Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
(Dez/2013)
Versão 1.6
Ricardo O. S. Soares , MsC.
Group of Biological Physics, Dept. of Physics & Chemistry, Pharmaceutics Sciences Faculty from Ribeirão
Preto - University of São Paulo.
Av. do Café, S/N - ZIP:14040-903 - Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil - Phone: +55 1636024840.
http://lattes.cnpq.br/0777038258459931
rsoares@fcfrp.usp.br
2
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Considerações Gerais
Motivação do Tutorial. Este tutorial vem com o objetivo de introduzir passo a passo uma
simulação simples de dinâmica molecular em proteínas utilizando o pacote de programas
GROMACS. Inicialmente elaborado para auxiliar estudantes iniciantes nesse campo em nosso
laboratório, este tutorial em português foi adaptado para atender as necessidades de um
público mais geral. Agradeço o Prof. Dr. David van der Spoel pelo convite e pela oportunidade.
Dúvidas e sugestões: não hesite em me escrever!
Versão GROMACS Utilizada. Neste tutorial utilizamos a versão 4.5.5, ou seja, os comandos e
procedimentos aqui são compatíveis com as mais novas versões do pacote. Atenção, partir da
versão 4.6, o sistema de instalação mudou completamente, sendo agora utilizado o cmake
(http://www.cmake.org/) para tanto, isso será tratado na próxima versão do tutorial.
Para quem serve esse tutorial (Pré Requisitos). Este manual serve para estudantes de
graduação ou pós-graduação que não possuam noção alguma sobre a dinâmica molecular, em
especial no funcionamento do pacote GROMACS. O usuário deve estar habituado com
conceitos básicos da computação. Habilidade básica em Linux é desejável, porém o tutorial traz
algumas dicas e uma tabela básica de comandos que podem ajudar aqueles que nunca
trabalharam com esse sistema operacional. Dinâmica molecular não é um assunto trivial, é
altamente recomendável ler sobre ela. Pesquise na internet sobre o assunto, leia o manual do
GROMACS, procure livros sobre o assunto.
Atualização do Tutorial. O tutorial tentará manter-se atualizado, no entanto, caso algum link
apresentado aqui não funcione, por favor, escreva no e-mail de contato (página anterior), para
atualização.
3
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Dicas gerais:
- Sempre leia o manual oficial, ele tem informações muito importantes sobre a dinâmica
molecular e o funcionamento do GROMACS (em inglês:
http://www.gromacs.org/Documentation/Manual).
- Ainda não se tem notícia de um tutorial que consegue esclarecer completamente o usuário,
dúvidas sempre existirão. O que fazer nesses casos? Você pode fazer uma pesquisa geral na
internet (http://www.google.com/); pesquisar nos arquivos de dúvidas de usuários do GROMACS
(http://www.gromacs.org/Support/Mailing_Lists) e ainda se inscrever e enviar suas próprias dúvidas,
mas cuidado, provavelmente sua dúvida já foi respondida em algum momento, procure nos arquivos
antes!
- O console (ou terminal) do Linux (aqui usaremos UBUNTU) é uma janela que aceita comandos
de texto e oferece uma interface poderosa. Se você estiver começando a trabalhar no Linux,
habitue-se a utilizá-lo sempre (para simulações numéricas ele pode ser até 10x mais rápido que
o concorrente pago). Procure em seu sistema como você pode acessá-lo.
Dica: utilize a função da tecla “tab” de completar os nomes de arquivos e comandos no console
do Linux, isso traz mais dinâmica à interface. Exemplificando, se você digitar a chamada do
programa “grompp”, digitando apenas “grom” e pressionando a tecla “tab” o console completa
o resto para você. Isso é particularmente útil para arquivos de nome longo, como
1TSK_273K_langevin01.gro.
