). Dentre elas, o facilitador como a figura do dono do circo: Monsieur
Loyal (ou Monsieur Loyalle), termo utilizado em diversas oficinas de
Palhaçaria para denominar o facilitador da experiência, que tem passe
livre de mandar e desmandar no palhaço - ele é o dono do circo em que o
palhaço precisa manter o seu emprego. Assim, se mostra um facilitador
opressor, autoritário, mandão, mas que ao mesmo tempo incita o palhaço
a simplesmente ser (e não fingir), de verdade (sem a preocupação de
agradar). Segundo Dorneles, este ambiente propõe “a possível descoberta
de seu corpo cômico através da ingenuidade e fragilidade, pois o clown é
muito mais visual que textual” (2003, p.51).
Com essas características, Monsieur Loyal tem a função de
“ajudar a gente a perceber e revelar a nossa verdadeira graça, a nossa
espontaneidade muitas vezes escondida” (THEBAS, 2005, p. 83), graça
essa que surge no eterno jogo de “andar na corda bamba sem medo de cair
do abismo” (2005, p. 83).
Com o auxílio de Monsieur Loyal (ou de um outro tipo de
facilitador), junto ao olhar para dentro e também para fora, o estado de
palhaço leva em conta emoções e o outro no aqui-agora, e está sempre
“pronto para estabelecer relações de igualdade e confiança, para
conquistar através da alegria, da espontaneidade e do improviso, um
humano que embeleza e melhora a vida” (AMARAL, 2013, p.80).
Ao buscarmos essa espontaneidade e embelezamento da vida,
nós transgredimos, somos políticos:
12
Busca realizada pela autora deste trabalho em 6/02/2019 com as palavras
concomitantes Mulher e Profissão, dentre publicações do período de 2009 a
2019.
relacionando os termos “mulher” e “profissão”. Assim, podemos ver que
a sociedade vem se tornando mais consciente do papel profissional da
mulher. Mas, como isso se deu?
Desumana referência à mulher como pecadora e tentação desde a
primeira menção na Bíblia, Eva; Caça às bruxas no século VIII; Privação
de direitos femininos pela Igreja e burguesia ascendente na Europa do
século XVI (papel social da mulher se referia à educação dos filhos); “A
memória era perigosa e mais ainda se viesse da mulher que era submissa
ao homem (...), nela se manifestava a liberdade de pensamento, tão temida
pela igreja e pelo poder” (RABELO & MARTINS, 2006, p.6170), na
Inquisição do século XVII; Fechamento de clubes femininos e mulheres
sob tutela do pai ou marido no século XVIII; são exemplos de direitos
restritos aos homens ao longo da história do mundo (CORADINI &
BARBIANI, 1983; RABELO & MARTINS, 2006).
No Brasil, desde o Período Colonial,
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Filósofo fenomenólogo francês dedicado ao estudo da percepção, dando ao
corpo um caráter de experiência mais do de que objeto. A fenomenologia foi
transparece na interseção das experiências individuais com as vivências
do outro” (BORIS & CESÍDIO, 2007, p. 460). Se Moreno defende que
nos construímos a partir do outro, se vamos sendo à medida que nos
relacionamos, a construção subjetiva do corpo da mulher é diretamente
influenciada por uma cultura que menospreza o valor profissional,
pessoal, dentre diversos outros, femininos.
Também, Bonadio (2004) nos traz que há grande stress e danos
psicológicos e físicos relacionados à dupla (às vezes tripla) jornada de
trabalho feminina e à constante diminuição de suas ideias, muitas vezes
independentemente de suas competências por ser relacionado ao gênero.
Daí a importância de grupos de mulheres: para fortalecerem umas
às outras e se lembrarem que possuem direitos, transformando realidades
desiguais. O feminismo é uma luta da relação, do grupo, e possui diversas
vertentes, de acordo com seus ideais. Porém, de modo geral, é uma luta
que busca a equidade de gênero (mais do que a igualdade de gênero), a
fim de que os direitos se equivalham (mais do que “ceder” direitos a partir
de hoje, ignorando o passado, de crença meritocrática e não-
contextualizada sócio culturalmente), combatendo as “normas sociais que
modelam, vigiam e regulam comportamentos dos sujeitos com o intuito
de adequá-los aos ditames culturais do que se entende como apropriado
para um sujeito masculino ou feminino” (NASCIMENTO & FONSECA,
p. 64).
