Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Inicialmente, cumpre aduzir que, a Autora não possui recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios e, por este motivo, tem direito à gratuidade
da justiça, na forma da lei.
Vale dizer que, nos termos da legislação, presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural, bem como que o magistrado somente poderá
indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
para a concessão do beneplácito, mas desde que primeiro seja intimada a parte para
esclarecimentos.
Nesse sentido, a Autora declara conforme declaração de afirmação de pobreza (doc. anexo II),
para todos os fins de direito e sob as penas da lei, que não tem condições de arcar com as
despesas inerentes ao presente processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família,
necessitando, portanto, requerer o benefício de Gratuidade da Justiça.
2. DO FATO
A Autora procurou a clínica de estética “fique Linda” pertencente ao Dr. Astolfo Braga para
realização de cirurgia plástica para redução de orelhas – conhecido pelo código CID 10
(orelhas proeminentes). A autora firmou com o Réu contrato para a realização da cirurgia
plástica, no valor total de R$12.000,00 (doze mil reais), assinando também um termo de
responsabilidade pós-operatório (doc. anexo III).
A cirurgia foi marcada para o dia 20/02/2016 na clínica do médico. A autora queria indicar um
anestesista, mas o réu alegou que a equipe médica dele era de confiança. Então a Autora
solicitou a entrada do marido que era da área de saúde para acompanhá-la na cirurgia, o réu
não autorizou sua entrada no momento da realização da cirurgia.
Após o procedimento a autora sentiu muitas dores e o processo de recuperação foi longo. Para
surpresa da autora, suas orelhas foram mutiladas, ficando defeituosas.
A autora ficou emocionalmente abalada, envergonhada e constrangida com sua aparência, não
lhe restando alternativas, ao sair de casa utilizava um chapéu para esconder suas orelhas
defeituosas.
A autora entrou em contato com o réu utilizando todos os meios legais, telefones, e-mails com
a clínica e com o réu (doc. anexo IV), para que ele reconstruísse suas orelhas, mas não obteve
retorno.
A autora então procurou outro profissional para tentar refazer a cirurgia, mas o valor cobrado
foi 3 vezes maior que foi pago ao réu, sem recurso financeiro não conseguiu realizar a
reparação com o novo cirurgião.
Com isso, além dos danos materiais, morais e estéticos sofridos, ainda terá enorme prejuízo
financeiro para corrigir um erro médico cometido pelo réu.
1. DO DANO MATERIAL
O dano material é o dano ao patrimônio do agente, seja ele pessoa natural, jurídica ou ente
despersonalizado.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imperícia, violar
direito, ou causar prejuízo a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
“São lícitas as intervenções cirúrgicas com finalidade estética, desde que necessárias ou
quando o defeito a ser removido ou atenuado seja fator de desajuste psíquico.”
Reparação objetiva – A responsabilidade civil por danos causados a consumidor é objetiva.
Isto é, independe do elemento culpa. Basta que a vítima prove o dano sofrido e o nexo causal.
Estatui, nessa linha, o art. 14 do CDC: “O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”. O princípio, porém, não é absoluto.
Há uma única exceção, e está positivada no § 4° do art. 14: “A responsabilidade pessoal dos
profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa”.
Art. 927/ cc. Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, é obrigado a
repará-lo.
Art. 942/cc. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado.
Art. 944/cc. A indenização mede-se pela extensão do dano.
“Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a atualização de seu valor,
utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, os índices de correção monetária”
(Súmula 562 do STF)
2. DO DANO MORAL
“A mais moderna e mais perfeita doutrina estabelece como regra a reparação do dano moral.
Dois são os modos pelos quais é possível obter-se a reparação civil: a restituição das coisas ao
estado anterior e a reparação pecuniária quando o direito lesado seja de natureza não
reintegrável. E a ofensa causada por um dano moral não é suscetível de reparação no primeiro
sentido, mas o é no de reparação pecuniária. Com esta espécie de reparação não se pretende
refazer o patrimônio, porque este não foi diminuído, mas se tem simplesmente em vista das à
ressoa lesada uma satisfação, que lhe é devida, por uma sensação dolorosa, que sofreu; e a
prestação tem, neste caso, função meramente satisfatória ” (Amílcar de Castro, in Revista
Forense, vol.93, p. 528)
STJ - Súmula 387 É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
3. DO DANO ESTÉTICO
Em decorrência dos fatos anteriormente narrados o requerente sofreu dano físico e estéticos,
orelha defeituosa.
Segundo a doutrina atual, o dano estético é tratado da seguinte maneira;
"..., o dano estético acarreta um dano moral. Toda essa situação terá de causar na vítima
humilhações, tristezas, desgostos, constrangimentos, isto é, a pessoa deverá sentir-se diferente
do que era - menos feliz. Há, então, um sofrimento moral tendo como causa uma ofensa à
integridade física e este é o ponto principal do conceito de dano estético.
4. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, é a presente para requerer a Vossa Excelência que se digne em:
a) seja recebida, autuada e processada a presente medida, citando-se pela via postal e no
endereço já anotado, o Requerido, para, querendo, venha responder à ação, sob pena de
revelia e suas processuais consequências;
b) seja no final, julgado procedente o pedido, condenando o réu a pagar indenização por:
- Danos materiais em R$ R$ 14.482,06 já corrigidos;
- Danos morais em R$ 20.000,00;
- Danos estéticos em R$ 43.446,00, todos os valores apurados em execução de sentença e
acrescidos de correção monetária e juros moratórios;
c) e como consequência da procedência da demanda, seja o Requerido condenado nos ônus da
sucumbência, impondo-se a ele reembolsar o Requerente naquilo que dispendeu a título de
custas judiciais, suportando o réu também a cota honorária em favor do patrono do autor, ao
percentual de 20% daquilo que for apurado como resultado da causa;
d) requer provar todo o alegado através dos meios de prova, sem exceção, quais sejam:
documentos, perícia e testemunhas.
6. DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ 77.928,06 (setenta e sete mil e novecentos reais), uma vez que
este é o proveito econômico pretendido pelo demandante.
Termos em que
Pede e espera deferimento.
Rio de Janeiro, 04 de abril de 2018.