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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

INSETICIDAS

Prof. José Vargas de Oliveira

Recife, PE
Outubro de 2009.
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INTRODUÇÃO
Os inseticidas são produtos químicos largamente utilizados no controle de pragas, quer de
forma isolada ou em programas de manejo integrado. Na escolha de um inseticida deve-se levar em
consideração não apenas a sua eficácia, bem como outros aspectos relevantes, como a seletividade
aos inimigos naturais de pragas, toxicidade ao homem e animais, persistência no meio ambiente e
custo do produto.
O Brasil é o terceiro consumidor mundial de agrotóxicos, os quais são utilizados no controle
de pragas de importância agrícola e de interesse Médico-Veterinário. A produção, comercialização,
exportação, importação, pesquisa, experimentação, embalagem, rotulagem, registro, destinação final
das embalagens, resíduos em alimentos, etc., são disciplinados pela Lei no 7802 de ll/7/89,
regulamentada pelo Decreto no 4.074 de 4/01/2002.
Para efeitos desta lei, consideram-se:
Aditivo – substância ou produto adicionado a agrotóxicos, componentes e afins, para melhorar sua
ação, função, durabilidade, estabilidade e detecção ou para facilitar o processo de produção.
Adjuvante – produto utilizado em mistura com produtos formulados para melhorar a sua aplicação.
Agente biológico de controle – organismo vivo de ocorrência natural, ou obtido por manipulação
genética, introduzido no ambiente para o controle de uma população ou de atividades biológicas de
outro organismo vivo considerado nocivo.
Agrotóxicos e afins - produtos ou agentes de processos físicos, químicos ou biológicos destinados
ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes
urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim
de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e
produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.
Componentes – princípios ativos, produtos técnicos, suas matérias-primas, ingredientes inertes e
aditivos usados na fabricação dos agrotóxicos e afins.
Ingrediente inerte ou outro ingrediente – substância ou produto não ativo em relação à eficácia
dos agrotóxicos e afins, usado apenas como veículo, diluente ou para conferir características
próprias às formulações.
Matéria-prima – substância, produto ou organismo utilizado na obtenção de um ingrediente ativo,
ou de um produto que o contenha, por processos químico, físico ou biológico.
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Princípio ativo ou ingrediente ativo – agente químico, físico ou biológico que confere eficácia aos
agrotóxicos e afins.
Produto formulado – agrotóxico ou afim obtido a partir do produto técnico ou de pré-mistura, por
intermédio de processo físico, ou diretamente de matérias-primas por meio de processos físicos,
químicos ou biológicos.
Produto formulado equivalente – produto que, se comparado com outro produto formulado já
registrado, possui a mesma indicação de uso, produtos técnicos equivalentes entre si, a mesma
composição qualitativa e cuja variação quantitativa de seus componentes não o leve a expressar
diferença no perfil toxicológico e ecotoxicológico frente ao do produto em referência.
Produto técnico – produto obtido diretamente de matérias-prima por processo químico, físico ou
biológico, destinado à obtenção de produtos formulados ou de pré-misturas e cuja composição
contenha teor definido de ingrediente ativo e impurezas, podendo conter estabilizantes e produtos
relacionados, tais como isômeros.
Produto técnico equivalente – produto que tem o mesmo ingrediente ativo de outro produto
técnico já registrado, cujo teor, bem como o conteúdo de impurezas presentes, não variem a ponto
de alterar seu perfil toxicológico e ecotoxicológico.

CLASSIFICAÇÃO DOS INSETICIDAS


Existem diversas maneiras de classificar os inseticidas, porém, neste trabalho fez-se a opção
de classificá-los segundo o critério da origem e natureza química.
Inorgânicos
Produtos à base de arsênico, fluor, tálio, enxofre e dióxido de sílica, este obtido de fósseis de
algas diatomáceas. Entre os produtos ainda em uso, cita-se o enxofre, como fungicida e acaricida, o
ácido bórico utilizado em iscas para o controle de baratas e o dióxido de sílica no controle de pragas
primárias e secundárias de grãos armazenados. As minúsculas partículas deste produto absorvem a
camada protetora de cera que recobre o corpo dos insetos, provocando perda de água e conseqüente
desidratação e morte entre dois e 14 dias após a exposição. Insecto e Keepdry são duas formulações
encontradas no mercado.

