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DO ARTESANATO INTELECTUAL

MILLS, C. Wright. Do artesanato intelectual. In: Imaginação Sociológica. Rio de


Janeiro: Zahar Editores, 1965. pp. 211-242.
Lidia Ribeiro Bradymir dos Santos

No presente capítulo Mills parte da sua própria experiência para traçar conselhos
metodológicos de pesquisa em ciências sociais. Inicia com a discussão sobre a falta de
informações dos pensadores sobre as suas práticas de trabalho, o que complica a
construção de uma teoria sobre o método. Dessa forma, ele introduz sua perspectiva de
que o pesquisador não deve separar sua vida pessoal da profissional, pois as experiências
da sua vida pessoal contribuem para a investigação, da mesma forma que o seu “eu” se
forma à medida em que seu processo de intelectualização caminha. Essa prática levaria
a um trabalho completo, que não está alheio às impressões do pesquisador, o texto é
subdivido em pontos principais que tornariam essa prática possível.

O primeiro ponto trata de como fazer o artesanato intelectual, onde Mills


recomenda ao pesquisador montar um arquivo pessoal das suas experiências de trabalho,
ou seja, um caderno de campo, que possa ser utilizado posteriormente para complementar
o trabalho intelectual. O autor considera isso como um exercício de escrita e organização,
indica o uso do fichamento para organização metodológica para ciências. Ele aponta para
o mal costume dos pesquisadores de apenas colocarem no papel seus planos de pesquisa
quando precisam de subsídios, esse hábito é improdutivo para o trabalho porquê engessa
as possibilidades da pesquisa.

À cerca dos usos desses arquivos, Mills aponta que muitas obras suas
originaram-se de pequenas anotações desses arquivos, que servem para incentivar
posteriormente sua imaginação e suscitar reflexões sobre as possibilidades dos temas
metodologicamente. Dessa forma, parte-se para a formulação e fundamentação da
pesquisa a partir de trabalhos de outros autores. Ele critica o empirismo e considera que
há, na leitura, as mesmas virtudes ou mais de um trabalho empírico, para ele é necessário
aprofundar-se nas leituras antes de partir para uma pesquisa empírica.

Tratando dos estágios de dominação do problema, ele sugere quatro fases:


reconhecer a função do tópico; construção dos elementos para relações lógicas;
eliminação de falsas opiniões e formulação e reformulação das questões.
No quinto tópico do capítulo, Mills defende que o trabalho seja apresentado com
uma linguagem acessível, critica o academicismo que considera a escrita simples como
conteúdo jornalístico, ele considera que é necessário prender a atenção dos leitores através
da escrita e, além disso, que seu texto seja inteligível por qualquer pessoa.

Finalizando o capítulo, o autor apresenta mais um tópico com cinco subtópicos,


onde ele fala sobre a imaginação estimulada, essencial para a prática da intelectualidade,
o estímulo à imaginação do pesquisador, que deve ser alimentada para que ele tenha novas
ideias, que permita fazer ligação dos dados coletados e perceber novas problemáticas em
seu trabalho.

Concluindo, Mills considera necessário ir além do fazer amostragem como


forma de estimular a imaginação, analisar os fenômenos através de uma perspectiva
qualitativa, observando os opostos, obtendo informações que os dados estatísticos não
conseguem dar conta.

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