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[1]
A existência de Deus
O argumento do desígnio
Sinopse histórica
A crítica de Hume
Analogia fraca
A singularidade do universo
Mesmo que se admita que a ordem que os objectos naturais revelam indicia a existência
de desígnio, real ou aparente, não se segue daí que a causa desse desígnio seja
semelhante aos seres humanos. Uma vez que, tanto quanto sabemos, um pensamento e
uma razão semelhantes às humanas são apenas causas de um número muito pequeno de
acontecimentos e há outras causas na natureza que também dão origem a objectos com
uma ordem e um arranjo semelhantes aos causados pelos seres humanos, é
perfeitamente possível que o desígnio, real ou aparente, dos objectos naturais não tenha
origem numa causa idêntica a nós.
Hume explora esta ideia em duas direcções diferentes.
A hipótese epicurista
Na outra, faz, como ele diz, reviver a hipótese epicurista (segundo a qual tudo o que
existe ― incluindo os deuses ― é produto do movimento da matéria devido a causas
estritamente mecânicas) com ligeiras alterações. "E se, por exemplo, eu fizesse reviver a
velha hipótese EPICURISTA? Este sistema é geralmente considerado ― e creio que
com inteira justiça ― o mais absurdo alguma vez proposto; apesar disso, não sei se,
com algumas alterações, não se pode fazer com que apresente uma ténue aparência de
probabilidade. Em vez de, como fez EPICURO, supor a matéria infinita suponhamo-la
finita. Um número finito de partículas é apenas susceptível de transposições finitas e,
numa duração eterna, tem de ocorrer que cada ordem ou posição possível seja tentada
um número infinito de vezes. Por conseguinte, este mundo, com todos os seus
acontecimentos, mesmo os mais insignificantes, foi antes produzido e destruído e será
novamente produzido e destruído, sem quaisquer limites ou restrições. Ninguém que
tenha uma concepção dos poderes do infinito em comparação com os do finito, duvidará
alguma vez desta determinação." (Diálogos, Parte VIII). Esta hipótese, tal como a outra,
é consistente com o que sabemos acerca do mundo e, portanto, tão possível quanto a
hipótese religiosa, que atribui a origem do universo a um deus com propriedades
intelectuais semelhantes às dos seres humanos, embora num grau muito superior.
Não existe, portanto, nenhuma boa razão para preferir a explicação teísta a qualquer das
outras alternativas. Tanto essa hipótese, como qualquer das outras explica igualmente
bem ― ou igualmente mal ― a ordem e o desígnio (ou aparente desígnio) e não há
nenhuma razão que justifique que optemos por essa hipótese em vez de qualquer das
outras.
Restrições à conclusão
Se admitirmos, por hipótese, que os objectos naturais são semelhantes aos artefactos
humanos e que o argumento do desígnio é válido, resultarão da aplicação do princípio
da proporcionalidade algumas consequências para a forma como a divindade pode ser
concebida. O princípio da proporcionalidade subjaz ao argumento do desígnio, pois é a
ideia de que os supostos efeitos são semelhantes (neste caso, o universo e os artefactos
humanos), que permite inferir que as causas têm características semelhantes e, que,
portanto, a causa do universo tem capacidades intelectuais semelhantes às nossas,
embora superiores. Hume chama a atenção para duas consequências principais que
resultam deste princípio:
1) Não é possível afirmar que os atributos da divindade são infinitos, porque, como a
causa deve ser proporcional aos efeitos e os efeitos não são infinitos, a causa também
não é.
2) Não é possível dizer que a Deidade, mesmo na sua capacidade finita, é perfeita ou
supor que os seus empreendimentos estão livres de todo o erro, engano ou incoerência.
Assim, se se aceitar o princípio da proporcionalidade, segue-se que Deus não é infinito
nem perfeito. Deste facto, Hume tira algumas consequências devastadoras para a
religião.
