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Módulo V – Contratos
DOCUMENTO DE APOIO Nº 1
Tema:
Contratos
Conceito de Contrato
Um contrato consiste num negócio jurídico que traduz um acordo de vontades de duas ou mais partes (pessoas
físicas ou pessoas jurídicas), com vista à constituição, modificação ou extinção de direitos e obrigações.
De acordo com o Art. 2.° do Código Comercial, os contratos podem ser classificados segundo a sua natureza:
• Contrato de natureza civil — regulado exclusivamente pela lei civil. Ex.: o casamento.
• Contrato de natureza comercial — regulado exclusivamente pela lei comercial. Ex.: Operações
bancárias.
• Contrato de natureza civil e comercial — regulado pela lei civil e pela lei comercial simultaneamente.
Ex.: contrato de compra e venda.
Criação de direitos e
obrigações
Manifestações de Acordo
Contrato
vontades
Modificação e extinção de
direitos e obrigações
Qualquer contrato tem um conjunto de cláusulas. Cláusula é toda a disposição de um contrato, ou seja, todos os
artigos de um contrato, tratado, testamento, ou qualquer outro documento semelhante, político ou privado, em
suma, qualquer negócio jurídico.
Geralmente as cláusulas de um contrato procuram trazer ao mundo jurídico todas as possibilidades decorrentes
do negócio de maneira que o próprio documento esclareça todas as particularidades, evitando-se discussões
judiciais em torno de interpretações dúbias.
Os contratos particulares são subordinados às leis do Estado em que têm efeito as suas acções, não podendo
contrariá-las sob pena de se tornarem ilegais ou inválidos. As cláusulas consideradas abusivas ou fraudulentas
podem ser invalidadas por um juiz, sem que necessariamente todo o contrato seja invalidado.
O contrato deve ser entendido como um negócio jurídico, formado pelo acordo bilateral de vontades qualificadas,
capaz de regular entre as partes contratantes direitos e deveres de natureza patrimonial.
À luz do Direito, nem todos os contratos são válidos. Assim, na celebração de um contrato torna-se necessário a
observância de certos requisitos:
2 — Mútuo consenso;
3 — Objecto possível;
4 — Forma externa.
De acordo com o Art. 7 ° do Código Comercial, qualquer indivíduo nacional ou estrangeiro pode praticar actos de
comércio, se for civilmente capaz de se obrigar.
No entanto, temos de recorrer ao Código Civil (Art. 67.°), dado que ter capacidade traduz-se na possibilidade de
um indivíduo ser sujeito de direitos e obrigações.
Vamos então analisar a situação da Joana, que, com 5 anos, recebeu um prédio como herança. Como
proprietária tem o direito de arrendar o prédio, no entanto, não pode fazê-lo, nem de facto (porque não tem
consciência dos seus actos) nem legalmente (porque a lei a isso se opõe). Sendo assim, a Joana:
• Não tem capacidade de exercício de direitos, pois não pode exercer os direitos de que é titular.
De acordo com o que foi dito, verifica-se que todos os indivíduos têm capacidade de gozo de direitos, mas nem
sempre têm capacidade de os exercer, facto este que levou à definição das seguintes incapacidades,
preconizadas no Código Civil:
Menoridade
Os menores carecem de capacidade para o exercício de direitos (Art. 123.°) e é menor o indivíduo que não
tenha completado 18 anos (Art. 122.°).
No entanto, há excepções, uma vez que, de acordo com o Art. 132.°, o menor é de pleno direito emancipado
pelo casamento, caso solicite autorização prévia, aos pais, tutores ou administradores de bens, pois caso
contrário continua a ser considerado menor, não podendo administrar os seus bens.
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Módulo V – Contratos
Interdição
• Anomalias psíquicas
• Surdez-mudez
• Cegueira
Inabilitação
Abrange casos de menor gravidade, impedindo o indivíduo de exercer, apenas, alguns dos seus direitos. São,
também, causas de inabilitação:
• Prodigalidade: defeito de carácter que leva o indivíduo a "perder" o seu património, gastando-o em
despesas desproporcionadas e socialmente não aprovadas. Ex.: Jogador de "Poker".
2 — Mútuo consenso
Para que um acordo seja válido, as partes envolvidas devem manifestar a sua vontade de forma consciente, sem
agirem sob pressão. Para haver acordo, as vontades têm que ser expressas sob as formas de:
• Proposta — declaração de vontade de quem tem a iniciativa, ou seja, de quem propõe a celebração do
contrato (Art. 128.°);
A proposta e a aceitação não são simultâneas, sendo maior ou menor o intervalo entre ambas, consoante o
destinatário da proposta aceite ou não de imediato. Assim, sendo variável o período que medeia as formas de
declaração, podem ser definidas as seguintes fases:
• Formulação
• Expedição
• Recepção
• Conhecimento
De acordo com o Art. 217.°, a declaração negocial pode ser expressa — se for feita por palavras escritas ou
verbais, que permitam a manifestação da vontade — ou tácita — quando se deduz de factos que, com toda a
probabilidade, a revelem.
Segundo o Art. 232.°, o contrato só fica concluído quando as partes envolvidas acordarem todas as cláusulas
sobre as quais qualquer delas tenha julgado necessário o acordo. A duração da proposta contratual está
regulada no Art. 228.°.
3 — Objecto possível
O Art. 280.° do Código Civil refere que os requisitos do objecto negocial são:
Física
Legal
Com a lei
Com a ordem pública
Com os bons costumes
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Módulo V – Contratos
4 — Forma externa
A exigência de determinada forma é devida à necessidade de existirem documentos de prova, a chamada prova
documental.
Assim, quando a lei não exige, os contratos não necessitam de forma especial (Art. 219.°), mas a inexistência de
forma nos contratos formais implica a sua invalidade (Art. 220.°).
A sua validade depende do respeito pela forma que a lei exige para eles. Ex:
Formais
Contrato de seguro (apólice de seguro) e contrato de arrendamento.
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Cumprimento e garantias
Cumprimento
Cumprir um contrato é concretizar o comportamento a que as partes estão obrigadas. O contrato deve ser
cumprido através de uma atitude que, fase por fase, coincida com a prestação a que o contraente está
vinculado, isto é, deve ser cumprida na data e na forma convencionada.
• Obrigações parciárías: cada uma das partes envolvidas apenas responde pela sua parte;
• Obrigações solidárias: existem vários devedores, os quais são responsáveis pelo cumprimento da
obrigação no seu todo.
• Os devedores têm mais facilidade na obtenção de crédito, pois a segurança é maior, uma vez que cada
um responde por todos.
• Activa: quando existem vários credores, mas apenas um pode exigir do devedor o cumprimento integral
da obrigação.
Garantias
Caso o devedor não queira ou não possa cumprir a sua obrigação, o credor recorre ao Tribunal, pois a Lei atribui
uma garantia aos credores — garantia geral — constituída pelo património do devedor (Art. 601.° do Código
Civil).
Se o património do devedor não for suficiente, deve o credor garantir o cumprimento das obrigações através do
estabelecimento de garantias especiais, para que não fique prejudicado.
Garantias pessoais — consistem na obrigação assumida por uma terceira pessoa, perante o credor, caso o
devedor não o faça. Ex: A fiança e o aval.
Garantias reais — através das quais determinado bem ou bens ficam especialmente afectos ao cumprimento da
obrigação. Estas garantias reais podem ser extrajudiciais ou judiciais.
- Garantias pessoais
Fiança: Compromisso de pagar, assumido por uma terceira pessoa — o fiador — se o devedor — o afiançado
não o fizer (Art. 627.° do Código Civil).
Aval: Compromisso assumido por uma terceira pessoa — avalista — pelo pagamento total ou parcial das
dívidas, que são expressas em títulos de crédito (letras, livranças, cheques).
Penhor: Regulado pelo Código Civil e pelo Código Comercial. Caso o devedor não cumpra a sua obrigação,
esta garantia dá direito de preferência de pagamento ao credor que detenha esta garantia (Art. 666.° do Código
Civil). O penhor incide sobre bens móveis do devedor ou terceiros (ex.: jóias) ou sobre os direitos existentes
sobre esses bens. Caso o devedor não cumpra a sua obrigação, o credor pode pagar-se através de:
Hipoteca: Confere o direito ao credor de ser pago pelo valor de certas coisas imóveis ou equiparadas (ex.:
navios, aviões) pertencentes ao devedor ou a terceiros. Têm preferência sobre os outros credores que não
gozem de prioridade de registo ou privilégio especial. A sua validade é consequência do seu registo na
Conservatória do Registo Predial.
