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Lévi-Strauss inicia o capítulo “ A ciência do concreto”, tratando de rejeitar a ideia de

que a ausência de palavras gerais - como árvore - em detrimento das palavras específicas -
carvalho, faia, bétula - não classificam os povos que utilizam dessa língua como
intelectualmente inferiores em relação a civilização ocidental. Nesse sentido, o autor busca
demonstrar que o pensamento “selvagem” opera com bases similares às do pensamento
científico, de forma que não pode ser considerado um degrau da escala evolutiva que levaria
ao pensamento ocidental, mas uma forma de interpretação tão válida e complexa quanto esta.
Ao longo do texto, o autor cita outros autores que corroboram a noção de que o
indígena nomeia e conceitua apenas o que lhe é útil ou nocivo e vai de encontro à essa noção.
Lévi-strauss afirma que, na verdade, o recorte conceitual varia de acordo com os interesses de
cada sociedade particular. Dessa maneira, tanto no pensamento mágico, como no científico, o
conhecimento serve uma necessidade intelectual de classificar e organizar o mundo ao seu
redor.
Neste capítulo, portanto, o autor reforça que o conhecimento sistemático, não pode ser
função apenas de sua utilidade prática. E conclui, então, que “as espécies animais e vegetais
não são conhecidas na medida em que são úteis; elas são classificadas úteis ou interessantes
porque são primeiro conhecidas”.
A diferença entre o pensamento “selvagem” e o pensamento científico reside no fato
de que o primeiro é guiado por uma intuição sensível e o segundo se afasta dessa, o que faz
com que o pensamento selvagem seja definido como uma ciência do concreto, não menos
real e não menos científica do que a ciência moderna, mas diferentes manifestações dos
mesmos potenciais. Para ilustrar a relação entre as duas formas de pensamento, o autor
utiliza-se da bricolage como metáfora para tratar do modo de conhecimento “selvagem” - a
ciência do concreto - ​movido pela necessidade de entendimento geral do mundo. A bricolage,
que no sentido puro pode ser entendida como o reaproveitamento de algo, juntamente a outro,
para transformá-los em algo novo é associada a tal conhecimento de modo que o
conhecimento que opera como a técnica da ​bricolage​, advém de um conjunto finito de
matéria, independente entre si ou com o objeto a ser produzido. O interesse desse
conhecimento é suprimir o desconforto do caos.
No segundo capítulo, o autor destaca que a lógica da bricolage trabalha de maneira
semelhante a um caleidoscópio,

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