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Notas de aulas
Agosto/2008
Índice
2 Diferenciabilidade 25
2.1 Definição: diferenciabilidade de uma aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Exemplos de aplicações diferenciáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3 Funções reais de m variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.5 A Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.6 Teorema/Desigualdade do valor médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.8 As classes de diferenciabilidade C k . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.9 O vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.10 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
i
3 Derivadas de ordem superior e a Fórmula de Taylor 63
3.1 Inversão na ordem de derivação: Teorema de Schwarz . . . . . . . . . . . . . . 63
3.2 Derivadas de ordem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.3 A Fórmula de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5 Integrais Múltiplas 89
5.1 A definição de integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.2 Caracterização das funções (Riemann-) integráveis . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.3 Integrabilidade em domı́nios mais gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.4 Somas de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
5.5 Integração repetida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
5.6 Mudança de variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
5.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Referências 115
Capı́tulo 1
x + y = (x1 + y1 , x2 + y2 , . . . , xn + yn )
Estas operações fazem do IRn um espaço vetorial de dimensão n sobre o corpo IR dos
números reais.
Normas:
(?)
A partir do Produto Interno Canônico acima definido, construı́mos a NORMA EUCLI-
DIANA k ke : IRn → IR pondo:
√
kxke = < x, x > ∀ x ∈ IRn
1
2 CAPÍTULO 1
(?)
Obs.: Outras duas normas se destacam no IRn :
A NORMA DO MÁXIMO k km : IRn → IR dada por
(?)
É fácil mostrar que estas duas normas não provêm de produto interno algum no IRn .
(?)
Para todo x ∈ IRn temos :
d(x, y) = kx − yk ∀ x, y ∈ IRn
(?)
Proposição 1.3. Duas normas k k1 e k k2 no IRn são equivalentes se, e somente se,
existem constantes k, l > 0 tais que:
l. kxk2 ≤ kxk1 ≤ k. kxk2 ∀ x ∈ IRn
Já vimos antes que kxkm ≤ kxke ≤ kxks ≤ n. kxkm , para todo x ∈ IRn .
Portanto as normas Euclidiana, do Máximo e da Soma são EQUIVALENTES!
Definição 1.4. Um conjunto X ⊂ IRn é limitado (“em relação à norma k k”) quando existir
uma constante c > 0 tal que kxk ≤ c para todo x ∈ X.
(?)
Proposição 1.5. Um conjunto X ⊂ IRn é limitado (em relação a qualquer norma equi-
valente à Norma do Máximo) se, e somente se, todas as suas projeções
X1 = π1 (X), X2 = π2 (X), . . . , Xn = πn (X)
são conjuntos limitados em IR.
1.2 Seqüências
Definição 1.6. Dizemos que uma seqüência (xk ) no IRn converge para o limite a ∈ IRn
(“em relação à norma k k”) quando, para cada > 0 dado, é possı́vel obter um ı́ndice
k0 ∈ IN tal que k > k0 ⇒ kxk − ak < . Neste caso escrevemos: a = lim xk ou xk → a.
De modo equivalente temos que, para cada > 0 , os termos xk estão na bola aberta
B(a; ) (em relação à norma considerada), para todo k suficientemente grande.
Uma conseqüência importante da definição acima é que, se duas normas no IRn são
equivalentes, então a convergência de uma seqüência independe de qual das nor-
(?)
mas equivalentes é considerada .
4 CAPÍTULO 1
(?)
Conseqüências imediatas:
(i) lim xk = a ⇔ lim kxk − ak = 0
(ii) Toda seqüência convergente é limitada.
(iii) Se lim xk = a então toda subseqüência de (xk ) converge para a.
(iv) O limite de uma seqüência convergente é único.
Uma seqüência
(xk ) no IRn equivale a n seqüências de números reais, ou seja, para todo
(k) (k) (k) (k)
k ∈ IN , xk = x1 , x2 , . . . , xn , onde xi = πi (xk ) = i-ésima coordenada de xk . Essas n
seqüências são ditas as Seqüências DAS COORDENADAS de (xk ).
(?)
Proposição 1.7. Uma seqüência (xk ) no IRn converge (em relação a qualquer norma
equivalente à Norma do Máximo) para o ponto a = (a1 , a2 , . . . , an ) se, e somente se, para
(k)
cada i = 1, 2, . . . , n tem-se lim xi = ai , ou seja, cada coordenada de xk converge para a
coordenada correspondente de a.
Corolário 1. Dadas as seqüências convergentes (xk ), (yk ) no IRn e (αk ) em IR, sejam
lim xk = a, lim yk = b e lim αk = α. Então:
(i) lim(xk + yk ) = a + b
(ii) lim αk .xk = α.a
(iii) lim < xk , yk > = < a, b >
A seguir dois importantes resultados, onde usamos o fato de IRn ter dimensão finita:
(?)
Teorema 1.8. (Bolzano-Weierstrass) Toda seqüência limitada (em relação a qualquer
norma equivalente à Norma do Máximo) em IRn possui uma subseqüência convergente.
Prova: Exercı́cio (Sugestão: use o mesmo resultado em IR para as seqüências das coorde-
nadas, juntamente com a proposição anterior)
Demonstração:
Sejam k ks : IRn → IR a Norma da Soma, dada por
Temos:
(i) Por transitividade, se mostrarmos que k ks e k k são equivalentes, então o teorema
estará demonstrado.
(ii) Para a Norma da Soma valem os resultados anteriores, pois ela é equivalente à Norma
do Máximo.
onde b = max { ke1 k , . . . , ken k } (repare que este b está bem definido, pois tomamos o
máximo em um conjunto finito de números reais).
Logo kxk ≤ b. kxks para todo x ∈ IRn . (1)
Resta mostrarmos que existe a > 0 tal que kxks ≤ a. kxk ∀x ∈ IRn .
De fato: se isto não ocorrer temos que para todo k ∈ IN é possı́vel obter um xk ∈ IRn
tal que kxk ks > k. kxk k (pois k não serviria como tal a > 0 ).
xk
Tomemos, para cada k ∈ IN, uk = (note que a seqüência (uk ) está bem definida,
kxk ks
pois kxk ks > 0 ∀k )
Como kuk ks = 1 para todo k (verifique), temos que (uk ) é limitada em relação à Norma
da Soma.
Pelo Teorema de Bolzano-Weierstrass, (uk ) tem uma subseqüência (ukj ) convergente (na
Norma da Soma) para um ponto u ∈ IRn .
Temos então que
ukj
s → kuks . Logo kuks = 1 , o que significa que u 6= 0.
1
Agora, dado > 0, é possı́vel obter kj0 tal que
ukj0 − u
s < e < .
2b kj0 2
Logo
1
kuk ≤
ukj0 − u
+
ukj0
≤ b.
ukj0 − u
s + < b. + =.
kj0 2b 2
Então, obrigatoriamente, existe a > 0 tal que kxks ≤ a. kxk ∀x ∈ IRn . (2)
Por (1) e (2), k ks e k k são equivalentes, qualquer que seja a norma k k no IRn .
6 CAPÍTULO 1
Por transitividade, temos então que duas normas quaisquer no IRn são equivalentes.
Obs.: À luz deste último teorema, temos também que os resultados anteriores são
válidos para qualquer norma considerada no IRn .
(?)
Proposição 1.10. (IRn é Banach) Uma seqüência (xk ) no IRn é convergente (em
relação à qualquer norma k k considerada) se, e somente se, ela é uma Seqüência de Cauchy.
Prova: Exercı́cio (Sugestão: use a norma do máximo, a proposição 1.7 e o resultado já
conhecido para seqüências de números reais)
Prove também o resultado acima sem usar o que já foi provado para seqüências de números
(?)
reais .
Conjuntos abertos:
(?)
Conseqüências imediatas:
(i) φ e IRn são abertos.
(ii) A interseção A = A1 ∩ . . . ∩ Al de uma coleção FINITA de abertos é um aberto.
[
(iii) A reunião A = Aλ de uma coleção arbitrária {Aλ }λ∈L de abertos é um aberto.
λ∈L
Conjuntos fechados:
(?)
Conseqüências imediatas:
(i) a ∈ cl X ⇔ toda vizinhança de a possui algum ponto de X.
(ii) F ⊂ IRn é fechado ⇔ A = IRn \F é aberto.
(iii) φ e IRn são fechados.
(iv) A reunião F = F1 ∪ . . . ∪ Fl de uma coleção FINITA de fechados é um fechado.
\
(v) A interseção F = Fλ de uma coleção arbitrária {Fλ }λ∈L de fechados é um fechado.
λ∈L
Pontos de acumulação:
(?)
Conseqüências imediatas:
(i) a ∈ X 0 ⇔ toda vizinhança de a possui algum ponto de X\ {a}.
(ii) a ∈ X 0 ⇔ toda bola aberta B(a; r) possui uma infinidade de pontos de X.
(iii) Se X 0 6= φ então X é infinito.
(iv) O conjunto X 0 dos pontos de acumulação de X é fechado.
(v) Se X ⊂ IRn é infinito e limitado, então X 0 6= φ (Bolzano-Weierstrass)
Limites:
Definição 1.14. Sejam f : X ⊂ IRm → IRn e a ∈ X 0 (a é ponto de acumulação de X).
Dizemos que b ∈ IRn é o LIMITE DE f (x) QUANDO x TENDE PARA a e escrevemos
b = lim f (x)
x→a
quando, para cada > 0 dado, é possı́vel obter δ > 0 tal que
x ∈ X, 0 < kx − ak < δ ⇒ kf (x) − bk <
(?)
Proposição 1.15. Sejam f : X ⊂ IRm → IRn e a ∈ X 0 .
A fim de que lim f (x) = b ∈ IRn é necessário e suficiente que, para toda seqüência (xk )
x→a
em X\ {a} com xk → a se tenha f (xk ) → b .
(?)
Proposição 1.16. Seja a um ponto de acumulação de X ⊂ IRm . Dada a aplicação
f : X → IRn , cujas funções coordenadas são f1 , f2 , . . . , fn : X → IR , tem-se
lim f (x) = b = (b1 , b2 , . . . , bn ) ∈ IRn se, e somente se, lim fi (x) = bi ∀ i = 1, 2, . . . , n.
x→a x→a
Noções Topológicas no IRn 9
Continuidade:
(?)
Proposição 1.18. Seja f : X ⊂ IRm → IRn . A fim de que f seja contı́nua em a ∈ X
é necessário e suficiente que, para toda seqüência (xk ) em X com xk → a se tenha
f (xk ) → f (a) .
(?)
Proposição 1.19. Uma aplicação f : X ⊂ IRm → IRn é contı́nua se, e somente se, para
cada A aberto do IRn (ou para cada F fechado do IRn ), sua imagem inversa f −1 (A) é
um conjunto aberto em X (ou f −1 (F ) é um conjunto fechado em X).
(?)
Proposição 1.20. A composta de duas aplicações contı́nuas é contı́nua.
(?)
Proposição 1.21. Seja a ∈ X ⊂ IRm . Dada a aplicação f : X → IRn , cujas funções
coordenadas são f1 , f2 , . . . , fn : X → IR , tem-se: f é contı́nua em a se, e somente se, cada
uma das suas funções coordenadas fi = πi ◦ f : X → IR é contı́nua no ponto a.
Obs.: Se, para obtermos f (x) (onde temos f : X ⊂ IRm → IRn e f = (f1 , f2 , . . . , fn ) ),
para cada função coordenada aplicada em x ( fi (x) ) submetemos as coordenadas do ponto
x = (x1 , . . . , xm ) a operações definidas por funções contı́nuas, então f é contı́nua.
Exemplos: f (x, y) = (( sen x).y, x2 y 3 , ex cos y) define uma função contı́nua f : IR2 → IR3 .
