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Estrutura e Legislação da Aviação Civil

Módulo 3 – Unidade 6

REGULAÇÃO DA AERONAVEGABILIDADE

Ao final desta Unidade, você deverá ser capaz de:

 Explicar as responsabilidades do operador, da ANAC e das pessoas credenciadas.

 Descrever como ocorre a regulação de aeronavegabilidade ao longo de todo o ciclo


de vida de um produto.

 Elencar os tipos de credenciamento de pessoas aplicáveis às atividades de


aeronavegabilidade.

 Definir o papel do profissional credenciado dentro do sistema de regulação da ANAC.

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Módulo 3 – Unidade 6

Nesta Unidade vamos tratar de como a aeronavegabilidade é regulada pela ANAC.

 O operador é o responsável primário pela operação segura de sua aeronave.


 A regulação de aeronavegabilidade abrange todo o ciclo de vida de um produto.
 As atividades de certificação contam com apoio de pessoas de notória especialização que
são credenciadas pela ANAC para a expedição de laudos, pareceres ou relatórios que
demonstrem o cumprimento dos requisitos.

O operador é o responsável primário pela operação segura de sua aeronave.

Em Unidades anteriores vimos que a regulação pode ser feita de diferentes maneiras,
mas a mais comum é a de “comando e controle”, na qual são emitidas normas, cujo
cumprimento é fiscalizado, e, caso necessário, são tomadas ações de enforcement para
promover a aderência a elas. A atuação da Superintendência de Aeronavegabilidade – SAR
segue os mesmos princípios, contando com áreas especializadas para cada uma dessas
atividades regulatórias.

A SAR é responsável, principalmente, pela regulação da aeronavegabilidade das


aeronaves brasileiras. Para que fique claro o que isso abrange, comecemos pela definição do
termo “aeronavegabilidade”. Esse termo não está definido em nenhuma norma da ANAC, no
entanto, podemos entender que, em um sentido amplo, se refere à situação em que a
aeronave está em condição de operar com segurança.

Para a ANAC, essa condição é em parte assegurada por meio da aderência às normas
de aeronavegabilidade, ou seja, que a aeronave esteja em conformidade com seu projeto
aprovado, incluindo modificações e reparos, esteja com a manutenção adequada, etc.

A responsabilidade primária pela operação segura de uma aeronave é do próprio


operador. Por essa razão, a ANAC entende que o cumprimento das normas é apenas parte
da garantia de segurança. O operador deve avaliar no caso específico se, além do
cumprimento das normas, é necessária alguma outra ação para que o voo seja conduzido de
forma segura.

Art. 114. Nenhuma aeronave poderá ser autorizada para o vôo sem a prévia expedição do correspondente
certificado de aeronavegabilidade (...)

Código Brasileiro de Aeronáutica

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A regulação de aeronavegabilidade abrange todo o ciclo de vida de um produto.

A ANAC certifica o projeto de aeronaves


Os requerentes de um certificado devem demostrar o
cumprimento com requisitos de desempenho e
qualidade de voo, estruturais, de equipamentos, de
motorização, de manuais, etc.

A ANAC certifica organizações de produção


Os requerentes devem demonstrar que a organização
tem os processos, instalações, equipamentos, pessoal,
etc. necessários para garantir que o produto produzido
esteja conforme o projeto aprovado.

A ANAC emite os certificados de matrícula e de


aeronavegabilidade
A ANAC faz vistorias para verificar o cumprimento com
os requisitos e emitir os certificados. Ao longo da vida a
aeronave poderá ser fiscalizada por meio de inspeções
de rampa e outras vistorias.

A ANAC certifica organizações de manutenção e


emite licenças para mecânicos
Os requerentes devem demonstrar que possuem
instalações, equipamentos, pessoal, etc. adequados
para garantir que a manutenção seja realizada em
conformidade com o manual do produto aprovado.
Recebem licenças de mecânicos as pessoas que
demonstram conhecimento e experiência adequados.

