Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Manejo Ecológico de Pragas e Doenças: Dra. Andrea Brechelt
O Manejo Ecológico de Pragas e Doenças: Dra. Andrea Brechelt
Doenças
1
Agradecimento
Agradeço a todos os escritores e a todas as escritoras deste mundo por me darem a possibilidade de aprender
com seus livros, manuais e folhetos. Espero, de coração, que este manual seja estudado com a mesma
intensidade com a qual eu tenho lido as publicações de vocês e espero também que seja útil para muita gente.
A Autora
Editado por: Rede de Ação em Praguicidas e suas Alternativas para a América Latina
(RAP-AL)
Av. Providencia No. 365 Dpto.41, Santiago de Chile, Chile
Tel. /Fax: 56-2-341 6742
rapal@rapal.cl
Tradução e revisão:
Hildegard Susana Jung
Jaime Miguel Weber (CAPA) jaime@viavale.com.br
2
Índice
1. Introdução
2. A problemática da agricultura convencional
3. O conceito de pragas
4. As causas da aparição de pragas
5. Os inseticidas como uma solução
5.1 Organoclorados
5.2 Organofosforados
5.3 Carbamatos
5.4 Piretroides
6. O conceito de Manejo Integrado de Pragas (MIP)
7. Medidas para a proteção natural dos cultivos contra pragas e doenças
7.1 Cultivos mistos e diversificação
7.2 Rotação de cultivos
7.3 Ritmo natural dos insetos
7.4 Preparação do solo
7.5 Cercas vivas
7.6 Armadilhas
7.7 Organismos benéficos
7.7.1 Os diferentes tipos de organismos e seus efeitos
7.7.2 Métodos de utilização
7.8 Extratos de plantas
7.8.1 O Nim (Azadirachta indica A. Juss), Fam. Meleaceae
7.8.2 A Violeta (Melia azedarach), Fam. Meliaceae
7.8.3 O Alho (Allium sativum), Fam. Liliaceae
7.8.4 A Pimenta Picante (Capsicum frutescens), Fam. Solanaceae
7.8.5 O Papaia (Carica papaya), Fam. Caricaceae
7.8.6 O Guanabano (Annona muricata), o Mamão (Annona reticulata), Fam. Anonaceae
7.8.7 O Fumo (Nicotiana tabacum), Fam. Solanaceae
7.8.8 O Piretro. (Chrysanthemum cinerariefolium), Fam. Asteraceae
7.8.9 Outros inseticidas botânicos
7.8.10 Outros extratos
8. Reflexões finais
Anexos
Literatura consultada
Tabelas
3
4
1. Introdução nenhum tipo de intercâmbio com o solo e
uma grande parte deles se perde por erosão
A agricultura moderna, com a implementação no solo e por livre liberação, o que pode
de monocultivos em grande escala, tem causar um efeito muito negativo para a água e
provocado vários problemas no que se refere por conseqüência para os arroios e rios. A
às doenças e pragas resistentes e concentração inadequada de certos nutrientes
especializadas nas plantas cultivadas. na água causa um crescimento anormal das
plantas e animais e um uso exagerado de
A utilização excessiva de praguicidas de oxigênio, causando um colapso neste
origem química e sem prévia assistência ecossistema.
técnica, em lugar de resolverem o problema,
tem produzido fortes danos à produtividade Por outro lado, o aumento da produção
da agricultura, ao ser humano e à natureza. agrícola e especialmente a produção em
monoculturas, tem criado um aumento
Atualmente, muitas instituições estão em extraordinário de insetos, pragas e doenças
busca de alternativas menos prejudiciais, especializados exatamente neste cultivo. Na
aproveitando as defesas naturais dos natureza não existem pragas. Fala-se de
organismos e reorganizando completamente praga quando um animal, uma planta ou um
as técnicas de cultivo tradicionais. microorganismo, aumenta sua densidade a
níveis anormais y afeta direta ou
indiretamente à espécie humana, seja porque
2. A problemática da agricultura virá a prejudicar sua saúde, sua comodidade,
convencional prejudique as construções ou os prédios
agrícolas, florestais ou currais, dos quais o ser
O crescimento da população mundial e, por humano obtém alimentos, forragens, têxteis,
conseqüência, o aumento da necessidade madeira, etc. Ou seja, nenhum organismo é
alimentícia, causaram há aproximadamente praga per se. O conceito de plaga é artificial.
30 anos o início da revolução verde, que tinha Um animal se converte em praga quando sua
como única prioridade o aumento da densidade aumenta de tal maneira, que causa
quantidade de alimentos a qualquer custo. uma perda econômica ao ser humano.
Desde então, realmente tem sido possível ver
no mundo uma mudança extraordinária na
tecnologia agropecuária e, sem dúvida, um
aumento na produção. Mas ao mesmo tempo
também começaram a aparecer efeitos
negativos que não haviam sido calculados.
5
Tabela 3: Fatores que determinam a toxicidade dos pesticidas.
como a única solução para referidos maneira geral, os inseticidas são os mais
problemas, causando efeitos imediatos para tóxicos para o ser humano. Mas os pesticidas
reduzir expressivamente a população de com menos toxicidade aguda também correm
insetos, de maneira efetiva e no momento o risco de permanecer por longo tempo na
oportuno. Mas este uso discriminado de cadeia alimentícia, chegando de maneira
químicos na proteção dos cultivos tem concentrada ao ser humano, como por
causado graves problemas à saúde humana e exemplo, os organoclorados. Outros são
ao meio ambiente. Também não pôde sumariamente cancerígenos ou causam
eliminar ou reduzir as pragas e doenças que mutações e reações alérgicas. A toxicidade
têm atacado as plantações. A situação é dos pesticidas para o aplicador depende da
ainda pior. A aplicação permanente de forma de contato e das condições físicas do
substâncias químicas tem feito com que os homem (Tabela 3). Como especialmente
insetos e outros organismos se mostrassem ocorre na região tropical, onde os aplicadores
resistentes a estas substâncias, significando não usam roupa de proteção e muitas vezes
que já não surtem nenhum efeito, e que não conseguem ler as instruções e indicações,
requerem una dose cada vez maior. Se no as intoxicações são muito freqüentes e muitos
ano de 1938 existiam somente 7 espécies de casos terminam com a morte (Tabela 4).