Derivados de plantas ou inseticidas botânicos


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São mencionadas as piretrinas, rotenona, nicotina, o nim (Azadirachta indica), que contém a
azadiractina, principal substância bioativa, etc. Esses produtos são aplicados como extratos aquosos,
alcóolicos, metanólicos, etanólicos, óleos (fixos e essenciais), pós e em mistura com água, em
formulações comerciai (óleos emulsionáveis). São utilizados no controle de várias pragas, como
lagartas, moscas brancas, afídeos, cochonilhas, gafanhotos, ácaros, pragas de grãos armazenados,
etc. Atuam por contato, ingestão e fumigação, provocando mortalidade, repelência, deterrência
alimentar, redução no crescimento, efeitos morfogenéticos e redução na fertilidade e fecundidade.
No comércio já existem formulações de nim (Neenseto, Natuneen, etc), sendo utilizadas no controle
de pragas em cultivos orgânicos e de produtores familiares.
Biológicos ou Bioinseticidas
São produtos contendo organismos vivos, derivados desses organismos, ou obtidos através
de manipulação genética.
Bactérias - Bacillus thuringiensis var. kurstaki (Btk), conhecido comercialmente como Dipel. e B.
thuringiensis aizawai (Bta), que se encontra no comércio com o nome de Xentari, sendo
recomendados para o controle de lagartas. A bactéria atua por ingestão, e no trato digestivo da
lagarta, que tem pH alcalino, ocorre a dissolução do cristal tóxico (delta endotoxina), etapa
obrigatória para que a toxina possa expressar a sua ação. A lagarta para de se alimentar e,
posteriormente, apresenta paralisia intestinal. A morte pode ocorrer por toxemia ou septicemia. A
bactéria, de modo geral, apresenta seletividade para predadores e parasitóides, e baixa toxicidade
para vertebrados. Outra bactéria, Bacillus sphaericus, é utilizada no controle de mosquitos (Culex
quinquefasciatus).
Abamectina - inseticida, acaricida e antihelmíntico, isolado de produtos de fermentação da bactéria
Streptomyces avermetilis. Inibe o sistema neurotransmissor GABA (ácido gama aminobutírico) nas
junções neuromusculares de insetos e ácaros. Doses entre 1 a 30 mg/kg podem provocar efeitos
neurotóxicos severos em mamíferos e pássaros. Exposição crônica com a dose de 2 mg/kg/dia causa
sério efeito no SNC, provocando ataxia e tremores. Apresenta seletividade para ácaros predadores,
parasitóides e fungos entomopatogênicos.
Spinosynas (Spinosad) - São um grupo de moléculas derivadas naturalmente de uma nova espécie
de Actionomicetos, Saccharopolyspora spinosa, que é caracterizada como uma bactéria. Spinosad é
composto pelos dois fatores naturais mais ativos no controle de insetos (fatores A e D). O A é o
componente majoritário, no entanto, ambos são bastante similares em relação às suas estruturas e
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propriedades. É um produto muito eficaz no controle de várias pragas das ordens Coleoptera,
Diptera, Hymenoptera, Isoptera, Lepidoptera, Siphonaptera e Thysanoptera em diferentes culturas,
atuando por contato e ingestão. Provoca excitação do sistema nervoso dos insetos, levando à
contrações involuntárias dos músculos, prostação com tremores e, finalmente, paralisia. Ativam os
receptores nicotínicos da acetilcolina e também afetam o complexo de receptores de GABA, o que
pode contribuir para a sua ação inseticida. É seletivo para mamíferos e outros organismos não alvos.
Um dos produtos comerciais mais conhecidos é o Tracer.
Fungos - Metarhizium anisopliae, utilizado no controle de cigarrinhas da cana-de-açúcar e de
pastagens, pragas de grãos armazenados, cupins, etc; Beauveria bassiana, controla a broca-gigante
da cana-de-açúcar, cupins, moleque da bananeira, ácaro rajado etc. Atuam nos insetos via
tegumento, ou seja, por contato.
Virus - Baculovirus anticarsia; B. erinyis; B. spodoptera utilizados, respectivamente, no controle da
lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), mandarová da mandioca (Erinyis ello) e lagarta do cartucho
do milho (Spodoptera frugiperda); são específicos em e, de um modo geral, seletivos aos inimigos
naturais.
Óleos minerais
São produtos emulsionáveis derivados do petróleo, utilizados no controle de cochonilhas e
ácaros, provocando a morte por asfixia. São também usados como adjuvantes de inseticidas. Assist,
Óleo mineral Fersol, Iharol, são exemplos de produtos comerciais. Apresentam baixa toxicidade
para vertebrados. Recomenda-se não utilizar concentrações acima de 1% para evitar fitoxicidade.
Reguladores de crescimento
Atuam por ingestão e contato, sendo muito eficazes no controle de lagartas e larvas de
besouros. Apresentam seletividade a predadores e parasitóides e baixa toxicidade para os
vertebrados. São divididos em três grupos: (a) inibidores da síntese de quitina; (b) agonistas do
ecdisteróide e (c) análogos do hormônio juvenil. Os primeiros são derivados da aciluréia e
benzoiluréias e agem impedindo a ecdise dos insetos, em virtude da sua interferência na síntese de
quitina. Deste modo, o inseto tem a sua fisiologia comprometida durante a ecdise, não forma uma
nova cutícula, não consegue se livrar da exúvia e morre. São exemplos deste grupo: triflumuron
(Alsystin), chlorfluazuron (Atabron), teflubenzuron (Nomolt), hexaflumuron (Consult),
flufenoxuron (Cascade), diflubenzuron (Dimilin), lufenuron (Match).
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O segundo grupo é formado pelos agonistas do ecdisteróide, ou seja, compostos que têm a
mesma ação do hormônio da ecdise (imitam o hormônio da ecidise). Pertencem ao grupo das
bisacilhidrazinas (tebufenozide, halofenozide, RH-2485, RH-5849). Estes compostos interagem com
o receptor de proteínas do ecdisteróide, provocando uma estimulação direta dos mesmos. Provocam
a indução de ecdise letal e prematura (acelerador de ecdise) e efeito esterilizante.
O terceiro grupo é o dos análogos do hormônio juvenil, como o methoprene, fenoxycarb,
pyriproxyfen e diofenolan. Pertencem ao grupo químico piridiléter. Agem nos estágios mais
sensíveis do desenvolvimento dos insetos, como no final do último ínstar larval ou ninfal, alongando
a duração do ínstar, formando uma larva ou ninfa superdesenvolvida, larva-pupa ou pupa-adulto ou
ninfa-adulto intermediários. Têm também ação ovicida, agindo nos estágios iniciais da
embriogênese. Em adultos de algumas espécies podem provocar uma redução na fertilidade.