Tutorial GROMACS
4
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Apresento aqui duas alternativas: o usuário pode optar por baixar (download) as pastas com os
arquivos já prontos, concentrando-se apenas na simulação em si; ou seguir os passos iniciais do
tutorial para a criação desses arquivos. A primeira opção é mais rápida, porém a segunda é mais
informativa e altamente recomendada, visto que explica vários dos fundamentos da
parametrização da simulação.
1.1 Pré-requisitos
(I) Compiladores:
5
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
(II) MPI:
http://www.fftw.org/fftw-3.3.tar.gz
1
Para notificar-se se você já possui o g77, vá ao console, digite “g7” e tecle “TAB”. Caso o console complete “g7”
para “g77”, tudo bem, caso contrário ele está ausente do sistema. O mesmo procedimento serve para o “g+”.
2
O multi-processamento é aquele que utiliza mais de um processador. Então em uma máquina Quad Core, é
possível o processamento por quatro núcleos. Isso aumenta sensivelmente a velocidade da simulação.
3
Para descobrir quantos processadores existem em seu computador, digite no terminal: “grep processor
/proc/cpuinfo”. Atenção que a contagem inicia-se no zero, ou seja um dual core terá processador 0 e
processador 1 (dois, portanto).
4
Os próprios desenvolvedores do GROMACS aconselham a utilização da livraria externa FFTW.
6
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
make
(aguarde o processamento...)
Agora a instalação:
Agora a instalação:
make install
(aguarde o processamento...)
7
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
ftp://ftp.gromacs.org/pub/gromacs/gromacs-4.5.5.tar.gz
export CPPFLAGS=-I/home/computador/fftw/include
export LDFLAGS=-L/home/computador/fftw/lib
Não se preocupe caso você não saiba qual é seu tipo de “shell”, se por exemplo você digitar um
desses comandos “bash” em sistema “tsch”, ele não funcionará, nesse caso, troque o comando.
5
Fique atento novas versões saem quase que constantemente. Acompanhe as atualizações no site oficial, seção
de downloads. Para detalhes sobre as versões 4.x.x, leia a referência 17.
8
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Novamente fique atento para o diretório de instalação. Caso queira escolher um, no
caso de não ser possível o acesso de administrador, mantenha o comando “--prefix=/...”, caso
contrário, remova essa parte e deixe o programa ser instalado na raiz (recomendado).
make distclean
(aguarde o processamento)
Estamos quase finalizando a instalação. Agora mais um passo: a compilação. Para isso
simplesmente digite:
make
(aguarde
Finalmente, o processamento
para concluir a instalação,– ová tomar um café)
último
Então:
make install
(aguarde o processamento – outro café...)
Para atribuir os programas do pacote aos atalhos, construa os links com o comando:
make links
(aguarde o processamento)
9
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Agora precisamos obter a estrutura protéica a qual participará da simulação. Para isso vá para o
depósito oficial de arquivos de estrutura de proteínas na internet, o RCSC-PDB (Research
Collaboratory for Structural Bioinformatics – Protein Data Bank), mais conhecido simplesmente
como PDB (http://www.pdb.org/).
Aqui utilizaremos a proteína TS-Kappa. Localize a barra de busca e digite “1TSK”. Abrindo a
página correspondente, clique no ícone “Download PDB file” (Fig. 2.1)
Uma vez em posse de “1tsk.pdb”, você pode visualizá-lo para ter mais intimidade com este tipo
de arquivo. Para isso é obviamente necessário algum programa de visualização como: VMD
(http://www.ks.uiuc.edu/Research/vmd/), PyMol (http://pymol.sourceforge.net/), DeepView -
SwissPDBViewer (http://spdbv.vital-it.ch/), Rasmol (http://www.umass.edu/microbio/rasmol/),
entre outros.