A função determinante det : Mn (IR) → IR é contı́nua.
10 CAPÍTULO 1
Continuidade uniforme:
Ao estudarmos a continuidade de uma aplicação f : X ⊂ IRm → IRn num ponto do
domı́nio X, o δ obtido para cada (veja a definição) depende, em geral, não apenas do
dado, mas também depende do ponto onde estamos analisando a continuidade de f .
Quando, para cada dado, for possı́vel obter um δ que dependa apenas de e portanto
sirva (como na definição) para TODOS OS PONTOS DE X, temos um fenômeno conhecido
como Continuidade Uniforme:
(?)
Resultados relacionados com a continuidade uniforme:
(i) Uma aplicação f = (f1 , . . . , fn ) : X ⊂ IRm → IRn é uniformemente contı́nua se, e somente
se, suas funções coordenadas f1 , . . . , fn : X → IRn o são.
(ii) Uma aplicação f : X ⊂ IRm → IRn é uniformemente contı́nua se, e somente se, para todo
par de seqüências (xk ), (yk ) em X, com lim(xk − yk ) = 0 tem-se lim[f (xk ) − f (yk )] = 0 .
(iii) Se f : X ⊂ IRm → IRn é uniformemente contı́nua então, para todo a ∈ X 0 , existe o
limite lim f (x) .
x→a
Alguns resultados:
(?)
(i) Toda aplicação lipschitziana é uniformemente contı́nua.
(ii) Toda transformação linear A : IRm → IRn é lipschitziana (mostre), logo uniformemente
contı́nua e portanto contı́nua.
(iii) Se ϕ : IRm × IRn → IRp é uma aplicação bilinear (linear em cada componente) então ϕ
é lipschitziana em cada parte limitada de IRm × IRn = IRm+n .
Portanto toda aplicação bilinear é contı́nua.
Exemplos: multiplicação de números reais ( ϕ(x, y) = x.y ); Produto Interno Canônico
( < x, y > = x1 y1 + . . . + xn yn ); multiplicação de matrizes ( ϕ(A, B) = A.B )
Noções Topológicas no IRn 11
1.5 Homeomorfismos
Resultados imediatos:
(i) O inverso de um homeomorfismo é um homeomorfismo.
(ii) A composta de dois homeomorfismos é um homeomorfismo.
(iii) Se dois conjuntos X e Y são homeomorfos, eles possuem a mesma estrutura topológica,
ou seja, um homeomorfismo “leva” abertos de X em abertos de Y e seu inverso “leva”
(?)
abertos de Y em abertos de X.
Exemplos:
1) Qualquer aplicação linear invertı́vel A : IRn → IRn é um homeomorfismo.
2) As translações Ta : IRm → IRm , onde Ta (x) = x + a, a ∈ IRm (fixado).
3) As homotetias Hλ : IRm → IRm , onde Hλ (x) = λ.x, 0 6= λ ∈ IR (fixado).
4) Duas bolas abertas quaisquer no IRm são homeomorfas, o mesmo ocorrendo com duas
(?)
bolas fechadas arbitrárias no IRm ou duas esferas no mesmo espaço.
(?)
5) Toda bola aberta no IRm é homeomorfa ao espaço IRm .
1.6 Compacidade
Definição 1.25. Um conjunto K ⊂ IRn será dito um conjunto COMPACTO quando for
limitado e fechado.
(?)
Teorema 1.27. (Propriedade de Cantor) Dada uma seqüência “decrescente” de conjuntos
∞
\
compactos e não-vazios K1 ⊃ K2 ⊃ . . . ⊃ Ki ⊃ . . . , sua interseção K = Ki (limitada e
i=1
fechada) não é vazia.
(?)
Lema 1.28. Todo conjunto X ⊂ IRn é separável, isto é, possui um subconjunto enumerável
E = {x1 , x2 , . . . , xl , . . .} ⊂ X, E denso em X.
Noções Topológicas no IRn 13
Lema 1.29. (Lindelöf ) Considere um conjunto arbitrário X ⊂ IRn . Toda cobertura aberta
[
X⊂ Aλ admite uma subcobertura enumerável.
Demonstração:
(?)
(⇐) (Exercı́cio)
(⇒) Borel-Lebesgue:
Suponhamos que K seja compacto (limitado e fechado).
[
Seja K ⊂ Aλ uma cobertura aberta de K.
Pelo Lema de Lindelöf, ela admite uma subcobertura enumerável
∞
[
K⊂ Aλi = Aλ1 ∪ Aλ2 ∪ . . .
i=1
Ki ⊂ K (limitado) ⇒ Ki é limitado.
Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλi é aberto ⇒ IRn \ (Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλi ) é fechado. Como K é fechado, temos
então que Ki é fechado.
Assim, para todo i ∈ IN, Ki é limitado e fechado.
Pela Propriedade de Cantor, podemos concluir que existe i0 tal que Ki0 = φ e teremos
\
φ = Ki0 = K X\ (Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλi0 ) ⇒ K ⊂ (Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλi0 )
(?)
Corolário 1. (Weierstrass) Toda função real contı́nua f : K → IR definida num compacto
m
K ⊂ IR atinge seu máximo e seu mı́nimo em K, isto é, existem pontos x1 , x2 ∈ K tais que
f (x1 ) ≤ f (x) ≤ f (x2 ) para qualquer x ∈ K.
(?)
Corolário 2. Seja K ⊂ IRm compacto. Toda aplicação contı́nua f : K → IRn é fechada,
ou seja, se F ⊂ K é fechado, então f (F ) ⊂ IRn é fechado.
(?)
Corolário 3. A inversa de uma bijeção contı́nua definida num compacto é uma função
contı́nua, isto é, toda bijeção contı́nua definida num conjunto compacto é um homeomorfismo
sobre sua imagem.
(?)
Teorema 1.32. Toda aplicação contı́nua f : K → IRn definida num conjunto compacto
K ⊂ IRm é uniformemente contı́nua.
1.7 Conexidade
(?)
Proposição 1.34. Uma decomposição X = A ∪ B é uma cisão de X se, e somente
se, nenhum dos conjuntos A, B contém um ponto aderente ao outro, ou seja, se tivermos
cl A ∩ B = φ = A ∩ cl B .
(?)
Proposição 1.35. X ⊂ IR é conexo se, e somente se, X é um intervalo da reta.
(?)
Corolário 1. (Teorema do Valor Intermediário) Seja f : X → IR uma função real
contı́nua, definida num conjunto conexo X ⊂ IRm . Se existem a, b ∈ X e d ∈ IR tais que
f (a) < d < f (b) , então existe c ∈ X tal que f (c) = d .
(?)
Lema 1.38. Seja X = A ∪ B uma cisão do conjunto X ⊂ IRn . Se Y ⊂ X é conexo e
não-vazio então ou Y ⊂ A ou Y ⊂ B .
16 CAPÍTULO 1
(?)
Proposição 1.39. Se X ⊂ IRn é conexo e X ⊂ Y ⊂ cl X , então Y é conexo.
Teorema 1.40. A reunião de uma famı́lia de conjuntos conexos com um ponto em comum é
um conjunto conexo.
(?)
Corolário 1. A fim de que X ⊂ IRn seja conexo é (necessário e) suficiente que, para
quaisquer a, b ∈ X , exista um conjunto conexo Cab com a, b ∈ Cab ⊂ X .
(?)
Corolário 2. Dados X ⊂ IRm e Y ⊂ IRn , o produto cartesiano X × Y ⊂ IRm+n é
conexo se, e somente se, X e Y são conexos.
Definição 1.41. (Componentes conexas) Seja X ⊂ IRn . Para cada ponto x ∈ X , definimos
a COMPONENTE CONEXA do ponto x em X como sendo a reunião Cx de todos os
subconjuntos conexos de X que contêm o ponto x.
(?)
Proposição 1.42. Seja h : X → Y um homeomorfismo. Se Cx é a componente conexa
do ponto x em X, então Dy = h(Cx ) é a componente conexa do ponto y = h(x) em Y .
Por exemplo, se X é convexo então cada dois pontos a, b ∈ X podem ser ligados por um
caminho em X, a saber, o caminho retilı́neo [a, b] = { t.a + (1 − t).b ; t ∈ [0, 1] }.
Se a, b ∈ X podem ser ligados por um caminho f : I → X então existe um caminho
(?)
ϕ : [0, 1] → X tal que ϕ(0) = a e ϕ(1) = b.
Um conjunto X ⊂ IRn é dito CONEXO POR CAMINHOS quando cada dois pontos
a, b ∈ X podem ser ligados por um caminho em X.
Por exemplo: todo conjunto convexo é conexo por caminhos.
Prova: Exercı́cio.
18 CAPÍTULO 1
Obs.: Note que para cada par de normas fixadas, em IRm e IRn , temos uma norma
em L(IRm ; IRn ) = Mn×m (IR) = IRnm . De qualquer jeito, não vamos esquecer que as normas
obtidas neste último espaço são todas equivalentes.
(?)
Proposição 1.47. Nas mesmas condições da definição anterior, temos:
1.9 Exercı́cios
2. Se a norma provém de um produto interno e a 6= b em IRn são tais que kak ≤ r e kbk ≤ r
então k(1 − t).a + t.bk < r para todo t ∈ (0, 1) (ou seja, a esfera não contém segmentos de
reta).
3. Qualquer que seja a norma adotada no IRn (n > 1), a esfera unitária S n−1 = { x ∈ IRn ; kxk = 1 }
é um conjunto infinito.
7. As seguintes afirmações a respeito de uma seqüência (xk ) de pontos do IRn são equivalentes:
(a) lim kxk k = +∞ ;
(b) (xk ) não possui subseqüência convergente ;
(c) Para todo conjunto limitado L ⊂ IRn , o conjunto dos ı́ndices k tais que xk ∈ L é finito.
8. Prove que lim xk = a em IRn se, e só se, lim < xk , y > = < a, y > para todo y ∈ IRn .
10. Se nenhum ponto do conjunto X ⊂ IRn é ponto de acumulação então se pode escolher,
para cada ponto x ∈ X, uma bola aberta Bx , de centro x, de tal maneira que, para x 6= y
em X se tenha Bx ∩ By = φ .
11. Todo conjunto discreto é enumerável. Em outras palavras: todo conjunto não-enumerável
contém (pelo menos) um ponto de acumulação.
20 CAPÍTULO 1
12. Se A ⊂ IRn é aberto então sua fronteira fr A tem interior vazio. Dê exemplo de um
conjunto X ⊂ IRn cuja fronteira fr X seja um conjunto aberto.
19. Sejam f, g : X → IRn contı́nuas no ponto a ∈ X . Se f (a) 6= g(a) então existe uma
bola B de centro a tal que x, y ∈ B ⇒ f (x) 6= g(x) .
20. Seja f : X → IRn contı́nua no ponto a ∈ X . Se f (a) não pertence a B[b; r] ⊂ IRn
então existe δ > 0 tal que x ∈ X, kx − ak < δ ⇒ f (x) 6∈ B[b; r] .
21. Sejam f : X → IRn e a ∈ X . Suponha que, para todo > 0 , exista g : X → IRn ,
contı́nua no ponto a, tal que kf (x) − g(x)k < para todo x ∈ X . Então f é contı́nua no
ponto a .
22. Seja f : IRm → IRn contı́nua. Se X ⊂ IRm é limitado então f (X) ⊂ IRn é limitado.
23. Se f : IRm → IRn é contı́nua então, para cada parte limitada x ⊂ IRm , a restrição f |X
é uniformemente contı́nua.
Noções Topológicas no IRn 21
24. Se a aplicação linear A : IRm → IRn é injetiva, então existe c > 0 tal que kAxk ≥ c kxk
para todo x ∈ IRm .
25. Se B é a bola aberta de centro na origem e raio 1 no IRn , a aplicação contı́nua f : B → IRn
x
definida por f (x) = não é uniformemente contı́nua.