Organoclorados
Os inseticidas organoclorados foram retirados do comércio brasileiro, em virtude da sua alta
persistência no meio ambiente, alto grau de toxicidade crônica, acumulando-se nos tecidos
gordurosos e capacidade de provocar câncer. São citados como exemplo, o DDT, BHC, aldrin,
dodecacloro, toxafeno, clordane, heptacloro, etc.
Organofosforados
São derivados dos ácidos fosfórico, tionofosfórico, tiolofosfórico, ditiofosfórico, etc.
Geralmente são mais tóxicos para os vertebrados em relação a outros grupos de inseticidas. São
inibidores irreversíveis da colinesterase (mediador químico da transmissão sináptica), provocando
acúmulo de acetilcolina (neurônio-neurônio, junção neuromuscular ou sinápses). Atuam por de
contato, ingestão, profundidade ou translaminar e fumigante, e alguns apresentam propriedades
sistêmicas. Podem ser classificados nos seguintes grupos químicos:
Alifáticos – trichlorfon (Dipterex), monocrotophos (Azodrin, Nuvacron), dimethoate (Agritoato),
disulfoton, dichlorvos (Dipterex), metamidophos (Tamaron), acephate (Orthene), etc.
Derivados fenílicos - methyl parathion, profenophos (Curacron), fenthion (Lebaycid), fenitrothion
(Sumithion).
Derivados heterocíclicos - diazinon (Diazinon) chlorpyrifos (Lorsban), methidathion (Supracid),
phosmet (Imidan).
Carbamatos
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São derivados dos ácidos N-metil carbâmico e N-N-dimetil carbâmico. São inibidores
reversíveis da acetilcolinesterase. Ataum por contato, ingestão e fumigação, e alguns são sistêmicos.
Exemplos: carbaryl (Carbaryl Fersol), methomyl (Lannate), carbofuran (Furadan), aldicarb (Temik),
thiodicarb (Larvin), carbosulfan (Marshal).
Piretróides
São ésteres derivados do ácido crisantêmico. São tóxicos do axônio, atuando nos canais de
sódio. Atuam por contato e ingestão e não apresentam ação sistêmica, translaminar e de fumigação.
De um modo geral, são menos tóxicos em relação aos organofosforados, no entanto, são bastante
efetivos no controle de pragas, sendo rapidamente hidrolizados e eliminados intactos ou sob a forma
de metabólitos tóxicos, antes de atingirem o sistema nervoso. Exemplos: fenvalerate (Sumicidin,
Belmark), permetrina (Ambush, Pounce), bifentrina (Brigade, Talstar), lambdacyhalothrina
(Karate), cypermetrina (Ripcord, Cymbush), cyflutrina (Baytroid), fenpropatrina (Danimen,
Meothrin), deltametrina (Decis, K-obiol), esfenvalerate (Sumidan).
Fumigantes
São inseticidas que atuam na forma gasosa, penetrando pelos estigmas ou espiráculos dos
insetos, contendo na sua fórmula um ou mais halogêneos (Cl, Br ou F).
Brometo de metila – é um gás liquefeito sob pressão, contendo na sua formulação brometo
de metila e cloropicrina (substância que provoca lacrimejamento, prevenindo a intoxicação). É um
produto extremamente tóxico, pertencente à classe toxicológica I. Tem ação inseticida, fungicida e
nematicida. A absorção ocorre por via dérmica e via respiratória. A intoxicação aguda provoca
depressão no SNC, pneumonite química, edema pulmonar, hepatite e nefrite tóxicas. O contato
direto com o produto provoca a formação de vesículas na pele e ulcerações na córnea e mucosas.
Recentemente, seu uso vem se restringindo ao tratamento de madeira, visando ao controle de brocas.
Fosfina (Gastoxin, Gastoxin Pasta) – é um gás pertencente ao grupo dos fosfetos metálicos
(fosafeto de alumínio e fosfeto de magnésio), encontrado nas formulações de pastilha, pasta,
tabletes, sachês, sendo extremamente tóxico (Classe toxicológica I). Os fosfetos na presença de
umidade liberam fosfina, que provoca inibição dos sistemas enzimáticos celulares, produzindo
edema pulmonar, depressão do sistema nervoso central, mediocardite tóxica e colapso circulatório.
É usado no expurgo de grãos armazenados (controle curativo), no controle de cupins de montículo e
de cochonilhas da raiz do cafeeiro.
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Sulfonamidas fluoralifáticas
Como exemplo, cita-se a isca granulada Mirex-S, utilizada no controle das formigas saúvas e
quenquéns.
Fenil pirazol
Cita-se como exemplo o Fipronil (Regent), usado no controle de cupins da cana-de-açúcar,
bem como da larva alfinete (Diabrotica speciosa), larva arame (Conoderus scalaris) em batatinha, e
de tripes, curuquerê e bicudo do algodoeiro. É também utilizado na formulação de isca granulada
(Blitz) para o controle da formiga saúva. Atua no SNC, sendo um inibidor reversível do receptor
GABA.
Neonicotinóides ou Nicotinóides
São compostos relativamente novos que se caracterizam por apresentarem um novo modo de
ação. Dividem-se nas seguintes subclasses:
Compostos cloronicotinis: Imidacloprid (Confidor) – usado em esguicho (“drench”) e imersão;
(Gaucho) – tratamento de sementes; (Winner) – aplicação no tronco; Thiacloprid (Calipso) – usado
em pulverização. Todos os produtos mencionados são sistêmicos, sendo muito eficientes no controle
de insetos picadores-sugadores, como moscas-brancas, afídeos, tripes, psilídeos, etc. Os
cloronicotinis imitam o neurotransmissor acetilcolina e competem com eles pelos seus receptores,
isto é, são agonistas da acetilcolina, pois imitam a sua ação apesar de possuírem fórmulas estruturais
bem distintas do composto original. Contudo não são suscetíveis à hidrólise enzimática pela
acetilcolinesterase e a contínua interação entre os cloronicotinis e os receptores da acetilcolina leva
nos vertebrados a uma hiperexcitação do sistema nervoso, causando perda da coordenação muscular,
convulsões e finalmente a morte por falha respiratória.
Compostos thianicotinis: Thiamethoxam (Actara) – usado em pulverização, imersão e esguicho;
(Cruiser) – usado no tratamento de sementes. A exemplo do grupo anterior, também são sistêmicos.
Os compostos thianicotinis, como o Thiamethoxam, afetam a transmissão de estímulos
nervosos fixando-se de forma permanente na proteína receptora da membrana da célula nervosa,
denominada receptor de acetilcolina tipo B. Esta união é desdobrada muito lentamente pela
acetilcolinesterase, permitindo a transmissão contínua de estímulos nervosos, causando colapso do
sistema nervoso do inseto. Este produto permite o controle de insetos resistentes aos inseticidas
convencionais organofosforados, carbamatos e piretróides.
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EFEITOS COLATERAIS DOS INSETICIDAS