Consignação de rendimento: Se o devedor consignar o rendimento de certos bens imóveis ou bens móveis
sujeitos a registo, para garantia de um empréstimo contraído, que vai amortizar com o rendimento do bem, o
credor tem o direito de receber esse rendimento até extinção da dívida.
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Módulo V – Contratos
GUIA DE TRABALHO
Tema:
Contratos
Os alunos devem constituir-se em cinco grupos de trabalho, representando cada grupo uma empresa que
estabelecerá um contrato com uma das outras empresas.
- Uma oficina
1. Negociação das condições com o grupo representante da empresa com a qual será realizado o contrato.
2. Elaboração do contrato.
3. Apresentação.
Bom Trabalho!
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Módulo V – Contratos
Tema:
Contrato de Compra e Venda
É um contrato pelo qual um dos contratantes (vendedor) transmite a propriedade de uma coisa ou direito par ao
outro contratante (comprador), mediante um preço convencionado (segundo o Art. 874.º do Código Civil).
O contrato de compra e venda é um contrato que antecede a compra e venda no qual os futuros comprador e
vendedor se comprometem a realizar certa transacção no prazo estabelecido, nas condições de preços e outras
que eles estabeleçam. Este contrato é regra geral acompanhado por um sinal entregue pelo comprador. Perante
este acto, se o comprador não cumpriu o que foi estabelecido, perde o direito ao sinal, no entanto, se o não
cumprimento da obrigação for do vendedor, este terá, caso seja exigido, de devolver ao comprador o dobro da
importância que lhe havia sido entregue.
Sendo assim estamos perante um contrato bilateral onde o comprador se obriga a entregar uma certa verba
monetária, enquanto que o vendedor se compromete a entregar o bem, ou direito vendido. Verifica-se então que
num contrato de compra e venda, surgem direitos e obrigações para ambas as partes envolvidas no mesmo. O
contrato de compra e venda produz efeitos como:
1º - As compras cousas móveis para revender, em bruto ou trabalhadas, ou simplesmente para lhes alugar o
uso;
2º - As compras, para revenda, de fundos públicos ou de quaisquer títulos de crédito negociáveis;
3º - A venda de cousas móveis, em bruto ou trabalhadas, e as fundos públicos ou de quaisquer títulos de
crédito negociáveis, quando a aquisição houvesse sido feita no intuito de as revender;
4º - As compras e revendas de imóveis ou de direitos a eles inerentes quando aquelas, para estas, houverem
sido feitas;
5º - As compras e vendas de partes ou de acções de sociedades comerciais.
Código Comercial, 4.ª ed., Rei dos Livros
Tendo em conta o Art. 464.º do Código Comercial, o contrato de compra e venda passa a ser de natureza civil e
consequentemente é regulamentado pelo Código Civil;
1º - As compras de quaisquer cousas móveis destinadas ao uso ou consumo do comprador ou da sua família, e a
revenda que porventura desses objectos se venham a fazer;
2º - As vendas que o proprietário ou explorador rural faça dos produtos de propriedade sua ou por ele explorada, e
dos géneros em que lhes houverem sido pagas quaisquer rendas;
3º - As compras que os artistas, industriais, mestres e oficiais de ofícios mecânicos que exercerem directamente a
sua arte, indústria ou ofício, fizerem de objectos para transformarem ou aperfeiçoarem nos seus estabelecimentos, e
as vendas de tais objectos que fizerem depois de assim transformados ou aperfeiçoados;
4º - As compras e vendas de animais feitas pelos criadores ou engordadores.
Código Comercial, 4.ª ed., Rei dos Livros
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Módulo V – Contratos
IV – Pagamento: Cumprimento da obrigação por parte do comprador, mediante a entrega total ou parcial da
importância atribuída à compra.
I- ENCOMENDA
Nesta fase o comprador procede à escolha da mercadoria. Para tal faz a proposta de compra e indica:
4- Condições de pagamento
A qualidade das mercadorias é um dos aspectos fundamentais para se definir o que se pretende adquirir. Assim
a escolha pode ser feita por um dos seguintes processos:
Quando o comprador tem à sua disposição as mercadorias que pretende adquirir, verificando no
À Vista momento a satisfação das suas necessidades
Ex: Calçado e vestuário
Quando o vendedor envia ao comprador pequenas quantidades de mercadorias, para que este
Por amostra faça a sua escolha.
Ex: Alcatifas, perfumes
A mercadoria transaccionada apresenta determinada composição, sujeita a ser comprovada por
Por analise análise.
Ex: Vinho de 12º vol., álcool de 80º.
O comprador tem conhecimento das características do produto.
Por catalogo
Ex: Sapatos
Quando associadas à mercadoria se verificam determinadas características
Por tipo convencionado
Ex: café de S.Tomé algodão egípcio
O comprador indica apenas a marca que deseja adquirir
Por marca
Ex: salsichas “nobre”, ténis “adidas”.
As mercadorias assim transaccionadas são de responsabilidade do vendedor até que o comprador proceda à
sua pesagem, contagem ou medição. O preço da mercadoria é fixado de acordo com a unidade de peso. Ex:
1KG de cebolas por peso, 2 dúzias de ovos por conta, 5 metros de tecido por medida.
Os bens transaccionados não são contados, pesados ou medidos, mas sim avaliados por estimativa ou por
conhecimento do local onde os mesmos se encontram.
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Módulo V – Contratos
II – ENTREGA
Nesta segunda fase, o vendedor envia a mercadoria para o comprador, tornando-se obrigatório o conhecimento
da data, forma e local de entrega.
• A pronto – quando o comprador recebe a mercadoria nos 15 dias seguintes à sua encomenda;
NO COMÉRCIO A RETALHO
O local de entrega é importante, pois permite a determinação das responsabilidades inerentes ao transporte das
mercadorias e indicar qual dos agentes envolvidos irá suportar todas as despesas de frete, seguro e outras
necessárias. Quando o local de entrega não é fixado no momento do contrato, o comprador deverá assumir
todas as responsabilidades a partir do armazém do vendedor.
III – LIQUIDAÇÃO
É nesta fase que o vendedor procede ao cálculo do preço da mercadoria. Assim o preço é a quantidade da
moeda necessária para comprar uma unidade de um determinado produto. A determinação do preço representa
um dado importante para a conclusão de qualquer negócio.
• Quantificação da moeda
IV – PAGAMENTO
Após a determinação do preço, é necessário estabelecer a época e local de pagamento. Para tal existem três
hipóteses;
• No domicilio do comprador
• No domicilio do vendedor
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Módulo V – Contratos
Cláusula 1ª
(Objecto)
1. O COMPRADOR, mediante o preenchimento e assinatura deste contrato, adquire ao VENDEDOR,
que lho vende, o veículo automóvel usado que aquele aceita comprar para seu uso pessoal. O veículo
automóvel está identificado e é vendido com as características específicas, enumeradas nas condições
particulares, regendo-se o contrato de compra e venda, por estas condições gerais e pelas particulares.
2. O VEÍCULO é vendido: (a) livre de ónus ou encargos, salvo o convencionado quanto à reserva de
propriedade; (b) com o desgaste e deterioração resultante da sua idade e utilização. O VEÍCULO tem a
quilometragem e a antiguidade indicada nas condições particulares.
Cláusula 2ª
(Preço e Condições de Pagamento)
1. O preço de venda e as condições de pagamento, são os indicados nas condições particulares.
2. Na determinação do preço foram elementos da sua fixação o facto de não ser um veículo novo, o
uso e desgaste do veículo e a quilometragem do mesmo.
3. O preço referido nos números anteriores não inclui os custos inerentes à formalização da
transmissão de propriedade.
4. O pagamento do referido veículo será efectuado no acto da entrega, salvo se condições diferentes
forem acordadas, por escrito, entre o COMPRADOR e o VENDEDOR.
5. Caso o VEÍCULO seja vendido com reserva de propriedade a favor do VENDEDOR, esta só se
transmitirá para o COMPRADOR após o pagamento da totalidade do preço. Sempre que o preço for
pago por meio de cheque, o VENDEDOR reserva-se o direito de poder fazer depender a transferência
da propriedade do veículo da boa cobrança daquele, em prazo não superior a cinco dias úteis,
podendo o VENDEDOR resolver o contrato verificando-se a falta de pagamento do preço.
