Os profissionais do XIII Fórum Brasileiro da Abordagem Centrada na
Pessoa - ACP, reunidos no período de 08 a 14 de setembro de 2019, no município de Ipojuca, distrito de Porto de Galinhas, em PE, reunindo participantes de 19 Estados brasileiros e neste documento representados pela comissão organizadora, tornam público que:
1. Essa moção reitera a moção anterior dos participantes dos Fóri
Internacional e Brasileiro da ACP, reunidos em Caucaia - CE, enviada em 30 de maio de 2013 aos Conselhos Regionais de Psicologia e ao Conselho Federal de Psicologia, repudiando as terapias “reparadoras” de orientação sexual;
2. Os Fóri Brasileiros da ACP são os espaços científicos oficiais de reunião
bienal de profissionais de diversos campos do conhecimento, referenciados pelos princípios da ACP, com o objetivo de dialogar sobre as práticas profissionais e seus avanços teóricos, em busca de contemplar as demandas de desenvolvimento e acolher o sofrimento psíquico da população. Esses eventos científicos se inspiram na constituição Brasileira, especialmente nos Artigo 1 (incisos II e III); Artigo 3 (incisos I, III, IV) e Artigo 5 (incisos I, II, III,) e nas tradições mundial e nacional da Psicologia Humanista da Abordagem Centrada na Pessoa; 3. Destacam a Resolução CFP 001/9 do Conselho Federal de Psicologia quando afirma: “Para a Psicologia a sexualidade faz parte da identidade de cada sujeito e, por isso, práticas homossexuais não constituem doença, distúrbio ou perversão.” Essa resolução foi alvo de ação popular (número 1011189-79.1017.4.01.3400), movida por um grupo de psicólogos que defendiam o uso de terapia de reversão sexual. A Ministra Carmem Lúcia proferiu liminar favorável ao CFP, que ingressou com uma reclamação constitucional (0078192-28.2018.1.00.0000), obtendo liminar do STF em 24 de abril de 2019, que manteve a Resolução CFP 01/1999: “Além disso, evidencia que a orientação sexual e a identidade de gênero não são patologias, que supostamente possam ser tratadas e curadas por meio de tratamento psicológico”; 4. Este posicionamento ratifica os princípios fundamentais dos Direitos Humanos, que, dentre outros, defendem o acolhimento e a abertura à produção e à expressão da diversidade, também consoante os princípios norteadores da Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil e no mundo. Essa Abordagem trabalha com a facilitação do crescimento integral ao propor a consideração positiva incondicional como um dos fundamentos dessa facilitação, compreendendo a pessoa como autônoma e digna de confiança para escolher seus próprios caminhos de atualização. Essa ou qualquer outra abordagem psicológica não pode fundamentar nenhum tratamento reparador de orientação sexual;
5. Repudiam qualquer tentativa ou manifestação de discriminação,
patologização, normatização, tratamento ou necessidade de intervenção profissional sobre questões que visem a cura, a correção, a reparação, o ajustamento das expressões, sentimentos e práticas homoafetivas e homoeróticas; 6. Repudiam a utilização da Abordagem Centrada na Pessoa como pretensa justificativa teórica para a suposta “cura gay”.
Porto de Galinhas, município de Ipojuca-PE, 14 de setembro de 2019.