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EUROPEIA
Bruxelas, 22.7.2014
COM(2014) 464 final
LIVRO VERDE
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LIVRO VERDE
2
Índice
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 4
3. OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 10
4. PERGUNTAS ................................................................................................................................... 10
4.5.1. Nível............................................................................................................................... 15
3
1. INTRODUÇÃO
A Europa é o primeiro destino turístico do mundo. Em 2013, mais de 560 milhões de
viajantes internacionais chegaram à Europa, um valor que ultrapassou os resultados já muito
bons de 2012. O crescimento foi particularmente acentuado na Europa meridional e central1.
1
UNWTO Tourism Barometer, janeiro de 2014 http://media.unwto.org/press-release/2014-01-20/international-
tourism-exceeds-expectations-arrivals-52-million-2013
2
http://europa.eu/rapid/press-release_IP-14-144_pt.htm
3
EUROSTAT. Resumo do comunicado de imprensa de 29/01/2014 em http://europa.eu/rapid/press-release_STAT-
14-16_en.htm
4
No contexto destes dados, uma dormida (ou pernoita) significa cada uma das noites que um hóspede/turista, não
residente do país, efetivamente passa num estabelecimento de alojamento turístico. Para uma definição do âmbito dos
estabelecimentos de alojamento turístico, ver o capítulo 2 do presente Livro Verde.
4
Número de dormidas em estabelecimentos de alojamento turístico na UE-28
Número total de dormidas Dormidas de não residentes Dormidas de residentes
Em alguns países, como Malta, Chipre ou Croácia, a ocupação dos alojamentos turísticos
depende quase na totalidade dos não residentes (96 %, 93 % e 92 %, respetivamente),
enquanto noutros, como a Roménia (18 %), a Polónia ou a Alemanha (em ambos os países,
20 % de ocupação por não residentes), a situação é exatamente a oposta.
As preocupações dos turistas com a segurança têm sido seguidas regularmente todos os anos
desde 2008, através de inquéritos Eurobarómetro, com ênfase na segurança dos
estabelecimentos de hotelaria e na segurança contra incêndios. Os inquéritos anuais
consistentemente confirmaram que a segurança nunca é uma preocupação para os turistas
europeus (respostas classificadas entre 0 % e 1 %). No entanto, ocasionalmente podem
ocorrer acidentes, afetando diretamente os operadores em causa, mas também indiretamente a
reputação do destino em causa, com consequências negativas adicionais em relação a outros
operadores. Embora a segurança dos serviços de alojamento turístico seja da competência dos
Estados-Membros, a presença de uma tão grande dimensão transfronteiras sugere uma
reflexão sobre os níveis de qualidade e de segurança destes serviços entre os
Estados-Membros.
Vários estudos e seminários sobre metodologias para recolha de dados relativos a acidentes e
lesões decorrentes da prestação destes serviços forneceram um melhor conhecimento sobre
esta matéria (ver anexo 1, ponto 2.1). A Comissão tem apoiado e facilitado os debates sobre
as iniciativas de autorregulação do setor da hotelaria e também sobre as diferentes conceções
do melhor caminho a seguir. (ver anexo 1, ponto 2.2) As recentes tentativas de identificar os
5
http://ec.europa.eu/consumers/cons_safe/serv_safe/reports/safety_serv_rep_pt.pdf
5
riscos para a segurança e coligir os dados relevantes no setor do alojamento turístico têm
invariavelmente colocado em evidência a complexidade da tarefa, devido a uma combinação
de fatores como a diversidade de estabelecimentos do setor ou as questões de reputação6.
Embora alguns dos requisitos jurídicos aplicáveis aos serviços de alojamento turístico em
matéria de segurança contra incêndios decorram da Diretiva dos Produtos de Construção
(DPC) e da legislação da UE sobre segurança no trabalho, a nível da UE não existe legislação
horizontal específica nem está em vigor uma abordagem normalizada no que toca à segurança
dos serviços de alojamento turístico a nível nacional, como demonstra uma recente consulta
aos Estados-Membros sobre o quadro regulamentar e não regulamentar relativo à segurança
nos serviços de alojamento turístico, entre outros setores.
4/ São tomados em consideração de forma eficiente certos aspetos transversais, como, por
exemplo, o impacto do quadro regulamentar nas PME e nos consumidores vulneráveis ou o
modo como as questões de acessibilidade e a utilização de normas aplicáveis a tais serviços
estão atualmente integradas no atual quadro regulamentar?