10
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
minimizacao.mdp pasta
“minimizacao”
minimizacao.mdp * pasta “adicionar_ions”
3º Passo:
Com o arquivo “1tsk.pdb” salvo na pasta “Tutorial”, agora devemos criar três arquivos
essenciais, os quais guardam os valores dos parâmetros desejados para a simulação.Crie
primeiro três arquivos de texto vazios. Em seguida copie o conteúdo de cada quadro abaixo
(com exceção das explicações de cada linha entre parênteses, de cor cinza)6 em cada arquivo
separadamente, produzindo assim três tipos diferentes. Nomeie cada arquivo de acordo com o
cabeçalho do conteúdo copiado: “minimizacao.txt”, “restricao.txt” e “dinamica.txt”. Agora
mude a extensão dos arquivos de “.txt” para “.mdp”. Finalmente, mova os arquivos às pastas
assinaladas da maneira indicada na tabela abaixo:
------minimizacao.mdp------
define = -DFLEXIBLE (Define a flexibilidade do soluto)
constraints = none (Tipo de restrição)
integrator = steep (Tipo de integrador, aqui o “steepest descent”)
nsteps = 200 (Número de passos)
nstlist = 10 (Frequência de atualização da lista de vizinhos, em passos)
rlist = 1.0 (Raio de corte para vizinhos de baixo alcance)
coulombtype = pme (Esquema de tratamento de forças Coulombianas)
rcoulomb = 1.0 (Raio de corte Coulomb)
vdw-type = cut-off (Esquema de tratamento Van der Waals, aqui “cut-off”)
rvdw = 1.0 (Raio de corte para Lennard-Jones ou Potencial de Buckingham)
nstenergy = 500 (Frequência a escrever as energias no arquivo)
emtol = 1000.0 (valor máximo para a convergência de energia, em kJ.Mol -1.nm-1)
emstep = 0.01 (passo inicial, em nm)
---------------------------
6
Para maiores explicações, favor referir-se ao manual GROMACS.
http://www.gromacs.org/Documentation/Manual
11
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
---------------restricao.mdp-----------------
define = -DPOSRES (Define a flexibilidade/mobilidade do soluto, aqui restrita)
constraints = all-bonds (Constrições em todas as ligações)
integrator = md (Tipo de integrador, aqui o “md”)
nsteps = 50000 (Número de passos: nsteps X dt = Tempo da simulação em ps)
dt = 0.002 (“Time-Step”, tempo para passo de integração, em ps)
nstlist = 10 (Frequência de atualização da lista de vizinhos, em passos)
nstxout = 100 (Frequência a escrever a trajetória em arquivo)
nstvout = 100 (Frequência a escrever as velocidades em arquivo)
nstxtcout = 100 (Frequência a escrever as coordenadas em arquivo)
nstenergy = 100 (Frequência a escrever as energias em arquivo)
rlist = 1.0 (Raio de corte para vizinhos de baixo alcance)
coulombtype = pme (Esquema de tratamento de forças Coulombianas)
rcoulomb = 1.0 (Raio de corte Coulomb, em nm)
rvdw = 1.0 (Raio de corte para Lennard-Jones)
Tcoupl = v-rescale (Tipo de termostato, aqui usamos o “berendsen modificado”)
tc-grps = protein non-protein (grupos separados ao banho de temperatura)
tau-t = 0.1 0.1 (Constante de tempo para a temperatura)
ref-t = 298 298 (Temperatura da proteína e do resto do sistema - em Kelvin)
energygrps = Protein SOL (Monitoramento de Energia)
Pcoupl = Parrinello-Rahman (Barostato de Parrinello-Rahman)
tau_p = 1.0 (Valor de Tau, no termostato de Berendsen, quando ligado)
compressibility = 4.5e-5 (Compressibilidade da água a 1 ATM e 300k, unidade em bar-1)
ref_p = 1.0 (Referencial para o barostato)
gen_vel = yes (Gerar velocidades iniciais por distribuição de Maxwell)
gen_temp = 298.0 (Temperatura inicial, em Kelvin)
gen_seed = 116247 (Semente do número aleatório inicial)
-------------------------------------------
12
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
---------------dinamica.mdp-----------------
define = -DFLEXIBLE (Define a flexibilidade/mobilidade do soluto, aqui livre)
constraints = all-bonds (onde serão aplicadas as constrições)
integrator = md (Tipo de integrador, aqui o “md”)