1) em vez de ser a obra de um único Deus, o mundo pode ser a obra de muitos deuses,
todos mais finitos e imperfeitos do que a sua própria obra. "Mas, mesmo que este
mundo fosse uma produção tão perfeita, continuaria a ser duvidoso que se pudesse
correctamente atribuir ao artífice todas as perfeições da obra. Se examinarmos um
navio, que ideia elevada não formaremos do engenho do carpinteiro que construiu uma
máquina tão complicada, útil e bela? E que surpresa não deveremos sentir ao
verificarmos que se trata de um estúpido mecânico que imitou outros e copiou uma arte
que, durante uma longa sucessão de épocas, após múltiplas tentativas, enganos,
correcções, deliberações e controvérsias, foi gradualmente melhorada? Muitos mundos
podem ter sido atamancados e destruídos ao longo de uma eternidade, antes que este
sistema tenha surgido; muito trabalho perdido; muitas tentativas infrutíferas feitas; e um
lento, mas gradual aperfeiçoamento na arte de fazer mundos ter sido levado a cabo
durante épocas sem fim." (Diálogos, Parte V).
2) se as divindades são, como resulta do que foi dito acima, semelhantes aos homens,
então é possível que se lhes assemelhem também em outras características físicas, a
saber, tenham sexo, olhos, bocas, narizes, etc. "Além disso, (...) os homens são mortais
e renovam a sua espécie por geração; e isto é comum a todas as criaturas vivas. Os dois
grandes sexos, macho e fêmea, diz MILTON, animam o mundo. Por que deve esta
circunstância, tão universal e tão essencial, ser excluída dessas Deidades numerosas e
limitadas? Contemplai então a teogonia dos tempos antigos a ser-nos trazida de volta.
E por que não se tornar um antropomorfista completo? Por que não afirmar que a
Deidade ou Deidades são corpóreas e têm olhos, nariz, boca, ouvidos, etc?" (Diálogos,
Parte V).
3) tem de se admitir todas as hipóteses imagináveis para explicar o mundo, desde uma
divindade infantil a um deus senil passando por uma divindade inferior e subalterna.
"Por aquilo que sabe, quando comparado com um padrão superior, este mundo é muito
defeituoso e imperfeito; e foi apenas a primeira e grosseira tentativa de uma Deidade
infantil, que a seguir o abandonou, envergonhada da sua defeituosa realização; é
meramente a obra de uma Deidade inferior e subalterna e constitui o objecto de troça
dos seus superiores; é a produção de velhice e de senilidade de uma Deidade aposentada
e, desde a sua morte, continua, à aventura, devido ao primeiro impulso e à força activa
que dela recebeu...." (Diálogos, Parte V).
O problema do mal
A crítica de Darwin
A última objecção de que irei falar é a que resulta da teoria da selecção natural de
Charles Darwin. O problema que Darwin procura resolver com a selecção natural é o da
diversidade da vida e não o de saber se Deus existe ou não (embora na altura, como
hoje, as duas questões não estivessem completamente desligadas). No entanto, a solução
que encontrou para aquele problema tem profundas implicações para o argumento do
desígnio. Vejamos primeiro em que consiste a solução de Darwin e depois de que forma
ela afecta esse argumento.