insetos resistentes aos 5 grupos de inseticidas
más importantes (DDT, Aldrim, Dieldrim, Tabela 4: Estimativa das intoxicações por
Endrim, Heptacloro, Organo-fosforados, pesticidas ao ano em nível mundial
Carbamatos, Piretrinas), hoje em dia
praticamente não existem organismos Intoxica- Mortes Fontes
daninhos de importância econômica que não ções
tenham desenvolvido resistência, no mínimo, 500,000 5,000 WHO 1973
contra uma dessas substâncias ativas. Estes
- 20,640 Coppelstone
efeitos têm aumentado de uma maneira
extraordinária os custos de produção, com
1977
resultados muitos negativos no que se refere à 750,000 13,800 Bull 1982
competitividade no mercado mundial, tanto 1.5 – 2.0 40,000 Sim 1983
no preço, como na qualidade do produto. milhões
1.5 milhões 28,000 Levine 1986
Existem diferentes classes de pesticidas
(Tabelas 1 e 2 no anexo). Entre eles, de uma
6
Na Região Tropical: ! Contaminação do ar (organofosforados).
⇒ Aplicou-se 15 % dos pesticidas em nível ! Contaminação do solo (organoclorados).
mundial! ! Contaminação da água (organoclorados e
⇒ Registrou-se 50 % das intoxicações por organofosforados).
pesticidas! ! Formação de resistências contra os
⇒ Registrou-se 75 % dos casos de morte por pesticidas.
pesticidas! ! Eliminação dos inimigos naturais
Algumas investigações têm mostrado que (produtos não seletivos).
50% das intoxicações e 75% dos casos de ! Redução da população de abelhas.
morte por pesticidas acontecem em países da ! Envenenamento de aves e peixes.
região tropical, apesar de que ali sejam ! Redução da biodiversidade, entre outros.
aplicados somente 15% dos pesticidas
utilizados a nível mundial. Até há muito pouco tempo atrás, muita gente
pensava que os países em vias de
A OMS tem classificado os praguicidas desenvolvimento não tinham os fundos
segundo a sua toxicidade aguda, para advertir necessários para manterem seus recursos
aos agricultores sobre o grau de naturais, ou melhor, seus sistemas ecológicos
periculosidade: intactos. A prioridade tem sido a produção de
alimentos para uma população cada dia
Categorias Toxicológicas OMS maior. Isto tem significado uma luta da
(Organização Mundial da Saúde) tecnologia contra a natureza.
8
pragas-chave reduzirão sua ação nociva, uma 4. As Causas do Surgimento das Pragas.
vez que se evita contar com somente uma
espécie de planta, o que provocaria um É necessário analisar quais são os fatores que
incremento maior de sua população. Isto diferenciam os ecossistemas naturais dos
dependerá do tipo de cultivo, as dimensões da ecossistemas artificiais (cultivos agrícolas,
área de cultivo, as características do plantações florestais, fazendas de gado), para
desenvolvimento da praga, as condições então tentar entender as causas do surgimento
ambientais, etc., de tal maneira que a das pragas. Alguns destes fatores serão
diminuição da colheita pela ação de uma mostrados a seguir:
praga-chave pode depender muito destes e
outros fatores. • Para suprir as suas necessidades
alimentícias, de vestuário e de moradia, o
A grande quantidade de problemas ser humano tem transformado áreas de
fitossanitários é combatida há muito tempo vegetação natural, de grande
com inseticidas químicos. Muito mais ainda complexidade estrutural, em áreas
na agricultura moderna, onde são tratados uniformes de cultivos que, em certos
como a única solução para referidos casos, podem chegar a centenas de
problemas, causando efeitos imediatos para hectares plantados com um só tipo de
reduzir expressivamente as populações de cultivo. Na monocultura se apresenta
insetos de maneira efetiva e no momento uma superabundância de alimento, muito
oportuno. Mas, como resultado, vem concentrado fisicamente - enquanto que,
provocando uma situação mais grave ainda. na natureza, o alimento é mais escasso e
Especialmente na região tropical, se está mais espalhado-; essa
apresentam grandes problemas de disponibilidade do recurso permite que
intoxicações de agricultores y operários, um organismo herbívoro ou inclusive
efeitos residuais nos produtos agrícolas, patogênico possa alcançar níveis
contaminações de solo, água e ar, pragas epidêmicos, de praga.
resistentes contra praticamente todos os
inseticidas disponíveis no mercado e como • Em conexão com a simplificação dos
conseqüência de tudo isto, a destruição dos ecossistemas naturais, tem-se eliminado a
sistemas ecológicos. vegetação silvestre que, segundo tem sido
documentado em alguns casos, serve
Nos sistemas agrícolas tradicionais, os como fonte de alimento ou refúgio aos
métodos de proteção vegetal são basicamente inimigos naturais (parasitas e predadores)
preventivos, influenciando de maneira das pragas, pelo que a densidade destes
negativa as condições ambientais para as diminui e, de maneira concomitante,
pragas e de maneira positiva para os insetos aumenta a densidade da praga.
benéficos. Os sistemas ecológicos, além • Certos cultivos exóticos, ao serem
disso, são associações entre plantas, animais, introduzidos em uma nova região, podem
microorganismos e os componentes abióticos. ser atacados por organismos que nunca
Cada ser vivente tem seu hábitat e sua haviam estado em contato com eles, e que
convivência com outros seres vivos. Esta se alimentam de plantas silvestres. Esta
relação tem se desenvolvido durante um mudança de preferência, acrescentada à
longo processo de adaptação e seleção. plantação extensiva do novo cultivo,
favorece a conversão em praga de um
As regiões dedicadas à agricultura devem ser organismo previamente inofensivo.
tratadas como sistemas ecológicos. Isto • Na natureza, e inclusive nas plantações,
significa que é preciso adaptá-las às há alguns organismos que atacam aos
condiciones locais e levar em conta as leis outros e são denominados inimigos
ecológicas, para o desenvolvimento naturais. Estes podem ser classificados
agropecuário. como predadores, parasitas ou
9
patogênicos, e mantêm certos insetos em • Apresentarem em sua molécula átomos
baixas densidades (chamados pragas de carbono, hidrogênio, cloro e
secundárias) que, se não existirem ocasionalmente oxigênio.