nsteps = 500000 (Número de passos. nsteps X dt = Tempo da simulação em ps)
dt = 0.002 (“Time-Step”, tempo para passo de integração)
nstxout = 1000 (Frequência a escrever a trajetória em arquivo)
nstvout = 1000 (Frequência a escrever as velocidades em arquivo)
nstxtcout = 1000 (Frequência a escrever as coordenadas em arquivo)
nstenergy = 5000 (Frequência a escrever as energias em arquivo)
nstlist = 10 (Frequência de atualização da lista de vizinhos, em passos)
rlist = 1.0 (Raio de corte para vizinhos de baixo alcance)
coulombtype = pme (Esquema de tratamento de forças Coulombianas)
rcoulomb = 1.0 (Raio de corte para o tratamento de forças de Coulomb)
vdw-type = cut-off (Esquema de tratamento Van der Waals, aqui “cut-off”)
rvdw = 1.0 (Raio de corte para Lennard-Jones)
Tcoupl = nose-hoover (Controle de temperatura, aqui usamos o Nosé-Hoover)
tc-grps = protein non-protein (grupos separados ao banho de temperatura)
tau-t = 0.1 0.1 (Constante de tempo para a temperatura)
ref-t = 298 298 (Temperatura, em Kelvin)
energygrps = Protein SOL (Monitoramento de Energia)
Pcoupl = no (Barostato de Parrinello-Rahman)
tau_p = 0.5 (Valor de Tau, no termostato)
compressibility = 4.5e-5 (Compressibilidade da água a 1 ATM e 300k, unidade em bar -1)
ref_p = 1.0 (Referencial para o barostato de Berendsen)
gen_vel = yes (Gerar velocidades iniciais por distribuição de Maxwell)
gen_temp = 298.0 (Temperatura inicial, em Kelvin)
gen_seed = 116247 (Semente do número aleatório inicial)
-------------------------------------------
Importante: No manual do GROMACS existe cada um desses parâmetros bem detalhados (em
inglês)
O programa pdb2gmx (Protein Data Bank to GROMACS), como o nome já diz, transforma
arquivos .pdb em arquivos GROMACS com a extensão .gro, as quais são apropriadas para a
dinâmica molecular neste pacote específico. Este programa, excluindo-se mdrun, é o que mais
solicita os arquivos de campo de força, sendo distribuídos em conjunto com GROMACS
atualmente os seguintes:
13
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
1: AMBER03 force field (Duan et al., J. Comp. Chem. 24, 1999-2012, 2003)
2: AMBER94 force field (Cornell et al., JACS 117, 5179-5197, 1995)
3: AMBER96 force field (Kollman et al., Acc. Chem. Res. 29, 461-469, 1996)
4: AMBER99 force field (Wang et al., J. Comp. Chem. 21, 1049-1074, 2000)
5: AMBER99SB force field (Hornak et al., Proteins 65, 712-725, 2006)
6: AMBER99SB-ILDN force field (Lindorff-Larsen et al., Proteins 78, 1950-58,
2010)
7: AMBERGS force field (Garcia & Sanbonmatsu, PNAS 99, 2782-2787, 2002)
8: CHARMM27 all-atom force field (with CMAP) - version 2.0beta
9: GROMOS96 43a1 force field
10: GROMOS96 43a2 force field (improved alkane dihedrals)
11: GROMOS96 45a3 force field (Schuler JCC 2001 22 1205)
12: GROMOS96 53a5 force field (JCC 2004 vol 25 pag 1656)
13: GROMOS96 53a6 force field (JCC 2004 vol 25 pag 1656)
14: OPLS-AA/L all-atom force field (2001 aminoacid dihedrals)
15: [DEPRECATED] Encad all-atom force field, using full solvent charges
16: [DEPRECATED] Encad all-atom force field, using scaled-down vacuum charges
17: [DEPRECATED] Gromacs force field (see manual)
18: [DEPRECATED] Gromacs force field with hydrogens for NMR
Através do comando, no diretório “Tutorial” onde está localizado 1TSK.pdb (atente-se para as
letras maiúsculas),digite:
14
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Explicando os parâmetros: “-f” sempre significa entrada de dado; “-o” indica o arquivo
de saída, ou seja, você pode dar o nome que quiser (aqui nós geramos o “proteina01.gro”); “-p”
é a entrada do arquivo de topologia (neste único caso é a saída, pois o estamos gerando); “-
inter” permite o usuário escolher manualmente o posicionamento de pontes dissulfeto, campo
de força etc; “-ignh”: ignorar átomos de hidrogênio do arquivo .pdb.
