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Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ___ Vara Cível Comarca de Niteroi/RJ.

ALINE DE TAL, brasileira, casada, professora, domiciliado e residente na rua do Fogo,


número 50, Jardim Catarina, CEP , São Gonçalo/RJ, portador da identidade nº 00.000.000-00,
regularmente inscrito no CPF nº 000-000.000/00, com endereço eletrônico
aline@internet.com.br, vem por meio de seu advogado regularmente constituído que esta
subscreve, conforme instrumento de procuração no anexo I, respeitosamente, propor a
presente

AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS ESTÉTICOS, MORAIS E MATERIAIS

em procedimento comum em face de ASTOLFO BRAGA,


BRAGA brasileiro, estado civil, médico,
domiciliado e residente na Rua, nº, Centro, Cep:, na cidade de Niteroi – RJ, portador da
identidade nº, emitida pelo, regularmente inscrito no CPF sob o nº, com endereço eletrônico
astolfo@internet.com.br, e CLÍNICA DE ESTÉTICA “FIQUE LINDA” pelos fatos e
fundamentos seguintes.

1. DO REQUERIMENTO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, cumpre aduzir que, a Autora não possui recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios e, por este motivo, tem direito à gratuidade
da justiça, na forma da lei.
Vale dizer que, nos termos da legislação, presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural, bem como que o magistrado somente poderá
indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
para a concessão do beneplácito, mas desde que primeiro seja intimada a parte para
esclarecimentos.
Nesse sentido, a Autora declara conforme declaração de afirmação de pobreza (doc. anexo II),
para todos os fins de direito e sob as penas da lei, que não tem condições de arcar com as
despesas inerentes ao presente processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família,
necessitando, portanto, requerer o benefício de Gratuidade da Justiça.

2. DO FATO
A Autora procurou a clínica de estética “fique Linda” pertencente ao Dr. Astolfo Braga para
realização de cirurgia plástica para redução de orelhas – conhecido pelo código CID 10
(orelhas proeminentes). A autora firmou com o Réu contrato para a realização da cirurgia
plástica, no valor total de R$12.000,00 (doze mil reais), assinando também um termo de
responsabilidade pós-operatório (doc. anexo III).
A cirurgia foi marcada para o dia 20/02/2016 na clínica do médico. A autora queria indicar um
anestesista, mas o réu alegou que a equipe médica dele era de confiança. Então a Autora
solicitou a entrada do marido que era da área de saúde para acompanhá-la na cirurgia, o réu
não autorizou sua entrada no momento da realização da cirurgia.
Após o procedimento a autora sentiu muitas dores e o processo de recuperação foi longo. Para
surpresa da autora, suas orelhas foram mutiladas, ficando defeituosas.
A autora ficou emocionalmente abalada, envergonhada e constrangida com sua aparência, não
lhe restando alternativas, ao sair de casa utilizava um chapéu para esconder suas orelhas
defeituosas.
A autora entrou em contato com o réu utilizando todos os meios legais, telefones, e-mails com
a clínica e com o réu (doc. anexo IV), para que ele reconstruísse suas orelhas, mas não obteve
retorno.
A autora então procurou outro profissional para tentar refazer a cirurgia, mas o valor cobrado
foi 3 vezes maior que foi pago ao réu, sem recurso financeiro não conseguiu realizar a
reparação com o novo cirurgião.
Com isso, além dos danos materiais, morais e estéticos sofridos, ainda terá enorme prejuízo
financeiro para corrigir um erro médico cometido pelo réu.

3. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


Responsabilidade Cível subjetiva do médico Dr. Astolfo Braga constitui a regra em nosso
ordenamento. Traz em seu bojo a existência de culpa lato sensu como um dos pressupostos
para configuração do dever de indenizar. (De Wander Garcia et al, Manual completo de direito
civil, vol. único, p.494)
Responsabilidade Cívil objetiva da clínica de estética “fique Linda”, surgirá o dever de
indenizar independente de qualquer elemento subjetivo do agente, nessa hipótese temos casos
previstos em lei e atividade que implicar risco aos direitos de outrém.

1. DO DANO MATERIAL
O dano material é o dano ao patrimônio do agente, seja ele pessoa natural, jurídica ou ente
despersonalizado.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imperícia, violar
direito, ou causar prejuízo a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Destarte, são presentes para configuração da responsabilidade subjetiva:


conduta+ culpa lato sensu ( culpa stricto sensu/dolo) + nexo de causalidade + dano.

Configuração da responsabilidade civil objetiva:


conduta+nexo de causalidade+ dano

Responsabilidade indireta, não afasta a responsabilidade do causador do dano.