1 − kxk
26. Considerando as seqüências de pontos zk = (k, 1/k) e wk = (k, 0) no IR2 , prove que
a aplicação ϕ : IR2 → IR dada por ϕ(x, y) = xy não é uniformemente contı́nua. Use
um argumento análogo para provar que uma aplicação bilinear ϕ : IRm × IRn → IRp só é
uniformemente contı́nua se for identicamente nula.
(x, y) ∈ IR2 ; x ≥ 0 , y ≥ 0
29. O quadrante P = é homeomorfo ao semi-plano superior
S = { (x, y) ; y ≥ 0 } .
são homeomorfos, mas não existe um homeomorfismo h : IR2 → IR2 tal que h(X) = Y .
(x2 − y)y
32. Seja f : IR2 → IR definida por f (x, y) = se 0 < y < x2 e f (x, y) = 0 nos
x4
demais pontos. Prove que o limite de f (x, y) é zero quando (x, y) tende para (0, 0) ao
longo de qualquer reta que passe pela origem, mas não se tem lim f (x, y) = 0 .
(x,y)→(0,0)
x2 − y 2
33. Seja f : IR2 → IR definida por f (0, 0) = 0 e f (x, y) = 2 se (x, y) 6= (0, 0) .
x + y2
Mostre que lim lim f (x, y) 6= lim lim f (x, y) .
x→0 y→0 y→0 x→0
2
34. O conjunto das matrizes invertı́veis n × n é aberto no IRn .
35. O conjunto das aplicações lineares injetivas é aberto em L(IRm ; IRn ) . Idem para as
sobrejetivas.
38. O conjunto dos valores de aderência de uma seqüência limitada é um conjunto compacto
e não-vazio.
2
39. As matrizes ortogonais n × n formam um subconjunto compacto do IRn .
41. Seja X ⊂ IRn . Se todo conjunto homeomorfo a X for limitado, então X é compacto.
44. Toda aplicação localmente lipschitziana definida num conjunto compacto é lipschitziana.
49. Seja X ⊂ IRm . Uma aplicação f : X → IRn diz-se localmente constante quando
para cada x ∈ X existe uma bola B de centro x tal que f |(B∩X) é constante. X é conexo
se, e somente se, toda aplicação localmente constante f : X → IRn é constante.
50. Se X ⊂ IRn é conexo por caminhos e f : X → IRn é contı́nua, então f (X) é conexo
por caminhos.
51. Se X ⊂ IRm e Y ⊂ IRn são conexos por caminhos então X × Y ⊂ IRm+n é conexo por
caminhos.
Noções Topológicas no IRn 23
52. A reunião de uma famı́lia de conjuntos conexos por caminhos com um ponto em comum
é conexa por caminhos.
53. O fecho de um conjunto conexo por caminhos pode não ser conexo por caminhos.
55. Dada uma aplicação linear A : IRm → IRn e fixadas normas em IRm e IRn , a imagem por
A da esfera unitária S = { x ∈ IRm ; kxk = 1 } é um conjunto limitado no IRn . Pondo, para
cada A ∈ L(IRm ; IRn ) , kAk = sup { kAxk ; x ∈ S } , a função A 7→ kAk é uma norma no
espaço vetorial L(IRm ; IRn ) , para a qual vale a desigualdade kAxk ≤ kAk · kxk para todo
x ∈ IRm . Além disso, se A ∈ L(IRm ; IRn ) e B ∈ L(IRn ; IRp ) então, fixadas normas em
IRm , IRn e IRp , tem-se kBAk ≤ kBk · kAk .
56. Seja G o grupo das matrizes invertı́veis n × n . Mostre que se A ∈ G e kAxk ≥ |c| . kxk
para todo x ∈ IRn então kA−1 k ≤ 1/c . Conclua que se X ∈ G e kX − Ak < c/2 então
kX −1 k ≤ 2/c . Em seguida, use a identidade X −1 − A−1 = X −1 (I − XA−1 ) para mostrar
que lim X −1 = A−1 . Logo, f : G → G dada por f (X) = X −1 é contı́nua.
X→A
57. Dada A ∈ L(IRm ; IRn ) , supomos fixadas normas em IRm e IRn e definimos, como antes,
kAk = sup { kAxk ; x ∈ IRm , kxk = 1 } . Mostre que, com essa definição de kAk , temos
também kAk = inf { c ∈ IR ; kAxk ≤ c kxk para todo x ∈ IRm } .
P
58. Defina convergência e convergência absoluta (ou normal) de uma série xk , cujos
n P
termos xk = (xk1 , xk2 , . . . , xkn ) pertencem ao IR . Prove que a série xk converge (resp.
P
converge absolutamente) se, e somente se, para cada i = 1, . . . , n , a série k xki converge
(resp. converge absolutamente). Conclua que toda série absolutamente convergente no IRn é
convergente.
59. Dada uma seqüência de aplicações lineares Ak : IRm → IRn , suponha que para todo
x ∈ IRm exista Ax = lim Ak x . Prove que a aplicação linear A : IRm → IRn assim definida é
k→∞
linear, que lim Ak = A relativamente a qualquer norma em L(IRm ; IRn ) e que a convergência
Ak x → Ax é uniforme em qualquer parte limitada de IRm .
∞
n n2
X Xk
60. Mostre que para toda aplicação X ∈ L(IR ) ' IR , a série é absolutamente
k=0
k!
convergente. Indiquemos sua soma por eX . Usando que eX · eY = eX+Y se XY = Y X ,
conclua que para toda X ∈ L(IRn ) temos que eX é invertı́vel, com (eX )−1 = e−X .
24 CAPÍTULO 1
Capı́tulo 2
Diferenciabilidade
Definição 2.1. Uma aplicação f : U → IRn , definida no aberto U ⊂ IRm diz-se diferenciável
no ponto a ∈ U quando existe uma transformação linear T : IRm → IRn tal que, para todo
v ∈ IRm com a + v ∈ U , temos
r(v)
f (a + v) = f (a) + T (v) + r(v) com lim =0
v→0 kvk
r(v)
Pondo ρ(v) = se v 6= 0 e ρ(0) = 0 , podemos exprimir a diferenciabilidade de f no
kvk
ponto a por:
25
26 CAPÍTULO 2
(A) f é contı́nua em a
∂f
Quando v = ej é o j-ésimo vetor da base canônica do IRm , escrevemos (a).
∂xj
∂f
(B) T (v) = (a) ∀ v ∈ IRm
∂v
Diferenciabilidade 27
Conseqüências de (B):
(i) A derivada direcional de f em a , se f é diferenciável em a, depende linearmente do
vetor relativamente ao qual é considerada.
(ii) A transformação linear T : IRm → IRn que dá a boa aproximação para f perto de
a é única e chamada a derivada de f no ponto a , que indicaremos por f 0 (a) ou Df (a).
(iii) Podemos obter a matriz que representa a transformação linear f 0 (a) em relação às
bases canônicas de IRm e IRn , que será uma n × m matriz chamada a matriz jacobiana de f
no ponto a e indicada por Jf (a). Sua j-ésima coluna é dada por
0 ∂f ∂f1 ∂fn
f (a).ej = T (ej ) = (a) = (a) , . . . , (a) ∈ IRn
∂xj ∂xj ∂xj
r(v)
(C) Temos: f (a + v) = f (a) + f 0 (a)(v) + r(v) com lim =0
v→0 kvk
para todo ∀ i = 1, 2, . . . , n.
Corolário 1. A aplicação f = (g, h) : U → IRn × IRp , dada por f (x) = (g(x), h(x)) é
diferenciável no ponto a ∈ U se, e somente se, cada uma das aplicações g : U → IRn e
h : U → IRp é diferenciável em a.
Em caso afirmativo, temos: f 0 (a) = (g 0 (a), h0 (a)) : IRm → IRn × IRp .
2
Exemplo: det : IRn = IRn × IRn × . . . × IRn → IR é n-linear e portanto é diferenciável em
cada n × n matriz real A. Dada A = (A1 , A2 , . . . , An ) , onde cada Ai = (ai1 ai2 . . . ain ) é
2
a i-ésima linha de A, temos que det0 (A) : IRn → IR é a transformação linear dada por
n
X
det0 (A)(V ) = det(A1 , . . . , Ai−1 , Vi , Ai+1 , . . . , An ) ∀ n × n matriz real V
i=1
30 CAPÍTULO 2
f (a + t) − f (a)
lim = f 0 (a) ∈ IR
t→0 t
Já vimos que f é derivável em a se, e somente se, existir uma constante c ∈ IR tal que,
para todo t ∈ IR onde a + t ∈ U , tenhamos
r(t)
f (a + t) = f (a) + c · t + r(t) com lim =0
t→0 t
f é derivável em a ⇔ f é diferenciável em a
F) Caminhos diferenciáveis:
Um caminho em IRn é uma aplicação f : I → IRn cujo domı́nio é um intervalo I ⊂ IR.
O vetor velocidade (vetor tangente) do caminho f : I → IRn em um ponto a ∈ int I é
definido por:
df f (a + t) − f (a)
(a) = lim ∈ IRn desde que esse limite exista
dt t→0 t
Diferenciabilidade 31
Temos f = (f1 , f2 , . . . , fn ) , fi : I → IR , i = 1, 2, . . . , n.
O caminho f possui vetor velocidade em um ponto a se, e somente se, cada fi for derivável
(ou seja, diferenciável) em a. Isto ocorrerá portanto se, e somente se, f for diferenciável em
a. (ver teorema 2.2).
Teremos, em caso afirmativo:
df1
(a)
dt f10 (a)
df
..
..
(a) = =
. .
dt
df
fn0 (a)
n
(a)
dt
df
que pode ser “visto” tanto como um vetor em IRn (o vetor velocidade (a) de f em a)
n
dt
quanto como uma transformação linear de IR em IR (a derivada de f em a, dada por
df
f 0 (a)(t) = (a) · t ).
dt
α(t) = a + tv
dα α(0 + t) − α(0) a + tv − a
Temos que ∃ (0) = lim = lim = v (v é o vetor veloci-
dt t→0 t t→0 t
dade de α em t = 0)
Geometricamente, a imagem do caminho α é uma curva (neste caso um segmento de reta)
em U , passando pelo ponto a e tendo v como vetor tangente em a.
f (z0 + h) − f (z0 )
lim = f 0 (z0 )
h→0 h
Temos que f é derivável em z0 se, e somente se, existe uma constante complexa
c = a + ib tal que, se z0 + h ∈ U , temos
r(h)
f (z0 + h) = f (z0 ) + c · h + r(h) com lim =0
h→0 h
r(h)
f (z0 + h) = f (z0 ) + T (h) + r(h) com lim =0
h→0 khk
Portanto f (x, y) = (u(x, y), v(x, y)) vista como aplicação f : U ⊂ IR2 → IR2 é diferen-
ciável no ponto z0 = (x0 , y0 ) e temos ainda:
H) Inversão de matrizes:
Seja U = GL(IRn ) o conjunto das n × n matrizes invertı́veis.
2 2
Temos que o conjunto U ⊂ IRn é aberto em IRn (espaço das n × n matrizes), pois
U = det−1 (IR \ {0}) e det é uma função contı́nua.
2
Seja f : U → IRn dada por f (X) = X −1 (inversão da matriz X) ∀ X ∈ U .