Apesar dos inúmeros benefícios causados pelos inseticidas no controle de pragas agrícolas e
da saúde pública, quando não usados adequadamente, podem causar efeitos indesejáveis ao homem
e animais e nos diferentes agroecossitemas.
Toxicidade ao homem e animais
Na escolha de um determinado inseticida para o controle de uma praga, deve-se ter
conhecimento de diversos fatores, entre os quais, o risco e a toxicidade do produto. O risco diz
respeito à probabilidade de um composto causar efeitos nocivos à saúde, e depende da toxicidade e
exposição (Risco = toxicidade x exposição). Assim, tem-se as seguintes situações: (a) o risco será
alto se a toxicidade e exposição forem altos; (b) o risco será baixo se a toxicidade for alta e a
exposição baixa; (c) se a toxicidade for baixa e a exposição alta, o risco será alto; (d) o risco será
baixo se a toxicidade e exposição foram baixos. Por outro lado, a toxicidade é a propriedade
inerente à substância de causar efeito adverso à saúde. No estudo da toxicidade estão envolvidos três
fatores importantes: a dose da substância, o indivíduo exposto e a resposta do organismo
(sintomas e sinais). Os inseticidas podem causar dois tipos de intoxicação:
Toxicidade aguda – resultante da absorção de doses relativamente altas num curto espaço de
tempo, através das vias oral e dérmica, sendo expressa pela dose letal 50% (DL 50 ), que é a
quantidade do produto, em mg/peso corpóreo, capaz de provocar a morte de 50% dos animais
submetidos à experiência. No caso da absorção da substância ser por via inalatória, a toxicidade
aguda é expressa pela concentração letal 50 (CL 50 ). Nos testes utilizam-se, comumente, ratos
albinos machos e fêmeas. Quanto menor a DL 50 ou CL 50 , maior será a toxicidade do inseticida.
Toxicidade crônica – resultante da absorção de doses relativamente pequenas a curto e a longo
prazos, fornecendo informações a respeito da toxicidade acumulativa de um agente tóxico.
Na avaliação toxicológica, que consiste no estudo acurado dos dados biológicos,
bioquímicos e toxicológicos de uma substância, com o objetivo de conhecer sua atuação em animais
de prova e inferir os riscos para a saúde humana, geralmente são realizados os seguintes testes: a)
estudos de efeitos reais de toxicidade aguda em tecidos e órgãos; b) estudos de efeitos
carcinogênicos, teratogênicos e mutagênicos e c) estudos sobre níveis de não efeito do
agrotóxico.