aqueles, alcançariam o status de praga • Conterem anéis cíclicos ou heterocíclicos
primária. Na verdade, quando usamos de carbono.
exageradamente os praguicidas para • Serem apolares e lipofílicos.
combater uma praga primária, essas • Terem pouca reatividade química.
substâncias dizimam ou eliminam os
inimigos naturais das pragas secundárias, Os compostos organoclorados são altamente
motivo pelo qual estas podem alcançar estáveis, característica que os torna valiosos
densidades anormais e se converterem em por sua ação residual contra insetos e por sua
pragas primárias. Assim, os praguicidas vez perigosa, devido ao seu prolongado
estarão, na verdade, fomentando a armazenamento na gordura dos mamíferos.
aparição de pragas. Dentro deste grupo de inseticidas encontram-
• O ingresso acidental de um organismo se compostos tão importantes como o DDT,
em uma nova região ou país e o súbito BHC, clordano e dieldrim.
incremento de suas densidades, criam um
problema de praga que antes era Estes compostos provocaram uma revolução
inexistente. Com relação aos insetos, a no combate aos insetos, por seu amplo
aparição destas pragas exóticas, que intervalo ou espectro de ação e seu baixo
muitas vezes não alcançam o status de custo; tem sido usado de maneira intensiva
praga no seu país de origem, se explica para controlar pragas agrícolas e tem
pelo ingresso dos inimigos naturais dessa importância médica. Possuem baixa
praga, que conseguem mantê-la a baixas toxicidade para mamíferos e outras espécies
densidades naquele país. de sangue quente e seus resíduos são de
• Certos gostos ou hábitos dos consumido- grande persistência no ambiente; além disso,
res, ou pautas fixadas para a exportação devido ao seu alto grau de lipo-solubilidade,
de produtos agrícolas, fazem com que se acumulam nos tecidos adiposos de muitos
não se aceitem no mercado produtos com organismos através do processo de bio-
pequenos danos que não impediriam seu magnificação na cadeia trófica.
consumo, ou com dano aparente, pura-
mente superficial. Ou seja, esses gostos, Por estes problemas mencionados, hoje em
hábitos ou pautas convertem um dano dia a comunidade internacional está tentando
aparente em um dano real, e ao organis- proibir sua produção, sua comercialização e
mo causador, de inofensivo em nocivo. seu uso através do Convênio de Estocolmo
sobre Contaminadores Orgânicos
5. Os inseticidas como uma solução Persistentes.
10
fósforo apresentavam toxicidade elevada organofosforados, inibindo a Acetil-
contra insetos prejudiciais. colinesterasa nas sinapses nervosas.
A maioria dos organofosforados atua como O problema em geral que apresentam estes
inseticida de contato, fumegantes e de ação inseticidas, é a sua alta toxicidade aguda,
estomacal, mas também se encontram portanto, são muito perigosos para o usuário
materiais sistêmicos, que quando aplicados direto, o agricultor.
no solo e nas plantas são absorvidos por
folhas, talos, cortiça e raízes, circulam na 5.4 Piretróides
seiva, tornando-a tóxica para os insetos que
se alimentam ao sugá-la. A partir dos anos 80, o grupo dos piretróides
tem recebido muita atenção devido a sua
Os primeiros compostos organofosforados baixa toxicidade para os mamíferos, quase
utilizados como inseticidas pertencem ao tipo nula acumulação no meio ambiente e grande
de ésteres sensíveis do ácido fosfórico, tais utilidade como alternativa no combate de
como o TEPP e outros, aos que se pragas agrícolas. Infelizmente, apesar de que
acrescentou depois o paration Tiofosfato, que somente haja sido autorizado um número
apesar de ser antigo, segue sendo de uso reduzido de piretróides, já foram registrados
comum em todo o mundo. casos de resistência no campo e no laborató-
rio. Este grupo de compostos tem sido sinteti-
Características básicas dos zado ao usar como base a estrutura química
Organofosforados das piretrinas naturais, com as quais se com-
partilha algumas características toxicológicas.
∗ São mais tóxicos para vertebrados que os
compostos organoclorados. O piretro é um inseticida de contato, obtido
∗ Não são persistentes no meio ambiente, das flores Chrysantemun cinerariaefolium
principal causa que motivou a (Compositae) que tem sido usado como
substituição do uso dos organoclorados inseticida desde o ano 400 a.C., na região que
pelos organofosforados. hoje em dia é o Irã. Era conhecido como pó
da Pérsia e se presume que foi empregado
5.3 Carbamatos para combater piolhos humanos. Atualmente,
se sabe que as variedades que crescem nos
Nos anos 60, apareceu um terceiro grupo de planaltos do Quênia produzem as proporções
inseticidas, conhecidos como carbamatos. Os mais altas de ingredientes ativos; comercial-
carbamatos apresentam uma persistência e mente, são cultivadas no Cáucaso, Irã, Japão,
toxicidade intermediária entre os Equador e Nova Guiné. O piretro deve sua
organoclorados e os organofosforados, têm importância a sua imediata ação (uns quantos
usos variados, principalmente como segundos) sobre insetos voadores, acrescido a
inseticidas, herbicidas e fungicidas. sua baixa toxicidade para animais de sangue
quente, devido ao seu rápido metabolismo de
O carbaril é o carbamato mais conhecido e produtos não tóxicos. Deste modo, a
utilizado no controle de larvas e outros diferença do DDT, o piretro não é persistente,
insetos que se alimentam da folhagem. O fato pois repele alguns insetos e seus resíduos são
de que estes derivados tenham sido de vida curta. Estas características evitaram a
desenvolvidos mais recentemente que os exposição prolongada dos insetos ao piretro,
organofosforados, faz com que seu o qual contribuiu ao escasso número de casos
comportamento, de uma maneira geral (ação, de resistência ao produto, apesar de ter sido
seletividade, metabolismo, etc.), não tenha empregado por muito tempo.