Esta aplicação f é diferenciável em toda matriz A ∈ U e sua derivada em cada matriz
2 2
A ∈ U é a transformação linear f 0 (A) : IRn → IRn dada por:
Seja f : U ⊂ IRm → IR uma função real de m variáveis definida num aberto U ⊂ IRm .
r(v)
f (a + v) = f (a) + T (v) + r(v) com lim =0
v→0 kvk
r(v)
f (a + v) = f (a) + A1 v1 + A2 v2 + . . . + Am vm + r(v) com lim =0
v→0 kvk
∂f ∂f ∂f
Como Jf (a) = (a) (a) . . . (a) , chegamos a outra definição equivalente:
∂x1 ∂x2 ∂xm
∂f ∂f
f é diferenciável em a ∈ U se, e só se, existirem as derivadas parciais (a), . . . , (a)
∂x1 ∂xm
e, para todo vetor v = (v1 , v2 , . . . , vm ) ∈ IRm com a + v ∈ U tivermos
∂f ∂f r(v)
f (a + v) = f (a) + (a).v1 + . . . + (a).vm + r(v) com lim =0
∂x1 ∂xm v→0 kvk
Diferenciabilidade 35
A diferencial
Nosso interesse agora será, uma vez que df (a) ∈ (IRm )∗ , exprimir df (a) como combinação
linear de funcionais que formem uma base de (IRm )∗ . Para tal, utilizaremos a base dual da
base canônica de IRm :
∂f
Para todo j = 1, . . . , m temos: df (a)(ej ) = (a) e pela relação entre B e B ∗ , temos:
∂xj
∂f ∂f ∂f
df (a) = (a).dx1 + (a).dx2 + . . . + (a).dxm
∂x1 ∂x2 ∂xm
Conseguimos portanto escrever df (a) como combinação linear dos funcionais da base B ∗
(que são também diferenciais), dual da base canônica B de IRm .
36 CAPÍTULO 2
Teorema 2.3. Se uma função f : U (aberto) ⊂ IRm → IR possui derivadas parciais em todos
os pontos de uma vizinhança de a ∈ U e cada uma delas é contı́nua no ponto a ∈ U , então
f é diferenciável em a.
Diferenciabilidade 37
Um exemplo interessante
Procedendo desta forma para cada vetor v ∈ IR2 , temos que g 0 (a)(v) fornece um vetor
tangente a uma curva na superfı́cie S, no ponto g(a)
Temos que a dimensão da imagem de g 0 (a) é igual a 2 e portanto o conjunto dado por
Tg(a) (S) = g(a) + g 0 (a)(v), v ∈ IR2
é um plano (plano tangente ao gráfico S de f em
g(a) = (a, f (a)) ).
Diferenciabilidade 39
2.4 Exercı́cios
f (x + th) − f (x)
1. (Derivadas direcionais) Sendo f 0 (x)(h) = lim e admitindo a existência
t→0 t
das derivadas em questão, calcule:
a) f 0 (z)(h), com z = (4, −1), h = (1, 2) e f : IR2 → IR2 dada por f (x) = (x2 + y, x + y 2 ).
b) ϕ0 (x)(v), onde x, v ∈ IRm são vetores quaisquer e ϕ : IRm → IR é definida por
ϕ(x) = f (x).g(x), sendo f, g : IRm → IR funcionais lineares.
c) ξ 0 (x)(h), onde h ∈ IRm é um vetor arbitrário e ξ : U → IR é definida do seguinte modo
no aberto U ⊂ IRm : são dadas f, g : U → IRp diferenciáveis e ξ(x) = < f (x), g(x) > , para
todo x ∈ U , é o produto interno dos vetores f (x) e g(x).
2
4. (Diferenciabilidade e derivadas direcionais) Seja det : IR3 → IR a função determinante.
Se
1 1 1 0 1 2
A= 2 0 3 e V = 0 0 0 ,
3 1 0 −2 −1 1
∂ det
obtenha (A) de duas maneiras diferentes:
∂V
∂ det
(i) Usando (A) = det 0 (A) (V ) (lembre que det é função 3-linear neste caso);
∂V
(ii) Pela definição (via limite) de derivada direcional.
a) Prove que f é diferenciável em todos os pontos de IR3 e calcule sua matriz jacobiana.
b) Mostre que a derivada f 0 (x, y, z) : IR3 → IR4 é uma transformação linear injetora, exceto
no eixo Oz (isto é, para x = y = 0).
c) Determine a imagem de f 0 (0, 0, z) : IR3 → IR4 .
8. (Derivada) Seja f : U → IRn diferenciável no aberto U ⊂ IRm . Se, para algum b ∈ IRn , o
conjunto f −1 (b) possui um ponto de acumulação a ∈ U então f 0 (a) : IRm → IRn não é injetiva.
9. (Derivada; matriz Jacobiana) Seja f : IR2 → IR2 definida por f (x, y) = (ex cos y, ex sen y).
Considere a transformação linear T = f 0 (3, π/6) : IR2 → IR2 , e os vetores h = (1, 0) e k = (1, 1).
Qual é o ângulo formado pelos vetores T 100 (h) e T 101 (k) ?
Mostre que f 0 (x, y) : IR2 → IR3 tem posto 2, exceto na origem (isto é, f 0 (x, y)(e1 ) e f 0 (x, y)(e2 )
são linearmente independentes salvo quando x = y = 0).
11. (Derivada) Seja f : IRm → IRm diferenciável, com f (0) = 0. Se a transformação linear
f 0 (0) não tem valor próprio 1 então existe uma vizinhança V de 0 em IRm tal que f (x) 6= x
para todo x ∈ V − {0}.
f (x, y, z) = (x + y + z, x2 + y 2 + z 2 , x3 + y 3 + z 3 )
Mostre que f 0 (x, y, z) : IR3 → IR3 é uma aplicação biunı́voca, salvo se duas das coordenadas
x, y, z são iguais.
Diferenciabilidade 41
13. (Derivada; matriz Jacobiana) Mostre que a derivada da aplicação f : IR2 → IR2 , dada por
f (x, y) = (ex + ey , ex + e−y ) é uma transf. linear invertı́vel f 0 (x, y) : IR2 → IR2 para todos os
pontos z = (x, y) ∈ IR2 . Diga se f , considerada como uma função complexa, é holomorfa.
2
14. (Diferenciabilidade) Seja E = IRn o espaço vetorial formado pelas matrizes n × n. Indi-
cando com X ∗ a transposta de uma matriz X, considere a aplicação f : E → E definida por
f (X) = XX ∗ . Descreva a derivada f 0 (X) : E → E. Mostre que f 0 (X)(H) é simétrica, para
cada H ∈ E e que se X é ortogonal (isto é, X ∗ = X −1 ) então, para toda matriz simétrica S,
existe pelo menos uma matriz H tal que f 0 (X)(H) = S.
16. (Condições necessárias, não suficientes) Obtenha aplicações f : U (aberto)⊂ IRm → IRn
tais que:
a) Existem todas as derivadas parciais de f em um ponto mas não existem todas as derivadas
direcionais (f não é diferenciável neste ponto).
b) Existem todas as derivadas parciais de f em um ponto mas f não é contı́nua nesse ponto
(f não é diferenciável neste ponto).
c) Existem todas as derivadas direcionais de f em um ponto mas f não é contı́nua nesse ponto
(f não é diferenciável neste ponto).
d) Existem todas as derivadas direcionais de f em um ponto a ∈ U , f é contı́nua nesse ponto,
mas a derivada direcional de f em a, relativamente a um vetor v ∈ IRm , não depende linear-
mente de v (f não é diferenciável neste ponto).
e) Existem todas as derivadas direcionais de f em um ponto a ∈ U , f é contı́nua nesse ponto,
a derivada direcional de f em a, relativamente a um vetor v ∈ IRm , depende linearmente de v,
mas f não é diferenciável neste ponto.
2
17. (Derivada do determinante) Seja E = IRn o espaço vetorial das matrizes n × n. Sabemos
que a função determinante det : E → IR é diferenciável em toda matriz A ∈ E (ver exemplo
D nas notas de aula). Verifique, para as matrizes 4 × 4, a validade da expressão
∂ det
(A) = (−1)i+j det A[i,j] , onde A[i,j] é a n − 1 × n − 1 matriz obtida eliminando-se a i-ésima
∂xij
linha e a j-ésima coluna da matriz A (a expressão foi obtida também no exemplo D), escolhendo
uma variável xij .
42 CAPÍTULO 2
18. (Caminhos diferenciáveis) Determine as equações paramétricas das retas tangentes às
seguintes curvas em IR3 nos pontos especificados:
a) g : t → (x, y, z) = (t, t2 , t3 ) nos pontos correspondentes a t = 0 e t = 1.
b) f : t → (x, y, z) = (t − 1, t2 , 2) nos pontos correspondentes a t = 0 e t = 1.
c) h : t → (x, y, z) = (2 cos t, 2 sen t, t) nos pontos correspondentes a t = π/2 e t = π.
Mostre que podemos resolver este problema resolvendo um sistema de equações de primeira
ordem, que equivale ao problema da forma:
x01 (t) = f1 (t, x1 (t), x2 (t), ..., xn (t))
x02 (t) = f2 (t, x1 (t), x2 (t), ..., xn (t))
x1 , x2 , ..., xn : I ⊂ IR → IRp
...
x0n (t) = fn (t, x1 (t), x2 (t), ..., xn (t))
São dados
x1 (0) = η1
f1 , f2 , ..., fn : IRnp+1 → IRp
x2 (0) = η2
η1 , η2 , ..., ηn ∈ IRp
...
xn (0) = ηn
20. (Caminhos diferenciáveis, EDOs) Usando a idéia do exercı́cio anterior, reduza cada pro-
blema abaixo a um formado por uma única equação de primeira ordem:
a) y 00 + y 0 2 = 0, y(0) = a, y 0 (0) = b, y = y(t) : I ⊂ IR → IR
b) (1 − t2 )y 00 − 2ty 0 + 2y = 0, y(0) = a, y 0 (0) = b, y = y(t) : I ⊂ IR → IR
c) y 000 − 2y 00 + 3y 0 − y = 0, y(0) = a, y 0 (0) = b, y 00 (0) = c, y = y(t) : I ⊂ IR → IR
Use a seqüência acima para obter a única solução x = x(t) : IR → IRn do problema:
(
x0 (t) = A(x(t)) (x0 = Ax) A : IRn → IRn , linear, n × n matriz de coef. constantes
x(0) = x0 x0 ∈ IRn
22. (Funções reais de m variáveis) Mostre que se uma função f : U (aberto)⊂ IRm → IR possui
derivadas parciais em todos os pontos de uma vizinhança de a ∈ U e m − 1 delas são contı́nuas
no ponto a, então f é diferenciável em a.
23. (Gráficos de funções, planos tangentes) Seja f : U ⊂ IR2 → IR uma função contı́nua
definida num aberto U ⊂ IR2 . Tomando S = {(x, y, f (x, y))|(x, y) ∈ U } ⊂ IR3 (gráfico de f ),
sabemos que g : U → S dada por g(x, y) = (x, y, f (x, y)) é um homeomorfismo entre U e S
(dê uma olhada na Seção 2.3). Se f é diferenciável em um ponto a ∈ U então é imediato que
g também é diferenciável em a e sabemos que existe o Plano Tangente a S (gráfico de f ) no
ponto g(a): Tg(a) (S).
Dados os vetores v1 = e1 = (1, 0), v2 = e2 = (0, 1), v3 = (2, 1), v4 = (1, 3), v5 = (3, −2)
em IR2 , utilizando a Matriz Jacobiana de g em a = (2, 1), calcule g 0 (a)(vi ), i = 1, ..., 5 (alguns
vetores tangentes a S em g(a) = (2, 1, 5)), faça um esboço considerando os vetores tangentes
g 0 (a)(v1 ) e g 0 (a)(v2 ) e finalmente verifique que todos esses cinco vetores tangentes a S em
g(a) = (2, 1, 5) são coplanares, como era de se esperar.