6
Em 2010, a Comissão lançou um estudo com o objetivo de dispor de uma descrição dos principais riscos de
segurança no setor hoteleiro, na UE, e para realizar um inventário das lesões e dos acidentes ocorridos nos últimos anos. A
variedade do setor hoteleiro e a falta de disponibilidade de registos de acidentes especificamente relativos à prestação do
serviço, juntamente com as questões de reputação, não permitem ao contratante recolher e analisar os dados pretendidos.
7 https://osha.europa.eu/
6
5/ Os atuais níveis de segurança do alojamento turístico estão regulados da maneira mais
apropriada e os instrumentos atualmente em vigor são os mais adequados?
No que respeita à primeira questão sobre o quadro regulamentar em vigor em toda a União
Europeia e de acordo com os mais recentes conhecimentos ao dispor dos serviços da
Comissão, parece haver importantes diferenças entre as legislações nacionais. Os resultados
de um inquérito realizado em 2013 revelaram que, dos 24 Estados-Membros que
responderam, 16 dispõem de regras setoriais específicas relacionadas com os serviços de
alojamento turístico. Existem também diferenças substanciais no que se refere à legislação
nacional e setorial e à amplitude e ao conteúdo respetivos: por exemplo, se a maioria desses
16 Estados-Membros inclui na sua legislação obrigações relacionadas com o estado das
instalações ou a classificação do prestador de serviços, só oito exigem a criação de
autoridades competentes para monitorizar e agir, e só cinco Estados-Membros incluem
obrigações de identificar e avaliar os riscos.
Para além do atual quadro regulamentar nos Estados-Membros, outra questão a ter em conta é
saber se e de que modo esse quadro está a ser aplicado e controlado. O presente documento
procura compreender melhor este aspeto.
Quanto à terceira questão sobre a prestação do serviço, visa avaliar se esta diversidade de
sistemas nacionais tem efeitos sobre as condições de concorrência equitativas num setor
crítico para a economia da UE e para a sua imagem enquanto destino turístico particularmente
desejável, sobretudo para certas categorias de serviços transfronteiras. Neste contexto, é
igualmente de ter em conta os instrumentos e as práticas desenvolvidas pelo próprio setor8.
No que respeita à quarta questão, é evidente que, para um equilíbrio correto entre
necessidades e soluções, os impactos sobre todas as partes envolvidas devem ser
cuidadosamente tidos em consideração. Os consumidores vulneráveis, os consumidores com
necessidades de acessibilidade específicas, as instalações mais pequenas ou os grandes hotéis
poderão analisar esta questão de diferentes perspetivas, pelo que devem ser adotadas
diferentes considerações. Neste contexto seria igualmente importante uma discussão sobre os
benefícios da utilização da normalização em relação aos serviços de alojamento turístico em
toda a UE.
Por último, no que diz respeito à quinta questão, continuaria a ser necessário perceber a que
nível a segurança neste domínio deveria ser mais bem atendida para benefício dos
consumidores e das empresas.
8
Estas práticas incluem a metodologia MBS (gestão, edifícios e sistemas) e instrumentos semelhantes, na medida em
que comportam disposições e requisitos de segurança.
7
As medidas quantitativas para avaliar as questões acima suscitadas estão raramente
disponíveis devido, entre outras razões, à abordagem fragmentada da recolha de dados sobre
acidentes e lesões relacionados com a prestação de serviços de alojamento turístico, em toda a
UE (ver anexo 1, ponto 2.1). Na falta desta quantificação, o presente documento procura
reunir todas as provas e todos os dados possíveis.
2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Esta classe não inclui a oferta de casas e apartamentos ou habitações mobiladas ou não
mobiladas para utilização permanente, geralmente numa base mensal ou anual11.
8
• Pavilhões e cabanas sem serviços domésticos;
• Pousadas de juventude e abrigos de montanha.
Esta classe não inclui a oferta de casas e apartamentos mobilados ou não mobilados para
utilização permanente, geralmente numa base mensal ou anual.