Cláusula 3ª
(Prazo de Garantia e Conformidade)
1. O VENDEDOR garante ao COMPRADOR, durante o prazo constante nas condições particulares e a
partir desta data, a conformidade do veículo com o presente contrato, tendo em conta a sua normal
utilização. Atento o facto de se tratar de um veículo usado, não se considera desconformidade/defeito:
(a) o que se verifique em consumíveis;
(b) o que o comprador não possa razoavelmente ignorar;
(c) o que resultar de materiais fornecidos pelo comprador.
2. Em declaração anexa, as partes podem excluir do âmbito da garantia, elementos que não se
relacionem directa ou indirectamente, com a segurança do veículo e cuja ausência ou deformação não
impeçam a satisfação dos fins a que se destina.
3. Estão excluídos da garantia, os defeitos resultantes de uma má utilização do veículo. Presume-se
uma má utilização do veículo, se este não efectuar as operações de manutenção e as verificações de
níveis de consumíveis, de acordo com as indicações do fabricante.
4. É dever do COMPRADOR verificar, até ao momento da entrega do veículo automóvel, se o mesmo
se encontra nas condições negociadas, conforme descritivo constante no quadro da Cláusula 3ª das
Condições Particulares.
5. O VENDEDOR declara ter, antes da sua revenda inspeccionado o veículo automóvel, corrigido as
anomalias detectadas, não inerentes aos anos e quilometragem do veículo.
Cláusula 4ª
(Condições de Denúncia, Manutenção e Reparação)
1. Durante o prazo de garantia, o COMPRADOR deverá:
(a) denunciar, por escrito, qualquer anomalia no funcionamento do veículo, logo que dela tiver
conhecimento. Pode ainda o COMPRADOR denunciar a anomalia, até dois meses após a data da sua
verificação, mas neste caso, a garantia não cobre o agravamento de danos resultante da comunicação
tardia. A reposição de conformidade deverá efectuar-se nas instalações do VENDEDOR ou em local a
indicar por este.
(b) efectuar as operações de manutenção e revisão periódicas, prescritas pelo fabricante do veículo
automóvel, nos concessionários da marca, ou nas oficinas recomendadas pelo VENDEDOR. As
referidas operações deverão ser comprovadas no livro de revisões e garantia, ou por cópia da folha de
obra acompanhada da respectiva factura. Estas operações correm por conta e encargo exclusivo do
COMPRADOR.
(c) em qualquer caso de intervenção no veículo, sob a forma de reparação ou manutenção, a mesma
deverá ser efectuada nas instalações do VENDEDOR ou em local por este indicado.
2. Nas intervenções em garantia, apenas poderão ser utilizadas peças de origem, ou peças de terceiros
que tenham a mesma qualidade, a qual deverá ser certificada por escrito, pelo respectivo reparador.
3. Qualquer substituição de peças e/ou componentes para além daquelas que forem efectuadas na
inspecção referida no número anterior e que não constituam elementos indispensáveis à segurança ou
à conformidade do veículo com o contrato, apenas será efectuada mediante pedido escrito do
Comprador e eventual revisão do preço pago na venda do veículo automóvel.
Cláusula 5ª
(Condições Acordadas)
O VENDEDOR poderá contratar com terceiro, desde que não contrarie o disposto na lei aplicável, a
gestão da garantia prestada ao veículo, mediante documento escrito e entregue ao COMPRADOR.
Cláusula 6ª
(Comunicações e Foro Competente)
1. Para efeitos de comunicações, notificações e citações o VENDEDOR e o COMPRADOR têm
domicílio no local constante do cabeçalho deste contrato.
2. Para a resolução de todos os litígios emergentes do presente contrato, as partes atribuem
competência ao Centro de Arbitragem do Sector Automóvel ou Tribunal do Foro competente.
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Módulo V – Contratos
DOCUMENTO DE APOIO Nº 3
Tema:
Contrato de Transporte
Contrato de transporte é todo aquele no qual uma pessoa se obriga a conduzir pessoas e/ou bens de um local
para outro, em troca de uma certa retribuição pecuniária (monetária).
O contrato de transporte que nos interessa estudar é o de natureza comercial, daí que seja regulado pelo Código
Comercial. Assim:
Segundo o Art. 366.°, o contrato de transporte diz-se comercial quando os transportadores tiverem
constituído empresa ou companhia regular e permanente.
Segundo o Art. 367.° o transportador é aquele que transporta por si, através dos seus empregados e
instrumentos (normalmente viaturas), ou por empresa, companhia ou pessoas diversas.
Um contrato de transporte, nomeadamente o transporte de mercadorias, seja ele terrestre, marítimo ou aéreo,
pressupõe sempre a intervenção de três entidades: o transportador, o expedidor e o destinatário.
• O Transportador – Pessoa singular ou colectiva, que efectua o transporte dos bens e/ou pessoas.
• O Expedidor – Pessoa singular ou colectiva que utiliza o transporte, isto é, que celebra o contrato para
transportar as suas mercadorias;
Além dos intervenientes anteriores, existe ainda a figura do passageiro, que é a pessoa que se faz transportar
por qualquer veículo, mediante uma retribuição pecuniária.
Remuneração do transporte
A designação atribuída à remuneração do transporte varia consoante a via ou o objecto transportado. Deste
modo:
Tipos de transporte
A empresa Mobiladora de Reguengos, Lda. pretende transportar os seus produtos para as várias regiões onde
se encontram os seus clientes.
A escolha do transporte adequado ficou a cargo da gerente Sandra Cotrim, que começou por realizar uma
pesquisa sobre o assunto, de modo a rentabilizar o seu trabalho e conseguir as melhores condições.
A responsável elaborou também um quadro síntese que lhe permitia responder a algumas questões, tais como:
Quadro 1
VIA DE COMUNICAÇÃO
Ferroviário
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Módulo V – Contratos
Qual, de todos os tipos de transporte representados no quadro 1, se torna o mais aconselhável à empresa?
A resposta não é objectiva, pois cada um dos meios, vias ou veículos de transporte tem características muito
próprias, dependendo a sua escolha dos objectivos que a empresa pretender atingir. Cada aspecto apresenta
também vantagens e desvantagens.
Quadro 2
Meio de transporte Veículo Vantagens de utilização Desvantagens de utilização
• Flexível
• Alternativa ideal de
transporte para
determinados produtos
Depois do estudo realizado, qual pensa ter sido a escolha de Sandra Cotrim? Justifique a sua decisão.
O transporte de mercadorias deve ser acompanhado de documentação específica, esteja ou não sujeito a
contrato de transporte.
Segundo o Decreto Lei n.°45/89 de 11/02, um bem em circulação é todo aquele que:
• for encontrado fora dos locais de produção, (...) de exposição, dos estabelecimentos de venda por
grosso a retalho ou armazém.
• • for encontrado no acto de cargas e descargas e exposto para venda em feiras e mercados (ofício
circular n.° 66 262 de 23 de Junho de 1994 - CIVA).
A formalização escrita do contrato de transporte faz-se através de documento de transporte que varia consoante
o meio de transporte utilizado.
1 — Todos os bens em circulação, seja qual for a sua natureza ou espécie, deverão ser acompanhados de dois
exemplares do documento de transporte.
(…)
3 — Entende-se por documento de transporte a factura, a guia de remessa ou documento equivalente, a nota
de venda a dinheiro, a nota de devolução e as guias de transporte.
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Módulo V – Contratos
Transporte Rodoviário
As empresas podem transportar as suas mercadorias com transporte próprio ou recorrer a uma transportadora.
O segundo caso dá origem ao contrato de transporte.
Se até há bem pouco tempo muitas empresas consideravam que terem frotas de transporte era algo tão natural
como 2 + 2 = 4, hoje em dia começa a ganhar força crescente a ideia de que esta área tanto pode ser um trunfo
estratégico como pode funcionar de fuga como fundos da empresa.
Ter ou não frota própria?
É que tanto ter-se veículos próprios como não os ter tem as suas vantagens e desvantagens.