24. (Gráficos de funções, planos tangentes) Com as mesmas considerações do exercı́co anterior
para uma função f : U ⊂ IR2 → IR definida num aberto U ⊂ IR2 , determine os Planos
Tangentes a S (gráfico de f ) nas situações abaixo (faça os esboços):
Algumas conseqüências:
Algumas aplicações:
(i) “Derivada do produto”: Sejam f, g : U ⊂ IR → IR diferenciáveis (deriváveis) em
a ∈ U . Então f g : U → IR dada por f g(x) = f (x) · g(x) é derivável em a com
(ii) Seja f : IRm → IR dada por f (x) = kxk2 = < x, x > . Então
(iii) Seja n : IRm → IR dada por n(x) = kxk = < x, x >1/2 (norma proveniente de um
produto interno). Então
< v, a >
n0 (a)(v) = ∀ v ∈ IRm , a 6= 0 ∈ IRm
< a, a >1/2
Diferenciabilidade 49
Contra-Exemplo:
Seja f : IR → IR2 a aplicação (caminho) dada por f (t) = (cos t, sen t) ∀ t ∈ IR
Para todo t ∈ IR , temos: f 0 (t) = (− sen t, cos t) 6= (0, 0)
Agora f (2π) − f (0) = (0, 0) 6= f 0 (t).2π ∀ t ∈ IR
OBS.: Conforme veremos a seguir, o teorema do valor médio, quando temos uma aplicação
f : U ⊂ IRm → IRn , n > 1, aparece sob a forma de desigualdade.
Isto não impede que dele seja extraı́da uma série de resultados significativos, conforme
veremos adiante.
50 CAPÍTULO 2
Algumas conseqüências:
2.7 Exercı́cios
1. (Regra da Cadeia)
a) Se f (x, y) = x2 + y 2 e g(t) = (3t + 1, 2t − 3), seja F (t) = (f ◦ g)(t).
Calcule F 0 (t) diretamente e aplicando a Regra da Cadeia.
b) Se f (x, y, z) = xyz e g(s, t) = (3s + st, s, t), seja F (s, t) = (f ◦ g)(s, t).
∂F ∂F
Calcule e diretamente e aplicando a Regra da Cadeia.
∂s ∂t
2. (Regra da Cadeia e Equações de Cauchy-Riemann em coordenadas polares)
Seja f = f (z) : A(aberto)⊂ C → C uma função complexa de uma variável complexa
z = x + iy. Sabemos que f (z) = u(x, y) + iv(x, y), onde u, v : U → IR são as funções
coordenadas de f (pela identificação de C com IR2 , dada por z = x + iy → (x, y)).
Para que f seja derivável em um ponto z0 = x0 + iy0 = (x0 , y0 ) ∈ A, é necessário que as
Equações de Cauchy-Riemann sejam satisfeitas em z0 , isto é:
∂u ∂v ∂u ∂v
(x0 , y0 ) = (x0 , y0 ) e (x0 , y0 ) = − (x0 , y0 )
∂x ∂y ∂y ∂x
Agora, se z0 6= 0 então z0 = r0 eiθ0 , de modo que z0 pode ser representado por suas coordenadas
polares (r0 , θ0 ). Desse modo, cada ponto z = x + iy = (x, y) numa vizinhança de z0 também
pode ser representado por suas coordenadas polares: z = reiθ . Temos então x = r cos θ e
y = r sen θ.
Portanto (x, y) = m(r, θ) = (m1 (r, θ), m2 (r, θ)) = (r cos θ, r sen θ), onde m é a aplicação de
mudança de variáveis (de coordenadas polares para coordenadas retangulares).
Pondo U = u ◦ m e V = v ◦ m, temos:
Temos portanto f (z) = U (r, θ) + iV (r, θ) numa vizinhança de (r0 , θ0 ). Utilizando a Regra
da Cadeia, obtenha as Equações de Cauchy-Riemann em coordenadas polares (supondo f
derivável em z0 = r0 eiθ0 = (r0 , θ0 ), z0 6= 0):
∂U 1 ∂V ∂V 1 ∂U
(r0 , θ0 ) = (r0 , θ0 ) e (r0 , θ0 ) = − (r0 , θ0 )
∂r r0 ∂θ ∂r r0 ∂θ
3. (Regra da Cadeia) Seja f : U → IRn \ {0} diferenciável no aberto conexo U ⊂ IRm . A fim de
que seja kf (x)k =constante, é necessário e suficiente que f 0 (x)(v) seja perpendicular a f (x),
para todo x ∈ U e todo v ∈ IRm (considere a norma euclidiana e o produto interno canônico).
Diferenciabilidade 55
1 0 −1
Seja f : E → IR a função dada por f (X) = det (X + M ) .
(a) f é diferenciável (JUSTIFIQUE).
(b) Dadas A e V em E, mostre que f 0 (A)(V ) = det0 (A + M )(V ) .
0 1 −1 1 0 0
0
(c) Obtenha f (A)(V ) se A = −1 2 −1 e V = 1 0 2 .
0 3 1 −1 1 1
∂2u 2
2∂ u
= c , onde c ∈ IR, c 6= 0, e u = u(x, t) : U (aberto)⊂ IR2 → IR
∂t2 ∂x2
(
ξ = m1 (x, t) = x + ct
Introduzindo a mudança de variáveis (ξ, η) = m(x, t), onde , temos:
η = m2 (x, t) = x − ct
f 0 : U → L(IRm ; IRn )
x 7→ f 0 (x)
∂f1 ∂f1 ∂f1
∂x1 (x) ∂x2 (x) . . . ∂xm (x)
∂f2 ∂f2 ∂f2
(x) (x) . . . (x)
Jf (x) = ∂x1
∂x2 ∂xm
.. .. ..
. . .
∂fn ∂fn ∂fn
(x) (x) . . . (x)
∂x1 ∂x2 ∂xm
Dizemos que f pertence à classe C 1 (U ) se, e somente se, sua aplicação derivada
f 0 : U → L(IRm ; IRn ) é contı́nua (em todos os pontos de U ).
As classes de diferenciabilidade C k
Definição 2.8. Uma aplicação f : U (aberto) ⊂ IRm → IRn é dita ser de classe C k
(k = 1, 2, . . .) no aberto U ⊂ IRm quando existem e são contı́nuas em U todas as derivadas
parciais de ordem ≤ k das funções coordenadas de f . Notação: f ∈ C k (U ) .
Dizemos que f é de classe C 0 se f é contı́nua.
Dizemos que f é de classe C ∞ em U quando f ∈ C k (U ) para todo k = 0, 1, 2, . . . .
Temos, com o estudo das derivadas de ordem superior, que a condição acima ainda é equiva-
lente a dizer que f é k vezes diferenciável e sua derivada de ordem k, f (k) , é contı́nua em U .
i : GL(IRn ) → GL(IRn )
A 7→ A−1
Tal vetor ua é chamado o vetor gradiente de f em a, será denotado por grad f (a) ou ∇a f
e é dado por:
∂f ∂f ∂f
grad f (a) = (a), (a), ..., (a)
∂x1 ∂x2 ∂xm
• Dentre todas as direções ao longo das quais a função f cresce, a direção do gradiente é
a de crescimento mais rápido, ou seja, se v for um vetor tal que kvk = k grad f (a)k, então
∂f ∂f
(a) ≤ (a) (EXERCÍCIO).
∂v ∂ grad f (a)
Veremos (nos exercı́cios a seguir) uma terceira e importante propriedade do vetor gradiente.
Diferenciabilidade 59
2.10 Exercı́cios
1. (Gradiente) Para cada uma das funções f : U (aberto)⊂ IR2 → IR dadas abaixo, faça:
a) Um esboço do gráfico de f .
b) Considerando um ponto a ∈ U dado, tente, a partir de seu esboço e sem calcular o grad f (a),
descobrir a direção ao longo da qual f tem o crescimento mais rápido a partir do ponto a dado.
c) Calcule o gradiente de f no ponto a e verifique se sua tentativa na letra b) acima foi bem
sucedida.
2. (Pontos crı́ticos, valores regulares, etc.) Seja f : U → IRn uma aplicação diferenciável
definida num aberto U ⊂ IRm .
Pontos crı́ticos de f : dizemos que um ponto a ∈ U é um ponto crı́tico de f quando a
derivada f 0 (a) : IRm → IRn não é sobrejetiva. Neste caso dizemos que a imagem f (a) ∈ IRn do
um ponto crı́tico a é um valor crı́tico de f .
Valores regulares de f : um ponto c ∈ IRn que não é um valor crı́tico de f (ou seja, não é
imagem por f de nenhum ponto crı́tico de f ) é dito um valor regular de f .
b) Para cada uma das superfı́cies M dadas abaixo, faça: um esboço de M , verifique as condições
para que o resultado acima enunciado possa ser válido e descreva qual a superfı́cie dada.
i) f1 (x, y, z) = x − 2y + 3z, M1 = f1−1 (3)
ii) f2 (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 , M2 = f2−1 (4)
iii) f3 (x, y, z) = x2 + y 2 + z, M3 = f3−1 (−1)
iv) f4 (x, y, z) = x2 + y 2 , M4 = f4−1 (1)
c) Mostre agora que, nas condições do resultado apresentado anteriormente, o vetor gradiente
da função f no ponto a ∈ M = f −1 (c) é perpendicular à variedade M em a, ou seja, para
todo caminho diferenciável γ : (−, ) → M em M (sua imagem é uma curva contida em M )
passando pelo ponto a ∈ M , o vetor grad f (a) (gradiente de f em a) é perpendicular ao vetor
tangente à curva γ(−, ) em a. Dizemos também que o gradiente é perpendicular ao espaço
tangente a M no ponto a (Ta (M ), que tem a mesma dimensão de M ).
(Sugestão: olhe para a composição f ◦ γ e aplique a Regra da Cadeia)
d) Para cada uma das superfı́cies M da letra b) escolha um ponto a ∈ M e tente, sem calcular
o gradiente de f em a obter a direção do gradiente (visualmente mesmo!). Agora calcule o
gradiente de f em a e verifique a validade da letra c) anterior.
b) Obtenha as equações dos planos tangentes aos gráficos das seguintes funções nos pontos
especificados abaixo (tente fazer um esboço):
i) f1 (x, y) = x2 + y 2 no ponto b1 = (−1, 3, 10)
ii) f2 (x, y) = x2 − y 2 no ponto b2 = (0, 2, −4)
iii) f3 (x, y) = cos y no ponto b3 = (2, π, −1)
Diferenciabilidade 61
3π
4. (Vetor Gradiente e plano tangente) Consideremos f : (0, ) × IR → IR dada por
2
3
f (x, y) = sen x e S = { (x, y, f (x, y)) , (x, y) ∈ U } ⊂ IR (gráfico de f ).
(a) Faça um esboço do gráfico de f .
(b) Dado um ponto a = (xa , ya ) no domı́nio de f , utilize uma propriedade do gradiente
(diga qual) para obter a direção e o sentido do grad f (a) sem fazer nenhum cálculo.
(c) Obtenha 3 vetores tangentes ao gráfico de f em (π, 5, 0) (justifique).
(d) Descreva S com h−1 (r), sendo r valor regular de uma função h : A(aberto) ⊂ IR3 → IR
π 1
e obtenha, justificando, a equação do plano tangente a S em ( , 3 , ) .
6 2
62 CAPÍTULO 2
Capı́tulo 3
∂f
: U → IRn
∂xj
∂f
x 7→ (x)
∂xj
Admitindo que cada uma dessas aplicações pode ser derivada parcialmente, temos para
todos k, j = 1, 2, . . . , m as derivadas parciais de 2a ordem (m2 aplicações):
∂2f
: U → IRn
∂xk ∂xj
∂2f
x 7→ (x)
∂xk ∂xj
∂2f ∂2f
Por exemplo: = ?
∂x1 ∂x3 ∂x3 ∂x1
63
64 CAPÍTULO 3
Veremos uma condição suficiente: se as derivadas parciais em questão são contı́nuas então
elas coincidem.