alcançado o desenvolvimento que se tem
obtido com os inseticidas organofosforados. O piretro é usado para combater pragas em
Os carbamatos atuam da mesma forma que os alimentos armazenados, contra insetos
11
caseiros e de cultivos industriais, dirigido a micamente aceitáveis, aproveitando, da me-
larvas já adultas de lepidópteros e de outros lhor forma possível, os fatores naturais que
insetos fitófagos de vida livre, sempre e limitam a propagação de referidos organis-
quando parte de seu ciclo biológico possa mos.” De acordo com esta definição, o obje-
estar exposto à ação do contato do tóxico. tivo do manejo integrado de pragas é mini-
mizar o uso de produtos químicos e dar pri-
O piretro é obtido a partir das flores secas de oridade a medidas biológicas, biotécnicas e
crisântemo; é extraído com querosene e de fito-melhoramento, assim como às técni-
dicloruro de etileno e se condensa por cas de cultivo. Se aplicássemos desta manei-
destilação ao vazio. ra, estaríamos na metade do caminho para um
manejo ecológico de pragas. Mas, apesar de
São vários os fatores ambientais que degra- que o meio ambiente e as medidas ecológi-
dam as piretrinas, entre eles, luz e calor. Sua cas já desempenhem um papel importante
baixa estabilidade impede que sejam efetivas nesta estratégia, a economia, sem dúvida, tem
contra pragas em condições de campo. prioridade.
12
ao valor monetário da perda de colheita que teremos que passar ao capítulo da proteção
essa medida evita. natural das plantações. O mais importante
neste capítulo é não esquecermos dos
O parâmetro de intervenção indica o grau de parâmetros de intervenção. Também na
infestação no qual se deve implementar uma agricultura orgânica, o agricultor tem que
medida de controle, para evitar que a trabalhar com um conceito econômico. Se ele
população de organismos nocivos supere o aplicar um produto biológico segundo um
parâmetro econômico. calendário, mas sem necessidade,
possivelmente não causará efeitos negativos
Para a tomada de decisões com fundamento ao meio ambiente ou ao ser humano, mas
econômico no manejo integrado de pragas é estará perdendo dinheiro. Uma agricultura
relevante o parâmetro de intervenção. Para orgânica sem rentabilidade não existirá
determinar com exatidão o parâmetro de durante muito tempo.
intervenção é necessário conhecer os
seguintes parâmetros: 7. Medidas para a proteção natural das
• A relação entre população de organismos plantações
nocivos e a perda de lucros, isto é, a
relação infestação - perda. Que medidas existem para proteger as
• Os lucros obtidos, se não intervêm na plantações orgânicas contra animais e
influência da população de organismos doenças que podem reduzir notavelmente a
nocivos, isto é, os lucros potenciais. rentabilidade da produção também na
• O preço do produto da colheita, produção orgânica?
expressando como preço desde a
exploração agrícola. Manejo Agro-ecológico de Pragas (MAP)
• Os custos de uma medida de controle. Controles culturais
• A eficácia de uma medida de controle. • Controle manual de insetos.
• Eliminação de plantas ou frutas doentes.
Disto se deduz que o parâmetro de • Descanso da terra.
intervenção é um fator variável e na prática é • Variedades resistentes.
difícil determiná-lo com exatidão. Além • Rotação e associação de cultivos.
• Manejo da densidade e das datas de
disso, é necessário um sistema permanente de
semeadura.
vigilância do cultivo.
• Manejo do risco para combate de ervas
daninhas.
Os instrumentos do manejo integrado de • Cercas-vivas para criar refúgios para os
pragas inimigos naturais.
• Armadilhas.
Os instrumentos mais importantes do manejo • Caldos minerais.
integrado de pragas podem ser classificados
em quatro grupos principais: Controle biológico
• As técnicas de cultivo e medidas de fito- • Conservação ou fomento dos inimigos naturais
melhoramento. das pragas.
• As medidas de controle mecânicas e • Aumento de organismos benéficos.
físicas. • Introdução de inimigos naturais contra pragas
• As medidas biológicas e biotécnicas de exóticas.
proteção vegetal.
• As medidas químicas Controle com plantas inseticidas
• Uso de pós, extratos, óleos de plantas com
propriedades inseticidas, reguladores de
É óbvio que os três primeiros pontos também crescimento, repelentes ou que alterem o
são a base para o manejo ecológico de pragas. comportamento das pragas.
Por tanto, para explicar as diferentes medidas, Fonte: Bejarano G., F. (2002)
13
Alguns destes métodos serão descritos mais 7.1 Cultivos mistos e diversificação
detalhadamente.
15
7.4 Preparação do solo 7.6 Armadilhas
16
através de armadilhas e a interrupção do da assim, este tipo de processo pode acelerar-
acasalamento ou confusão dos machos. se por inoculação, dado que os patogênicos
em geral podem aplicar-se em forma de
Há ainda alguns problemas que são obstá- produtos fabricados de acordo com uma fór-
culos para o desenvolvimento mais acelerado mula. Já existem vários produtos comerciais
deste método e isto tem a ver com uma in- deste tipo no mercado internacional.
completa identificação dos componentes quí-
micos dos feromônios, falta de bons disper-
sores, alto custo de produção e um incom-
pleto conhecimento da biologia das pragas.
Devido à crescente demanda por um uso
adequado dos agroquímicos sintéticos, pode-
se esperar que em um futuro próximo seja
incrementada a investigação e o uso prático
dos feromônios sexuais como um componen-
te importante do manejo das pragas agrícolas.
Broto de café infestado por
7.7 Organismos benéficos Beauveria bassiana
17
Os parasitóides são insetos cujo por épocas, de plantas e podem ser destruídos
desenvolvimento acontece no corpo de um por venenos de contato ou por ingestão, ou
inseto hóspede, causando a morte deste. Em ainda por inseticidas sistemáticos.
geral, os parasitóides atacam a uma
determinada espécie, e sua densidade de
população depende diretamente da população
da espécie hóspede. Ainda assim, o
desenvolvimento dos parasitóides acontece
com atraso em relação ao do hospedeiro, de
modo que um rápido aumento da densidade
da população de organismos nocivos produz
danos nos cultivos, antes de que os
parasitóides possa, inibir a sua ação.
Coccinella septempunctata (larva)
O controle biológico pode ser realizado im-
portando, adaptando e criando grandes quan- Os predadores mais importantes são:
tidades de parasitóides de outras regiões e • Percevejos e ácaros predadores.
liberando-os na zona, ou ainda fomentando a • As joaninhas ou cascudinhos
tiempo a densidade das populações de para- (coleópteros coccinélidos).
sitóides existentes. Ambos métodos requerem • Os escaravelhos, aranhas e
uma considerável capacidade para a comser- Chrysopidae.
vação e para a criação massiva de insetos.
