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A Quarta Dimensão Joel S.

Goldsmith

Quando Jesus Cristo disse: “Eu, de mim mesmo, nada posso; o Pai em Mim é quem faz
as obras”; e Paulo afirmou: “Não mais eu quem vive, mas o Cristo vive em mim” –
revelaram a quarta dimensão da vida, na qual “não só de pão vive o homem” e nem
por sua vontade, esforços ou sabedoria pessoais.

Chega um momento, em nossa experiência, em que já não somos unicamente nós


(aspecto humano), senão que alargamos nossa consciência para a percepção de uma
Presença interna. Este momento de transição ocorre quando esta Presença se-nos
torna real e assume a direção de nossa vida. A partir desta experiência, não mais
ficamos “cuidadosos com a nossa vida”, porque sentiremos sempre a proximidade
desse Algo – que é o Cristo ou Presença divina – que harmoniza nossa experiência
diária.

Nesta experiência de transição, deixamos de ser meramente seres humanos (que


elaboram os próprios pensamentos, planejam as próprias vidas e resolvem seus
assuntos particulares) para atingir um nível de consciência em que sentimos realmente
esta Presença interior. Vivemos, então, como se nos houvéssemos separado um pouco
de nós mesmos – digamos, uns dois ou três centímetros – passando a observar, como
simples espectadores, o modo como estamos vivendo.

Se neste momento estamos na esfera profissional, veremos que nos chegam outros
negócios dos quais não somos responsáveis – ou seja: sobre cuja realização não
fizemos esforços pessoais. Se formos escritores, músicos, etc., receberemos idéias e
temas com os quais jamais havíamos sonhado e que inspiradamente nos chegam do
íntimo. Saberemos, então, que não os estamos gerando, mas que são dados por uma
Graça interna.

Estão-se empenhados num Trabalho Espiritual, de cura ou pregação, veremos que os


pacientes e estudantes nos serão encaminhados, mas será o Espírito que os sanará e
ensinará. Compreenderemos, então: “Vivo – mas não eu, senão que o Cristo é Quem
vive minha vida. Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.”

Em tal estado, convertemo-nos no instrumento consciente de ação da Consciência


divina. Então compreendemos a citação do Mestre: “Não sou eu quem faz as obras,
mas o Pai que mora em mim é Quem as faz”. Jesus queria significar que de seu próprio
conhecimento ou esforço ele nada podia fazer, senão que era a atividade da Verdade,
em sua Consciência, que tornava possíveis os milagres de cura, de conforto ou de
alimentar multidões.

Vimos a ser, pois, o veículo através do qual a vida vive a si mesma ou o mensageiro
levando a divina Mensagem. Saberemos que já não estamos vivendo a própria vida,
senão que a Presença e o Poder a estão vivendo, fazendo de nossa instrumentação
humana o seu modo de expressão ou meio de atividade. Esta vivência nos permitirá
entender claramente porque o Mestre disse: “Eu e o Pai somos um, mas o Pai é maior
que eu”. Não que isto sugira dualidade ou separação, pois seria um retorno à crença
passada de um Deus separado do homem. Já aprendemos que Deus Se manifesta
individualmente como Eu e Tu, o que vem mostrar que Eu Sou, Deus, embora sendo
um Princípio infinito, universal, divino, da vida, aparece como eu e tu individual, de
modo que em verdade “Eu e o Pai somos um”: o Ser interno a exprimir-Se como o
indivíduo externo.

Não obstante, tudo isto são meras declarações da verdade, até o momento mesmo de
nossa transição, em que a experiência interna converte estas idéias em verdade viva,
em realidade palpável. Aí estas declarações da Verdade cederão lugar à Presença
interna, que se torna uma experiência real.

Ao alçar-nos a este lugar na Consciência, em que o Cristo vive as nossas vidas,


constatamos ao mesmo tempo, que o Cristo mantém e provê nossa existência inteira,
suprindo-nos vitalidade, iniciativa, inteligência, amor, persistência, valor e saúde,
necessários ao atingimento de nossas metas. Ele também nos subministra recursos
materiais bastantes, reconhecimento e prestígio, já que, havendo tomado o leme de
nossas vidas, poderá manejar todas as coisas devidamente, na amplitude de nosso
nível, promovendo a realização total de nossa vida. Ele irá adiante de nós,
proporcionando transportes, hospedagem, oportunidades e êxito em tudo que
empreendermos.

Aqueles que se ocupam do Ministério Espiritual logo verão que este Infinito invisível
supre tudo o que é preciso para a completa manifestação da mensagem, posto que “o
meu ensino não é meu, e sim dAquele que me enviou”. Tudo o que seja necessário à
expressão da Mensagem e, quem quer que seja o inspirado ou Mensageiro, tenhamos
a certeza de que será apoiado, sustido e suprido por Aquele que é a Fonte e a
Inspiração da Mensagem.

Quer esteja no exercício de atividades comerciais, quer nas artes, numa profissão
liberal ou nos deveres do lar, a pessoa inspirada sente-se, de imediato, livre de toda
responsabilidade pessoal, na medida em que o Infinito Invisível se converte na Alma e
atividade de seu ser.

Compreendamos, agora, que quando Jesus fala do Pai que está nEle, refere-se ao
Poder e à Presença divina que lhe animaram o ser e que constituía o poder curativo, o
poder que multiplicou pães e peixes, o poder que apaziguou a tempestade, o poder
que ressuscitou Lázaro dentre os mortos. Da mesma forma, compreendemos o que
disse Paulo, quando fala que tudo podia através de Cristo, aludindo ao Poder divino
que chamamos o Infinito Invisível. Foi esse Poder que possibilitou ao “Apóstolo dos
gentios” cumprir sua missão de levar a mensagem cristã ao mundo de sua época. Ele
recebia, dessa Presença interna, a força, a inspiração, a coragem e todo sustento.