A responsabilidade civil por ato de terceiro, funda-se na responsabilidade objetiva ou
independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida (Enunciado n. 451
JDC CJF)
O Enunciado n. 191 JDC/CJF, especificamente sobre a responsabilidade dos
estabelecimentos hospitalares e seus médicos contratados, responde, na forma do art. 932, III,
do CC, pelos atos culposos praticados por médicos integrantes de seu corpo clínico.
Cumpre mencionar que a cirurgia plástica encontra-se autorizada no artigo 51 do Código de
Ética Médica, senão vejamos:

“São lícitas as intervenções cirúrgicas com finalidade estética, desde que necessárias ou
quando o defeito a ser removido ou atenuado seja fator de desajuste psíquico.”
Reparação objetiva – A responsabilidade civil por danos causados a consumidor é objetiva.
Isto é, independe do elemento culpa. Basta que a vítima prove o dano sofrido e o nexo causal.
Estatui, nessa linha, o art. 14 do CDC: “O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”. O princípio, porém, não é absoluto.
Há uma única exceção, e está positivada no § 4° do art. 14: “A responsabilidade pessoal dos
profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa”.

Art. 927/ cc. Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, é obrigado a
repará-lo.
Art. 942/cc. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado.
Art. 944/cc. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,


poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.

“Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a atualização de seu valor,
utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, os índices de correção monetária”
(Súmula 562 do STF)

“O Supremo Tribunal Federal já adotou o entendimento de que a correção monetária pode se


adotada em ação de indenização por ato ilícito, quer de trate de danos pessoais, quer se trate
de danos materiais, pois ambos são dívidas de valor” (RT, 507:201)

(REsp 1395254/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em


15/10/2013, DJe 29/11/2013)
“(...) O STJ tem entendimento firmado no sentido de que quando o médico se compromete
com o paciente a alcançar um determinado resultado, o que ocorre no caso da cirurgia
plástica meramente estética, o que se tem é uma obrigação de resultados e não de meios.

2. DO DANO MORAL
“A mais moderna e mais perfeita doutrina estabelece como regra a reparação do dano moral.
Dois são os modos pelos quais é possível obter-se a reparação civil: a restituição das coisas ao
estado anterior e a reparação pecuniária quando o direito lesado seja de natureza não
reintegrável. E a ofensa causada por um dano moral não é suscetível de reparação no primeiro
sentido, mas o é no de reparação pecuniária. Com esta espécie de reparação não se pretende
refazer o patrimônio, porque este não foi diminuído, mas se tem simplesmente em vista das à
ressoa lesada uma satisfação, que lhe é devida, por uma sensação dolorosa, que sofreu; e a
prestação tem, neste caso, função meramente satisfatória ” (Amílcar de Castro, in Revista
Forense, vol.93, p. 528)

STJ - Súmula 387 É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.

Súmula 37/STJ - 18/12/2017. Responsabilidade civil. Dano moral. Dano material.


Cumulação. CCB, art. 159. CF/88, art. 5º, V e X. CCB/2002, art. 186.

3. DO DANO ESTÉTICO
Em decorrência dos fatos anteriormente narrados o requerente sofreu dano físico e estéticos,
orelha defeituosa.
Segundo a doutrina atual, o dano estético é tratado da seguinte maneira;
"..., o dano estético acarreta um dano moral. Toda essa situação terá de causar na vítima
humilhações, tristezas, desgostos, constrangimentos, isto é, a pessoa deverá sentir-se diferente
do que era - menos feliz. Há, então, um sofrimento moral tendo como causa uma ofensa à
integridade física e este é o ponto principal do conceito de dano estético.

... o dano estético é a lesão a um direito da personalidade - o direito à integridade física,


especialmente na sua aparência externa. Como todo direito da personalidade, qualquer dano
que o seu titular possa sofrer vai ter consequências materiais, mas principalmente, morais e,
portanto, não podemos conceber prejuízo estético que não seja também prejuízo moral, ...

Em nosso sistema legislativo a responsabilidade é basicamente fundada na culpa e, para que


haja indenização, é preciso que haja dano mas que esse dano tenha vindo de uma ação ou
omissão voluntária (dolo) ou de negligência, imprudência ou imperícia (culpa em sentido
estrito) e que seja provado o nexo de causalidade entre a culpa e o dano." (O Dano Estético -
Responsabilidade Civil; Teresa Ancona Lopez de Magalhães; págs. 23, 28 e 112)

4. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, é a presente para requerer a Vossa Excelência que se digne em:
a) seja recebida, autuada e processada a presente medida, citando-se pela via postal e no
endereço já anotado, o Requerido, para, querendo, venha responder à ação, sob pena de
revelia e suas processuais consequências;
b) seja no final, julgado procedente o pedido, condenando o réu a pagar indenização por:
- Danos materiais em R$ R$ 14.482,06 já corrigidos;
- Danos morais em R$ 20.000,00;
- Danos estéticos em R$ 43.446,00, todos os valores apurados em execução de sentença e
acrescidos de correção monetária e juros moratórios;
c) e como consequência da procedência da demanda, seja o Requerido condenado nos ônus da
sucumbência, impondo-se a ele reembolsar o Requerente naquilo que dispendeu a título de
custas judiciais, suportando o réu também a cota honorária em favor do patrono do autor, ao
percentual de 20% daquilo que for apurado como resultado da causa;
d) requer provar todo o alegado através dos meios de prova, sem exceção, quais sejam:
documentos, perícia e testemunhas.

6. DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ 77.928,06 (setenta e sete mil e novecentos reais), uma vez que
este é o proveito econômico pretendido pelo demandante.

Termos em que
Pede e espera deferimento.
Rio de Janeiro, 04 de abril de 2018.

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