3. METODOLOGIA
3.2 PESQUISA-AÇÃO
14
Os participantes são livres para contribuírem cm ideias de texto-base, no
próprio encontro e pós-encontro. Este último está acessível a todos online,
participantes ou não do GEP, na Narrativa Coletiva, onde se pode contribuir
na construção coletiva de sentimentos e reflexões vindas do encontro.
55
3.3 CARTOGRAFIA
15
“É o conceito de metaestabilidade, em contraste com aquele de equilíbrio
estável, que garante esse avanço. Enquanto o equilíbrio – que é o mais baixo
nível de energia potencial – exclui o devir, a metaestabilidade indica uma
dinâmica de devir que só se resolve em contínua transformação” (PASSOS;
KASTRUP; ESCÓSSIA, 2015, p. 23)
57
16
Portanto, levando também em conta o que o pesquisador sente.
17
Portanto, também rigorosa metodologicamente.
3.4 VIVÊNCIA: PALHAÇARIA E SOCIODRAMA
3.5.4 Dramatização
3.5.5 Compartilhamento
4. PROCESSAMENTO TEÓRICO
18
Todos os nomes presentes neste trabalho foram modificados para preservar
a identidade dos participantes.
sentadas, contavam: recém-separada, vazia, morando longe do namorado,
orgulhosa de sua recém-conquistada independência, com crises
existenciais. Algo havia em comum entre todas: estarem em um constante,
árduo e transformador processo de autoconhecimento e do conhecimento
de seu papel de mulher. Desde o início, este encontro foi terapêutico, onde
as mulheres podiam sentir-se à vontade umas com as outras.
Uma vez que o tema deste trabalho é o papel profissional de um
grupo de mulheres, esta vivência pode ser considerada um Sociodrama
temático.
4.4 DRAMATIZAÇÃO
19
Nome dado pela diretora para facilitar o relato e análise da experiência.
67
20
Seleção para modelos em agência.
21
Nome dado pela diretora para facilitar o relato e análise da experiência.
22
Em uma experiência sociodramática de Toloi e Souza (2015, o solilóquio
permitiu a “expressão dos conteúdos do mundo interno ofereceu uma abertura
para que a diretora pudesse penetrar nos conflitos latentes dos próprios
personagens e ampliar sua percepção” (2015, p.18).
69
23
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, do Sistema Único
de Assistência Social.
71
4.5 COMPARTILHAMENTO
24
Segundo Mirela, a perspectiva decolonial é “um pensamento
latinoamericano, proposto por pesquisadores e pensadores desse contexto,
que propõe a reflexão de como a colonização na América Latina ainda afeta
nossa cultura, desvaloriza as referências latinas para pesquisa e se relaciona
diretamente com o racismo”.
do olhar criativo. Também é o momento em que
cada uma pode se abrir, relembrar seus momentos,
viver a sua ilha. Por fim, é mais um momento em
uma vivência em que se cria, se experimenta e se
identifica juntas, se está junto. (trecho do Diário de
Bordo)
5. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
ANEXOS
ANEXO A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO (TCLE)
O (A) Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a
participar da pesquisa “HÁ ALGO DE REVOLUCIONÁRIO NA
MÁSCARA E NO NARIZ: A Palhaçaria como contribuição em um
Sociodrama sobre papel profissional”, que tem como objetivo analisar
possíveis contribuições da Palhaçaria em um Sociodrama sobre o role-
playing do papel profissional.
O motivo que nos leva a estudar este assunto é a atual crise de
valores e financeira no Brasil, que também promove modificações nos
papeis profissionais e que pode ter o Psicodrama e a Palhaçaria como
contribuição para a reflexão.