Fitófagos
Os fitófagos são organismos que devoram
partes das plantas, causando sérios trastornos
em seu desenvolvimento. Hoje se utilizam,
para o controle dos malefícios, sobretudo in-
setos e, em meios aquáticos, peixes fitófagos.
18
1. Determinar a importância econômica do seguintes organismos de maneira regular no
organismo daninho. controle de pragas, entre outros:
2. Identificar corretamente o organismo • Beauveria bassiana contra a broca do
daninho e comprovar se é importado ou café y Diaprepes sp. em cítricos.
autóctono. • Verticillum lecanii contra a mosca
3. Coletar informações sobre o organismo branca.
daninho que se deseja controlar.
4. Identificar os inimigos naturais e De uma maneira geral, as condições e os
determinar sua eficiência. cultivos de ciclo curto não permitem uma
5. Analisar as condições para o instalação permanente do organismo bené-
estabelecimento de um organismo fico, para o que seriam necessárias aplicações
benéfico. periódicas quando aparecem as pragas.
6. Identificar os fatores que influenciam
sobre a densidade das populações. 7.8 Extratos de plantas
7. Calcular a relación custo-beneficio das
medidas de controle biológico planejadas. A natureza tem criado durante séculos várias
substâncias ativas que, quando corretamente
A forma mais conhecida de controle aplicadas, podem controlar insetos pragas de
biológico de uma praga é importar de seu país maneira eficiente. A substituição dos
de origem os inimigos naturais de referido inseticidas sintéticos por substâncias vegetais
organismo e estabelecê-los no lugar. Este representa uma alternativa viável, mas não
método tem sido vitorioso a longo prazo, significa que estes extratos de plantas possam
somente se o organismo se adapta ao seu reestabelecer por si mesmos o equilíbrio
novo meio, se ele se multiplica e se expande. ecológico que reclamamos para um sistema
A hipótese neste caso é que, um inseto agro-ecológico estável. O controle direto com
introduzido pode facilmente converter-se em este método não deixa de ser uma medida de
uma praga, pela falta dos inimigos naturais, emergência e deve ser utilizado com muita
os quais em seu país de origem o mantêm em precaução. Além disso, como não são
um nível economicamente aceitável. sistemáticos, é preciso que sejam aplicados
com muita precisão no verso das folhas, onde
Se não é possível a instalação definitiva de habita a maioria dos insetos pragas.
um inimigo natural, ou se a sua densidade
não é suficiente para um controle eficiente, é As vantagens das substâncias botânicas são
preciso realizar uma liberação periódica. óbvias: a maioria é de baixo custo; estão ao
alcance do agricultor; algumas são muito tó-
No caso do Bacillus thuringiensis, uma xicas, mas não têm efeito residual prolongado
bactéria que libera esporas, e da qual existem e se descompõem rapidamente; em sua maio-
muitas subespécies que controlam larvas de ria não são venenosas para os mamíferos. Os
lepidópteros, dípteros e coleópteros, a compostos químicos encontrados em certas
eficácia se baseia nos cristais tóxicos que ele plantas têm reações de diferente índole frente
forma durante a fase de esporulação e que aos organismos que se desejamos eliminar.
estão dentro das esporas. Con esta bactéria já Assim, tem sido detectadas substâncias inibi-
é possível obter vários produtos comerciais doras do crescimiento e fito-hormônios. Estes
no mercado, que se aplicam como qualquer podem dar-nos uma idéia sobre as possíveis
outro produto: por aspersão sobre as folhas reações entre planta e planta. As reações de
do cultivo quando a densidade da praga planta a fungo parecem ser baseadas na pre-
requeira um controle. sença de uma substância "anti-fungo", cujo
mecanismo de defesa é induzir ao endureci-
Além dos produtos à base de Bacillus mento das paredes celulares. As reações
thuringiensis, já estão sendo utilizados os planta-inseto são as que melhor tem sido
estudadas.
19
Na literatura, aparecem descritos aproxima- Os Nimbines e Salannines causam efeitos re-
damente 866 diferentes tipos de plantas que pelentes e anti-alimentares no caso de vários
funcionam como inseticidas, 150 que insetos das ordens Coleóptera, Homóptera,
controlam nematódeos e muitas outras que Heteróptera e Orthóptera. Também existem
ajudam a combater ácaros, lesma e ratos. Na referências de controle em Nematóides. A
tabela 8 no anexo pode-se ver uma pequena Azadirachtina e seus derivados causam, ge-
parte destas plantas. Daqui em diante, se ralmente, uma inibição do crescimento e alte-
apresentará uma relação das plantas mais ram a metamorfose. Estas substâncias provo-
conhecidas e más usadas em nível mundial. can uma desordem hormonal em diferentes
Mesmo sendo produtos naturais, é preciso etapas no desenvolvimento do processo de
que sejam utilizados com a mesma precaução crescimento do inseto, influenciando os
que os praguicidas químicos e somente hormônios da mudança e da juventude.
deveriam ser utilizados se as demais medidas Assim, os insetos não são capazes de se de-
não são suficientes para manter a população senvolverem de uma maneira normal e se
de um inseto ou uma doença a um nível onde produzen deformações na pele, nas asas, pa-
não possam causar prejuízos econômicos. tas e outras partes do corpo. Por seu modo de
ação, é basicamente um veneno por digestão.
O Nim (Azadirachta indica A. Juss), Fam.
Meleaceae • Controla: larvas de lepidópteros,
coleópteros, himenópteros, dípteros,
adultos de coleópteros, homópteros e
heterópteros pequenos, etc.
• Preparação: 30 gramas de sementes
moídas, 20 gramas de massa moída ou 80
gramas de folhas moídas para 1 litro de
água. Esperar entre 5 e 8 horas, misturan-
do bem o líquido; coar para a aplicação.