Os lados bons de se ter frota própria:
• Maior facilidade de deslocação;
• Facilita e torna mais rápidas todas as necessidades de transporte;
• Com elevado volume de mercadorias a transportar compensa a nível de custos;
• A imagem da empresa pode ser projectada nos próprios veículos.
Os lados maus de se ter frota própria:
• O custo de aquisição e manutenção dos veículos (centenas ou milhares de euros por ano)
• Mão-de-obra extra afecta ao transporte;
• Desgaste dos veículos;
• Avarias que podem causar atrasos nas entregas e perda de clientes.
Perante todos os prós e contras, seria de prever que o serviço fosse entregue a empresas especializadas. No
entanto, perto de 80% dos 200 milhões de toneladas de mercadorias que se transportam anualmente por
estrada é feito por frotas próprias.
As empresas especializadas estão a evoluir em matéria de qualidade e preço e isso fará com que as empresas
comecem a aperceber-se de que é preferível utilizar o serviço de especialistas.
Documentação
A falta de documento de transporte está sujeita a penalizações que vão desde multas à apreensão provisória
dos bens e veículo transportador.
Os documentos que acompanham as mercadorias devem preencher determinados requisitos. Estes requisitos
estão referidos no n.° 5 do art. 35.° do Código do IVA (CIVA):
Nos termos do n.° 5 do art. 35.° do CIVA as facturas e documentos equivalentes devem ser datados, numerados
sequencialmente e conter os seguintes elementos:
Os documentos devem ser processados com numeração sequencial em triplicado, sendo que:
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Módulo V – Contratos
O contrato de transporte de mercadorias por meio rodoviário pode assumir a forma de contrato verbal ou de
contrato escrito.
No contrato verbal, as mercadorias são acompanhadas pelos documentos referidos no n.° 3 do Art. 1.° do DL
45/89 de 11 Fevereiro.
No contrato escrito, as mercadorias devem ser acompanhadas de uma guia de transporte, integrando os
elementos considerados necessários, seguido do art.° 15, do decreto-lei n.° 38/99 de 6 de Fevereiro.
G ui a de
^ > Transporte N.° 029/ A.C. ^^f^^
^ / 13/09/00 í§)
C.H.fí. - Central NàCtanal Retalhista A C,E. Estrado Nacional n." 10 Km. IOP POfTO
ALTO- SAMOfA COKKEiA Certnbuínte n * 503 357 758 Motrfíuíodo na Cor!. R«g.
5 ex.
3 c.c. Conjunto Springfield
/ifWcW
Viatura 31 - 97 - BV
Guia de transporte
TRIPLICADO
Original —
Fica com o
destinatário
Cópia — É
devolvida
ao
expedidor
Cópia —
Serve de
controlo no
caso da
fiscalização
dos
serviços do
IVA (SIVA).
Fica depois
na posse
do
expedidor
Uma empresa dispõe também de outros serviços de transporte de mercadorias, como é o caso
dos correios ou de outras empresas de transporte público.
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Módulo V – Contratos
A empresa Portas do Alentejo, Lda., com sede na Rua das Cervas, n.° 4, enviou mercadorias à empresa Baía do
Seixal, Lda.
Para efectuar o transporte recorreu à EMS, facto que deu origem à guia de transporte n.° 4031.
Transporte Ferroviário
Tal como no transporte rodoviário, também no transporte ferroviário o transporte de passageiros difere do
transporte de mercadorias.
O transporte de passageiros é remunerado através de tarifas, às quais é hábito chamar bilhete de 1.a ou 2.a
classes, com preço estabelecido em função do número de km a partir de um limite considerado mínimo.
O transporte ferroviário de mercadorias segue as regras gerais do Código Comercial que se encontram descritas
no Art. 393.°.
Este contrato está sujeito a condições e preços que se encontram reunidos em tabelas a que se dá o nome de
Tarifas.
O transporte de mercadorias obedece a vários critérios, de acordo com os seguintes itens:
• Distância a percorrer (em Km);
• Peso dos bens;
• Dimensão dos bens;
• Número de vagões: conjunto de vagões (comboio ou vagão completo);
• Volumes a serem transportados.
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ORGANIZAÇÃO DE EMPRESAS E APLICAÇÕES DE GESTÃO
Módulo V – Contratos
Quando uma empresa envia mercadorias com peso Inferior a 50 kg e comprimento Inferior a
1,5m, está em condições de recorrer a um serviço da CP, chamado TEX (transportes de encomendas expresso).
Quando uma empresa pretende enviar com urgência alguma mercadoria, pode utilizar o comboio rápido de
passageiros (por ex.: Intercidades ou Alfa).
Transporte Marítimo
O transporte marítimo pode assumir diversas formas, desde o transporte de passageiros, passando pelo
fretamento, até ao transporte de mercadorias. Genericamente, consideramos as seguintes modalidades:
1) Transporte de passageiros por mar;
2) Fretamento;
3) Transporte de mercadorias por mar.
Fretamento
Segundo o Art. 1.° do Decreto-Lei n.° 191/87 de 29/4, o Contrato de Fretamento é aquele através do qual o
proprietário de um navio — Fretador — cede à outra parte — Afretador ou Carregador — o uso de todo o navio
(fretamento total) ou parte dele (fretamento parcial) para fins de navegação marítima, mediante uma retribuição
pecuniária, normalmente designada por frete.
O documento que identifica o contrato de transporte por fretamento é a carta-partida. O fretamento assume três
modalidades possíveis:
• Fretamento por viagem
• Fretamento a tempo
• Fretamento em casco nu
Por viagem: O afretador utiliza o navio em uma ou mais viagens previamente fixadas.
A tempo: O afretador utiliza o navio equipado durante um certo período de tempo.
Em casco nu: O afretador utiliza o navio, não armado e não equipado, durante um certo período de tempo.
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Módulo V – Contratos
Transporte Aéreo
Este comprovativo será emitido consoante o número de intervenientes na operação. Estes intervenientes são
normalmente os que a seguir se enunciam:
• O transportador - empresa que assegura o transporte (no caso da figura - a TAP).
• O comandante do avião - responsável pelo avião durante o voo.
• O expedidor - pessoa que envia as suas mercadorias.
• O destinatário - pessoa a quem são enviadas as mercadorias.
O destinatário terá 50 dias para levantar as suas mercadorias, de contrário estas serão
consideradas abandonadas e posteriormente vendidas em hasta pública.
No comércio a retalho:
Domicílio do vendedor A mercadoria encontra-se em exposição e o
comprador é o responsável a partir do momento da
compra.
Domicílio do comprador Envolve mercadorias pesadas e de grandes
dimensões, sendo o vendedor o responsável a partir
do momento da compra.
INCOTERMS
Com o desenvolvimento das relações internacionais, verificou-se a necessidade de definir termos comuns — os
incoterms — os quais são utilizados para identificar os locais de entrega e definir responsabilidades.
Quais as razões que levaram à criação dos INCOTERMS?
Antes de mais, vamos ver o que significa a palavra de origem inglesa:
IN CO TERMS
International Commerce Trade Terms
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Módulo V – Contratos
Com certeza já viste os sinais anteriores, mesmo sem possuíres a carta de condução.
Se estudares o código da estrada, saberás qual o seu significado, assim como o saberá um colega teu da
Áustria por exemplo. Isto porque são sinais convencionados internacionalmente, para que seja possível
compreendê-los: onde quer que estejamos.
A finalidade dos INCOTERMS é quase idêntica. Com a intensificação das trocas comerciais, e
consequentemente do comércio internacional, verificou-se a necessidade de definir termos comuns entre os
países que figurassem nos documentos que fazem parte do acordo de compra (importação) e venda
(exportação).
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Módulo V – Contratos
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ORGANIZAÇÃO DE EMPRESAS E APLICAÇÕES DE GESTÃO
Módulo V – Contratos
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Módulo V – Contratos
Tema:
Contrato de Transporte
1) Aponte as causas que tornam nulos os seguintes negócios, atendendo ao seu objecto:
1 A
2 E
3 R
4 E
5 O
1. Entrega na fronteira
2. A mercadoria é entregue nas instalações do vendedor
3. A embalagem, a carga, o transporte principal, formalidades aduaneiras e o pré-transporte pagos pelo
vendedor
4. Livre a bordo do navio
5. O seguro, o tráfego portuário, os despachos, o carreto e a descarga são despesas da conta do comprador
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Módulo V – Contratos
Tema:
Contrato de Transporte
Contrato comercial?