Agora precisamos criar um ambiente para abrigar a proteína juntamente com a água
(ainda ausente). Para este fim se enquadra o programa editconf. Neste o arquivo de entrada é
“proteina01.gro”, o qual será modificado para “proteina02.gro”, agora adicionado da caixa
cúbica vazia. Digite o comando abaixo:
15
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
A opção –box requer apenas um valor para uma caixa cúbica, dodecaedro e octaedro
truncado. Com –d e uma caixa triclínica o tamanho especificado em –box é utilizado. Com –d e
uma caixa cúbica, dodecaédrica ou octaédrica, as dimensões são ajustadas ao diâmetro do
sistema, ou seja à maior distância entre átomos, mais duas vezes a distância especificada (no
caso, 1.2 nm). Observe a figura 2.2 (o quadrado representa a caixa).
16
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Mas antes de procedermos, precisamos comentar sobre o programa grompp, pois ele
será necessário agora.
Este é o pré-processador GROMACS (GROMACS PreProcessor). Como o nome diz, ele pré
processa um arquivo que irá para a simulação de dinâmica molecular pelo programa mdrun, ou
seja, qualquer simulação de dinâmica molecular no GROMACS precisa antes ser parametrizada
por este programa. Grompp lê um arquivo de topologia, faz substituições necessárias no que se
diz respeito a tipos e configurações moleculares: ângulos e distâncias de ligação podem ser
convertidos em restrições (comando -r) por adição de hidrogênios ou átomos pesados. É feita a
leitura dos parâmetros a serem utilizados na futura simulação, com correções para uma
aceleração resultante se igualar a zero, criando um arquivo binário o qual será a base para o
mdrun trabalhar. O comando –debug, o programa retorna mais detalhes do que foi feito no
processo.
No caso de erros ou apenas avisos o programa gera uma pequena saída na tela,
alertando o usuário a possíveis correções pré dinâmica molecular.
Este aplicativo oferece suporte ao reinício de uma simulação interrompida por motivos
externos ao software, no entanto é tpbconv é mais recomendado nestes casos.
17
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Para manter o número original de átomos no sistema, o prompt do programa vai lhe dar
as opções do meio a ser substituído pelos íons neutralizantes a serem introduzidos. A melhor
opção para nosso propósito é a remoção de moléculas de água, ou seja, de solvente ( selecione
a opção número 12 (SOL)].
Este passo é necessário, pois rearranja o sistema para promover a remoção de contatos
de van der Waals aberrantes originários pelas recém introduzidas moléculas de água e pela
rede de ligações de hidrogênio rompidas. Essas variações espaciais podem gerar energias
extremas, as quais funcionam como estopins e são liberadas logo no inicio da etapa da dinâmica
molecular, com alta probabilidade de comprometimento da integridade da estrutura inicial
protéica pela ocasional introdução de distorções indesejáveis.
mdrun –s minimizacao.tpr -v
18
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
tail –f out
Finalmente chegamos à parte final do tutorial, aquela que gerará os dados que serão
utilizados para nossas análises ulteriores. Mas antes, vamos comentar um pouco sobre este
programa central ao pacote GROMACS: o mdrun (Molecular Dynamics Run), o qual é
responsável pela dinâmica molecular propriamente dita.
