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SILVA, Edgleide de Oliveira Clemente da.

Mensurar e absolutizar: a concepção


geográfica de Thomaz Espindola na obra “Geografia Alagoana” do século XIX. In: IX
Seminário Internacional – As Redes Educativas e as Tecnologias, 2017, Rio de
Janeiro.

Edgleide Silva - Mensurar e absolutizar: a concepção geográfica de Thomaz Espindola


na obra “Geografia Alagoana” do século XIX

Lucas Brito Santana Da Silva Disciplina: História de Alagoas

Objetivo Geral: Analisar a concepção geográfica de Thomaz Espindola.

O artigo de Silva (2017) está dividido em três partes, nas quais aborda,
respectivamente, a produção e os usos do livro didático como fonte de pesquisa para
História da Educação, o tipo de geografia produzida no século XIX, e,
especificamente, o tipo de geografia produzida por Thomaz Espindola. Somente estes
dos últimos objetos nos são necessários neste trabalho.

Na síntese da autora sobre a geografia oitocentista, ela sustenta que “A


Geografia no Brasil Império nasce como uma disciplina mnemônica, descritiva e
enciclopédica” (p. 04). As obras geográficas, e não só elas, desse período estavam
preocupadas tanto com a formação intelectual quanto moral dos indivíduos, homens
e mulheres. Para essa geografia, o homem aparecia como um dado a mais na
natureza, e o seu aprendizado se conduzia a partir de uma metodologia que focava-
se nas experiências, onde o aluno aparece como “mero observador, que enumera e
classifica os objetos estudados” (p. 04). No fim do aprendizado, se esperava que
emergisse um indivíduo patriótico, senhor de um saber fundamental para tanto para
sua ascensão nos quadros da sociedade, abrindo-lhe o caminho para o poder político
e para a intelectualidade da época, quanto para a formação da nação, auxiliando na
demarcação e expansão territoriais. Daí notar-se a íntima relação entre o poder
político e esse saber geográfico, que estava restrito a uma elite, objetivando a
formação de quadros administrativos para o Estado.

A geografia desenvolvida no Brasil do século XIX, especialmente esta do


Thomaz Espindola, estava fortemente influenciada pelas geografias europeias, e
visava o desenvolvimento das sociedades nacionais tomando como as sociedades
europeias, e os Estados Unidos, como modelos. Nesse sentido, as temáticas ligadas
a “instrução, civilização, moral, religião, território, lugar e progresso material” (p. 05)
eram fundamentais.
Thomaz Espindola aparece como um desses intelectuais oitocentistas
marcados por uma ampla formação intelectual, A escrita dos homens do Império era
marcada por uma larga formação intelectual; a tarefa de escrita de um livro didático
como o seu “Geografia Alagoa” fazia necessário domínio sobre, além da própria
geografia, sobre História, religião, política, educação e outros. Assim, Espindola
propunha que a sua geografia fosse uma grande auxiliadora das outras ciências
naturais, e a sua História o lampejo que torna o futuro menos obscuro. Também, ao
se propor desenvolver estudos geográficos, o autor afirmava estar no caminho das
grandes civilizações da época, para as quais esses estudos eram imprescindíveis.
Aos homens de forma geral, Espindola afirmava a necessidade de conhecerem sua
terra natal, a terra que os deu a vida, cuja ignorância seria das coisas mais
imperdoáveis.

Para Silva (2017), o par “mensurar e absolutizar” definem o núcleo do tipo de


geografia que Thomaz Espindola produziu. A mensuração vai na direção da
territorialização contínua dos espaços da Nação, da garantia da “integridade
geográfica do país”, fundamental para a consolidação do domínio do estado sobre o
território. A absolutização vai na direção da formação do conhecimento geográfico
cada vez mais científico, cada vez mais rígido, até que a geografia possa servir de
modelo para as outras ciências. Esta perspectiva de uma mensuração compulsiva
pode ser perfeitamente observada na primeira parte da Geografia Alagoana, a
geografia física, na qual o autor apresenta uma lista infindável dos componentes
geográficos do espaço alagoano.

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