Até Darwin a teoria aceite para explicar a diversidade dos organismos vivos era a da
criação especial divina, isto é, a ideia de que Deus tinha criado todos os seres vivos tal
como existem actualmente. No entanto, com a descoberta de cada vez mais fósseis, esta
teoria foi-se tornando cada vez menos satisfatória e, antes mesmo de Darwin, houve
quem defendesse que as espécies não são fixas mas evoluem. Um dos primeiros a
defender a evolução das espécies foi o próprio avô de Darwin, Erasmus Darwin. Ele
pensava que as espécies actualmente existentes nem sempre tinham existido e que
outras existentes no passado tinham entretanto deixado de existir e propôs para
mecanismo explicativo da mudança um mecanismo idêntico ao proposto mais ou menos
na mesma altura por Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829). De acordo com essa teoria,
os seres vivos adquirem durante a vida certas características que transmitem depois aos
descendentes. O lamarkismo nunca foi suficientemente convincente para ter aceitação
geral e, no tempo de Darwin, a maior parte dos biólogos, geólogos, etc., incluindo o
próprio Darwin, pensavam que o criacionismo era verdadeiro. O primeiro
acontecimento a contribuir para que tudo isto mudasse foi a viagem que Darwin
efectuou em 1831 a bordo do navio HMS Beagle. O Beagle tinha por missão investigar
a costa ocidental e oriental do continente sul-americano. Darwin foi convidado para
participar na viagem na qualidade de naturalista de bordo e nos cinco anos que durou a
expedição, teve a oportunidade de estudar atentamente espécies e habitats
completamente desconhecidos na Europa. De tudo o que viu, nada chamou mais a
atenção e intrigou mais Darwin do que os animais que observou nas ilhas Galápagos ―
um conjunto de ilhas ao largo da costa sul-americana com uma fauna muito diferente da
fauna desse continente e suficientemente afastadas umas das outras para que as espécies
de uma ilha pudessem comunicar com as de outra ilha. Em particular, chamou a atenção
de Darwin os tentilhões, que diferiam de ilha para ilha, perfeitamente adaptados ao
habitat de cada ilha, com, por exemplo, bicos diferentes consoante o alimento
dominante na ilha fosse sementes, frutos ou insectos. Para Darwin, a única explicação
plausível para isto passava por admitir que os animais evoluíam de modo a adaptarem-
se às condições do seu habitat: "It was evident that such facts as these as well as many
others could be explained on the supposition that species gradually become modified;
and the subject haunted me." ('Autobiography' (1903), in Charles Darwin and T. H.
Huxley: Autobiographies, edited with an Introduction by Gavin de Beer, London,
Oxford University Press, 1974, p. 70.)
No entanto, isto não resolvia completamente o problema, porque, tal como aconteceu
com o seu avô, Darwin tinha ainda que encontrar um mecanismo que explicasse como é
que a evolução se faz. E encontrou-o na obra de Malthus. Thomas Malthus (1766-1824)
tinha publicado em 1798 o Ensaio sobre as Populações no qual afirmava que a
população humana cresce numa proporção geométrica enquanto os meios de
subsistência crescem numa proporção aritmética resultando numa pressão sobre os
recursos ambientais que origina a pobreza, a fome e a guerra. Darwin aplicou esta ideia
não apenas aos seres humanos, mas a todos os seres vivos e fez dela o princípio que está
por detrás do mecanismo da selecção natural: nascem mais seres vivos do que os que o
meio ambiente pode sustentar pelo que os dotados de variações que favoreçam a
sobrevivência sobrevivem e os outros não. Com o tempo, este processo faz as espécies
evoluírem e produz novas espécies.
Vejamos um pouco mais em detalhe como a selecção natural funciona. O exemplo que
vou utilizar segue de perto o formulado por Elliott Sober em Core Questions of
Philosophy.[5] Imaginemos que num grupo de zebras capazes de correr a cerca de 55
Km/h, surgia uma zebra capaz de correr a 56 Km/h, uma pequena diferença, mas que
representa uma vantagem adaptativa significativa para a zebra que a possui. Devido a
ser capaz de correr um pouco mais depressa, essa zebra tem mais possibilidades de
escapar aos predadores (que correm também a cerca de 55 Km/h) e de se reproduzir.
Imaginemos agora que os descendentes desta zebra herdam esta característica da sua
progenitora e correm também a 56 Km/h. Também eles vão usufruir das mesmas
vantagens adaptativas. Os predadores, tendencialmente, capturarão zebras menos
velozes e as mais velozes terão mais possibilidades de se reproduzirem. A consequência
última deste processo é que, com o tempo, todas as zebras do grupo correm a 56 Km/h.