19
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
previamente minimizada, para evitar problemas como “explosões” na caixa de hidratação por
possíveis contatos próximos demais entre átomos (7º Passo).
Uma nova realização é possível (pelo comando –rerun) caso haja necessidade. Energias e
forças serão recalculadas, busca pela vizinhança será feita em cada passo a menos que –nstlist
seja igualado a zero no arquivo de parametrização .mdp. Neste arquivo, podemos também
personalizar funções de potenciais para mdrun utilizar.
tail –f out
20
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Tão importante quanto saber simular trajetórias de proteínas em água por dinâmica
molecular é saber como interpretar e apresentar os dados obtidos. Essa seção se propõe a
apresentar alguns dos principais programas disponíveis no pacote GROMACS com fins de
análise de trajetória.
Uma das medidas mais comuns para se avaliar a condição da proteína ao longo da
trajetória é a quantificação da deformação da estrutura em comparação à referência do ponto
inicial. Essa avaliação é feita através do RMSD (Root Mean Square Deviation), e pode ser
calculada basicamente de duas maneiras:
- Por ajuste de estruturas (fit). Para cada passo, a proteína é ajustada espacialmente ao modelo
inicial, então a seguinte equação é aplicada:
𝑁 1/2
1 2
𝑅𝑀𝑆𝐷 = 𝑟𝑖 𝑡 − 𝑟𝑖 0
𝑁
𝑖
onde ri(t) e ri(o) são respectivamente a posição de um dado átomo no tempo t arbitrário e no
tempo inicial t=0. Para este cálculo, utiliza-se no GROMACS o programa g_rms.
- Sem ajuste de estruturas. Com a quantificação do RMSD desta maneira, seu valor tende a ser
mais elevado em relação ao método anterior. Neste caso o cálculo é feito por utilização de uma
matriz de distância:
1/2
𝑁 𝑁
1 2
𝑅𝑀𝑆𝐷 = 2 𝑟𝑖𝑗 𝑡 − 𝑟𝑖𝑗 0
𝑁
𝑖=1 𝑗 =1
onde rij(t) e rij(o) se referem à distância entre os dois átomos i e j respectivamente no tempo t
arbitrário e no tempo inicial t=0. Essa medida é feita através do programa g_rmsdist.
21
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Em nossa análise, utilizaremos o primeiro método (no entanto é uma boa idéia o uso de ambos
os métodos, com posterior comparação, apenas em nível de aprendizagem). Agora procedamos
com o comando (dentro da pasta “dinamica”):
O arquivo resultante “rmsd.xvg” deverá ser movido para a pasta “dados” para fins de
organização. Este arquivo contém tabelas numéricas com instruções para a confecção de um
gráfico. A maneira mais usual para isso é a utilização do programa XMGRACE. Caso não possua
este aplicativo, instale-o através do gerenciador de instalação de sua distribuição Linux. Segue
abaixo o comando para a leitura da matriz (utilize-o dentro da pasta “dados”):
xmgrace rmsd.xvg
22
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
1/2
𝑖 𝑟𝑖2 𝑚𝑖
𝑅𝑔 =
𝑖 𝑚𝑖
𝑅 𝑟𝑖 𝑚 𝑖
𝑐𝑚 =
𝑚𝑖
Uma vez criado o arquivo “raio_giracao.xvg”, mova-o para a pasta de dados e proceda como
para o RMSD. Abaixo um exemplo de um raio de giração estável com média ao redor de 0.8
nanômetros.
23
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
III) Animação
Vamos converter os dados de “traj.xtc” para um arquivo de saída com extensão “.pdb”.
Essa rotina é realizada pelo programa conversor de formatos (trjconv) através da sintaxe abaixo
(digitar dentro do diretório “dinamica”):
(Selecione a opção 1)
24
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
Para ver o resultado, utilize qualquer visualizador de proteínas com suporte a frames
múltiplos tais como PyMol ou VMD.