O Nim pertence à família Meliaceae e tem • Aplicação: se aplica com uma bomba-
sua origem na Índia e Birmânia. Atualmente, mochila, cedo pela mañana ou à tardinha,
tem sido introduzido como árvore de cobrindo bem toda a superficie da planta,
reflorestamento em muitos países da América especialmente no avesso das folhas. É
Latina, Ásia e África, em regiones secas e preciso fazer pelo menos 3 aplicações (6
quentes, devido a sua pouca exigência por a 8 dias entre cada aplicación) segundo a
água e solo. Todas as suas partes contêm incidência das pragas.
substâncias ativas, que desde muitos séculos Atenção: não afeta aos animais de sangue
tem sido utilizadas na Índia na proteção quente, nem aos seres humanos, não se
vegetal, mas também na medicina veterinária acumula no meio ambiente e tem muito
e humana. Tem sido separados 25 diferentes pouco efeito contra organismos benéficos.
ingredientes ativos, dos quais pelo menos 9
afetam o crescimiento e o comportamento dos
insetos. Os ingredientes típicos do Nim são
Triterpenóides (Limonóides), dos cuales os
derivados da Azadirachtina, Nimbin e
Salannin são os mais importantes, com
efeitos específicos nas diferentes fases de
crescimento dos insetos. Pela grande
quantidade de substâncias ativas e o tipo de
ação sobre os insetos, é praticamente
impossível que as pragas possam desenvolver
resistência contra os seus compostos.
Preparação do extrato aquoso de Nim.
20
desenvolvimento da planta e evita o
Os produtos de Nim podem ser utilizados em ataque de pragas.
hortaliças, árvores frutíferas e em plantas • Um litro de óleo manipulado contém
ornamentais. aprox. 0.5% (550 ppm) de Azadirachtina.
A dose recomendada é de 5-10 ml por
Para extensões grandes de terreno já existe o litro de água.
óleo formulado e o extrato alcoólico de Nim. • Atenção: não afeta aos animais de sangue
Das sementes descascadas com uma prensa, quente, nem aos seres humanos, não se
se extrai o óleo crú e se manipula com acumula no meio ambiente e tem muito
substâncias que ajudam a diluir o óleo em pouco efeito contra organismos
água. benéficos. Não há necessidade de usar
roupa de proteção, mas se recomenda
proteger os olhos durante a aplicação.
21
Tabela 6:
Ingredientes ativos das sementes de Azadirachta indica A. Juss e seus
principais efeitos contra as pragas de cultivos (segundo Gruber, A. 19991, adaptado).
22
Tabela 7: Dosificação do Inseticida Nim segundo pragas e cultivos.
Dose
Produtos à base de Nim
Cultivos Pragas Sementes Moídas de Óleo Manipulado de Massa de Nim
Nim Nim
Melão Vermes do melão (Diaphania 875 g P.C./tarefa 175 cc P. C./ tarefa 525 g P. C./tarefa
hyalinata, Diaphania nitidalis)
Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,750 g P. C./tarefa 350 cc P.C./ tarefa 1,050 g P.C./tarefa
Pimenta Pulgões: Myzus persicae, Macrusiphum 1,312 g P.C./tarefa 312 cc P.C./ tarefa 788 g P.C./tarefa
euphorbiae.
Lepidópteros: Spodoptera spp., 656 g P.C./tarefa 156 cc P.C./ tarefa 394 g P.C./tarefa
Heliothis sp.
Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,312 g P.C./tarefa 312 cc P.C./ tarefa 788 g P.C./tarefa
Tomate Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,295 g P.C./tarefa 350 cc P.C./ tarefa 1,050 g P.C./tarefa
Mosca minadeira (Liriomyza trifolli) 875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa
Pulgões: Myzus persicae, Macrosiphum 1,295 g P.C./tarefa 350 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefa
euphorbiae.
Vermes de alfinete (Keiferia 875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa
lycopersicella)
Cupim da batata (Gnorimoschema 875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa
opecullella)
Vermes dos frutos (Heliothis zea, H. 875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa
virescens, Spodoptera spp.)
Repolho Cupim da couve (Plutella xylostella) 1,050 g P.C./tarefa 210 cc P.C./tarefa 630 g P.C./tarefa
Falso medidor da couve (Trichoplusia 1,050 g P.C./tarefa 210 cc P.C./tarefa 630 g P.C./tarefa
ni)
Pulgões: Lipaphis erysimi, Brevicorne 2,100 g P.C./tarefa 420 cc P.C./tarefa 1,260 g P.C./tarefa
brassicae.
Beterraba Minadores: Liriomyza sp., Spodoptera 750 g P.C./tarefa 156 cc P.C./tarefa 450 g P.C./tarefa
exigua
Pulgões 1,500 g P.C./tarefa 312 cc P.C./tarefa 900 g P.C./tarefa
Quiabo Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,750 g P. C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefa
Verme dos frutos (Heliothis zea, H. 875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa
virescens, Spodoptera spp.
Pulgões: Aphis gossypii, Myzus 1,750 g P. C./tarefa 350 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefa
persicae
Abóbora Verme do melão e pepino (Diaphania 1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa
hyalinata, D. Nitidalis)
Mosca branca (Bemisia tabaci) 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefa
Pulgões 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefa
Alface Mosca minadora (Liriomyza spp.) 750 g P.C./tarefa 156 cc P.C./tarefa 450 g P.C./tarefa
Pulgões: Myzuz persicae, Macrosphum 1,500 g P.C./tarefa 312 cc P.C./tarefa 900 g P.C./tarefa
euphorbiae
Berinjela Moscas minadoras: Liriomyza trifolli 1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa
Vermes de alfinete (Keiferia 1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa
lycopersicella)
Mosca branca (Bemisia tabaci) 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefa
Berinjela Cupim da batata (Gnorimoschema 1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa
opecullella)
Vermes com chifres (Manduca spp.) 1.312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa
Melancia Vermes do melão e do pepino 1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa
(Diaphania hyalinata, D. nitidalis)
Mosca branca (Bemisia tabaci) 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefa
Pulgões 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefa
Pepino Verme do melão e do pepino 875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa
(Diaphania hyalinata, D. nitidalis)
Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,750 g P. C./tarefa 350 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefa
Pulgões 1,750 g P. C./tarefa 350 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefa
Legenda:
P. C. = Produto concentrado
1 tarefa : 628.93 m2
-A quantidade de água a utilizar não excederá a dose mínima do produto por litro de água.
