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O Profeta Eliseu e A Tradição Do Carmelo PDF
O Profeta Eliseu e A Tradição Do Carmelo PDF
Na Bíblia
Nascimento de Eliseu
Como Elias, Eliseu é apresentado pelos Padres da Igreja como figura de Cristo
enquanto taumaturgo. Já Orígenes chamava Cristo “o Eliseu espiritual que purifica no
mistério batismal os homens cobertos pela sujeira da lepra” (Hom. sobre Lucas 33,5).
Eliseu estendendo-se sobre o menino anuncia a Encarnação de Cristo que se faz
pequeno para salvar-nos. O vaso novo lançado com sal na água (episódio
amplamente desenvolvido pelos Padres Latinos), o sal que purifica as águas, o
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machado recuperado, são figuras de Cristo. Multiplicando os pães de cevada para
cem pessoas, iluminando os olhos do seu servo e cegando os de seus inimigos,
curando Naamã com o banho no rio Jordão, Eliseu é ainda figura do Messias. A
ressurreição de um morto ao contato com os seus ossos prefigura da descida de Cristo
aos infernos para dar vida aos mortos. No sermão 128 de Cesário, a viúva libertada
da sua indigência, graças ao milagre operado por Eliseu, prefigura a Igreja libertada
do pecado à vinda do Salvador; a sunamita estéril, que concebe pela oração de Eliseu,
é também figura da Igreja estéril antes da vinda de Cristo. Igualmente o carmelita
João Baconthorp ( 1348) faz o paralelo entre os milagres de Elias e de Eliseu com
os de Jesus (Speculum 2).
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um oráculo divino, estava dia após dias reunido com ele sob o mesmo teto,
compartilhando o mesmo estilo de vida, absolutamente inseparáveis”.
Atanásio de Alexandria, na vida de Antão, mostra que Eliseu via Giezi distante
e as forças que o protegiam porque o seu coração era puro, escopo de toda ascensão
monástica. João Baconthorp considera em Eliseu o carmelita aplicado à
contemplação que “vê” Deus, destinado a trazer no seu coração a chama ardente e
irradiante e a palavra de vida, como Maria, e a imitação de Elias e de Eliseu que
viveram a vida contemplativa no Carmelo (Laus 2,2). Pe. Daniel da Virgem na sua
Vida do Santo Profeta Eliseu reassume os papéis respectivos de Elias e de Eliseu:
“Inaugurando a vida religiosa, monástica e eremita, Elias a plantou, Eliseu depois a
irriga e grandemente a divulga”.
Eliseu é o sucessor de Elias que recebeu o seu duplo espírito, quando viu seu
rapto (2Rs 2, 9-13). De acordo com uma tradição hebraica, Eliseu realizou 16
milagres, enquanto que Elias havia feito 8. A partir do século XII, Ruperto de Deutz
fez o mesmo cálculo (A Vitória do Verbo de Deus). Para São Jerônimo, o duplo
espírito se manifesta com os milagres maiores. Para Felipe Ribot, o duplo espírito é o
dom da profecia que consente prever o futuro e o dom dos milagres: «Eis porque lhe
dá a direção do magistério espiritual de todos os religiosos que tinha instituído. Como
sinal disto, ele deu a Eliseu o seu hábito como sinal distintivo do seu instituto,
deixando-lhe o seu manto, quando foi levado ao céu» (nº 149). A partir do século
XVI, outros – como Pedro da Mãe de Deus, carmelita descalço holandês – vêem no
duplo espírito o espírito da contemplação e da ação: «Os discípulos do Carmelo (...)
estão obrigados por vocação a pedir sempre a Deus o duplo espírito de Elias (...), isto
é, o espírito de oração e de ação, o verdadeiro espírito do Carmelo» (As Flores do
Carmelo).
Santa Teresa de Ávila evoca juntos Elias e Eliseu numa poesia: «Seguindo o
Pai Elias, nós combatemos a nós mesmas, com a sua coragem e o seu zelo, ó Monjas
do Carmelo. Após ter renunciado a nosso prazer, busquemos o forte Espírito de
Eliseu, ó Monjas do Carmelo» (Caminho para o céu). Notemos que na sua
correspondência ou nas Relações, Santa Teresa designa frequentemente com o nome
de Eliseu o seu caro filho, Pe. Jerônimo Gracián.
Em Lisieux, Santa Teresa do Menino Jesus, que morava na cela Santo Eliseu
do dormitório Santo Elias, muito naturalmente alude ao duplo do espírito:
«Recordando-me da oração de Eliseu ao seu pai Elias, quando ele ousou pedir-lhe o
dobro do seu espírito, me apresentei diante dos Anjos e dos santos, e lhe disse (...)
ouso pedir-lhes que me concedam o dobro do vosso amor» (Ms B 4r).
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dos carmelitas que se consideram os sucessores dos filhos dos profetas para «meditar
dia e noite na lei do Senhor».
Gerado à vida pelo Espírito de Elias, Eliseu pode por sua vez gerar filhos,
chamados na Bíblia de «filhos dos profetas». Teodoreto de Ciro apresenta Eliseu à
testa do «coro» dos profetas que o consideravam como «prior» deles (Quaest 4 Re 6,
19).
Felipe Ribot mostra como Eliseu é reconhecido «pai» dos filhos dos profetas:
«Vendo Eliseu revestido do hábito de Elias, reconheciam que estava repleto do
espírito de Elias e o receberam imediatamente como pai deles e mestre no lugar de
Elias» (nº 149). Ele ensina aos filhos dos profetas, dá a eles ordens, organiza a
comunidade religiosa instituída por Elias. Igualmente para João Soreth, após a
ascensão de Elias, os filhos dos profetas «o veneraram, como superior deles, porque
substituía Elias no governo dos eremitas».
Os caçoadores de Eliseu
A sepultura de Eliseu
Culto litúrgico
Conclusão