Por que razão constitui a selecção natural, tal como é ilustrada por este exemplo, uma
objecção ao argumento do desígnio? Porque a selecção natural explica a complexidade
dos organismos vivos sem recorrer ao propósito ou ao desígnio e, portanto, sem uma
causa inteligente que seja a origem deste desígnio. Por outras palavras, a teoria da
selecção natural explica os organismos vivos por uma causalidade mecânica e não por
uma causalidade pessoal. O olho humano, que, segundo Paley, por si só seria prova de
um desígnio e de um criador inteligente, é afinal explicado por um processo cego e da
natureza. O desígnio da natureza é, portanto, um desígnio aparente e não real.
Repare-se que Darwin não se limita a fornecer uma hipótese alternativa para explicar
um fenómeno conhecido (a complexidade dos organismos vivos), o que por si seria
suficientemente destrutivo para a hipótese do desígnio inteligente, uma vez que se
houver uma outra explicação igualmente plausível se torna impossível dizer que a
hipótese do desígnio é verdadeira. Darwin vai mais longe e afirma que a selecção
natural é a explicação correcta para o fenómeno. Isto é, Darwin não se limita a levantar
dúvidas à hipótese do desígnio. Declara-a falsa.
As versões modernas
Swinburne apresentou a sua versão do argumento do desígnio pela primeira vez em The
Existence of God, e depois disso com ligeiras diferenças em outros locais. Um desses
locais é o artigo da Think referido na bibliografia. Outro é o livro Será que Deus existe?.
Embora parta também, como as outras versões do argumento do desígnio, da ordem do
mundo para Deus, a versão de Swinburne não se baseia na analogia com os artefactos e,
por isso, não está sujeita às objecções a que está sujeita a versão de Paley.
Segundo Swinburne, há duas espécies de ordem no universo:
1) ordem espacial (regularidades de co-presença) e
2) ordem temporal (regularidades de sucessão, como as leis de Newton, em que os
objectos se comportam de acordo com certas leis da natureza).
O argumento de Paley é um argumento a partir da ordem espacial, isto é, baseado na
complexidade dos animais e das plantas. Swinburne pensa que Darwin, ao mostrar
como a complexidade natural tem origem, tornou definitivamente esta versão do
argumento do desígnio muito fraca.
Mas, a ordem temporal não está sujeita a esta dificuldade e é mais básica do que a
ordem espacial, uma vez que esta, qualquer que ela seja, depende da ordem temporal.
Swinburne considera extraordinária a existência desta ordem. O universo, em vez de ser
ordenado, poderia, pensa ele, ser completamente desordenado, isto é, poderia não
obedecer a quaisquer leis. Mas não é isso que acontece. O universo obedece e sempre
obedecerá a leis. Para Swinburne, não é a natureza que revela desígnio, mas as leis da
natureza, ou melhor, o facto de o universo comportar-se de acordo com leis da natureza.
Isto é, na opinião de Swinburne não são os acontecimentos do mundo (as regularidades
de co-presença que têm de ser explicadas), mas as leis da natureza (as regularidades de
sucessão) que carecem de explicação.
Mas como podem ser explicadas? Swinburne pensa que estas regularidades não podem
ser explicadas pela ciência, porque a ciência pode apenas explicar "como" as coisas
acontecem (neste caso, o "como" da ordem) e não "por que" acontecem; porque a
"explicação científica da operação de uma lei natural consiste em mostrar que é uma
consequência de algumas leis ainda mais fundamentais ― explicamos a operação das
leis da queda de Galileu mostrando que são uma consequência, para as circunstâncias
particulares da Terra, das leis do movimento de Newton..." (Think, Spring 2002, p. 50).