- Pedro Matias transportou Sílvia Beirão de casa para a escola
- Pedro Matias – táxis, E.I.R.L. transportou Sílvia Beirão de casa para a escola
mediante um pagamento de 3,50 €
- A transportadora da Encarnação, Lda. Realizou a mudança da mobília da Sílvia
Beirão para a sua nova casa
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
3 Emita uma opinião pessoal sobre o facto de uma empresa ter ou não frota própria.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
3) Elabore um quadro comparativo dos diferentes tipos de transportes, utilizando para isso o quadro seguinte ou
outro à escolha:
Documentação
Contrato de
Intervenientes
transporte
Identificação Forma de emissão
Rodoviário
Ferroviário
Marítimo
Aéreo
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Módulo V – Contratos
DOCUMENTO DE APOIO Nº 4
Tema:
Contrato de Transporte
ASPECTOS EXEMPLOS
As embalagens
O termo embalagem está amplamente difundido nos nossos dias, quer pela utilização corrente das embalagens
que acondicionam os produtos que consumimos quer pela vulgarização da própria palavra.
Não obstante, nem sempre foi assim. Em tempos, não muito distantes, o cartucho de papel servia para levar da
loja até casa inúmeros produtos, tais como arroz, açúcar e feijão.
Longe está o tempo em que a utilização do tradicional "cartucho" se impunha como único modelo de
embalagem. Hoje, as embalagens apresentam um bom nível de satisfação, conseguido através de processos
tecnologicamente avançados. A concorrência dos mercados cada vez mais informados e exigentes apontam
para a necessidade de uma forte aposta na qualidade da embalagem dos produtos.
Também denominada packaging, na linguagem empresarial actual, a embalagem é determinante para que as
condições de segurança, garantia de qualidade e de preço justo sejam cumpridas.
Embalagem é a identificação do recipiente, sendo fabricado com variados materiais tendo como função, entre
outras, o acondicionamento dos produtos.
A embalagem dos produtos é, actualmente, produzida em variados materiais, cuja escolha dependerá das
características próprias de cada produto e da finalidade que se pretende para o mesmo.
O quadro seguinte dá-nos conta desses materiais. As ilustrações servem apenas para exemplificar, já que os
materiais utilizados são os mais diversos.
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Módulo V – Contratos
O quadro seguinte refere-se à utilização dos materiais relacionada com as características de cada produto.
Material
Plástico X X
Metal X X
Papel e Cartão X X X (embalagem tetra) X
Vidro X X
A embalagem, como grande responsável pelo devido acondicionamento do produto, apresenta um conjunto de
funções muito alargado. As funções podem classificar-se em funções técnicas e funções de marketing.
• Distribuição
• Protecção
• Transporte
• Facilidade
• Atracção
• Identificação e diferenciação
• Imagem
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Módulo V – Contratos
Serviço ao consumidor - Fornece informação sobre regras de utilização e composição do produto. Há empresas
no mercado que, através de uma linha directa grátis, informam o consumidor sobre o produto. O número da linha
aparece na embalagem.
Facilidade - Facilita o transporte utilizando embalagens conjuntas - os packages; Facilita a arrumação utilizando
embalagens condensadas - por exemplo os detergentes micro; Facilita a utilização através de embalagens
anatómicas, como por exemplo o "Teramed líquido".
Identificação e diferenciação - Facilita a identificação do tipo de produto que contém e permite a distinção de um
produto concorrente.
Imagem - Reflecte a postura da empresa face ao mercado. Se uma empresa se preocupa com o meio ambiente,
a embalagem que coloca no mercado deverá ser ecológica.
Considerando que a embalagem desempenha, só por si, o papel de protecção e segurança do produto, as
embalagens classificam-se em embalagens de transporte e embalagens mistas.
• Embalagem de transporte: serve apenas para acondicionar o produto, protegê-lo e facilitar a sua
deslocação até ao destino. A sua finalidade não é promover a imagem do produto.
A diferença entre estes dois tipos de embalagem é cada vez mais esbatida, pois as caixas de cartão canelado,
por exemplo, são utilizadas para o transporte, mas funcionam como um suporte de promoção dos produtos,
levando os fabricantes a desenvolver novas tecnologias de impressão cada vez mais atraentes.
Qualquer dos tipos de embalagem, seja de transporte ou misto pode ainda ser primários, exterior ou agrupados.
Embalagem primária — está em contacto directo com o produto, sendo as mais utilizadas as flexíveis por se
moldarem ao produto (Fig. 3).
Agrupadas — têm a função de facilitar o manuseamento. Ex.: Uma palete é embalada em filme (Fig.4).
Fig.3
Fig.4
A classificação aqui apresentada é actual. No entanto, os critérios não podem ser considerados muito rígidos, já
que a sua definição depende das características da empresa e da tecnologia utilizada e desenvolvida pela
empresa.
• aumento de custos nos fretes (custo de transporte) e nos seguros, principalmente quando é utilizado
material mais pesado ou mais frágil.
A utilização racional da embalagem passa pela redução do seu peso e volume e da quantidade de matéria-prima
utilizada no seu fabrico e reutilização — política dos "TRÊS ERRES":
• Reutilização do produto.
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Módulo V – Contratos
Os contentores
Contentores são caixas, habitualmente de dimensão considerável, construídas normalmente em materiais como
o ferro, a madeira, o plástico e que se destinam à deslocação dos produtos em grandes quantidades ou mesmo
ao seu armazenamento durante um curto período de tempo.
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Módulo V – Contratos
Tema:
Contrato de Transporte
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Módulo V – Contratos
DOCUMENTO DE APOIO Nº 5
Tema:
Contrato de Locação
Fundamentação Legal
Segundo o Art. 1022." do Código Civil, a locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar
à outra o gozo temporário de uma coisa, mediante retribuição.
• Termo final ou Prazo determinado — não pode exceder certo limite. Os limites estipulados por lei são:
Os intervenientes num contrato de locação, o locador e o locatário, estão obrigados a determinadas exigências
da lei:
Obrigações do Locador
Efectivamente, proporcionar o gozo de uma determinada coisa pressupõe a sua entrega. Ex.: alugar uns patins
pressupõe a entrega desses patins. Do mesmo modo que há que garantir que os patins alugados só o são para
o fim a que se destinam: patinar.
Obrigações do Locatário
Por sua vez, o locatário também terá obrigações, consagradas no Art. 1038.° do Código Civil:
Ao aceitar as condições do contrato, o locatário deve proceder ao pagamento respectivo, bem como restituir o
que alugou ou arrendou, terminado o prazo estipulado.
De acordo com o Art. 1023.° do Código Civil, existem duas formas de locação:
• ALUGUER
• ARRENDAMENTO
Aluguer é um contrato que incide sobre coisas móveis, como por exemplo: um automóvel ou um computador.
Aluguer Civil: Se, no momento da compra, o comprador adquiriu o bem para uso próprio. Se posteriormente o bem
for alugado, o contrato continua a ter natureza civil, pois o que conta é a intenção do comprador, no acto da
compra.
Aluguer Comercial: Se, no momento da compra, o comprador tem como intenção proceder ao aluguer do referido
bem. (Art. 481.°, do Código Civil.).
No contrato de aluguer há lugar a uma retribuição certa e determinada, denominada aluguer, a pagar pelo locatário.
Arrendamento é um contrato cujas condições incidem sobre coisas imóveis. Dai que arrendamos apartamentos,
lojas, entre outros.
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Módulo V – Contratos
O Decreto-Lei n.° 321-B/90 de 15 de Outubro define o novo Regime do Arrendamento Urbano, nomeadamente o
arrendamento para Comércio, Indústria e Profissões Liberais — Art.110°
Este tipo de arrendamento verifica-se sempre que o locatário ou arrendatário tomar o prédio de arrendamento
para fins directamente ligados com uma actividade de troca — comercial — ou de produção — industrial.
Segundo o Art. 1029.° é obrigatória a realização de escritura pública, pois a lei confere algumas vantagens,
sendo de salientar a garantia de continuidade da actividade.