Toxicidade
É a propriedade inerente à substância de causar
efeito adverso à saúde.
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Risco
É a probabilidade de um evento causar efeito
adverso à saúde.

Risco = Toxicidade X Exposição


Alto Alta Alta
Baixo Alta Baixa
Alto Baixa Alta
Baixo Baixa Baixa

Toxicidade: Como medir

• Oral
DL50 • Dérmica

CL50 • Inalatória

Outros parâmetros:
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Toxicidade: Classificação
DL50 Oral DL50 Dérm. CL50 Inal.
(mg/kg) (mg/kg) Olhos Pele (mg/l)
Sólido Sólido 1h Expos.
Opacidade da Córnea
< < < <
I 5 20 10 40
Reversível ou não
em 7 dias. Irritação
persistente
Corrosivo < 0.2

Sem Opacidade da
5- 20- 10- 40-
II 50 200 100 400
Córnea. Irritação
Reversível em 7 dias
Irritação
Severa
0.2-2

Sem Opacidade da
50- 200- 100- 400-
III 500 2000 1000 4000
Córnea. Irritação
Reversível em
72 horas
Irritação
Moderada
2-20

Sem Opacidade da
> > > >
IV 500 2000 1000 4000
Córnea. Irritação
Reversível em
24 horas
Irritação
Leve
> 20

Classificação toxicológica dos inseticidas


Consiste na classificação dos produtos técnicos e das formulações levando em consideração
os seus aspectos toxicológicos:

Classificação Toxicológica
Extremamente
I tóxico

II Altamente
tóxico

III Medianamente
tóxico
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Modo de ação de inseticidas


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IRAC - BR
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IRAC - BR
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IRAC - BR
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IRAC - BR

Classificação quanto ao potencial de periculosidade ambiental (IBAMA)


Classe I – Produto altamente perigoso.
Classe II – Produto muito perigoso.
Classe III – Produto perigoso.
Classe IV – Produto pouco perigoso.
Tríplice lavagem e destinação final das embalagens vazias
Após o uso de produtos agrotóxicos, as embalagens vazias precisam der descartadas de
maneira correta e segura para evitar contaminação do homem, animais domésticos e ambiente. É
extremamente importante que o resto do produto, que ainda permanece no interior da embalagem,
seja retirado e descartado. No caso de embalagens metálicas plásticas e de vidro, que contiveram
produtos fitossanitários para serem aplicados diluídos em água, a remoção é feita usando-se a
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tríplice lavagem. Este método não se aplica aos produtos embalados em recipientes não rígidos
como os sacos hidrossolúveis, sacos plásticos, sacos aluminizados e sacos multifoliados. Estes
recipientes devem ser descartados de maneira diversa.
Na tríplice lavagem a embalagem vazia deve ser enxaguada três vezes para eliminar, o
máximo possível, as sobras do produto. Esta medida de segurança torna possível a reciclagem do
material usado na fabricação da embalagem de produtos fitossanitários. Nessa operação deve-se
sempre utilizar equipamentos de proteção individual adequados como: luvas, avental, botas, óculos
protetores ou protetor facial.
A reciclagem controlada é uma das alternativas mais viáveis para o destino final das
embalagens de produtos fitossanitários tríplice lavadas, por ter a característica de uma opção auto-
sustentável. Para uma maior orientação sobre o assunto, recomenda-se consultar o Manual de
Orientação sobre a Destinação de Embalagens Vazias de Atróxicos (BASF 2000).
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Efeitos de inseticidas sobre organismos não-alvo

Os inseticidas podem provocar efeitos negativos e positivos em organismos não-alvo. Os


primeiros podem causar mortalidade e afetar a biologia dos organismos, através de doses subletais.
Estes efeitos podem ocorrer na sobrevivência, no crescimento, no comportamento, na alimentação,
na oviposição e no aprendizado dos insetos.
Os efeitos positivos podem favorecer a reprodução, bem como a determinadas vias
fisiológicas dos insetos. Efeitos de pequenas exposições a doses subletais de agrotóxicos,
denominado de hormese ou hormoligose, favorecem o desempenho do inseto atingido. Os efeitos
são manifestados no crescimento, desenvolvimento, reprodução, respostas metabólicas e fisiológicas
dos organismos. Outros fatores, como o clima, destruição dos inimigos naturais, persistência de
inseticidas etc, podem também favorecer o desempenho dos insetos.

