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© Bernardo Motta
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Curso Ciência e Fé
! I – Introdução
! II – Filosofia Grega e Cosmologia Grega
! III – Filosofia Medieval e Ciência Medieval
! IV – Inquisição e Ciência
! V e VI – O Caso Galileu
! VII – A Revolução Científica
! VIII – Darwin e a Igreja Católica
! IX – Os Argumentos Cosmológico e Teleológico
! X – Filosofia da Mente e Inteligência Artificial
! XI – Milagres e Ciência
! XII – Concordância entre Cristianismo e Ciência
Índice
1. Introdução
6. Conclusão
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Ciência Medieval
Boécio e Cassiodoro
! Âncio Mânlio Severino Boécio (c. 480-525 d.C.), nascido em Roma logo após a
deposição do último Imperador Romano do Ocidente, Rómulo Augusto (476 d.C.)
! Boécio foi um dos maiores enciclopedistas latinos
! Deixou ampla obra sobre o “quadrivium” (termo seu), as quarto “artes liberais”
de base matemática: álgebra, geometria, música e astronomia
! Sobreviveram tratados sobre música, aritmética e geometria, traduções e
comentários de tratados lógicos de Aristóteles
! Boécio é considerado o “professor de lógica” da Idade Média até ao séc. XIII
! Deixou uma forma rigorosa de fazer teologia (ex. “De Trinitate”), conciliada
sempre que possível com a razão: “fidem si poteris rationemque conjuge”
! “A consolação da Filosofia”, obra muito influente em toda a Idade Média
! Cassiodoro (c. 488-575 d.C.), estadista romano, nascido na Calábria
! Depois de uma longa vida pública, funda o mosteiro de Vivarium
! Institutiones Divinarum et Saecularium Litterarum (543-555)
! Obra pedagógica, serviu como programa de ensino para os monges de Vivarium
! O livro II, uma enciclopédia das “artes”, marcou o ensino monástico medieval
! Surge mais tarde em obra separada: De Artibus ac Disciplinis Liberalium Litterarum
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! Escreveu várias obras sobre temas do quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música) 8
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«Na verdade, não procuro antes compreender para crer, mas creio
para compreender. Pois também creio nisto: “se não acreditar, não
compreenderei”» - Proslogion, I
O “Corpus Aristotelicum”
! Lógica (“Organon”): o “órgão” que permite “trabalhar” as restantes áreas do saber
! Até ao século XII apenas chegaram as obras “Categorias” e “Da interpretação” (trad. Boécio)
! Tudo o resto desapareceu, à medida que cada vez menos pessoas sabiam ler grego (>séc. V)
! Os Analíticos Posteriores são traduzidos do grego e do árabe no séc. XII
! Física
! Metafísica
! Ética e Política
! Retórica e Poética
Ø E Platão?
! Durante toda a Idade Média, só estava disponível a tradução de metade do Timeu 10
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«Não há ciência Árabe (…) eles [os sábios árabes] não acrescentaram nada de essencial às teorias
astronómicas (…) Em Física, os sábios Árabes limitaram-se a comentários às afirmações de
Aristóteles, sendo por vezes a sua atitude de absoluto servilismo.» - Pierre Duhem
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Grau de Doutor:
! Teologia
! Medicina
O Hortus Deliciarum, de Herrad von Landsberg (1130-1195)
! Direito
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! Por esta altura, já ninguém ligava ao decreto de Sens, e o averroísmo tinha grande peso em Paris
! Etienne Tempier, em reunião com vários teólogos, condena treze proposições aristotélicas e averroístas
! Unidade do intelecto humano
! Eternidade do mundo
! Eternidade do género humano, entre outras
! Alvos? Sigério de Brabante e Boécio de Dácia, figuras de proa do averroísmo parisiense
! Estes argumentavam que as polémicas proposições filosóficas podiam ser “verdadeiras em Filosofia”
! Tempier acusava (com alguma razão) os averroístas de defenderem a “dupla verdade” (contraditória)
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! Que Deus não poderia mover os céus num movimento rectilíneo, porque deixaria um vácuo (49)
! Algumas das condenações visam a astrologia e a adivinhação
! Algumas das condenações atacam o desprezo que alguns filósofos tinham por teologia (152-154)
Importância para a Física
Pluralidade dos mundos (34) Possibilidade teórica do vácuo (49)
• Aristóteles
negava-a por causa da sua teoria da • Aristóteles
dizia que o movimento rectilíneo
gravidade; abre-se a via para uma nova teoria celestial era impossível pois criaria vácuo 15
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I = M ×V
! Alberto da Saxónia (1320-1390), aluno de Buridan, desenvolve a teoria do ímpeto e explica o
movimento violento em termos muito semelhantes ao conceito moderno de inércia:
! A-B: O ímpeto horizontal domina e a acção da gravidade é insignificante
! B-C: A resistência abranda a velocidade (e o ímpeto horizontal)
! C-D: Sem ímpeto horizontal, a gravidade gera ímpeto vertical (queda acelerada) 17
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Δx = x f − xi = v × (t f − ti )
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«É mais fácil mover um corpo pequeno do que [um] grande. Mas as coisas não são todas iguais, porque os corpos
terrestres, pesados, não estão adaptados ao movimento. Seria mais fácil mover água do que terra; e ainda mais fácil
mover ar; e ao ascendermos assim, os corpos celestes são, pela sua natureza, os mais fáceis de mover.»