CONTRATO DE ARRENDAMENTO
Aos quinze de Outubro de dois mil e três, no Porto e Rua de Santa Catarina, número vinte cinco,
perante mim, Licenciado José Maria Calado Feio, Notário do vigésimo Cartório Notarial do Porto,
compareceram:
PRIMEIRO OUTORGANTE:
Dr. José Paulo Mendonça de Alcântara, natural de Lisboa, casado, residente na Avenida Ilha da
Madeira, n.° 10, em Lisboa; e, Dra. Joana Pinheiro Manso, natural de Vimeiro, Alcobaça, casada,
residente na Rua Pôncio, n.° 19 em Lisboa;
outorgam na qualidade de membros do conselho de administração e em representação de IMOIN-
VEST – Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário, S.A., sociedade comercial
anónima, com sede na Praça de Alvalade, n.° 25, segundo andar, em Lisboa e o capital de
quinhentos
mil euros, pessoa colectiva número 500 111 222, matriculada na conservatória do registo comercial
de Lisboa, terceira secção, sob o número dois mil e dois; a qualidade em que outorgam e a
suficiência dos seus poderes para este acto verifiquei-as por certidão passada pela mencionada
Conservatória, já arquivada neste cartório, por efeito da escritura lavrada a folhas cento e sete, do
Livro de notas número trezentos e cinco – A.
SEGUNDO OUTORGANTE:
Dra. Patrícia Alexandra Mota, natural de Covilhã, solteira, residente na Rua Mateus Fernandes,
n.° 3, 2.° andar direito, em Borba; e, Dra, Ana Sofia Campos, natural de Covilhã, solteira,
residente na Rua GIR, em Borba;
outorgam, na qualidade de Gerentes e em representação de JAF – Fabricação e Comércio de
Artesanato, Lda., com sede em Borba, Rua do Forte Velho, Freguesia de Borba, matriculada na
Conservatória do Registo Comercial de Évora sob o número zero nove mil oitocentos e cinquenta
e um capital social de cinco mil novecentos e oitenta e seis euros, conforme consta de
duas fotocópias de procurações que arquivo.
Verifiquei a identidade dos primeiros outorgantes e dos segundos outorgantes pela exibição
dos respectivos bilhetes de identidade: ambos emitidos pelos Serviços de Identificação Civil de
Lisboa.
E PELOS PRIMEIROS OUTORGANTES FOI DITO NA INVOCADA QUALIDADE:
A sociedade sua representada — é dona e legítima possuidora de fracção autónoma designada
pela letra “B”, correspondente à loja com entrada pelo número cinco que se prolonga
pela cave com a qual liga interiormente através de uma escada privativa, do prédio urbano em
regime de propriedade horizontal, sito em Rua do Forte Velho número cinco, freguesia de
Borba, Concelho de Borba, inscrito na respectiva matriz sob o artigo dois mil e três.
Que pela presente escritura, em nome da sua representada, dão de arrendamento à
representada dos segundos outorgantes a identificada fracção autónoma nos termos constantes
do documento complementar que apresentam, elaborado de harmonia com o número dois do
artigo sessenta e quatro do Código do Notariado, que conhecem e inteiramente aceitam, pelo
que dispensam a sua leitura.
DISSERAM OS SEGUNDOS OUTORGANTES NA INVOCADA QUALIDADE:
Que, para a sociedade que representam, aceitam este arrendamento nos termos exarados.
ASSIM 0 DISSERAM.
Exibiram a licença de utilização número quinze, concedida pela Câmara Municipal de Évora,
em 15 de Julho de mil novecentos e noventa e seis; e,
duplicado do pedido de vistoria ao identificado prédio apresentada na mesma câmara em
10 de Julho corrente.
Aos outorgantes, na presença simultânea de todos, fiz em voz alta a leitura desta escritura e a
explicação do seu conteúdo.
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Módulo V – Contratos
PRIMEIRO
1 — O arrendamento é feito pelo prazo de cinco anos, renovando-se automaticamente por
períodos de um ano, iguais e sucessivos, salvo se a arrendatária o denunciar, caso em que o
deverá fazer até dois meses antes do fim do período contratual em causa, por carta registada com
aviso de recepção dirigida à locadora.
2 — 0 presente arrendamento terá inicio no dia 30 de Outubro de dois mil e três.
SEGUNDO
A renda mensal é de novecentos e noventa e sete euros, actualizável anualmente em função
do coeficiente oficialmente aprovado para o efeito, e será paga até ao dia oito do mês anterior
àquele a que disser respeito, mediante depósito na conta número três, seis, quatro, zero, zero, da
Caixa Geral de Depósitos — Borba.
TERCEIRO
O local arrendado destina-se à actividade compreendida no objecto social da sociedade locatária.
QUARTO
1 — A locatária fica, desde já, expressamente autorizada a, quando julgar oportuno, efectuar
na fracção arrendada as obras de adaptação ou remodelação necessárias ou convenientes ao
exercício da sua actividade, incluindo a demolição de paredes e a alteração da divisão interior da
fracção, sem qualquer restrição desde que não afectem a estrutura do edifício nem debilitem a
natureza dos materiais empregues na construção da fracção arrendada.
2 — A locadora autoriza igualmente a arrendatária, desde que esta obtenha os licenciamentos
necessários, a pôr anúncios e a instalar painéis ou reclamos luminosos de promoção ou publicidade
na fachada do edifício, na área exterior correspondente à fracção arrendada.
3 — As obras e benfeitorias no número um deste artigo serão suportadas em exclusivo pela
arrendatária ficando as mesmas a fazer parte integrante da fracção arrendada no termo do contrato
de arrendamento.
4 — A locadora obriga-se a prestar à arrendatária toda a colaboração que se mostre necessária
ao licenciamento das obras a que se refere o número um deste artigo, designadamente assinando
e requerendo tudo quanto se mostre necessário ou conveniente ao indicado fim.
QUINTO
A locatária autoriza a arrendatária a sublocar a fracção arrendada, durante a vigência do contrato,
ou por qualquer outra forma ceder, total ou parcialmente, o gozo da mesma, gratuita ou
onerosamente, designadamente a ceder a exploração do estabelecimento integrado no andar arrendado.
SEXTO
A arrendatária obriga-se a:
1 — Permitir a vistoria da fracção arrendada, durante as horas normais de expediente, por
que lhe for antecipadamente indicado pela locadora, e
2 — Restituir a fracção findo o contrato de arrendamento, em bom estado de conservação e
Limpeza e com todos os seus pertences.
SÉTIMO
As despesas correntes necessárias à fruição das partes comuns do prédio e ao pagamento de serviços
de interesse comum, nomeadamente as despesas de condomínio, serão suportadas pela arrendatária.
OITAVO
Para diminuir qualquer litígio emergente do presente contrato as partes elegem o foro da
Comarca de Lisboa.
Trespasse
TRESPASSA-SE
Anúncios como o que apresentamos são vulgares nos jornais. Interessa, porém, compreender o que é um
trespasse e as suas características principais.
Trespasse identifica-se como a transmissão de um estabelecimento comercial ou Industrial, como um todo, com
o objectivo de se continuar a desenvolver aí o mesmo ramo de actividade.
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Módulo V – Contratos
Por outro lado, não há trespasse ( Art. 115.° do Regime de Arrendamento Urbano) quando:
Locação Financeira, tal como é definida pela lei, é o contrato pelo qual uma das partes, o locador, se obriga,
mediante retribuição periódica, a ceder à outra, o locatário, o gozo temporário da coisa, adquirida ou construída
por indicação deste e que o locatário pode comprar total ou parcialmente, num prazo predeterminado, mediante
o pagamento de um valor residual determinado nos termos do próprio contrato.
A locação financeira só pode ser exercida por sociedades de locação financeira — os bancos e sociedades de
leasing — os quais servem de intermediário entre o locatário e o fornecedor do bem, ficando o locador com a
propriedade do bem, com o objectivo de garantir o cumprimento do contrato por parte do locatário.
O leasing è uma forma de financiamento directo, pois a pessoa interessada adquire os bens através da
sociedade financeira de forma imediata.
Tal como outras formas de financiamento, o leasing oferece vantagens e apresenta alguns inconvenientes:
VANTAGENS:
• Constitui por vezes a única, forma de adquirir o usofruto do equipamento mais adequado;
• Constitui uma forma de financiamento, principalmente para empresas com poucos capitais próprios;
DESVANTAGENS
• Por vezes, os custos inerentes são mais elevados do que os decorrentes de um financiamento
bancário, com taxas de juro mais elevadas;
• O contrato inclui cláusulas muito severas, caso o mesmo não seja devidamente cumprido.
