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Resumo
Esse estudo teve por objetivo a construção de um protocolo de treino cognitivo, aplicado em uma
escola pública do ensino fundamental abrangendo as 5ª, 6ª e 8ª séries, localizada na região norte da
Cidade de São Paulo. Os participantes apresentavam sinais de desatenção e/ou hiperatividade e
foram encaminhados pelo professor. Foram aplicados testes de atenção (TECON II e TEDIF II) para
melhor identificação desses sinais. Os pais dos participantes antes do início da pesquisa
responderam um questionário comportamental (CBCL/6-18 anos) para que pudéssemos assim
melhor analisar a queixa trazida pelos professores e a observada pelos pais. As sessões foram
distribuídas em 8 encontros com duração média de 50 minutos. As atividades selecionadas utilizavam
o domínio verbal, executivo, memória e flexibilidade cognitiva para execução das tarefas. Com a
aplicação do protocolo foi possível perceber uma melhora significativa na concentração, memória,
raciocínio e controle motor dos participantes, porém devido a pouca quantidade de sujeitos em ambos
os grupos, se faz necessário uma melhor averiguação. Com base na literatura científica e nos poucos
estudos referentes o treino de habilidades de estudos é importante nos voltarmos para a pesquisa na
área de reabilitação, cada vez mais frequente e necessária.
Abstract
This study aimed to build a cognitive training protocol, applied in 5th, 6th and 8th grades of an
elementary public school, located in the northern of São Paulo city. The participants showed signs of
inattention and / or hyperactivity and were referred by the teacher. Tests of attention were
administered (TECON II and TEDIF II) for better identification of these signals. Parents of the
participants, in the beginning of the study, completed a behavioral questionnaire (CBCL/6-18 years) so
that we might better understand the teachers and parents complaining. The sessions were divided into
eight meetings lasting an average of 50 minutes. The activities selected used the verbal and executive
domains beyond memory and cognitive flexibility to perform the tasks. With the application of the
protocol was possible to realize a significant improvement in concentration, memory, reasoning and
motor control of the participants, but in function of small number of subjects in both groups, it is
necessary to better investigate. Based on scientific literature and in the few studies on the skills
training studies is important to turn to research in the area of rehabilitation, increasingly frequent and
necessary.
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INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
Hübner e Pontes (2007) enfatizam que a neuropsicologia é uma área ainda recente.
Avanços decorrentes do término da Primeira e Segunda Guerras Mundiais na área da
reabilitação neuropsicológica foram frequentes, uma vez que cientistas passaram a se
interessar pelos diferentes tipos de lesões que influenciavam o comportamento humano, e
como consequentemente poderia se obter a melhora destas.
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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
As crianças com TDAH podem ter presente em suas vidas dificuldades escolares,
problemas emocionais e desempenho relevantemente insatisfatório como adultos se
comparados a outros indivíduos. Todavia, o reconhecimento precoce da dificuldade, bem
como o tratamento apropriado, pode fazer com que estes ultrapassem barreiras (MOURA,
2001; BARROS, 2002; MEYER; BLECHERT, 2005). Para Diniz e colaboradores 2008 as
características relativas ao TDAH variam frente à disposição das informações selecionadas,
como no caso de professores que normalmente dão mais ênfase aos sintomas do que os
pais. Pensando nisso é necessário a utilização de diversas fontes de informação, para se ter
uma melhor exatidão na observação e identificação dos critérios de avaliação.
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Universidade Presbiteriana Mackenzie
MÉTODO
PARTICIPANTES
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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
O espaço utilizado foi a própria sala de aula da escola, em horário não letivo. O ambiente da
sala era amplo, porém sua localização se dava ao redor de uma quadra de futebol, o que
por muitas vezes atrapalhava a continuidade das tarefas devido às janelas que tinham ao
seu redor, em que era possível avistar pessoas conversando.
INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS
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Grupo I – ADOLESCENTES
Primeiro Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Segundo Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Treinar a capacidade em
Jogo da
Achar a figura correspondente a se manter atento a 25
1 Memória a
formação do par correto. detalhes, bem como a minutos.
Era do Gelo
memória.