Agora você já tem meios de seguir em frente sozinho. Baixe outras proteínas, estenda a
simulação, rode em paralelo, enfim pense sobre o problema e procure analisar o que seja adequado às
suas necessidades. Este tutorial é introdutório, ele te guiou até aqui e lhe fez economizar considerável
esforço, poupando-lhe encontros com literatura especializada em contato imaturo, o que só serviria
para afugentar algumas pessoas. No entanto, conforme vá progredindo, é imperativo o
acompanhamento de artigos mais específicos e densos, pois só assim você progride de forma satisfatória
para lidar com um campo tão emergente quanto complexo como a dinâmica molecular.
25
- Tutorial Introdutório GROMACS – Ricardo O. S. Soares 2012
[1] Bekker, H.; Berendsen, H. J. C.; Dijkstra, E. J.; [9] Kahn, K. & Bruice, T. C. J. Comput. Chem., 23:
Achterop, S.; van Drunen, R.; van der Spoel, D.; 977–996, 2002.
Sijbers, A.; Keegstra, H.; Reitsma, B.; Renardus, M.
K.Physics Computing 92 (Singapore, 1993). de Groot, [10] Wensink, E. J. W.; Hoffmann, A. C.; van Maaren,
R. A.; Nadrchal, J.; eds. World Scientific. P. J.; van der Spoel, D. J. Chem. Phys., 119: 7308-
7317, 2003.
[2] Berendsen, H. J. C.; van der Spoel, D.; van
Drunen, R. Comp. Phys. Comm. 91:43–56, 1995. [11] Suardiaz, R.; Maestre, M.; Suárez, E.; Pérez, C. J.
Mol. Struct., 778: 21–25, 2006.
[3] van der Spoel, D.; Lindahl, E.; Hess, B.; Groenhof,
G.; Mark, A. E.; Berendsen, H. J. C. [12] Martin, M. Fluid Phase Equilibria, 248: 50–55,
J. Comp. Chem., 26:1701–1718, 2005. 2006.
[4]Taft, C. A.; Silva, C. H. T. P. (Org.). Current [13] Pérez, S.; Imberty, A.; Engelsen, S. B.; Gruza, J.;
Methods in Medicinal Chemistry and Biological Mazeau, K.; Jimenez-Barbero, J.; Poveda, A.;
Physics. Kerala; Research Signpost 2007. Espinosa, J. F.; van Eyck, B. P.; Johnson, G.; French, A.
D.; Louise, M. L.; Kouwijzer, C. E.; Grootenuis, P. D.
[5] Ozkan, S. B.; Dill, K. A.; Bahar, I. Protein Sci. 11: J.; Bernardi, A.; Raimondi, L.; Senderowitz, H.; Durier,
1958-1970, 2002. V.; Vergoten, G.; Rasmussen, K. Carbohydrate
Research 314: 141–155, 1998.
[6] Scott, W. R. P.; Hünenberger, P. H.; Tironi, I. G.;
Mark, A. E.; Billeter, S. R.; Fennen, J.; Torda, A. E.; [14] Kaminski, G. & Jorgensen, W. L. J. Phys. Chem.,
Huber, T.; Krüger, P.; van Gunsteren, W. F. J. Phys. 100: 18010-18013, 1996.
Chem., A. 103: 3596-3607, 1999.
[15] Chen, B.; Martin, M. G.; Siepmann, J. I. J. Phys.
[7] Kony, D.; Damm, W.; Stoll, S.; van Gunsteren, W. Chem. B, 102: 2578-2586, 1998.
F. J. Comput. Chem., 23: 1416–1429, 2002.
[16] Allen, M.P.; Tildesley, D.J. Computer Simulation
[8] Xu, Z.; Luo, H. H.; Tieleman, D. P. J. Comput. of Liquids. Clarendon Press, Oxford, 1987.
Chem., 28: 689–697, 2007.
[17] Hess, B.; Kutzner, C.; van der Spoel, D.; Lindahl,
E. J. Chem. Theory Comput., 4:435-447, 2008.
26