! Oresme, comentando o De Caelo (1377), rejeita a rotação da Terra, mas dá argumentos em contrário:
1. Se a Terra rodasse, arrastaria todas as coisas terrestres com ela, incluindo o ar
2. Se a Terra rodasse, uma flecha lançada na vertical cairia na vertical (movimento composto)
3. A rotação diária da Terra far-se-ia a velocidades bem menores que as rotações celestes
! Copérnico aproveitou estes argumentos na sua “Sobre as Revoluções dos Orbes Celestes” (1543)
! Oresme menciona o milagre de Josué (10, 12-14): seria mais simples para Deus parar a Terra
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! Henrique de Langenstein
! Paris → Viena (1384)
! Marsílio de Inghem
! Paris → Heidelberg (1386)
Durante os séculos XII e XIII o Ocidente cristão fez a tradução da ciência e da filosofia
Traduções natural greco-árabe para latim, sem a qual não haveria grande parte do material de ensino
para os currículos preparatórios das universidades medievais.
Nas universidades medievais, não era possível obter o grau de Doutor em Teologia sem o
Teólogos- grau de Mestre em Artes. Este requisito produziu gerações de teólogos-filósofos, cujo
filósofos trabalho teológico exigia uma sólida competência nas Artes. Estes teólogos-filósofos
consideravam essa formação essencial para o exercício da Teologia.
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Conclusão
Porque falhou a Ciência noutras culturas? (cfr. Toby Huff, Edward Grant)
O problema da ciência árabe
! Como é que a ciência não progrediu numa cultura tão rica em ideias científicas?
! Falta de estruturas académicas autónomas e “neutras” (livres do poder político e religioso)
! As “madrassas” servem o fito de preservar a tradição do Islão: a Sharia (lei), os Hadiths
(ditos do Profeta), a recitação do Corão e outras áreas do saber religioso islâmico
! Os professores do Islão podiam estudar, em privado, o “saber estrangeiro” (p. ex.: a filosofia
grega), e transmiti-lo de forma particular e individual a certos alunos seus, mas não o
ensinavam de forma generalizada e sistemática
! Os livros do “saber estrangeiro” podiam ser preservados nas bibliotecas das “madrassas”,
mas para uso exclusivo e privado dos professores
! Nunca houve uma tradição académica de conciliação da filosofia grega com o Corão, ou de
defesa filosófica da teologia islâmica: essa conciliação era tida como impossível
! Todavia, os hospitais islâmicos representaram um progresso civilizacional importante
! Contexto filosófico e teológico desfavorável:
! Voluntarismo de Alá: o Deus do Islão não está “limitado” pela razão (cfr. Bento XVI, 2006)
! Al-Gazali (1058-1111) ou Algazel: afirma que a pesquisa da verdade filosófica ou científica é
perigosa; a única verdade sólida, fora do Corão e da tradição, é a demonstrada pela Lógica
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Conclusão
Porque falhou a Ciência noutras culturas? (cfr. Toby Huff, Joseph Needham)
O problema da ciência chinesa
! Joseph Needham (1900-1995), autor da monumental obra
“Science and Civilization in China” (27 volumes, entre 1954-2008)
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Bibliografia recomendada