Terceiro Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Montar a figura apresentada através do Treinar a capacidade do 30
Quebra- encaixe de partes específicas. adolescente quanto à minutos.
Cabeça memória operacional,
1
Sherek com atenção, organização
150 peças viso-espacial.
Sexto Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
Grupo I – CRIANÇAS
Primeiro Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Segundo Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Treinar a capacidade em
Jogo da
Achar a figura correspondente à se manter atento a 30
1 Memória a
formação do par correto. detalhes, bem como a minutos.
Era do Gelo
memória.
Descobrir a melhor
O texto utilizado foi “O nome” de
maneira de se entender o
Regina Villaça Foi pedido para que a
Habilidade de texto, a partir da seleção, 20
2 criança lesse esse texto, e
Estudos * organização de minutos.
respondesse as questões
informações, elaborando
apresentadas.
questões.
Terceiro Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Descobrir a melhor
maneira de se estudar, a
Continuação do texto utilizado foi “O partir da seleção,
nome” de Regina Villaça Foi pedido organização, de
Habilidade de informações, elaborando 30
1 para que a criança lesse esse texto, e
Estudos minutos.
respondesse as questões questões, bem como
apresentadas. relacionar essas
informações com outras
previamente vistas.
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Quarto Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Montar a figura apresentada através do Treinar a capacidade do 40
Quebra- encaixe de partes específicas. adolescente quanto à minutos.
Cabeça memória operacional,
1
Sherek com atenção, organização
150 peças viso-espacial.
Quinto Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Consolidar o
Estudo do texto “a velha conhecimento do texto.
contrabandista” de Stanislaw Ponte Se seus destaques,
Treino de
Preta. Ler atentamente ao texto dado, grifos, anotações e 40
1 Habilidades
levantar dúvidas que não ficaram resumos forem bem minutos.
de Estudo *
esclarecidas.Reproduzir aquilo que foi feitos, não será
estudado. necessário reler todo o
texto.
Achar os erros que compõem a figura Treinar a capacidade da
Jogo dos 7 determinada. criança em detectar erros 10
2 comparando duas figuras
erros minutos.
apresentadas.
Sexto Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Consolidar o
Estudo do texto “a velha conhecimento do texto.
contrabandista” de Stanislaw Ponte Se seus destaques,
Treino de
Preta. Ler atentamente ao texto dado, grifos, anotações e 40
1 Habilidades
levantar dúvidas que não ficaram resumos forem bem minutos.
de Estudo
esclarecidas.Reproduzir aquilo que foi feitos, não será
estudado. necessário reler todo o
texto.
Sétimo Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
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Oitavo Encontro
Atividade Descrição Tarefa Objetivo Duração
Jogo da Achar a figura correspondente à Treinar a capacidade da 20
Memória com formação do par correto. criança em se manter minutos.
1 figuras de atenta a detalhes, bem
tangram. como a memória.
Achar os erros que compõem a figura Treinar a capacidade da
Jogo dos 7 determinada. criança em detectar erros 10
2 comparando duas figuras
erros minutos.
apresentadas.
Encontrar o caminho adequado para Treinar atenção e
ligar um ponto a outro. organização viso- 10
3 Labirintos
espacial. minutos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
GRUPO I - ADOLESCENTES
A 2ª sessão com adolescentes foi trabalhada com o jogo da memória “Era do Gelo” com 32
pares. Na primeira tentativa demoraram cerca de 10 minutos a primeira dupla a conseguir
completar a atividade e 15 minutos a última. Para trabalhar a idéia de fixação de informação
a atividade foi repetida. Com isso a atividade levou 5 minutos para a primeira dupla
conseguir, e 10 minutos a última dupla. Outra atividade trabalhada foi o jogo “Onde está”
com a figura fazenda, apesar da pouca concentração na imagem, fizeram a tarefa
adequadamente. Os 10 minutos finais da sessão foram utilizados para explicar como
funcionava o jogo Sudoku, atividade essa passada como lição de casa, mas diante da
queixa da dificuldade em realizá-la, as instruções foram repassadas.