Ressurgência de pragas.
Consiste no ressurgimento de pragas numa infestação muito mais elevada, decorrido algum
tempo da aplicação de inseticidas de largo espectro, que são tóxicos para a praga e também para os
seus inimigos naturais. Como estes dependem das pragas ou hospedeiros para a sua sobrevivência,
demoram mais tempo para restabelecer o equilíbrio e, deste modo, as pragas livres dos seus
inimigos naturais desenvolvem altas infestações. Na citricultura paulista já foi constatada a
ressurgência do ácaro da falsa ferrugem (Phyllocoptruta oleivora) após a aplicação dos inseticidas
organofosforados fenitrothion e carbofenothion. Nos Estados Unidos já foi constatada ressurgência
desta praga devido a aplicações do inseticida organofosforado metidathion.
A morte de inimigos naturais não é a única causa da ressurgência de pragas, pois o produto
pode interferir na fisiologia da planta e, deste modo, favorecer o aumento populacional de pragas,
devido à inibição da proteossíntese. Esta inibição provoca uma sensibilização da planta em relação a
pragas, devido o enriquecimento dos tecidos em substâncias solúveis. Como exemplo, cita-se o
aumento da infestação de ácaros durante um período prolongado, após aplicação de inseticidas
organofosforados, em virtude da ação dos mesmos sobre a composição bioquímica das plantas, pelo
aumento dos teores de glicídeos solúveis nas folhas e caules.
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Trofobiose

Teoria da trofobiose.

Surtos de pragas secundárias


O uso inadequado de inseticidas também pode provocar o aparecimento de pragas
secundárias. Pesquisas desenvolvidas no Brasil têm mostrado que, após aplicações de inseticidas
piretróides em algodoeiro, ocorria um aumento da infestação do ácaro rajado (Tetranychus urticae).
O mesmo fato foi registrado em café, com o ácaro vermelho (Oligonychus ilicis). As causas
envolvidas neste desequilíbrio são as seguintes: morte de inimigos naturais, dispersão do ácaro,
estímulo à reprodução, alterações fisiológicas e nutricionais da planta, alterações no
comportamento alimentar de ácaros predadores e repelência a ácaros predadores.
Visando minimizar a ressurgência e surtos de pragas secundárias, adota-se a seletividade,
considerada uma tática de importância muito relevante no Manejo Ecológico de Pragas. Na
seletividade o produto químico seleciona a praga no agroecossistema em que foi aplicado, afetando
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em baixa proporção a população de inimigos naturais. Existem dois tipos gerais de seletividade:
Seletividade fisiológica - neste caso, numa mesma concentração, o inseticida provoca uma alta
mortalidade à praga, em comparação aos inimigos naturais, isto é, o produto é tanto mais seletivo
quanto menos afetar os inimigos naturais. A seletividade envolve, primariamente, o movimento do
inseticida sobre ou no corpo do inseto e sua interação com o modo de ação ou alvo de ação, bem
como os processos de absorção, penetração, transporte e atuação de inseticidas, os quais quando
agem em diferentes intensidades resultam em toxicidade diferencial entre a praga e inimigo natural.
Outros processos, também podem estar envolvidos, como a retenção do inseticida no tecido
gorduroso do inseto e sua excreção e metabolismos seletivos, este último englobando a
destoxificação e a insensibilidade dos alvos de ação no inseto. O grau de seletividade fisiológica
pode ser calculado pela razão entre a DL 50 à praga e ao inimigo natural, ou pela relação entre a
dosagem recomendada para o controle da praga e a DL 50 ao inimigo natural. São considerados
seletivos para artrópodos não alvos, os produtos à base de Bacillus thuringiensis var. kurstaki e var.
azaiwai (predadores e parasitóides); os inseticidas reguladores de crescimento (predadores);
avermectin (predadores de ácaros); carbaryl, endossulfan e monocrotofos (predadores e parasitóides
de pragas da soja); deltametrina, permetrina e ciflutrina (parasitóides); acaricidas específicos
(joaninha – Pentilea egena);
Seletividade ecológica - baseia-se nas diferenças ecológicas existentes entre as pragas e seus
inimigos naturais, significando que a seletividade é alcançada devido a estratégia de aplicação do
inseticida. Em outras palavras, embora o produto seja também tóxico aos inimigos naturais, os seus
efeitos podem ser minimizados devido à estratégia de aplicação do mesmo.
Citam-se como exemplos de seletividade ecológica: aplicação de inseticidas granulados
sistêmicos no solo, tratamento de sementes com sistêmicos, aplicação de sistêmicos no tronco,
imersão de mudas em calda inseticida, esguicho, aplicação de inseticidas em reboleiras, uso de
iscas tóxicas, aplicação em fileiras alternadas, etc.
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Foerster (2002)
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Resistência de insetos a inseticidas


A resistência é uma característica hereditária e consiste no desenvolvimento de uma
habilidade, numa linhagem de um organismo, de tolerar doses de tóxicos letais para a maioria da
população normal (suscetível) da mesma espécie. O inseticida exerce uma pressão seletiva sobre a
praga, eliminando os indivíduos suscetíveis e, deste modo, os resistentes se reproduzem e aumentam
a freqüência gênica dentro da população.
De acordo com o IRAC (“Insecticide Resistance Action Commitee” – Comitê de Ação à
Resistência a Inseticidas), a resistência é definida como a redução na susceptibilidade de uma
determinada população de praga a um agrotóxico, que é observada através de fracassos repetidos
com o uso deste produto de acordo com as recomendações apresentadas no rótulo, e onde o baixo
desempenho não pode ser explicado através de problemas de armazenamento do produto, aplicação
e condições ambientais ou climáticas desfavoráveis.