Primeiro outorgante: MUNDOLEASING, S.A., com sede na Rua Rodrigo da Fonseca n.º 325 -
1700-007 Lisboa, portador do Cartão de Pessoa Colectiva n.° 501 222 666, matriculado na
Conservatória do Registo Comercial de Lisboa sob o n.° 56 789, adiante designado por locador
representado por Dr. Daniel Tiago Teixeira e na qualidade de Administrador.
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Módulo V – Contratos
Segundo outorgante: JAF - Fabricação e Comércio de Artesanato, Lda., com sede social na Rua do
Forte Velho, Freguesia de Borba, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Évora sob o
n.° 9851 e o capital social 5986 € adiante designado por locatário e representado por Dra. Patrícia
Alexandra Mota e Dra. Ana Sofia Campos na qualidade de Gerentes.
Os Outorgantes acima indicados obrigam-se nos seguintes termos:
Artigo 1.° — O locador dá de aluguer ao locatário uma carrinha Corolla Starvan em estado
Toyota
completamente novo e a seguir designado por equipamento.
Artigo 2.° — O presente Contrato terá inicio no dia 02-11-00, data em que o equipamento é
entregue ao locatário no seguinte local: Rua do Forte Velho — Borba.
0 Locatário aceitou que o equipamento está em perfeitas condições e satisfaz o fim a que se
destina
Artigo 3.° — A duração deste Contrato é de 36 meses. Terá assim o seu terminus a 02/11/2006.
Artigo 4.° — A retribuição será por cada mês de 599,56 €, acrescida da respectiva taxa de IVA
em vigor à data do contrato, podendo ser alterada, e rendas antecipadas. 0 valor das rendas será
válido por um período máximo de 30 dias da data do envio do contrato.
Artigo 5.° — O pagamento da renda será feito por transferência bancária.
Artigo 6.° — A falta de pagamento por parte do locatário até ao limite do estabelecido no
art. 3.° de qualquer das rendas mensais confere ao portador o direito de considerar automaticamente
resolvido o contrato de locação e, em consequência, exigir imediatamente a entrega do respectivo
equipamento, objecto do presente contrato, sem prejuízo das indemnizações legais devidas por falta
de pagamento pontual.
Artigo 7.° — Será por conta do locador toda a assistência e manutenção do equipamento. No
entanto, o locador não será responsável por qualquer dano causado por utilização indevida do
equipamento por parte do locatário.
Artigo 8.° — Qualquer alteração ao presente contrato deverá ser sempre por escrito e
assinado por ambas as partes.
Artigo 9 ° — No omisso, regulará a legislação aplicável.
Artigo 10.° — O Foro competente para dirimir as questões emergentes do presente contrato é o
de Lisboa, com renúncia a qualquer outro.
Renting
Renting é um contrato através do qual uma das partes — o locador — possibilita que a outra — o locatário —
utilize os bens previamente adquiridos, por um prazo variável, mediante o pagamento de uma taxa de utilização.
LEASING RENTING
• O locador adquire o bem após instrução do • O locador adquire uma vasta gama de bens
potencial locatário procurando, em seguida, potenciais clientes
• No fim do contrato existe opção de compra • Não prevê opção de compra no final do
do bem contrato
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Módulo V – Contratos
DOCUMENTO DE APOIO Nº 6
Tema:
Operações Bancárias
O que é um banco?
Um banco é uma entidade que desenvolve uma actividade de intermediação entre quem tem dinheiro para
emprestar e quem tem necessidade de empréstimos.
Os bancos organizam internamente as suas actividades em função de uma série de operações bancárias, com o
objectivo de obter a movimentação do dinheiro e o respectivo lucro.
Operações Passivas – Consistem na recolha de fundos, através de depósitos dos seus clientes, aos quais paga
um certo juro.
Operações Activas – São constituídas pelos juros que o banco recolhe sobre os seus próprios compromissos,
quer sejam empréstimos concedidos aos seus clientes quer sejam investimentos em títulos.
OPERAÇÕES PASSIVAS
O cliente entrega a uma instituição de crédito uma determinada quantia, por um prazo fixado ou não, sendo o
banco obrigado a restituir essa importância, acrescida de juros.
O contrato de depósito efectuado entre o cliente denominado depositante e o banco, denominado depositário,
pode assumir duas formas:
• Depósito Regular – o banco assume a obrigação de restituir ao seu cliente os bens que lhe foram
confiados, sem o pagamento de juros
DEPÓSITO À ORDEM
O cliente pode mexer no dinheiro em qualquer momento, podendo o banco aplicar uma parte desse depósito, o
que implica que a taxa de juro seja mais baixa.
Cheque – é um título de crédito, mediante o qual o portador tem o direito de retirar dinheiro do banco
que o emitiu, não tendo por si qualquer valor específico.
Transferência – o cliente dá ordem ao banco para transferir para a conta de outro cliente a quantia
desejada.
Ordem de pagamento – o cliente autoriza a entidade bancária a proceder a certos pagamentos, como
por exemplo o telefone, isto se as conta tiver saldo suficiente.
DEPÓSITO A PRAZO
O depósito é feito com um período que varia entre 31, 91, 181 e 361 dias. O depositante pode levantar o dinheiro
antes do prazo, perdendo assim o direito aos juros.
O cliente não pode efectuar levantamentos sem avisar, previamente o banco por escrito.
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Módulo V – Contratos
OPERAÇÕES ACTIVAS
Desconto Bancário – quando o portador do título recebe a importância nela escrita, antes do seu
vencimento, deduzida dos juros e encargos.
Empréstimo Bancário – consiste na entrega de fundos, onde o cliente se compromete a pagar juros e
a reembolsar o banco.
Caução – realizada através de títulos de crédito, hipotecas, acções, obrigações ou outros valores;
Livrança – título de crédito, subscrito pelo cliente, constituindo uma promessa de pagamento do
empréstimo obtido.
TÍTULOS DE CRÉDITO
É corrente, nos nossos dias, lidarmos com diferentes documentos, que facilitam os pagamentos a efectuar ou
entrada em diferentes locais. Todos eles representam um direito de crédito.
Título de crédito é, pois, qualquer documento que representa um crédito que uma pessoa — o credor — tem
sobre outra — o devedor.
Representativos de moeda — conferem aos seus possuidores o direito de receberem uma certa verba em
dinheiro. Ex.: Cheque e letra.
Representativos de mercadorias — conferem aos seus possuidores o direito de receberem e/ou levantarem
mercadorias. Ex.: Cautela de penhor.
Representativos de serviços — conferem aos seus possuidores o direito de beneficiarem de um serviço. Ex.:
Bilhete para o cinema; Passagem de avião.
Transmissibilidade — O direito que o título representa pode ser transmitido a terceiros, ficando este na
qualidade de credor.
Autonomia — O possuidor do título poderá não estar relacionado com o contrato que lhe deu origem.
• Nominativos — aqueles que indicam o nome da pessoa a favor do qual foram emitidos. São transmitidos por
averbamento, isto é, declaração do proprietário, escrita no próprio documento e devidamente averbada nos
registos da sociedade.
• À ordem — indicam o nome do titular dos direitos e são transmitidos por endosso, isto è, no verso do
documento é inscrita a frase "Pague-se a..." ou "À sua ordem...".
• Ao Portador — são transmitidos pela simples entrega, sem necessidade de se cumprirem certas
formalidades.
A LETRA
A letra é um título de crédito pelo qual a entidade que o emite (sacador) dá ordem a outra (sacado) para lhe
pagar a si, ou a alguém por sua ordem, uma determinada importância em dívida, numa determinada data.
• saque
• desconto
• endosso
• protesto
• reforma
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Módulo V – Contratos
DOCUMENTO DE APOIO Nº 7
Tema:
Contrato de Empréstimo
Classificação de Empréstimos
O contrato de empréstimo não está contemplado no actual Código Civil. No entanto, o referido código considera
dois tipos de contratos relacionados com o contrato de empréstimo:
• COMODATO
• MÚTUO
Segundo o Art. 1129.º do Código Civil, comodato é um contrato gratuito, pelo qual uma das partes entrega à
outra alguma coisa, móvel ou imóvel, para que se sirva dela, tendo como obrigação a sua restituição.