A figura a seguir mostra uma visão geral da vida de um produto aeronáutico. A ANAC
requer que dificuldades encontradas em serviço sejam reportadas pelos operadores e pelas
organizações de manutenção. Com base nessas informações, a ANAC pode rever
aprovações e certificados emitidos nas diversas fases da vida do produto.

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Caso a análise das dificuldades em serviço encontradas em uma aeronave aponte que
existem condições inseguras em outras aeronaves de um mesmo tipo, a ANAC pode emitir
Diretrizes de Aeronavegabilidade – DAs, obrigando os operadores a tomar medidas corretivas
em suas aeronaves. Essas medidas podem ser: alterações de manuais, inspeções e
substituições de componentes ou mesmo podem requerer alterações físicas na aeronave, tal
como a instalação de placares com advertências para os pilotos, por exemplo.

As atividades de certificação contam com apoio de pessoas de notória


especialização que são credenciadas pela ANAC para a expedição de laudos,
pareceres ou relatórios que demonstrem o cumprimento dos requisitos.

A ANAC credencia profissionais para apoiar atividades de certificação, aprovação,


emissão de licenças, etc. de acordo com o RBAC 183. O regulamento prevê os seguintes
credenciamentos (de competência da SAR):
 Profissional credenciado em exames de pessoal técnico: avalia se o candidato
apresenta as condições mínimas necessárias para a emissão ou renovação de
certificado ou licença;
 Profissional credenciado em projeto: avalia se projetos e modificações
cumprem os requisitos;
 Profissional credenciado em fabricação: emite aprovações de
aeronavegabilidade para exportação e avalia se produtos recém-fabricados
estão em conformidade com seus projetos e estão em condições de operação
segura;

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 Profissional credenciado em aeronavegabilidade: dá apoio à emissão de


certificados de aeronavegabilidade, avaliando se as aeronaves estão em
conformidade com o projeto aprovado e em condições de operação segura.

§ 1º A ANAC poderá credenciar, nos termos estabelecidos em norma específica, pessoas físicas ou jurídicas,
públicas ou privadas, de notória especialização, de acordo com padrões internacionalmente aceitos para a
aviação civil, para expedição de laudos, pareceres ou relatórios que demonstrem o cumprimento dos
requisitos necessários à emissão de certificados ou atestados relativos às atividades de sua competência.

Art. 8º da Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005.

A alocação dessas atividades para os credenciados segue a mesma abordagem de


gerenciamento de risco explicada em Unidades anteriores, conforme representado na figura
a seguir:

O sistema da ANAC prevê atividades que podem ser realizadas pelos próprios
regulados, como emissão de declarações de cumprimento de requisitos, emissão de
documentos certificando que atividades de manutenção foram realizadas de acordo com os
regulamentos. Nesse conjunto, estão o maior volume das atividades realizadas para a
segurança da aviação civil.
Para as atividades cujo risco é relativamente maior, a ANAC conta com o apoio das
pessoas credenciadas. Os credenciados em projeto, por exemplo, realizam a maior parte das
avaliações necessárias para a certificação de tipo. As vistorias de aeronaves para emissão

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de certificados de aeronavegabilidade também são em grande maioria realizadas por


credenciados.
As atividades de maior responsabilidade para a segurança, como a emissão de
certificados de aeronavegabilidade, certificados de tipo, certificados de organizações de
produção e de manutenção, etc. são realizadas pela própria ANAC. Essas atividades em si
ocorrem em volume pequeno o suficiente para que os próprios servidores e gerentes da ANAC
se envolvam diretamente.
As pessoas credenciadas pela ANAC também têm um papel de promoção da
segurança da aviação civil, seja dentro das organizações a que estão vinculadas, seja (no
caso de profissionais autônomos) no contato com os operadores.

Na próxima Unidade veremos em mais detalhes os RBACs relacionados à


aeronavegabilidade.

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