Observações:
∂f ∂f1 ∂f2 ∂fn
1) Como = , , ..., , podemos considerar, sem perda de generali-
∂xj ∂xj ∂xj ∂xj
dade, f : U (aberto) ⊂ IRm → IR (função).
∂f ∂2f ∂2f
Se existem e em U e : U → IR é contı́nua em (a, b) então
∂x ∂y∂x ∂y∂x
Demonstração:
∂2f
Seja dado > 0 . Como é contı́nua em (a, b) , existe δ > 0 tal que
∂y∂x
2 2
∂ f ∂ f
|h| < δ , |k| < δ ⇒ (a + h, b + k) − (a, b) < (I)
∂y∂x ∂y∂x
Bk (h) = f (a + h, b + k) − f (a + h, b)
∂f
Como existe em U , temos que Bk é derivável e
∂x
∂f ∂f
Bk0 (z) = (a + z, b + k) − (a + z, b) (II)
∂x ∂x
Derivadas de ordem superior e a Fórmula de Taylor 65
Observemos que A(h, k) = f (a+h, b+k)−f (a+h, b)−f (a, b+k)+f (a, b) = Bk (h)−Bk (0)
e segue portanto do Teorema do Valor Médio de Lagrange que
∂f ∂f ∂2f
Bk0 (h0 ) = (a + h0 , b + k) − (a + h0 , b) = (a + h0 , b + k0 ) · k , com 0 < |k0 | < |k|
∂x ∂x ∂y∂x
Assim, obtemos:
(
A(h, k) ∂2f 0 < |h0 | < |h|
= (a + h0 , b + k0 ) , com (III)
h·k ∂y∂x 0 < |k0 | < |k|
∂f ∂f ∂2f ∂2f
Se existem , , em U e : U → IR é contı́nua em (a, b) , então
∂x ∂y ∂y∂x ∂y∂x
Observações:
2 xy(x2 − y 2 )
1) Seja f : IR → IR dada por f (x, y) = se (x, y) 6= (0, 0) e f (0, 0) = 0 .
x2 + y 2
Temos:
∂2f ∂2f
(0, 0) 6= (0, 0) (faça as contas)
∂y∂x ∂x∂y
Este exemplo mostra que a simples existência das derivadas parciais de segunda ordem não
garante o resultado obtido com o Teorema de Schwarz.
2) Existe uma outra versão do Teorema de Schwarz, pela qual exigimos apenas que f
seja k−vezes diferenciável (veremos o significado das derivadas de ordem superior na próxima
seção) para garantirmos que as derivadas parciais até a ordem k não dependam da ordem em
que são obtidas, ou seja, as aplicações não precisam ser rigorosamente de classe C k .
Derivadas de ordem superior e a Fórmula de Taylor 67
Definição 3.3. Dizemos que uma aplicação f : U (aberto) ⊂ IRm → IRn é 2 VEZES
DIFERENCIÁVEL no ponto a ∈ U quando existe um aberto V ⊂ IRm , com a ∈ V ⊂ U ,
tal que f é diferenciável em V ( ∃ f 0 (x) ∀ x ∈ V ) e a aplicação derivada f 0 : V → L(IRm ; IRn )
x 7→ f 0 (x)
é diferenciável em a .
Observações:
1) Uma aplicação é diferenciável num ponto se, e somente se, suas funções coordenadas são
todas diferenciáveis neste ponto.
2) As funções coordenadas de f 0 : V → L(IRm ; IRn ) são as m.n derivadas parciais
∂fi
: V → IR .
∂xj
∂f
(x) = f 0 (x)(v) = f 0 (x)(v1 e1 + . . . + vm em ) =
∂v
∂f ∂f
= v1 f 0 (x)(e1 ) + . . . + vm f 0 (x)(em ) = v1 (x) + . . . + vm (x)
∂x1 ∂xm
O que é f 00 (a) ?
Ora, existe um isomorfismo natural entre L( IRm ; L(IRm ; IRn ) ) e o espaço L(2 IRm ; IRn )
das aplicações BILINEARES de IRm × IRm no IRn .
De fato, dada ϕ ∈ L( IRm ; L(IRm ; IRn ) ) , ϕ pode ser vista como uma aplicação bilinear
ϕ̃ : IRm × IRm → IRn da seguinte forma:
Uma vez esclarecida a natureza de f 00 (a) , vamos agora tentar enxergar melhor sua atuação
enquanto aplicação bilinear.
Dados v, w ∈ IRm , temos:
∂f 0 f 0 (a + tv) − f 0 (a)
00 00
f (a)(v, w) = [f (a)(v)] (w) = (a) (w) = lim (w) =
∂v t→0 t
0
f (a + tv) − f 0 (a) f 0 (a + tv)(w) − f 0 (a)(w)
= lim (w) = lim =
t→0 t t→0 t
∂f ∂f
(a + tv) − (a)
∂ ∂f ∂2f
= lim ∂w ∂w = (a) = (a) .
t→0 t ∂v ∂w ∂v∂w
Derivadas de ordem superior e a Fórmula de Taylor 69
∂2f ∂2f
Obs.: Considerando ainda o Teorema de Schwarz ( (a) = (a) quando f é
∂v∂w ∂w∂v
2 vezes diferenciável em a) segue que f 00 (a) é uma aplicação bilinear e SIMÉTRICA.
∂2f
f 00 (a)(v, w) = (a) ∀ v, w ∈ IRm .
∂v∂w
Definição 3.6. Uma aplicação f : U (aberto) ⊂ IRm → IRn é dita k VEZES DIFEREN-
CIÁVEL no ponto a ∈ U quando existe um aberto V ⊂ IRm , com a ∈ V ⊂ U , tal que
f é diferenciável em V e a aplicação derivada f 0 : V → L(IRm ; IRn ) é (k − 1) vezes
x 7→ f 0 (x)
diferenciável em a .
Prosseguindo de forma análoga ao estudo que fizemos para a derivada segunda, podemos
chegar a conclusões semelhantes para derivadas de 3a ordem, de 4a ordem, etc.
Lema 3.7. Seja B ⊂ IRm uma bola aberta de centro 0. Se r : B → IRn é s vezes diferenciável
em B, s + 1 vezes diferenciável no ponto 0 e, além disso, r(j) (0) = 0 para 0 ≤ j ≤ s + 1 ,
então
r(x)
lim =0.
x→0 kxks+1
Teorema 3.9. (Taylor com resto integral) Seja f : U ⊂ IRm → IRn uma aplicação de classe
C (s+1) . Se o segmento de reta [a, a + h] está contido no aberto U , então
1 00 1
f (a + h) = f (a) + f 0 (a) · h + f (a) · h(2) + . . . + f (s) (a) · h(s) + r(h) ,
2! s!
com
1
(1 − t)s (s+1)
Z
r(h) = f (a + th) · h(s+1) dt .
0 s!
Teorema 3.10. (Taylor com resto de Lagrange) Seja f : U ⊂ IRm → IRn ; uma aplicação de
classe C (s+1) . Se o segmento de reta [a, a + h] está contido no aberto U e se tivermos ainda
(x) · w(s+1)
≤ M. kwk(s+1) para todo x ∈ [a, a + h] e todo w ∈ IRm , então
(s+1)
f
1 00 1
f (a + h) = f (a) + f 0 (a) · h + f (a) · h(2) + . . . + f (s) (a) · h(s) + r(h) ,
2! s!
com
M
kr(h)k ≤ khks+1 .
(s + 1)!
Capı́tulo 4
4.1 Preliminares
(m≥n)
(ii) f 0 (a) sobrejetiva =⇒ existe uma vizinhança V de a que é “levada” (aplicada) por f
sobre uma vizinhança W de f (a).
(m=n)
(iii) f 0 (a) bijetiva =⇒ existe uma vizinhança V de a que é “levada” biunivocamente
por f sobre uma vizinhança W de f (a).
Lema 4.1. Se T : IRm → IRn é uma transformação linear ( T ∈ L(IRm ; IRn ) ) INJETIVA
então existe r > 0 tal que
71
72 CAPÍTULO 4
Veremos agora mais um lema fundamental para os resultados que nos interessam:
Lema 4.2. (Lema de Aproximação) Seja f : U (aberto) ⊂ IRm → IRn uma aplicação
diferenciável e tal que sua aplicação derivada f 0 : U → L(IRm ; IRn ) é contı́nua em a ∈ U .
Então, dado > 0 , podemos obter δ > 0 tal que
Prova:
Demonstração:
O Teorema da Aplicação Inversa 73
Obs.: Note que, apesar de termos um homeomorfismo entre B[a; δ] e f (B[a; δ]) , não
podemos garantir que f (B[a; δ]) seja uma vizinhança de f (a) .
Por esta razão não podemos fazer nenhuma afirmação sobre a diferenciabilidade da inversa
em f (a).
A seguir veremos um resultado que nos ajudará a ir nessa “direção”.
Demonstração:
O Teorema da Aplicação Inversa 75
Antes de combinarmos estes dois importantes resultados (Teoremas das Aplicações In-
jetiva e Sobrejetiva) para obter o Teorema da Aplicação Inversa, veremos uma importante
conseqüência do Teorema da Aplicação Sobrejetiva:
Corolário 1. (Teorema da Aplicação Aberta) Seja f : U (aberto) ⊂ IRm → IRn uma aplicação
tal que f ∈ C 1 (U ) , ou seja, f é diferenciável e a aplicação derivada f 0 é contı́nua (em todo
x ∈ U ).
Se f 0 (x) é sobrejetiva para todo x ∈ U então f é uma aplicação aberta, isto é, f (A) é
um conjunto aberto para todo A (aberto) ⊂ U .
Prova:
O que faremos agora será combinar os dois teoremas anteriores (Aplicações Injetiva e So-
brejetiva) para produzir o Teorema da Aplicação Inversa.
Apresentaremos tal resultado em duas partes:
Demonstração:
78 CAPÍTULO 4
Demonstração:
O Teorema da Aplicação Inversa 79
Teorema 4.6. Sejam Ω (aberto) ⊂ IRm × IRn = IRm+n e (a, b) ∈ Ω , de forma que
a = (a1 , a2 , . . . , am ) ∈ IRm e b = (b1 , b2 , . . . , bn ) ∈ IRn . Seja f : Ω → IRn uma aplicação,
f = f (x, y) = f (x1 , . . . , xm , y1 , . . . , yn ) , tal que f ∈ C 1 (Ω) e f (a, b) = r ∈ IRn .
Se
∂ (f1 , f2 , . . . , fn )
det (a, b) 6= 0
∂ (y1 , y2 , . . . , yn )
(ou equivalentemente: se L : IRn → IRn dada por L(v) = f 0 (a, b)(0, v) é um isomorfismo),
então existe uma vizinhança V de (a, b) em IRm × IRn tal que:
“Descrição Esquemática”:
80 CAPÍTULO 4
Demonstração:
O Teorema da Aplicação Inversa 81
4.6 Exercı́cios
1. Nas condições do Teorema da Aplicação Injetiva (Teorema 4.3), apesar de termos, pela f ,
um homeomorfismo entre B[a; δ] e f (B[a; δ]) , NÃO PODEMOS GARANTIR que f leve
uma vizinhança de a em uma vizinhança de f (a). Ilustre isto através de um contra-exemplo.
7. Seja f : IR2 → IR2 a aplicação que leva o ponto (x, y) no ponto (u, v) dada por
u = x, v = xy .
A aplicação é um-a-um (injetora) ? f é aplicada sobre todo o IR2 ?
Mostre que se x 6= 0 , então f leva uma vizinhança de (x, y) , de modo um-a-um, sobre uma
vizinhança de (x, xy).
Em que região do plano uv a aplicação f leva o retângulo { (x, y) ; 1 ≤ x ≤ 2 , 0 ≤ y ≤ 2 } ?