A 3ª sessão começa antes do horário porque no corredor eles informam que não haviam
conseguido fazer o jogo sudoku em casa e reexplico como a tarefa deve ser feita. Passamos
para as atividades do dia, começamos com o quebra-cabeça Sherek de dificuldade média
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com 150 peças, atividade essa realizada em dupla. O tempo total de montagem levou cerca
de 30 minutos. Comento que gostaria de trabalhar outro texto com eles, como eles são
contrários a proposta, pergunto o que eles gostariam de trabalhar. Eles pedem o jogo de
“onde está” e trabalhamos então com a imagem prateleira e quarto de dormir.
A 6º sessão foi marcada pela falta consecutiva coletiva em duas sessões anteriores. A
ocorrência dessas faltas evidenciou a impossibilidade de um trabalho contínuo, como pode
ser visto na realização da leitura do texto “a velha contrabandista”, algumas dicas de como a
leitura poderia ser facilitada haviam sido dadas na primeira sessão, mas com a inconstância
da presença nesse trabalho, e a dificuldade em entender a história, novamente foi-se
comentado o que poderia ajudar. Partimos então para um jogo de dominó com expressões
faciais, que muitas vezes acabou confundindo na resposta do par correto, Nas sessões 4ª,
5ª 7ª e 8ª ocorreram faltas coletivas novamente.
A maior dificuldade apresentada por esse grupo foi a frequência nas sessões. Inicialmente
ao conversar sobre as atividades foi comentado que as atividades inicialmente passariam de
fáceis, médias, difíceis e que se por acaso eles achassem que estava fácil ou difícil demais,
eles teriam liberdade para dizerem e os ajustes seriam feitos. A atividade de leitura de texto
só pode ter sido realizada apenas uma vez, ao término da leitura relataram terem
compreendido o texto, mas ao questionar elementos do texto, não foi possível perceber
dados que comprovassem esse fato. Eles não queriam ler o texto em voz alta, e eu
ressaltava a importância deles fazerem isso, o que possibilitava evidenciar também a falta
de hábito de leitura, bem como o esquecimento de várias palavras durante o exercício.
Quando se questionava se tinham alguma dúvida relacionada ao texto, diziam que não, mas
quando rebatia essa questão perguntando o significado de algumas palavras, não sabiam.
O jogo sudoku não teve aceitação e fica difícil afirmar se devido a dificuldade com números,
ou realmente o não entendimento, uma vez que aconteceram tantas faltas. A ocorrência
dessas faltas evidenciou a impossibilidade de um trabalho contínuo, não sendo possível
afirmar uma evolução significativa no desempenho avaliado por falta de dados. Cabe
ressaltar que os barulhos em sala de aula eram excessivos, não por causa do grupo, mas
pelas atividades que ocorrem externamente, visto que estávamos perto de uma quadra de
futebol, e apesar do barulho incomodar, isso não impediu que as atividades fossem
realizadas. As atividades passadas para casa nunca foram entregues, pedido esse feito
para que eu pudesse corrigir e comentar o que eles haviam feito.
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GRUPO II - CRIANÇAS
A 1ª sessão com as crianças das 5ªs e 6ªs séries foi aplicado os testes tecon - 2 e tedif - 2.
O treino de habilidades de estudo foi realizado em sequência com o texto “o nome”, mas
devido a grande demora para ler o conteúdo e o desânimo em responder as perguntas
relacionadas ao entendimento do texto. A resposta ao questionário foi atividade deixada
para casa, junto com outras atividades. Em seguida começamos a trabalhar a atividade
“onde está”, para isso a imagem crianças na praia foi utilizada. Tal atividade foi feita em
dupla, porém houve uma grande discussão pela resposta certa, raramente sendo possível
um consenso, o que me fez separar as duplas, vindo cada um a trabalhar individualmente.
A 2ª sessão foi marcada pelo uso do jogo da memória a “Era do Gelo”, inicialmente dividido
em partes, com a seleção de 12, 16 e 32 pares consecutivamente, o que fez com que eles
prestassem cada vez mais atenção, pois o grau de dificuldade ia aumentando. Ainda que a
dificuldade em se trabalhar em dupla seja grande, aqui pode ser superada pela não
necessidade de tomada de decisões, pois ou se acertava ou errava. Essa tarefa tomou 30
minutos da sessão. E como eles não trouxeram o texto “o nome” com as perguntas
respondidas, leram o texto novamente e responderam as questões coletivamente. Como o
tempo que tínhamos não foi possível responder a todas as perguntas, lição essa passada
para casa.
