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Breve Análise
1. Acção dramática
Frei Luís de Sousa contém o drama que se abate sobre a família de Manuel de Sousa
Coutinho e D. Madalena de Vilhena. As apreensões e pressentimentos de Madalena de
que a paz e a felicidade familiar possam estar em perigo tornam-se gradualmente numa
realidade. O incêndio no final do Acto I permite uma mutação dos acontecimentos e
precipita a tensão dramática. E no palácio que fora de D. João de Portugal, a acção
atinge o seu clímax, quer pelas recordações de imagens e de vivências, quer pela
possibilidade que dá ao Romeiro de reconhecer a sua antiga casa e de se identificar a
Frei Jorge.
Se se pretender fazer uma aproximação entre esta obra e a tragédia clássica, poder-se-á
dizer que é possível encontrar quase todos os elementos da tragédia, embora nem
sempre obedeça à sua estruturação objectiva.
Manuel de Sousa Coutinho também comete a sua hybris ao incendiar o palácio para não
receber os governadores. A hybris manifesta-se em muitas outras atitudes das
personagens.
O conflito que nasce da hybris desenvolve-se através da peripécia (súbita alteração dos
acontecimentos que modifica a acção e conduz ao desfecho), do reconhecimento
(agnórise) imprevisto que provoca a catástrofe. O desencadear da acção dá-nos conta
do sofrimento (páthos) que se intensifica (climax) e conduz ao desenlace. O sofrimento
age sobre os espectadores, através dos sentimentos de terror e de piedade, para purificar
as paixões (catarse). A reflexão catártica é também dada pelas palavras do Prior,
quando na última fala afirma: "Meus irmãos, Deus aflige neste mundo àqueles que ama.
A coroa da glória não se dá senão no céu".
Tal como na tragédia clássica, também o fatalismo é uma presença constante. O destino
acompanha todos os momentos da vida das personagens, apresentando-se como um
força que as arrasta de forma cega para a desgraça. É ele que não deixa que a felicidade
daquela família possa durar muito.
3. Tempo
"A que se apega esta vossa credulidade de sete… e hoje mais catorze… vinte e un
anos?", pergunta D. Madalena a Telmo (Acto I, cena 11).
"Faz hoje anos que… que casei a primeira vez, faz anos que se perdeu el-rei D.
Sebastião, e faz anos também que… vi pela primeira vez a Manuel de Sousa", afirma D.
Madalena (Il. cena X).
"Morei lá vinte anos cumpridos" (…) "faz hoje um ano… quando me libertaram", diz o
Romeiro (Il. cena XIV).
4. Personagens
Manuel de Sousa Coutinho (mais tarde Frei Luis de Sousa) é um nobre e honrado
fidalgo, que queima o seu próprio palácio, para não receber os governadores. Embora
apresente a razão a dominar os sentimentos, por vezes, estes sobrepõem-se quando se
preocupa com a doença da filha. É um bom pai e um bom marido.
Maria de Noronha tem 13 anos, é uma menina bela, mas frágil, com tuberculose, e
acredita com fervor que D. Sebastião regressará. Tem uma grande curiosidade e espírito
idealista. Ao pressentir a hipótese de ser filha ilegítima sofre moralmente. Será ela a
vítima sacrificada no drama.
Frei Jorge Coutinho, irmão de Manuel de Sousa, amigo da família e confidente nas
horas de angústia, ouve a confissão angustiada de D. Madalena. Vai ter um papel
importante na identificação do Romeiro, que na sua presença indicará o quadro de D.
João de Portugal.
5. Cenário
O Acto I passa-se numa "câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa
elegancia dos principios do século XVII", no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em
Almada. Neste espaço elegante parece brilhar uma felicidade, que será, apenas,
aparente.
O Acto II acontece "no palácio que fora de D João de Portugal, em Almada, salão
antigo, de gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de familia…". As
evocações do passado e a melancolia prenunciam a desgraça fatal.
O Acto lll passa-se na capela, que se situa na "parte baixa do palácio de D. João de
Portugal". "É um casarão vasto sem ornato algum". O espaço denuncia o fim das
preocupações materiais. Os bens do mundo são abandonados.
6. A Atmosfera
7. Simbologia
8. Acção Trágica
9. Estrutura dramática
Conflito Acto II
Acto II cenas IV-VIII Preparação da acção: ida de Manuel de Sousa Coutinho a Lisboa