Pressão de seleção Pressão de seleção

Aplicação contínua Aumento na frequência


de indivíduos resistentes

Representação esquemática do aumento na freqüência de


indivíduos resistentes a determinado produto químico com a
pressão de seleção.
25

A evolução da resistência a inseticidas é um dos grandes entraves em programas de manejo


de pragas envolvendo o uso de produtos químicos. Dentre as conseqüências drásticas da evolução da
resistência citam-se: a aplicação mais freqüente de inseticidas; aumento da dosagem do
produto; e substituição por um outro produto, geralmente de maior toxicidade. Estes fatores
comprometem os programas de manejo integrado de pragas, em face da maior contaminação do
meio ambiente com inseticidas, destruição de organismos benéficos e elevação dos custos de
controle da praga.

Mecanismos de resistência
26

Os principais mecanismos de resistência de insetos e ácaros a inseticidas e acaricidas,


respectivamente, são: aumento da degradação (metabolismo), redução na sensibilidade do alvo
de ação e o decréscimo na penetração do produto pela cutícula do inseto.
Resistência cruzada e resistência múltipla
Na resistência cruzada, a praga também desenvolve resistência a inseticidas que
apresentam moléculas quimicamente relacionadas, resultando num sistema comum de
desintoxicação ou de insensibilidade do alvo de ação, ou seja, um único mecanismo confere
resistência a dois ou mais compostos químicos, do mesmo grupo ou de outros grupos, que
apresentem o mesmo modo de ação. Como exemplo pode-se citar a resistência de uma praga A a
dois organofosforados, ou a um organofosforado e um carbamato. Na resistência múltipla, a
resistência se estende a inseticidas com diferentes modos de ação e/ou diferentes mecanismos de
desintoxicação, ou seja, quando pelo menos dois mecanismos coexistentes conferem resistência a
dois ou mais compostos químicos, geralmente não relacionados. Como exemplo, pode-se citar a
resistência a um organofosforado e um piretróide, devido a dois mecanismos de resistência distintos.

Estratégias de manejo da resistência


Para que os programas de manejo da resistência sejam efetivos devem ser implementados no
início do aparecimento do problema, porém na prática isso infelizmente não vem ocorrendo com
regularidade. O uso de equipamentos mal calibrados, aplicações quando a praga atinge altas
infestações, condições meteorológicas, formulações inadequadas, dosagens incorretas, pH da calda e
evolução da resistência, podem comprometer o uso de agrotóxicos. São necessários bioensaios de
laboratório para avaliar a suscetibilidade de populações de pragas aos agrotóxicos, visando
investigar como estão se comportando em relação a esses produtos.
De acordo com Georgiou (1983), são três as estratégias de manejo da resistência: manejo
por moderação, manejo por saturação e manejo por ataque múltiplo. Na primeira estratégia,
deve-se reduzir a pressão de seleção, visando preservar os indivíduos susceptíveis em uma
determinada população. Como recomendações incluem: aplicação menos freqüente de agrotóxicos,
controle em reboleiras, manutenção de áreas não tratadas para refúgio dos indivíduos susceptíveis e
aplicação do agrotóxico no estágio mais vulnerável da praga. No manejo por saturação busca-se
reduzir o valor adaptativo dos indivíduos resistentes através do uso de sinergistas ou altas doses do
produto. Os sinergistas têm a finalidade de bloquear a resistência metabólica, como o butóxido de
27

piperonila (bloqueia a ação de enzimas oxidativas dependentes do citocromo P-450). No manejo por
ataque múltiplo recomenda-se o uso de rotação ou mistura de produtos. No primeiro caso, a
freqüência da resistência a um produto A diminui quando produtos alternativos A e B são utilizados.
Neste caso, há necessidade de assumir que existe custo adaptativo dos indivíduos resistentes na
ausência de pressão de seleção e que não existe resistência cruzada entre os componentes da
rotação. Na mistura de dois produtos, parte-se do princípio que os indivíduos resistentes ao produto
A são controlados pelo produto B, e vice-versa; no entanto, há a possibilidade de se encontrar
resistência múltipla aos produtos A e B.

Resíduos de inseticidas em vegetais


Apesar dos inseticidas serem os principais insumos utilizados no controle de pragas, são
passíveis de acarretar a presença de resíduos tóxicos em vegetais, cujo consumo representa um
grave risco potencial à saúde dos consumidores. A ingestão contínua, mesmo de pequenas doses
subletais e possíveis efeitos deletérios sobre a saúde humana, constitui uma das principais
preocupações das autoridades sanitárias mundiais.
O controle dos níveis de resíduos nos alimentos, a nível nacional e internacional, deve ser
uma prioridade, não apenas do ponto de vista da proteção da saúde pública, bem como para
orientação das ações governamentais, visando fazer cumprir a legislação vigente.
Resíduo de agrotóxico - substância ou mistura de substâncias remanescentes ou existentes em
alimentos ou no meio ambiente decorrente do uso ou da presença de agrotóxicos e afins, inclusive
quaisquer derivados específicos, tais como produtos de conversão e de degradação, metabólitos,
produtos de reação e impurezas, consideradas tóxicas e ambientalmente importantes.
Limite máximo de resíduo (LMR) - quantidade máxima de resíduo legalmente aceita no alimento,
em decorrência da aplicação adequada numa fase específica, desde sua produção até o consumo,
expressa em partes (em peso) do agrotóxico ou seus derivados por um milhão de partes de alimento
(em peso) (ppm ou mg/kg).
Dose diária aceitável ou ingestão diária aceitável (IDA) - quantidade máxima de inseticida que,
ingerida diariamente durante toda a vida, parece não oferecer risco apreciável à saúde, à luz dos
conhecimentos atuais. É expressa em mg do agrotóxico por kg de peso corpóreo.
Intervalo de segurança ou período de carência na aplicação de agrotóxicos ou afins:
Antes da colheita – intervalo de tempo entre a última aplicação e a colheita;
28