A 3ª sessão o texto “o nome” não havia sido terminado em casa, o que me fez terminar em
sala de aula as respostas que eles não completaram, utilizando aproximadamente 30
minutos da sessão. Com a insistência deles pelo jogo “onde está” foram utilizadas as
imagens prateleira e o melhor amigo do homem. Nessa sessão foi possível ter uma
conversa franca, sobre o porquê eles estavam ali.
A 4ª sessão foi trabalhada a atividade quebra-cabeça Sherek com 150 peças em dupla, e
vendo a dificuldade que eles tinham em montar o quebra-cabeça, mudei a estratégia para
trios. A atividade consumiu 40 minutos da sessão, apesar do tempo alto, a ideia em saber
como era o quebra-cabeça manteve-os atentos a tarefa, já que a caixa do quebra-cabeça
não havia sido disponibilizada como ajuda na montagem, mesmo assim a montagem não foi
concluída. Foi utilizado o jogo “onde está o Wally” para finalizar as atividades, o mais
interessante é que nesse momento eles pararam de querer contar a resposta do exercício
para o amigo que estava próximo, marcavam a resposta na folha, e em seguida cobriam
com a mão a espera da nova instrução.
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Nesse dia foi possível realizar a leitura do texto “a velha contrabandista”, mas ao fazer
perguntas relacionadas ao texto ele próprio apresentou o movimento de querer olhar o texto
novamente, pedi então para que ele relesse alto e compartilhasse comigo a leitura.
Respondeu as perguntas prontamente, mas palavras como contrabandista e odontólogo não
sabia o significado. Sem dar a resposta prontamente, fiz com que ele pensasse no que
poderia ser. Logo em seguida nos 10 minutos finais da sessão o jogo de 7 erros foi
apresentado a criança que achou com facilidade os 4 primeiros erros, sendo que os 3
últimos o estimulo teve que ser frequente para que a atividade fosse terminada.
A 8ª sessão foi marcada pelo descontentamento de algumas crianças com o término das
atividades. Mesmo assim eles cumpriram todas as tarefas corretamente e para minha
surpresa, sem os habituais pedidos de idas ao banheiro, ou acontecimentos semelhantes
que tinham como objetivo fugir da atividade proposta. Foi trabalhado nesse dia o jogo de
memória com imagens de tangram, primeiramente com 6 imagens e depois com 12. Apesar
das imagens serem difíceis em dupla, eles encontraram o par. Feito isso a tarefa seguinte
foi o jogo dos 7 erros individualmente, como eles estavam acostumados com essa atividade
para casa não foi tão difícil encontrar os erros. Labirintos e o jogo onde está com a imagem
quarto de dormir, ambas as atividades foram realizadas com sucesso e nessa sessão por
ser a última, optei por mesclar atividades que eles gostavam de realizar.
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Esse grupo se mostrou com frequentes dispersões, tais como: conversar com o amigo do
lado, se interessar pelo o que o outro está fazendo, se esquecendo de sua própria atividade;
levantar da cadeira sem o término do que havia sido pedido; mexer no celular, querer sair
para comer, pedir para ir ao banheiro, comentar que está chato, olhar para a janela, querer
ouvir música, cantar. Todos esses comportamentos eram controlados de maneira a impedir
que eles acontecessem, o que por muitas vezes, fez com que eu me tornasse chata, na
visão deles, ditando ordens, visto que eles teciam comentários como: “você fica me pedindo
para fazer um monte de coisas, faz você”. Eles comentavam que eu estava mandando
neles, foi nesse momento que pude conversar abertamente com eles e perguntar o porquê
eles achavam que estavam ali? Obtive como respostas as dificuldades que os pais e
professores me relataram e questionei-os, se realmente eles concordavam com isso, pois
me parecia pela descrição deles, que todos eram muito ruins, mas que ali eu estava vendo
sim que eles tinham dificuldades, mas eles também eram bons em várias coisas e mostrei a
cada um o que mais me chamava atenção de suas características positivas, como: “Você
presta atenção em cada detalhe e é por isso que perde muito tempo para fazer, mas
também quando faz não erra, olha só que importante. / Sua memória é muito boa e isso te
ajuda a lembrar mais fácil das coisas. / Você gosta dos números e vai super bem sempre
que temos que trabalhar com eles. / Você adora ficar me contando um monte de coisas, que
parecem fugir do que realmente te peço, mas no fundo são detalhes que te ajudam a
lembrar de cada trecho que aconteceu na história, você trabalha melhor assim.