23
• Atenção: o extrato é tóxico para animais
7.8.1 A Violeta (Melia azedarach), Fam. de sangue quente e seres humanos.
Meliaceae
A Violeta pertence à mesma família do Nim e 7.8.2 O Alho (Allium sativum), Fam.
contém como substâncias ativas também Liliaceae
derivados dos triterpenóides, mas são um
pouco diferentes. A substância mais O alho geralmente é cultivado para a
conhecida é o meliantriol. alimentação humana, mas também pode ser
usado na proteção vegetal como inseticida,
fungicida e antibacteriano. Tanto os bulbos
como as folhas, contêm substâncias ativas
que podem ser extraídas com água, ou o óleo,
com uma prensa, e serem aplicadas nos
cultivos.
24
A pimenta picante é cultivada para utilizá-la • Aplicação: depois de coar o extrato, deve
como condimento na comida humana, mas é ser aplicado no mesmo dia.
também muito conhecida por seu alto • Atenção: o produto pode ser irritante para
conteúdo de alcalóides nas frutas maduras. a pele.
Estas substâncias têm efeito como inseticida,
repelente e anti-viral. 7.8.5 O Guanabano (Annona
• Controla: larvas de lepidópteros, pulgões muricata), o Mamão (Annona
e vírus. reticulata), Fam. Anonaceae
• Preparação: 100g das frutas maduras,
secas e moídas misturam-se com 1 litro
de água. Uma parte deste concentrado
pode ser diluído com 5 partes de uma
solução água-sabão.
• Aplicação: a solução preparada pode ser
aplicada a cada 6 ou 8 dias, diretamente
no cultivo.
• Atenção: Concentrações demasiadamente
altas podem causar fito-toxicidade. É
preciso manipular o preparado e a
solução com muito cuidado, porque causa
irritação na pele e nos olhos.
As frutas não maduras, as sementes, folhas e
7.8.4 O Papaia (Carica papaya), as raízes das árvores desta família, contêm
Fam. Caricaceae uma grande quantidade de substâncias muito
eficientes no controle de pragas. Funcionam
como veneno de contato e de ingestão, mas o
processo é lento. Aproximadamente 2 até 3
días depois da aplicación é que aparecen os
primeiros efeitos.
25
nervoso dos insetos através da respiração,
ingestão e contato. Funciona como inseticida, A substância se decompõem rapidamente
fungicida, repelente e acaricida. depois da aplicação, especialmente pelos
raios do sol e pelo calor.
• Controla: adultos e larvas de lepidópteros
e coleópteros, entre outros. • Controla: larvas de lepidópteros, pulgões,
• Preparação: 12 onças de fumo cozidas grilos, mosquitos, etc.
durante 20 minutos, em um galão de água • Preparação e aplicação: de uma maneira
para 60 litros de inseticida. geral, há produtos manipulados no
• Aplicação: até 3 aspersões a cada 8 dias. mercado que indicam a dosagem e a
• Atenção: sumariamente tóxico para preparação.
animais de sangue quente e seres • Atenção: somente aplicar em horas da
humanos! tarde.
26
8. Reflexões finais complementar de otimização do controle
natural, sendo uma condição indispensável
São muitas as considerações que podemos para sua viabilização prática, a de um
realizar a partir da problemática do manejo de trabalho prévio de estabilização do
pragas, especialmente quando se enfoca o uso ecossistema.
indiscriminado de praguicidas; mas também
são muitas as reflexões quando se trata de O controle biológico deve ser uma tecnologia
decidir cual é o caminho correto para que um de médio e longo prazo, conseqüência do
sistema alternativo ao convencional possa ser trabalho de recuperação e estabilização dos
implementado. ecossistemas através de estratégias de
proteçaõ e recuperação da fertilidade dos
O Manejo Ecológico de Pragas é a solos, manejo do recurso hídrico,
consequência de um enfoque agroecológico agroflorestas, conservação da biodiversidade,
que provém da agricultura orgânica, desenvolvimento socio-econômico, etc.
biológica, ecológica, biodinâmica, natural, Todos estes aspectos deverão tomar parte nas
sustentável; coincidentes na visão holística do estratégias a serem adotadas para la aplicação
meio do ecossistema e onde a intervenção do dos princípios do MEP.
homem tem gerado os agroecossistemas.
Além disso, é preciso levar em conta as As possibilidades do MEP podem ser muitas
habilidades desenvolvidas historicamente, se forem potencializadas e combinados
produto de êxitos e fracassos acumulados no adequadamente o conjunto de técnicas e
esforço por controlar as populações de pragas práticas possíveis de implementar em um
que atacam as plantações. Tudo isto tem agro-ecosistema. Mais ainda, se pretendemos
constituído um valioso potencial cultural e regulamentar a dinâmica populacional dos
tecnológico, insuficientemente estudado e insetos e outros organismos potencialmente
valorizado. nocivos.
27
Anexos
28
Literatura consultada
29
Tabela 1. : Potencial de toxicidade de pesticidas usados freqüentemente.
Nome Genérico Dose letal Tempo de Canceríge- Provoca Provoca Tóxico para Tóxico para Tóxico
oral DL 50 Carência no Mutações Alergias as Abelhas os peixes para
mg/kg insetos
(Rato) benéfic
os *
Inseticidas, Acaricidas
1. Organo Clorados
Aldrin 38 DD 42 * * * * *
Clordano 460 DD * * *
DDT 113 DD 42 * *
Dieldrin 46 DD 42 * * * * *
Endosulfan (Thiodan) 80 60 * 4
Heptacloro 100 DD * *
Lindano (y-HCH) 88 DD 49 * * * 3-4
2. Organo Fosforados
Demeton-S-Methyl 40 28 * * * 3-4
Diazinon (Basudin) 300 60 * * 3-4
Dimethoat Perfekthion 150 60 * * 3-4
Malathion 2100 21 * *
Parathion (E 605) 13 DD 56 * * *
3.Carbamatos
Aldicarb (Temik) 0.93 DD * * * 3-4
Carbaryl (Sevin) 300 35 * * * * 3-4
Carbofuran (Furadan) 8 70 * * *
Methomyl (Lanate) 17 14 * * 4
Pirimicarb (Pirimor) 147 28 * 3-4
Propoxur (Baygon) 95 14 * * * 4
4. Outros Inseticidas
Dibromochlor-propan 170 DD * *
(DBCP)
Dicofol(Kelthane) 690 35 * * 3
Pentachlorphenol (PCP) 80 DD * *
Permethrin (Ambusch) 4000 56 * * * 4
Deltamethrin (Decis) 2200 56 * * * 4
Fungicidas
Benomyl 10000 56 * * * *
Captafol 5000 35 * * * 1
Captan 9000 28 * * * * 1
Folpet 1000 28 * * * 1
Mancozeb (Dithane) 7000 56 *
Herbicidas
Alachlor (Lasso) 1200 90 * *
Atrazin (Gesaprim) 2000 90 * 1
2. 4-D (U46-D) 375 28 *
Dinoseb-Acetat (Aretit) 60 28 * *
Deiquat (Renglone) 231 14 * 1-2
Glyphosat (Roundup) 4320 42 * * 1-2
Linuron (Afalon) 4000 *
MCPA (Hedonal M) 700 28
Paraquat (Gramoxone) 150 14 * *
Explicações:
* 1 = não tóxico, 2 = ligeiramente tóxico, 3 = medianamente tóxico, 4 = muito tóxico para benéficos.