Essa pesquisa se baseia nas perspectivas da Pesquisa-ação e da
Cartografia, e será realizada em um encontro do GEP (Grupo aberto de
Estudos e Práticas de Psicologia, Palhaçaria e Psicodrama). As seguintes
etapas serão realizadas: aquecimento, dramatização, compartilhamento e
processamento teórico (momento após a vivência).
Será realizado um diário de campo pela pesquisadora, que irá
conter observações e sentimentos das vivências da própria e dos
participantes, bem como falas e percepções. Este diário de campo será
levado em conta no processamento da vivência, que visa analisar
possíveis contribuições da Palhaçaria em um Sociodrama sobre o role-
playing do papel profissional.
Como benefícios ao participante, haverá a reflexão sobre seu papel
profissional, a oportunidade de participação de uma vivência que une
Psicodrama e Palhaçaria, e a colaboração com a pesquisa acadêmica
brasileira. Visto que o Psicodrama e a Palhaçaria são abordagens que
promovem a relação e o contato consigo mesmo, o possível desconforto
se dá pela intensidade desse encontro. É importante lembrar que a
qualquer momento o (a) Sr. (a) pode contatar a pesquisadora caso não se
sinta confortável, ou interromper sua participação. Também, há uma
possibilidade de furto deste documento. Para minimizar o risco e
preservar a anonimidade dos participantes, os dados serão armazenados
em um banco de dados criptografado online, com acesso com senha
somente pela pesquisadora e orientadora responsáveis.
O motivo deste convite é que o (a) Sr. (a) se enquadra nos
seguintes critérios de inclusão: maior de 18 anos e interessado pelo
assunto em questão.
O (A) Sr. (a) poderá deixar de participar da pesquisa nos casos em
que forem observados os seguintes critérios de exclusão: não querer
participar da pesquisa.
Para participar deste estudo o (a) Sr. (a) não terá nenhum custo,
nem receberá qualquer vantagem financeira, mas será garantido, se
necessário, o ressarcimento de suas despesas, e de seu acompanhante,
como transporte e alimentação.
O (A) Sr. (a) será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer
aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar,
retirando seu consentimento ou interrompendo sua participação a
qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em
participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma
em que é atendido pelo pesquisador.
O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais
de sigilo e privacidade, sendo que em caso de obtenção de fotografias,
vídeos ou gravações de voz os materiais ficarão sob a propriedade do
pesquisador responsável. Seu nome ou o material que indique sua
participação não será liberado sem a sua permissão. O (A) Sr. (a) não será
identificado (a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando
finalizada.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias,
sendo que uma será arquivada pelo pesquisador responsável, na Viver
Psicologia: Psicodrama (endereço abaixo), e a outra será fornecida a(o)
Sr. (a).
Caso hajam danos decorrentes dos riscos desta pesquisa, o
pesquisador assumirá a responsabilidade pelo ressarcimento e pela
indenização.
83
Eu, _________________________________________________,
portador do CPF __________________, nascido (a) em
____/____/________, residente no endereço
__________________________________________________________
________, na cidade de _____________________, Estado
______________, podendo ser contatado (a) pelo número telefônico ( )
____________, fui informado (a) dos objetivos do estudo “HÁ ALGO
DE REVOLUCIONÁRIO NA MÁSCARA E NO NARIZ: A Palhaçaria
como contribuição em um Sociodrama sobre papel profissional” de
maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Concordo que os
materiais e as informações obtidas relacionadas à minha pessoa poderão
ser utilizados em atividades de natureza acadêmico-científica, desde que
assegurada a preservação de minha identidade. Sei que a qualquer
momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão
de participar, se assim o desejar, de modo que declaro que concordo em
participar desse estudo e recebi uma via deste Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
___________________,_______de___________de ________.
Em caso de dúvidas quanto aos aspectos éticos deste estudo, você poderá
consultar:
Viver Psicologia: Psicodrama
Pós graduação lato sensu em Psicodrama
Rua Tubalcain Faraco, 20. Ed. Centro Executivo Luiz Francalacci -
Salas 704/705 - Centro, 88701-130 Tubarão/SC
Tel. 55(48) 48) 99941-8982 - E-mail: viverpsicodrama@gmail.com