E ao conversar com o grupo disse que o que eles precisavam perceber, era o que facilita, e
o que não facilita nas atividades que eles realizavam. Eu posso querer saber de tudo, mas é
preciso pensar se tenho tempo pra isso, como por exemplo, na hora da prova. Mas se eu
estiver em casa, estudando é possível. É importante que eu saiba trabalhar das duas
maneiras. E pude perceber que eles sabem das próprias dificuldades, mas isso não faz com
que eles “queiram” (coloco aqui em aspas, pois acredito que esse comportamento muito se
deve a baixa auto-estima, presente neles) mudar. Baseando-se na literatura científica pode-
se citar um artigo português, que comenta que alunos que não vão bem em aprendizagens
escolares, ou atividades cognitivas, possuem discursos e imagens pessoais pouco propícia
a expressão de suas habilidades. (ALMEIDA; BALÃO apud BARROS et al., 1988, barros;
almeida, 1991; FARIA, 1995). Os comentários que eles teciam durante as tarefas eram:
“Você é burro... Que lerdo... Eu consigo, você não... É muito difícil... É chato... Não sei
fazer... Não consigo... Faz pra mim... Me ajuda?” E ficava estabelecido aí uma constante
discussão sobre quem conseguia fazer, e quem não. No começo tentei trabalhar com
atividades em conjunto, mas esses comentários eram muito frequentes e impediam que
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alguns alunos realizassem a atividade, por isso passei a trabalhar mais individualmente com
eles.
No começo me eles ficavam sempre na tentativa de não fazer a atividade, de criticar uns
aos outros, ou a tarefa era muito fácil, ou muito difícil, mas raramente enfrentavam suas
dificuldades. Algumas coisas começaram a mudar quando conversamos a respeito do
motivo que os fazia estar ali. Algumas observações devem ser levadas em consideração,
como os barulhos em sala de aula que eram excessivos, tanto externo quanto internamente.
Em parte pelas atividades que ocorrem fora da classe, visto que estamos perto de uma
quadra de futebol, assim como a necessidade das pessoas que estão jogando bola em
observar o que está sendo feito na sala de aula, chamando atenção dos alunos, impedindo
algumas vezes que as atividades fossem realizadas. Cabe ressaltar também que esse grupo
é extremamente disperso com as atividades que ocorrem dentro da classe. O jogo sudoku
não pareceu agradar ao grupo, ainda que diversas vezes a explicação de como funcionava
foi dada, com o tempo ele deixou de entrar nas atividades para casa. E a leitura de textos foi
possível dividi-la em etapas: ler calmamente tentando entender o que o texto quer falar;
grifar as palavras que não fazem sentido; ver se não é possível encontrar um significado
nessas palavras apenas com a compreensão da frase que envolve essa palavra e por último
utilizar o dicionário para entender aquilo que não ficou claro.
Ao conversar com os participantes sobre como eles haviam percebido esse processo, obtive
como resposta, uma percepção da melhora nas atividades escolares, nas funções de
atenção e concentração, assim como um sentimento de confiança em relação a suas
próprias capacidades. Cabe ressaltar que Almeida (2002) é importante que os professores
descubram maneiras eficazes de ajudar os alunos a pensar e aprender. Os protocolos de
treino cognitivo não devem ser entendidos como “receitas” e sim como facilitadores ao traçar
estratégias de aprendizagem e estudo, possibilitando assim que o aluno crie uma autonomia
na utilização das táticas desenvolvidas, frente as suas características pessoais e ao que
determinada situação permite (ALMEIDA, 2002, página 9).