Exemplo
Em 2006, duas crianças britânicas morreram envenenadas por monóxido de carbono quando se
encontravam de férias num hotel em Corfu, na Grécia. A conduta de entrada de oxigénio e eliminação
do monóxido de carbono que devia ter sido instalada foi encontrada no chão, por montar, juntamente
com uma pedra que sustentava a caldeira. O termóstato destinado a desligar a caldeira em caso de
libertação de vapores nocivos tinha sido desinstalado. O monóxido de carbono propagou-se para fora
da sala das caldeiras, invadindo o bungalow, através de aberturas que tinham sido feitas na parede da
sala de estar para colocar um sistema de ar condicionado, mas não foram fechadas. Num minuto, o
nível de monóxido de carbono no interior do bungalow tornou-se fatal.
3. OBJETIVOS
O objetivo do presente documento consiste em lançar uma consulta pública sobre a segurança
dos serviços de alojamento turístico. O objetivo é recolher as opiniões de todas as partes
9
interessadas nos serviços de alojamento turístico, com o objetivo de avaliar se as questões
acima indicadas são suficiente e eficazmente ponderadas, se existem provas de novos riscos e
se os instrumentos existentes são adequados. O presente documento interroga-se ainda sobre o
nível a que a ação seria mais útil para ajudar a alcançar patamares de segurança realmente
eficazes para os consumidores e poderá igualmente ajudar a quantificar estes elementos.
Tendo em conta, além disso, que a Comissão pretende promover a competitividade do setor
do turismo através da criação de um ambiente favorável às empresas e de cooperação entre os
Estados-Membros, e que a sustentabilidade do turismo europeu reside na qualidade da
experiência vivida e, por extensão, na sua segurança, o presente documento pretende
identificar opções para promover a confiança, tanto para as empresas como para os
consumidores.
4. PERGUNTAS
O anexo 1 apresenta uma descrição pormenorizada dos atuais conhecimentos sobre os aspetos
descritos no número anterior e destina-se a constituir uma referência para responder às
perguntas seguintes.
A segurança dos consumidores quando recorrem a serviços de alojamento turístico deve ser
avaliada, antes de mais, através da avaliação do quadro regulamentar existente em toda a UE e
da sua aplicação.
Q 8 –Que áreas considera que mais podem beneficiar de uma maior cooperação entre os
Estados-Membros no domínio da segurança do alojamento turístico? Quais seriam os
principais desafios?
Qualquer tentativa para identificar potenciais lacunas nas normas de segurança do alojamento
turístico que possam afetar os consumidores da UE deve ser feita do ponto de vista da eficácia
da medida e do conteúdo dos instrumentos existentes.
11
• Disponibilidade e qualidade das informações relativas aos aspetos de segurança
prestadas aos utilizadores/consumidores;
• Disponibilidade de planos de evacuação, procedimentos e equipamento de
emergência para reduzir os danos em caso de acidente;
• Notificação das autoridades sobre os riscos e acidentes;
Em particular, no caso dos serviços de alojamento turístico, é necessário prestar atenção
especial aos seguintes aspetos13:
13
As questões de segurança alimentar estão fora do âmbito de alcance do presente documento, uma vez que são
objeto do Regulamento (CE) n.º 178/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de janeiro de 2002, que determina os
princípios e normas gerais da legislação alimentar, cria a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e estabelece
procedimentos em matéria de segurança dos géneros alimentícios, JO L 31 de 1.2.2002, pp. 1–24.
12
Q 15 – As diferenças entre os quadros regulamentares dos Estados-Membros da UE afetam as
empresas de turismo, em particular nas suas operações transfronteiras? Ou esse impacto
decorre antes da aplicação do quadro jurídico em vigor? Pode indicar exemplos concretos?
De acordo com o princípio Think Small First, a orientação política geral visa isentar as
microempresas e as pequenas empresas dos encargos administrativos, no total ou em parte,
sempre que possível14. Enquanto a conformidade com os requisitos de segurança pode, com
efeito, ser mais onerosa e demorada para as pequenas empresas do que para as empresas de
maior dimensão, há que encontrar o justo equilíbrio entre a necessidade de melhorar a
regulamentação e a segurança dos consumidores.
14
Relatório da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu «Minimização da carga regulamentar que incide
sobre as PME - Ajustamento da Regulamentação da UE às necessidades das microempresas, COM(2011) 803 final
15 Fonte: Eurostat, Estatísticas em Foco 43/2012: os europeus com mais de 65 anos gastam mais um terço em turismo,
em 2011, do que em 2006, figura 11 (http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_OFFPUB/KS-SF-12-043/EN/KS-SF-12-
043-EN.PDF).