Tabela 2: Toxicidade de alguns inseticidas caseiros comuns
(Ware 1994; Farm Chemicals Handbook 1996, Weinzierl and Henn. 1994)
Ingrediente Ativo Dermal LD50 Dermal dosificac. Oral LD50 Oral dos. para
Nome Comercial (mg/kg) para matar pes. de (mg/kg) matar pes. de
150 lbs. (lbs) 150 lbs. (lbs)
Acephate (Orthene) 2,000 0.300 866 0.130
Organofosfato
Azadirachtina (neem) 0.000 0.000 5,000 0.750
Botânico
Bacillus Thuringiensis 0.000 0.000 0.000 0.000
Biológico
Beauveria Bassiana 0.000 0.000 0.000 0.000
Biológico
Carbaryl (Sevin) 4,000 0.600 850 0.128
Carbamato
Chlordano 580 0.087 283 0.042
Organoclorado
Chlorpyrifos/Dursban 2,000 0.300 135 0.020
Organofosfato
Cypermethrin 2,000 0.300 247 0.037
Piretroide
d-Limonene 0.000 0.000 0.000 0.000
Botânico
DDT/Organoclorado 1,931 0.290 87 0.013
Diazinon/Organofosfato 379 0.037 88 0.010
Dicofol (Kelthane) 4,000 0.600 575 0.086
Organoclorado
Endosulfan (Thiodan) 74 0.011 18 0.003
Organoclorado
Lindano 500 0.075 76 0.011
Organoclorado
Malathion 4,100 0.615 1,842 0.276
Organofosfato
Nicotina/Botânico 50 0.008 55 0.008
Nosema locustae 0.000 0.000 0.000 0.000
Botânico
Permetrina (Ambush) 2,000 0.300 2,200 0.330
Piretroide
Piperonyl Butoxid 7,500 1.125 7,500 1.125
Synergist
Propoxur (Baygon) 1,000 0.150 95 0.014
Carbamato
Pyrethrum/Botanical 1,800 0.270 1,350 0.203
Rotenona/Botânico 1,000 0.150 60 0.009
Sabadilla/Botânico 0.000 0.000 4,000 0.600
Sal de mesa 0.000 0.000 3,000 0.450
Sabão/inseticida 0.000 0.000 16,500 2.475
Nota: Alguns produtos têm uma ampla abrangência do DL50, dependendo da formulação.
31
Tabela 5: Resíduos de pesticidas em hortaliças na República Dominicana
32
Tabela 8: Plantas com Substâncias Ativas para o Controle de Pragas e Doenças
Espécie Nome Comum Localização Partes tóxicas Principai
ingredientes
Aesculus californica California buckeye Califórnia Nétar, sementes Coumarins
Amianthium Crow poison Estados Unidos Bulbo, folha Alcaloides
muscaetoxicum
Amorpha fruticosa Indigobush Sul dos Estados Fruta Rotenoides
Unidos
Anabasis aphylla Rússia, Ásia Folha Anabasine
Anamirta cocculus Fishberry Índia, E.U.A. Fruta Picrotoxin
Azadirachta indica Nim, Neem Índia, Birmânia Sementes Triterpenoides
A. Juss
Canna generalis Canna lily Estados Unidos Folhas
Celastrus angulata Bittersweet China Folha, raiz Alcaloide
Cimifuga foetida Fetid bugbane Índia Raiz Alcaloide
Croton tiglium Croton China, Índia Semente Resina de Croton
Delphinium Field larkspur E.U.A. , Inglaterra Semente Alcaloide
consolida
Delphinium Stavesacre, Europa, E.U.A. Semente Alcaloide
staphisagria lousewort
Dryopteris Male fern Estados Unidos Rizoma Filicin
(Aspidium) filix-mas
Duboisia hopwoodii Pituri Austrália Folha Nornicotina
Heliopsis scabra Oxeye México Raiz Scabrin
Heliotropium Heliotrope América do Sul Heliotropina
peruvianum
Melanthium Bunchflower Leste dos E.U.A. Bulbo, folha
virginicum
Melia azaderach Violeta, Chinaberry Ásia Tropical, Folha, fruto Alcaloide
Austrália
Milletia pachycarpa Fishpoison cliber, China Raiz Rotenoide
Hung-yao
Mundulea sericea Aligator plant África, Índia Rotenoide
Nerium oleander Oleander, rose laurel Argélia Folha Oleandrin
Nicandra physalodes Peruvian Índia Folha Nicandrenone
groundcherry
Phellodendron Amur River corktree China, Japão Fruta Aporfina y
amurense alcaloides
protoberberines
Physalis mollis Smooth Estados Unidos Folha Glycosides
groundcherry
Rhododendron Nao-yang-wha China Flor Andromedatoxin
hunnewellianum
Rhododendron molle Sheep-poison, China Flor Andromedatoxin
yellow azalea
Solanum tuberosum Batata América do Sul Tubérculo Alcaloide (Solanum)
Sophora flavescens Sophora China, Japão Raiz Alcaloide
(Sparteine)
Sophora pachycarpa Sophora China, Japão Raiz, Folha Alcaloide
(Sparteine)
Stemona tuberosa Paipu China Raiz Alcaloide
33