CONCLUSÕES
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trabalhar com texto era algo extremamente difícil, pois liam rapidamente, pulando palavras,
linhas, vírgulas, fazendo com que a compreensão do texto fosse extremamente superficial.
Foi possível perceber uma mudança, ainda que pequena na leitura, na compreensão e na
atenção ao que o texto quer dizer. Mas devido ao pouco tempo de trabalho, tal resultado
permite imaginar que possivelmente com a utilização dessas técnicas no cotidiano do aluno
essas dificuldades serão melhor enfrentadas. Vale ressaltar que esse processo pode se
apresentar inconstante e demorado, por isso é necessário considerar que por muito tempo o
aluno se comportou dessa maneira desajustada as atividades e é difícil estabelecer novos
padrões de comportamento. Às vezes esse desajuste pode significar apenas algo
passageiro.
Pensando em ambos os grupos pode-se perceber a grande quantidade de faltas foi muita
elevada, o que faz questionar se isso é uma prática habitual, ou falta de motivação. Não
havia como melhorar uma dificuldade, se não se estivesse disposto a enfrentá-la, então parti
como pressuposto trabalhar as dificuldades do grupo, ora individuais, ora coletivas,
conforme elas iam aparecendo.
Embora tenha me questionado inúmeras vezes se surtiria efeito ligar para essas crianças
cobrando a participação delas. Hoje penso que talvez se assim tivesse agido,
provavelmente teria sim um grupo coeso, e provavelmente motivado pela “obrigação” e não
propriamente em achar uma maneira de enfrentar seus problemas. E o que estaria eu
modelando? Novos comportamentos sim, mas pautados em quê? Que fizessem um
resultado relevante aparecer.
Todos sem exceção demonstraram muita dificuldade nas atividades realizadas, ainda que
no início relatassem a tarefa como sendo muito fácil, demoravam um tempo elevado para
conclusão da mesma e frequentemente as respostas se apresentavam de maneira impulsiva
levando ao erro.
O fácil na verdade era compreender essa atitude em ser impulsivo, por uma dificuldade sim,
mas muitas vezes era na ideia de se livrar do exercício que a pressa vinha, bem como a
vontade em beber água, ir ao banheiro, dentre outros comportamentos, que com o tempo
pude aprender a tentar reluzi-los. Dizer que não podiam realizar esses comportamentos não
bastava, pois eles continuavam perguntando. Com o passar das sessões essas perguntas
foram diminuindo, aparecendo poucas vezes.
De todas as crianças quero chamar a atenção para três casos específicos, um menino que
ao término da pesquisa começou a chegar com frequência atrasado, para ser mais exata na
anti-penúltima e penúltima sessão veio com 10/15 minutos para o término da sessão e
assim que chegava perguntava se teria presença. E na última sessão faltou, o que me faz
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pensar que talvez ele estivesse descontente com o fim das atividades. Outro
comportamento que cabe ressaltar é de uma menina sempre empenhada em vir às sessões
e também pro fim das atividades começou a se ausentar nas 3 últimas sessões. Perguntas
essas que não poderei responder por falta de base para isso. E um menino que muito me
chamou atenção pela rapidez nas atividades, embora tenha comparecido com pouca
frequência, sempre que vinha comparado ao grupo tinha uma facilidade maior em encontrar
as respostas das atividades, o que por vezes fez com que ele ficasse impaciente em sala.
Para manejar isso, eu propunha algumas atividades extras a ele para que ele nesse espaço
não perdesse o foco.
Os efeitos positivos percebidos em todos os participantes foi uma maior motivação para
enfrentar as dificuldades, sendo visível uma evolução da capacidade de concentração,
atenção, memória, raciocínio e controle dos impulsos. Esse estudo se propõe a abrir espaço
para futuras pesquisas, mas devido ao grande número de faltas, bem como a quantidade
pequena de participantes, é possível sim perceber sua eficácia, mas essa afirmação é algo
que precisa ser considerado com parcimônia devido no momento não ser possível perceber
os possíveis resultados futuros e a durabilidade dessa intervenção
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