16
http://www.accessibletourism.org/resources/enat_igm_3eichhorn.pdf
13
acesso (pessoas com deficiências físicas prolongadas ou permanentes, deficiências
temporárias, idosos, acompanhantes ou prestadores de cuidados ou famílias com crianças de
tenra idade). As medidas de segurança contra incêndios, bem como de evacuação, ou os
planos de emergência nos serviços de alojamento turístico oferecidos aos consumidores
devem ter em conta as necessidades especiais das pessoas com deficiência e das pessoas com
mobilidade reduzida.
Ainda quanto a consumidores vulneráveis, embora por outras razões, as medidas de segurança
para os menores de 15 anos devem beneficiar de uma atenção especial.
Q 20 – Para além das questões de acessibilidade, quais são os aspetos relacionados com a
segurança do alojamento turístico que devem ser atendidos, tendo em conta o envelhecimento
da população?
Q 21– Para além das questões de acessibilidade, quais são os aspetos relacionados com a
segurança do alojamento turístico que devem ser atendidos para satisfazer as pessoas com
deficiência?
Q 22 – Quais são os aspetos relacionados com a segurança do alojamento turístico que devem
ser atendidos, em função dos menores de 15 anos de idade?
Q 23 – Tem acesso a dados ou provas quantitativas sobre lesões e acidentes que apontem para
problemas de segurança no alojamento turístico? Em caso afirmativo, apresente esses dados
ou elementos de prova.
Q 24 – Quais são os principais desafios relacionados com a recolha desses dados e como
podem ser superados?
Q 25 - Em que medida é que a relutância em disponibilizar dados sobre acidentes e lesões por
razões de reputação pode ter um impacto sobre as questões de segurança?
Q 26 – Quais seriam os sistemas mais adequados e eficazes para recolher dados harmonizados
mínimos sobre acidentes e lesões?
14
4.4.4. Normas
4.5.1. Nível
17
O programa de trabalho para a normalização da União é adotado anualmente.
15
Q 34 — Poderiam as mesmas vantagens ser alcançadas melhorando a fiscalização do mercado
e/ou o cumprimento da legislação nacional em vigor?
Q 35 – Que experiência foi retirada da aplicação das abordagens não regulamentares no seu
país?
Q 38 – A metodologia MBS poderia ser utilizada como base para a compilação de boas
práticas e a identificação de normas de autorregulação, com as adaptações adequadas?
Embora a metodologia MBS já tenha sido adotada por muitas associações nacionais do setor
da hotelaria e restauração na UE, continua a ser voluntária e não inclui monitorização nem
relatórios de desempenho. A eficácia das medidas não regulamentares depende do apoio
recebido da indústria, das autoridades e dos consumidores e, ao mesmo tempo, da necessidade
de serem adequadamente acompanhadas em termos de desempenho e resultados. As
orientações de segurança desenvolvidas por diferentes associações podem ser interessantes
para outras, desde que sejam suficientemente partilhadas.
18
Outros exemplos de autorregulação incluem o quadro estratégico de segurança desenvolvido pelo grupo
Intercontinental (IHG), que inclui um processo de gestão dos riscos destinado a dar apoio aos proprietários e aos
trabalhadores da indústria hoteleira na gestão dos riscos de modo eficaz; ou a fórmula TRIC=S, do grupo Carlson e Rezidor,
para estruturar as atividades de segurança (avaliação dos riscos + atenuação dos riscos + resposta a incidentes + gestão de
crises, comunicação e continuidade = marcas seguras e vendáveis).
16
Q 41 – Como avalia a partilha de conhecimentos em matéria de instrumentos voluntários em
toda a UE (vantagens/desvantagens, dificuldades potenciais, histórias de sucesso, etc.)?
5. OBSERVAÇÕES FINAIS
Um relatório de resumo das contribuições será igualmente publicado no nosso sítio Web
http://ec.europa.eu/dgs/health_consumer/dgs_consultations/ca/consultation_20141130_touris
m_en.htm
SANCO-GREEN-PAPER-TOURISM-ACCOMM-SAFETY@ec.europa.eu
19
http://ec.europa.eu/smart-regulation/index_pt.htm
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