“O Pai que mora em mim é Quem faz as obras” (de Jesus) e o “Cristo que me fortalece”
(de Paulo) são um e o mesmo Espírito interno, a mesma Consciência da Verdade, que
supria o povo prometido com o maná, e o guiava “como nuvem durante o dia e coluna
de fogo durante a noite”, através da realização de Moisés; que aparecia como tortas
assadas sobre a rocha, como corvo trazendo alimento ou como uma viúva oferecendo
alimento, através da realização de Elias; na forma de cura maravilhosa, à porta do
Templo, chamada Formosa, pela realização de Pedro e João. “O mesmo Espírito que
ressuscitou Jesus dentre os mortos, dará também a vida a vossos corpos mortais”.

Isto tudo é muito claro: existe um Espírito em nós, uma Chispa divina que
denominamos o Cristo, que nos eleva à Quarta Dimensão da vida – a um estado de
Consciência em que não mais vivemos pelos esforços pessoais, pela sabedoria, pelo
poder ou pela saúde pessoais – no qual somos investidos de um Poder que nos vem de
dentro do Reino de nosso próprio ser.

Novamente repito: há um nível que atingimos neste mundo, em que já não vivemos a
própria vida, senão que o Infinito Invisível a vive por nós, precedendo-nos no Caminho
e solucionando tudo. Ele nos acompanha como a Fonte e a atividade de nossa vida
diária, revelando-Se como água, maná, alimento, proteção, segurança e saúde. E ainda
que o templo de nosso corpo ou o nosso lar fossem destruídos e nossos negócios
desfeitos, esse Infinito Invisível os reconstruiria rapidamente, “restituindo os anos que
foram consumidos pelo gafanhoto”.

Mesmo que defrontemos dificuldades, temores e discórdias – servirão para mostrar ao


mundo que dentro de nós há um poder que supera as vicissitudes e tentações: “Maior
é Aquele que está em mim, do que o que está no mundo”.

Pois bem, neste exaltado estado de Consciência Crística, avançamos sem barreira
material, sem impedimentos físicos, emocionais, mentais ou financeiros. Em tal estado
de Consciência divina, que é o Céu, as realidades do mundo de Deus se nos tornam tão
reais quanto o plano sensorial, porque as limitações dos sentidos se desvaneceram.

Aos poucos, vamos entendendo que esta Presença e Poder são atemporais, pois,
independentemente de quando se revelem à nossa Consciência, em verdade sempre
existiram dentro de nós, sem que o soubéssemos. Em outras palavras, embora este
Infinito Invisível esteja conosco agora, só chegará a ser marcantemente real e
poderoso em nossa experiência – como o foi para os profetas hebreus e aos cristãos
iluminados de outras épocas – através do desenvolvimento da Verdade em nossa
Consciência; através da conscientização da Verdade em nossa Consciência; através da
atividade da Verdade em nossa Consciência.

Agora dediquemos um momento à natureza ou função deste Poder que chamamos o


Cristo. O Cristo é a atividade, a substância e a lei invisível de tudo quanto aparece
como efeito. É por isso que não devemos deixar-nos hipnotizar pelas aparências. Com
isso quero dizer que, se humanamente temos saúde ou riqueza, isso não significa
havermos alcançado a imortalidade, a segurança. Mesmo que tenhamos um refúgio
antiatômico na montanha, não pensemos haver encontrado segurança. Não ponhamos
nossa fé ou dependência em nada, em nenhum efeito, em nenhuma pessoa. Doutra
parte, não tenhamos temor ao pecado, à enfermidade ou à carência. Eles não têm
poder nenhum. “Ainda que eu tenha de atravessar o vale das sombras da morte, não
receio mal algum, porque Tu estás comigo”.

Ao encarar as condições humanas do bem e do mal aparentes, lembremo-nos sempre


de tomar consciência de que todo efeito espiritual, harmonioso, é produzido pela
atividade do Cristo. A atividade do Cristo manterá e sustentará todos os
acontecimentos e experiências felizes e harmoniosas. Ainda que estes sejam
momentaneamente perturbados ou destruídos, não nos deixemos alarmar. Não nos
preocupemos com os órgãos ou funções de nosso corpo, nem pela situação econômica
ou política, posto que a atividade do Cristo é a lei de Ressurreição de tudo isso.

O propósito de nosso Ministério Espiritual é o de nos elevar à Quarta Dimensão, onde


não mais vivemos de efeitos, nem só de pão, ou vitaminas ou sais minerais; onde
vivemos mercê da atividade do Cristo, do Infinito Invisível. Nesta Quarta Dimensão da
vida, que é Consciência Espiritual, todo efeito que surgir em nossa experiência, será na
medida de nossa necessidade, para suprir-nos abundantemente.

Recordemos, sem lugar a dúvidas, que o Cristo é o fundamento, a lei ou o desabrochar


de nossa experiência.

A Quarta Dimensão é esse estado de consciência em que toda a nossa confiança, fé,
dependência e compreensão estão firmadas no Infinito Invisível, no Qual aprendemos
a usufruir as conquistas do Espírito e as harmonias de viver diariamente na Graça.

Ainda que não O contemplemos com nossos olhos, sem dúvida alguma, na câmara
secreta, interna, de nosso ser, descobriremos espiritualmente, em nossa meditação, a
atividade do Cristo em nossa vida!

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