Que pontos do plano xy são levados pela f no retângulo { (u, v) ; 1 ≤ u ≤ 2 , 0 ≤ v ≤ 2 } ?
10∗ . Uma IMERSÃO do aberto U ⊂ IRm no IRp é uma aplicação diferenciável f : U → IRp
tal que, para cada x ∈ U , a derivada f 0 (x) : IRm → IRp é uma transformação linear injetiva
(em particular m ≤ p ⇒ p = m + n ).
A inclusão i : IRm → IRm × IRn dada por i(x) = (x, 0) ∀ x ∈ IRm é o exemplo canônico
de imersão: i é imersão e i ∈ C ∞ (verifique).
O objetivo deste exercı́cio (dirigido) é mostrar que toda imersão de classe C k (k ≥ 1) se
comporta localmente (de certa forma) como o exemplo canônico acima.
Seja f : U (aberto) ⊂ IRm → IRm+n = IRm × IRn uma imersão de classe C k (k ≥ 1) .
Dado a ∈ U vamos mostrar que existem abertos V1 3 a no IRm , V2 3 0 no IRn (de modo
que (a, 0) ∈ V1 × V2 (aberto) ⊂ IRm × IRn ), W 3 f (a) no IRm+n e existe um difeomorfismo
h : W → V1 × V2 tais que h ∈ C k (W ) e
(h ◦ f )(x) = (x, 0) ∀ x ∈ V1
Obs.: Podemos obter um resultado mais flexı́vel, ou seja, uma composição que fornece
uma outra inclusão (imersão canônica). Basta considerar ξ : IRm+n → IRm+n dada por
h = ξ ◦ h : W → ξ(V1 × V2 ) . Assim teremos
ξ(z1 , . . . , zm+n ) = (zl1 , . . . , zlm+n ) e fazer e
h ◦ f )(x) = ξ(x, 0) . ξ representa uma reordenação na base canônica do IRm+n . Este tipo de
(e
reordenação será muito útil à frente.
O Teorema da Aplicação Inversa 83
11. De acordo com o enunciado do Teorema da Aplicação Implı́cita (Teorema 4.6), obtenha a
expressão da derivada da aplicação implı́cita, ou seja, mostre que
−1
0 ∂ (f1 , f2 , . . . , fn ) ∂ (f1 , f2 , . . . , fn )
ϕ (x) = − (x, ϕ(x)) ◦ (x, ϕ(x)) ∀x∈U
∂ (y1 , y2 , . . . , yn ) ∂ (x1 , x2 , . . . , xm )
13∗ . O objetivo agora é obter o Teorema da Aplicação Implı́cita no seu contexto mais geral.
Consideremos Ω (aberto)⊂ IRm+n , c ∈ Ω e f = f (z1 , . . . , zm+n ) : Ω → IRn uma aplicação
tal que f ∈ C k (Ω) (k ≥ 1) e f (c) = r ∈ IRn . Suponhamos ainda que
∂ (f1 , f2 , . . . , fn )
det (c) 6= 0
∂ (zj1 , . . . , zjn )
(observe que agora as variáveis zj1 , . . . , zjn não são necessariamente as últimas)
Notação: zl1 , . . . , zlm serão as outras variáveis (que não zj1 , . . . , zjn ) em z = (z1 , . . . , zm+n ) .
Nosso objetivo é mostrar que existe uma vizinhança aberta V de c em IRm+n tal que
onde ϕ : U (aberto) ⊂ IRm → IRn , (cl1 , . . . , clm ) ∈ U , ϕ(cl1 , . . . , clm ) = (cj1 , . . . , cjn ) e
ϕ ∈ C k (U ).
Roteiro:
1) Seja ξ : IRm+n → IRm+n dada por ξ(z1 , . . . , zm+n ) = (zl1 , . . . , zlm , zj1 , . . . , zjn )
( ξ representa uma reordenação na base canônica do IRm+n de modo que as últimas variáveis
passam a ser zj1 , . . . , zjn )
Portanto
∂ (g1 , g2 , . . . , gn ) ∂ (f1 , f2 , . . . , fn )
det (ξ(c)) = det (c) 6= 0
∂ (y1 , y2 , . . . , yn ) ∂ (zj1 , . . . , zjn )
2) Utilize então o Teorema 4.6 considerando a aplicação g = f ◦ η : ξ(Ω) → IRn , uma vez
que para g temos
∂ (g1 , g2 , . . . , gn )
det (ξ(c)) 6= 0
∂ (y1 , y2 , . . . , yn )
Obs.: Descreva ainda a expressão para ϕ0 (zl1 , . . . , zlm ) , dado (zl1 , . . . , zlm ) ∈ U .
15. Funções implı́citas: Enuncie o clássico Teorema da Função Implı́cita como um caso par-
ticular do Teorema da Aplicação Implı́cita (Teo 4.6).
Prove que f ∈ C ∞ (U ) .
20. Um conjunto S ⊂ IR3 é dito uma SUPERFÍCIE REGULAR quando para cada ponto
p ∈ S existem uma vizinhança V de p no IR3 e uma aplicação χ : U → V ∩ S definida
num aberto U ⊂ IR2 tal que:
(1) χ ∈ C ∞ (U ) (χ é “suave”);
(2) χ é um homeomorfismo;
(3) Para todo q ∈ U , a derivada χ0 (q) : IR2 → IR3 tem posto 2, isto é, χ0 (q) é injetora.
(a) Mostre que se uma função f : U (aberto) ⊂ IR2 → IR é de classe C ∞ então o conjunto
S = (gráfico de f ) é uma superfı́cie regular no IR3 ;
(b) Seja r um valor regular de uma função f : Ω(aberto) ⊂ IR3 → IR , com f ∈ C ∞ (Ω) .
Prove que S = f −1 (r) ⊂ IR3 é uma superfı́cie regular no IR3 .
(c) Mostre que os seguintes conjuntos são superfı́cies regulares no IR3 :
(i) Todo plano π ⊂ IR3 é uma superfı́cie regular.
(ii) Esfera: S 2 ⊂ IR3 . S 2 = (x, y, z) ∈ IR3 ; x2 + y 2 + z 2 = 1 .
(iv) Consideremos uma circunferência e uma reta, coplanares e disjuntas, no IR3 . Girando
a circunferência em torno da reta, obtemos um sólido de revolução chamado TORO.
Mostre que o Toro é uma superfı́cie regular no IR3 e faça um esboço.
(Pode considerar o caso em que a reta - eixo de rotação - é um dos eixos cartesianos).
√
(v) S = (x, y, z) ∈ IR3 ; ( x2 + z 2 − 3)2 = 4 − y 2 ⊂ IR3
86 CAPÍTULO 4
Use o Teorema da Aplicação Inversa para mostrar que χ−1 : χ(U ) → U é contı́nua (o que
implica em χ ser um homeomorfismo).
Sugestão: Para cada ponto p ∈ χ(U ) , escolha uma projeção adequada π : IR3 → IR2 ,
use o Teorema da Aplicação Inversa em π ◦ χ e conclua que χ−1 é contı́nua em p .
Observações:
1) Comparando as definições apresentadas, é fácil ver que uma superfı́cie regular no IR3 é,
em particular, uma variedade diferenciável de dimensão 2 no IR3 .
As variedades de dimensão 2 são geralmente chamadas SUPERFÍCIES e as de dimensão 1
são chamadas CURVAS.
2) Assim como utilizamos fortemente o Teorema da Função Implı́cita para obtermos su-
perfı́cies regulares (Exercı́cio 20), é possı́vel produzir variedades diferenciáveis de dimensão m
no IRm+1 , quando olhamos imagens inversas de valores regulares de funções de IRm+1 em IR e
utilizamos o mesmo Teorema da Função Implı́cita.
4) A terceira condição na definição de variedade diferenciável, que χ0 (q) : IRm → IRn seja
uma transformação linear injetora para todo q ∈ U , confere a chamada REGULARIDADE à
variedade, garantindo a existência de um ESPAÇO TANGENTE à variedade em cada um de
seus pontos.
Se a variedade em questão tem dimensão m, então esse espaço tangente (em cada ponto)
é um espaço vetorial m-dimensional. No caso particular das SUPERFÍCIES (de dimensão 2)
temos o chamado PLANO TANGENTE em cada um de seus pontos.
O Teorema da Aplicação Inversa 87
22. Enucie e prove o resultado referente à segunda observação na nota anterior, sobre va-
riedades diferenciáveis.
23. Prove que a esfera unitária S[0; 1] no IRm+1 (norma euclidiana) é uma variedade
diferenciável de dimensão m (por isso usamos a notação S m : S 1 é a circunferência unitária no
IR2 , S 2 é a esfera unitária no IR3 , etc.).
25∗ . Uma SUBMERSÃO do conjunto aberto U ⊂ IRq no IRn é uma aplicação diferenciável
f : U → IRn tal que, para cada x ∈ U , a derivada f 0 (x) : IRq → IRn é uma transformação
linear sobrejetiva (em particular q ≥ n ⇒ q = m + n ).
Uma projeção s : IRm+n → IRn dada por s(z1 , . . . , zm+n ) = (zj1 , . . . , zjn ) ∀ z ∈ IRm+n é
um exemplo canônico de submersão: s é submersão e s ∈ C ∞ (verifique).
O objetivo deste exercı́cio (dirigido) é mostrar que toda submersão de classe C k (k ≥ 1)
se comporta localmente (de certa forma) como o exemplo canônico anteriormente descrito.
Seja f : Ω (aberto) ⊂ IRm+n → IRn uma submersão de classe C k (k ≥ 1) .
Dado c ∈ Ω vamos mostrar que existem abertos V 3 c e W do IRm+n e um
difeomorfismo G : W → V de classe C k (W ) tais que
1) Como f 0 (c) : IRm+n → IRn é sobrejetora, então Im f 0 (c) = IRn . Considerando então
z = (z1 , . . . , zm+n ) ∈ IRm+n , existem (mostre) variáveis zj1 , . . . , zjn tais que
∂ (f1 , f2 , . . . , fn )
det (c) 6= 0
∂ (zj1 , . . . , zjn )
a ∂ (f1 , f2 , . . . , fn )
2 PARTE) Caso geral: as variáveis zj1 , . . . , zjn tais que det (c) 6= 0
∂ (zj1 , . . . , zjn )
não são necessariamente as n últimas:
4) Assim como no exercı́cio 13 desta mesma lista, considere ξ : IRm+n → IRm+n dada por
ξ(z1 , . . . , zm+n ) = (zl1 , . . . , zlm , zj1 , . . . , zjn ) e, tomando η = ξ −1 , considere a aplicação
5) Aplique a 1a parte à g (mostre antes, como o feito no exercı́cio 13, que isto é possı́vel) e
finalmente use novamente ξ e η para concluir a demonstração - o aberto W a ser obtido será
uma vizinhança de (d1 , . . . , dm+n ) , sendo dlk = clk para todo k = 1, . . . , m e djs = fjs (c)
para todo s = 1, . . . , n ).
Integrais Múltiplas
de m intervalos compactos [ai , bi ] , cada um dos quais se chama uma ARESTA do bloco A.
m
Y
O VOLUME m-dimensional do bloco A = [ai , bi ] é, por definição,
i=1
m
Y
vol. A = (bi − ai ) .
i=1
m
Y
Definição 5.2. (Partições) Uma PARTIÇÃO do bloco A = [ai , bi ] é um subconjunto
i=1
finito do tipo P = P1 × . . . × Pm , onde cada Pi é uma partição do intervalo [ai , bi ] .
Uma partição P = P1 × . . . × Pm do bloco A determina uma decomposição de A em
sub-blocos do tipo B = I1 × . . . × Im , onde cada Ii é um intervalo da partição Pi .