O contrato de comodato tem como intervenientes o comodante – a pessoa que deve entregar a coisa – e o
comodatário – pessoa que usufrui dessa coisa.
O que identifica o comodato e o distingue de outros tipos de empréstimo são as seguintes características:
• É gratuito
Entre ARTESÃO, Lda., com sede em Campo Maior, contribuinte número 500 248 733, com capital de 5000,00 €,
matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Évora sob o número 987, como primeira contratante e
JAF - Fabricação e Comércio de Artesanato, Lda., com sede social na Rua do Forte Velho, Freguesia de Borba,
matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Évora sob o n.° 9851 e o capital social 5986,00 € como
segunda contratante, é celebrado o presente contrato de cedência de suportes de peças de artesanato "O
artesão", nos termos e condições seguintes:
CLÁUSULA PRIMEIRA
Código Suportes
CLAUSULA SEGUNDA
CLÁUSULA TERCEIRA
A cedência é feita a título gratuito, portanto, sem quaisquer encargos para a segunda outorgante.
CLÁUSULA QUARTA
A primeira outorgante mantém a propriedade dos suportes indicados na cláusula primeira, salvo aquisição
destes pela segunda outorgante nos preços da tabela em vigor.
CÁUSULA QUINTA
A cedência dos suportes pressupõe a conveniência da permanência destes nas instalações da segunda
outorgante para os fins referidos na cláusula segunda.
A não utilização destes suportes nos termos e com o objectivo deste contrato implicará a sua resolução, com a
obrigatoriedade da devolução dos suportes Articor.
CLÁUSULA SEXTA
A primeira outorgante reserva-se o direito de retirar os suportes que não estejam a ser utilizados e com o
objectivo deste contrato, procedimento que desde já é expressamente autorizado pela segunda outorgante.
CLÁUSULA SÉTIMA
Este contrato é celebrado pelo prazo de 3 anos, automaticamente renovado, por períodos iguais, salvo se for
denunciado por escrito por qualquer das partes nos 90 dias anteriores ao respectivo termo.
Beatriz Patrícia
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Módulo V – Contratos
De acordo com o Art. 1142.° do Código Civil, Mútuo é o contrato pelo qual uma das partes — Mutuante —
empresta à outra, dinheiro ou bem fungível, ficando a segunda — Mutuária — obrigada a restituir outro tanto do
mesmo género e qualidade.
Da definição de mútuo retiramos que o objecto do empréstimo se traduz em dinheiro ou em bens de desgaste e
que no final do contrato há a restituição, não do mesmo bem, como facilmente podes explicar, mas da mesma
quantia (no caso do dinheiro) ou de qualidade equivalente (no caso dos bens de desgaste).
Tendo como base o Art. 1143.° do Código Civil, o contrato de mútuo é válido se verificar as condições
constantes do seguinte quadro:
Valor Condições
As características do mútuo são as que podemos extrair do Art. 1142.° do Código Civil:
É considerado usuário todo e qualquer contrato mútuo cujas taxas de juros aplicadas sejam
superiores em 3% ou 5% às taxas legais, consoante exista ou não garantia real.
Empréstimo Comercial
Segundo o código Comercial, Art. 395.° o contrato de empréstimo Comercial é oneroso e na falta de acordo é
aplicada a taxa de juro em vigor.
• Entre particulares
• Empréstimos bancários
• Factoring
Os empréstimos bancários, por sua vez, podem assumir, entre outras, as seguintes modalidades:
• Desconto bancário
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Módulo V – Contratos
DOCUMENTO DE APOIO Nº 8
Tema:
Cálculo Financeiro
Cálculo de Juros
|____________________| |______________________|
C' = C - J C C S=C+J
Onde:
C — Capital
J — Juro
C' — Capital recebido no início do empréstimo, também denominado capital actual do empréstimo
J=Cx n x i
Onde:
J — Juro
C — Capital
i — Taxa de Juro
n — Tempo
A fórmula anterior servirá de base para as fórmulas que constam no quadro seguinte:
No momento da realização do empréstimo, é acordada uma taxa entre o mutuante e o mutuário, a qual é
denominada taxa nominal e que é representada por i.
Num empréstimo com juro antecipado, a taxa aplicada denomina-se taxa real, representando-se por i’ e resulta
da comparação dos juros com o capital efectivamente recebido.
Embora a taxa nominal seja diferente da taxa real, os juros calculados sobre o capital actual têm de ser iguais.
Isto é:
J = J’
C x n x i = C’ x n x i’
C x n x i = (C – J) x n x i’
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Módulo V – Contratos
C x i = (C – J) x i’
C x i = (C – (C x n x i)) x i’
E portanto:
C x i = C x (1 – (n x i)) x i’
i = (1 – (n x i)) x i’
Donde:
i’ = i / (1 – (n x i))
A fórmula anterior servirá de base para as fórmulas que constam no quadro seguinte:
Anos i’ = i / (1 – i)
Meses i’ = i / (1 – (n x i) / 12)
É importante notar que o tempo (n) para o qual são calculados os juros, e a taxa de juro têm de
estar na mesma unidade. Por exemplo se calculamos o juro para anos, então a taxa de juro deve ser anual. Se
não for, temos de a converter.
Em Portugal, Taxa Anual Efectiva Global, ou simplesmente TAEG, entende-se como o custo total de um crédito
ao consumidor. É expresso em percentagem anual do montante do crédito recebido e cobre as despesas de
cobrança de reembolsos e pagamentos de juro, bem como restantes encargos obrigatórios a suportar pela
entidade credora (impostos, selos fiscais, seguros, etc.).
Esta percentagem é tipicamente indicada em compras a prestações (em que o crédito é suportado, geralmente,
pelo próprio vendedor), para justificar a não correspondência entre o Preço de Venda ao Público (pagamento a
pronto) e o total das prestações.
Taxas Equivalentes
Convém salientar que o número de períodos n e a taxa de juro i devem referir-se à mesma unidade de tempo.
Geralmente, utilizam-se taxas de juro anuais, mas poderão utilizar-se outras, por exemplo mensais, semestrais,
etc.
Dizemos que duas ou mais taxas de juro são proporcionais ou equivalentes quando referidas a unidades de
tempo diferentes, produzem o mesmo juro com os mesmos capitais em espaços de tempo iguais.
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Módulo V – Contratos
1 ano 9% ao ano
Exemplo:
Supondo que a Sociedade Rubinex, S.A. obteve um empréstimo de 8978,36 € pelo prazo de 8 meses, à nominal
de 17,5% ao ano.
Sabendo que o empréstimo foi efectuado a juros antecipados, vamos ajudar o Director Financeiro da empresa a
calcular a taxa real do empréstimo.
Assim:
i’ = i / (1 – (n x i) / 12)
i’ = 0,175 / 0,88333333
i’ = 0,1981
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Módulo V – Contratos
Tema:
Cálculo Financeiro
1) Sabendo que determinada empresa vai solicitar a um banco um empréstimo de 50 000 euros durante 3 meses
a uma taxa de juro de 6% ao ano.
Indique:
C = ____________________
n = ____________________
i = _____________________
Calcule:
2) Um capital de 185 000 € foi investido em regime de juro simples à taxa quadrimestral de 8%, durante 3
meses.
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Módulo V – Contratos
Tema:
Cálculo Financeiro
1) Calcular o juro produzido por um capital de 135 000 €, investido à taxa de juro anual de 17%, no período
compreendido entre 9 de Abril e 21 de Junho.
2) Um capital de 1 000 000 € foi aplicado em regime de juro simples, durante 7 meses, produzindo um juro de
14000 €. Determine a taxa de juro anual que foi aplicada.
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Módulo V – Contratos
Tema:
Cálculo Financeiro
1) Uma empresa aplicou 200 000 € num depósito a prazo durante um ano, à taxa de juro nominal de 2% ao ano,
no regime de juro composto com capitalizações semestrais.
2) Uma empresa fez um investimento de 100 000 € durante um ano, à taxa de juro nominal de 15% ao ano, no
regime de juro composto com capitalizações quadrimestrais.
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DOCUMENTO DE APOIO Nº 9
Tema:
Funções Financeiras
Actualmente muitos dos cálculos de juros e outras operações de cálculo financeiro são efectuadas com o
recurso a folhas de cálculo. No quadro seguinte listam-se as principais funções financeiras do Excel.
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