Pós-colheita – intervalo de tempo entre a última aplicação e a comercialização do produto tratado;


Em pastagens – intervalo de tempo entre a última aplicação e o consumo do pasto;
Em ambientes hídricos – intervalo de tempo entre a última aplicação e o reinício das atividades de
irrigação, dessedentação de animais, balneabilidade, consumo de alimentos provenientes do local e
captação para abastecimento público;
Em relação a culturas subseqüentes - intervalo de tempo transcorrido entre a última aplicação e o
plantio consecutivo de outra cultura.
Intervalo de reentrada – intervalo de tempo entre a aplicação de agrotóxicos ou afins e a entrada
de pessoas na área tratada sem a necessidade de uso de equipamento de proteção individual (EPI).
29

COMO SÃO ESTABELECIDOS OS LIMITES


MÁXIMOS DO RESÍDUO OU TOLERÂNCIA DOS
AGROTÓXICOS?
Aguda
Boa prática Provas de
Agrícola toxicidade
Subaguda
Análise de Crônica
resíduo
mg/Kg na
Resíduo (mg/Kg) A B < C → A = LMR ração
B ≥ C → Agrotóxico
não pode ser usado
Dieta usual mg/Kg/dia Nível
de não-efeito
÷ 100
Fator de correção
MÁXIMA INGESTÃO
POTENCIAL (mg/Kg B
mg/Kg de peso
peso corporal/dia) corporal/dia
C
IDA - Ingestão
Diária Aceitável
30
31

FORMULAÇÕES DE AGROTÓXICOS

Formulação é o processo de transformação do produto técnico, através de processos físicos,


químicos e biológicos, para que o agrotóxico possa ser utilizado convenientemente.
32

PREPARO DE UMA FORMULAÇÃO

Síntese industrial Produto técnico

Ingrediente ativo

+
Formulação
comercial ou Ingredientes
Preparado inertes
comercial

Componentes de uma formulação

Princípio ativo (p.a) ou ingrediente ativo (i.a) – substância ativa responsável pela eficácia contra
pragas.
Componentes inertes – substâncias não ativas, sendo que cada uma delas tem sua função em uma
determinada formulação. São assinaladas as seguintes:

a) Argila, talco, caolim – componentes de pós secos.


b) Aditivos – melhoram a ação, função, estabilidade, durabilidade etc.
c) Anticompactantes – impedem que o produto perca a sua fluidez durante o armazenamento.
d) Antiespumantes – impedem a formação de espuma.
e) Antioxidantes – impedem a oxidação do produto.
f) Bactericidas - impedem a proliferação de bactérias no produto.
g) Corantes – dar cor aos produtos (aspecto e segurança visual).
h) Dispersantes – dispersar as partículas sólidas na água.
i) Emulsificantes – emulsificar o i.a. na água.
j) Molhantes – proporcionar uma rápida umectação do produto quando o mesmo entre em contato
com a água.
33

k) Solventes – dissolver o i.a. sólido para obtenção de uma formulação líquida.

Tipos de formulação de agrotóxicos

 Formulações para aplicação direta


Pó seco
Granulado
Microgranulado
Granulado encapsulado
Suspensão ultrabaixo volume
Ultrabaixo volume
Líquido para pulverização (eletrodinâmica).

 Formulações para tratamento de sementes


Pós
Emulsão
Suspensão concentrada
Solução
Pó solúvel

 Formulações para diluição em água


Concentrado emulsionável
Concentrado dispersível
Concentrado solúvel
Pó molhável
Pó solúvel
Suspensão concentrada
Granulado dispersível
Granulado solúvel
Suspensão de encapsulado
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 Formulações especiais
Aerosol
Gás liquefeito sob pressão
Concentrado para termonebulização
Gerador de gás
Isca

Adjuvantes para agrotóxicos (formulações)


Adjuvantes – melhorar a eficácia do agrotóxico.
Espalhantes – modificar as propriedades de umectação, dispersibilidade, espalhamento e/ou
emulsificação do agrotóxico.
Espalhante adesivo – além das características dos espalhantes, aumenta a adesividade do agrotóxico
no alvo desejado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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diferentes níveis de esterases. An. Soc. Entomol. Brasil 29: 731-738.
35

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