Cada um desses sub-blocos B é dito um BLOCO DA PARTIÇÃO P e escreve-se B ∈ P .
Se P é uma partição de um bloco A, segue que o volume do bloco A é soma dos volumes
de todos os blocos em que a partição P decompõe A
X
vol. A = vol. B .
B∈P
Q
A NORMA |P | de uma partição P = Pi é o maior comprimento de um subintervalo
de qualquer das partições Pi , ou seja, é o maior comprimento das arestas dos blocos B ∈ P .
89
90 CAPÍTULO 5
s(f ; P ) ≤ S(f ; Q) .
Integrais Múltiplas 91
Z−
f (x) dx = inf S(f ; P ) (INTEGRAL SUPERIOR de f )
A P
(?)
Teorema 5.9. A fim de que uma função limitada f : A → IR seja integrável no bloco
m
A ⊂ IR é necessário e suficiente que, para cada > 0 dado, se possa obter uma partição P
do bloco A tal que S(f ; P ) − s(f ; P ) < .
wX = MX − mX .
(ex)
Teorema 5.11. Toda função contı́nua f : A → IR é integrável.
92 CAPÍTULO 5
(?)
Teorema 5.12. Sejam f, g : A → IR funções integráveis no bloco A ⊂ IRm . Então
(a) A função f + g é integrável e
Z Z Z
[f (x) + g(x)] dx = f (x) dx + g(x) dx
A A A
Z
(c) Se f (x) ≥ 0 para todo x ∈ A então f (x) dx ≥ 0 .
A
Temos:
Segue do Teorema acima que f é integrável se, e somente se, f+ e f− são ambas
integráveis.
Integrais Múltiplas 93
Embora já tenhamos no Teorema 5.9 uma caracterização para as funções integráveis em
blocos, nos interessa ainda obter uma caracterização que “funcione melhor” no sentido de
fornecer condições (necessárias e suficientes) de integrabilidade que sejam mais simples de se
analisar.
Para tal, introduziremos os conceitos de oscilação de uma função em um ponto e de con-
juntos de medida nula, com os quais iremos trabalhar nessa nova caracterização que estamos
buscando.
Existe o limite
wf (x) = lim wf (x; δ) = inf wf (x; δ) ,
δ→0 δ>0
Algumas propriedades:
• wf (x) ≥ 0 ∀x∈X.
(ex)
• wf (x) = 0 se, e somente se, f é contı́nua no ponto x.
(ex)
• Se x ∈ int Y e Y ⊂ X , então wf (x) ≤ wf (Y ) .
94 CAPÍTULO 5
Observações:
- Um BLOCO m-DIMENSIONAL ABERTO é um produto cartesiano
m
Y
A= (ai , bi ) = (a1 , b1 ) × . . . × (am , bm ) ⊂ IRm (ai < bi ∀ i)
i=1
m
Y
de m intervalos abertos e limitados (ai , bi ) , e cujo volume é dado por vol. A = (bi − ai ) .
i=1
Algumas propriedades:
• Todo subconjunto de um conjunto de medida nula tem também medida nula.
• Toda REUNIÃO ENUMERÁVEL de conjuntos de medida nula é ainda um conjunto
(?)
de medida nula.
• Seja A ⊂ IRm um bloco m-dimensional.
[
Dada qualquer cobertura enumerável A ⊂ Ak de X por blocos abertos Ak tem-se
X k∈IN
(ex)
vol. Ak ≥ vol. A > 0 . Em particular, A não tem medida nula.
k
(?)
• Se X ⊂ IRm tem medida nula, então int X = φ .
• Se X ⊂ IRm tem medida nula e f : X → IRm é localmente lipschitziana, então f (X)
(ex)
tem medida nula.
Integrais Múltiplas 95
Demonstração:
(⇐) Suponhamos que Df = { x ∈ A ; f é descontı́nua em x } tenha medida nula.
Seja dado > 0 .
Se w = supf {A} − inf f {A} é a oscilação de f em A, temos que existe uma coleção
enumerável {Dk } de blocos m-dimensionais abertos Dk tais que
[ X
Df ⊂ Dk e vol. cl Dk < .
k k
2w
Por outro lado, dado x ∈ A\Df (f é contı́nua em x), temos que existe δx > 0 tal que
wf [ A ∩ B(x; δx ) ] < .
2 vol. A
< w· + · vol. A =
2w 2 vol. A
Se mostrarmos que cada Dk tem medida nula, é claro que Df também terá medida nula.
Fixemos portanto k ∈ IN .
X
wB · vol. B < .
B∈P
2k
Integrais Múltiplas 97
Vamos denotar por Bα os blocos da partição P que têm algum ponto de Dk no seu
interior.
[
Consideremos também o conjunto F = fr B .
B∈P
É claro que [
Dk ⊂ Bα ∪ F .
α
[ (?)
O conjunto F = fr B tem medida nula (verifique) e portanto existe uma coleção
B∈P
1
Para cada um dos blocos Bα , temos wBα ≥ pois cada um desses blocos tem um ponto
k
de Dk no seu interior.
Temos então
1 X X X
vol. Bα ≤ wBα · vol. Bα ≤ wB · vol. B < ,
k α α B∈P
2k
de onde tiramos: X
vol. Bα < .
α
2
[ [
Dk ⊂ Bα ∪ Cβ , com
α β
X X
vol. Bα + vol. Cβ < .
α β
Logo Dk tem medida nula (para todo k ∈ IN ) e podemos concluir portanto que
[
Df = Dk tem medida nula.
k
98 CAPÍTULO 5
Teorema 5.17. Um conjunto limitado X ⊂ IRm é J-mensurável se, e somente se, sua
fronteira fr X tem medida nula.
Demonstração:
Integrais Múltiplas 99
Exemplos e observações:
Em particular, toda bola (aberta ou fechada) no IRm é J-mensurável, pois sua fronteira é
uma esfera de dimensão m − 1 .
(?)
Em geral, X ⊂ IRm pode ter medida nula sem ser J-mensurável.
(?)
Em geral, X ⊂ IRm pode ter interior vazio sem ter medida nula.
(?)
Teorema 5.18. Sejam X, Y subconjuntos J-mensuráveis do bloco A ⊂ IRm . Então:
a) X ∪ Y , X ∩ Y e A\X são J-mensuráveis;
b) vol. (X ∪ Y ) + vol. (X ∩ Y ) = vol. X + vol. Y .
Demonstração:
Se f é descontı́nua em x ∈ X , então fe também é descontı́nua em x. Daı́ segue Df ⊂ Dfe .
Se fe é descontı́nua em x, então x ∈ Df ou x ∈ fr X . Logo Dfe ⊂ Df ∪ fr X .
Df ⊂ Dfe ⊂ Df ∪ fr X .
e o resultado segue.
Mostra-se também que o valor da integral não depende do bloco A ⊃ X tomado para a
(ex)
construção da extensão fe .
Integrais Múltiplas 101
Z Z
(c) Se f (x) ≥ g(x) para todo x ∈ X então f (x) dx ≥ g(x) dx .
X X
(e) (Valor médio para integrais) Se f é contı́nua e X é conexo, então existe c ∈ X tal que
Z
f (x) dx = f (c) · vol. X .
X
Obs.: A existência do limite acima significa que, para cada > 0 dado, é possı́vel obter
δ > 0 tal que Z
X
∗
f (x) dx − (f ; D ) <
X
seja qual for a decomposição D de X com kDk < δ e seja qual for a maneira D∗ de pontilhar
essa decomposição.
Integrais Múltiplas 103
Lema 5.26. Sejam Y ⊂ X ⊂ IRm J-mensuráveis, com vol. Y = 0 . Para todo > 0 dado,
existe δ > 0 tal que, se D é qualquer decomposição de X com |D| < δ então a soma dos
volumes dos conjuntos Xi ⊂ D tais que d(Xi , Y ) < δ é menor do que .
(isto significa que, para qualquer > 0 dado, pode-se obter δ > 0 tal que |D| < δ ⇒
|ηi (D)| < ∀ i = 1, . . . , k ).
Nestas condições, tem-se
X Z
lim [f (ξi ) + ηi ] vol. Xi = f (x) dx
|D|→0 X
Integrais Múltiplas 105
Z Z Z ! Z Z− !
f (x, y) dxdy = f (x, y) dy dx = f (x, y) dy dx
A1 ×A2 A1 − A2 A1 A2
Demonstração:
106 CAPÍTULO 5
valem mais 3 igualdades análogas, que se obtêm tomando outras integrais inferiores e superiores
dentro dos parênteses.
Exercı́cio∗ : Mostre que toda transformação linear invertı́vel T : IRm → IRm se exprime
como produto (composição) de transformações elementares (e invertı́veis) dos dois tipos abaixo:
Tipo 1: x = (x1 , x2 , . . . , xm ) 7→ T1 (x) = (ϕ(x), x2 . . . . , xm ) sendo ϕ ∈ (IRm )∗ ;
Tipo 2: x = (x1 , . . . , xi , . . . , xj , . . . , xm ) 7→ T2 (x) = (x1 , . . . , xj , . . . , xi , . . . , xm ) .
Teorema 5.30. (Caso linear) Sejam T : IRm → IRm uma transformação linear invertı́vel,
X ⊂ IRm um conjunto J-mensurável e f : T (X) → IR uma função integrável. Então
Z Z
f (y) dy = f (T x). |det T | dx
T (X) X
Demonstração:
108 CAPÍTULO 5
Demonstração:
Integrais Múltiplas 111
112 CAPÍTULO 5
5.7 Exercı́cios
3. Seja A ⊂ IRm um bloco m-dimensional. Use o Teorema 5.9 para provar que toda função
contı́nua f : A → IR é integrável.
8. Prove que todo bloco m-dimensional A ⊂ IRm é J-mensurável e seu volume segundo
Jordan coincide com o volume antes definido apenas para blocos m-dimensionais no IRm .
10. Se X ⊂ IRm tem volume zero, mostre que o mesmo ocorre com cl X . E medida nula ?
Integrais Múltiplas 113
Se B ⊂ IRm é um bloco m-dimensional, é claro que vol. T2 (B) = vol. B . Mostre que:
(a) Z ⊂ IRm J-mensurável ⇒ vol. T2 (Z) = vol. Z
(b) X = X1 ∪ X2 ∪ . . . ∪ Xk é uma decomposição de X se, e somente se, temos que
Y = T2 (X) = T2 (X1 ) ∪ T2 (X2 ) ∪ . . . ∪ T2 (Xk ) é uma decomposição de Y = T2 (X) .
19. Supondo o Teorema de Mudança de Variáveis (Teo 5.33) válido apenas para funções não-
negativas, prove o resultado geral (ou seja, mostre que em sua demonstração podemos supor
f ≥ 0 SEM PERDA DE GENERALIDADE).
21. Seja f : IRm → IRm um difeomorfismo tal que f (B) ⊂ B , onde B é a bola unitária
fechada do IRm , e | det f 0 (x) | < 1 para todo x ∈ B .
Prove que, para toda função contı́nua g : B → IR tem-se
Z
lim g(x) dx = 0 onde f n = f ◦ f ◦ . . . ◦ f (n fatores)
n→∞ f n (B)
22. Sejam B4 a bola unitária fechada (norma euclidiana) no IR4 e B3 a bola análoga em IR3 .
(a) Use coordenadas polares para calcular o volume de B3 .
(b) Usando coordenadas esféricas, mostre que vol. B4 = π 2 /2 e generalize para obter o
volume de uma bola fechada de raio r em IR4 .
Referências
[2] Lima, Elon L., Curso de Análise, vol. 2, Projeto Euclides, IMPA
[3] Lima, Elon L., Análise no Espaço IRn , Editora Edgard Blücher LTDA.
[4] Lima, Elon L., Análise Real, vol. 2, Coleção Matemática Universitária, IMPA
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