Para Swinburne, por conseguinte, a explicação da ordem temporal não pode estar em
leis científicas, porque é precisamente as leis científicas que é preciso explicar e, em
particular, as leis científicas, quaisquer que elas sejam, mais fundamentais de todas.
Assim, ou aceitamos essas leis como um facto bruto ou temos de encontrar outro tipo de
explicação.
Swinburne pensa que existe um outro tipo de explicação, aquilo a que chama uma
«explicação pessoal». É este tipo de explicação que está presente sempre que
justificamos qualquer acto que façamos. Mas, claro está, Swinburne não pensa que nós
sejamos a explicação para a uniformidade da natureza, mas uma explicação pessoal do
tipo que a nossa exemplifica. A explicação pessoal que Swinburne tem em mente é
Deus. As razões que Swinburne apresenta para isto são as seguintes:
1) a simplicidade de uma hipótese torna-a mais provável.
2) o teísmo, como é a hipótese mais simples, é mais provável do que qualquer outra.
Swinburne pensa que o teísmo é uma hipótese muito simples porque
1) postula um Deus muito simples, um ser omnipotente, omnisciente, omnipresente,
eterno, perfeitamente livre e bom;
2) reduz todas as formas de explicação a uma explicação pessoal. Isto leva a
simplicidade do teísmo ainda mais longe, porque a) a explicação pára onde
intuitivamente é mais natural parar, isto é, a escolha de um agente livre; b) tem como
consequência uma visão do mundo muito simples.
3) devido à omnipotência e completa liberdade de Deus, tudo depende Dele e Ele não
depende de nada, o que significa que a explicação acaba com Ele.
A tese de Swinburne tem, portanto, por base o critério de simplicidade. É mais plausível
que, ao escolher entre explicações rivais, escolhamos algo com a simplicidade de Deus
do que algo como o universo, com todas as suas características que exigem explicação.
Esta última é menos plausível porque deixa por responder demasiadas questões cruciais.
Por isso, mesmo que digamos que a probabilidade de ter sido um Deus a criar um
universo como este não é muito elevada, o facto de este universo existir (isto é, um
universo com estas características) torna mais provável que tenha sido Deus a criá-lo. A
probabilidade deste mundo existir sem Deus é menor do que a de existir com Deus.
Críticas
A ideia por detrás desta versão do argumento é simples. A investigação levada a cabo
em astrofísica, cosmologia e biologia tem revelado a existência de um número
significativo de constantes cósmicas, aparentemente arbitrárias (não podem ser
determinadas a partir das teorias e têm, pelo menos por agora, de ser determinadas
empiricamente), sem as quais a existência de um universo como o nosso seria
impossível. O número destas constantes perfeitamente ajustadas à existência de um
universo como o nosso, com galáxias, estrelas, planetas e vida como a nossa dentro
dele, é impressionante. Além disso, uma ligeira diferença nos valores dessas constantes
teria produzido um universo tão diferente do nosso que as galáxias, as estrelas, os
planetas e a vida como conhecemos seria impossível. Por exemplo:
- se a carga eléctrica do electrão fosse ligeiramente diferente, as estrelas seriam
incapazes de queimar hidrogénio e hélio ou não teriam explodido
- a possibilidade de formação aleatória das 2000 enzimas existentes é de 10 elevado
40000 (isto é, 10 seguido de 40000 zeros)
Explicar estes ajustes perfeitos como sendo o resultado de uma mera coincidência tem
parecido a um grande número de cientistas e filósofos (o texto de Swinburne da revista
Think que referimos é mais um caso) na última dezena de anos extremamente
improvável e levou, em última instância, à ideia daquilo a que se pode chamar o
argumento antrópico-teleológico. Este argumento baseia-se no princípio antrópico, que
pode ter duas versões distintas: a fraca e a forte. A versão fraca limita-se a afirmar que
nós, os observadores, estamos cá, porque o universo é de modo a permitir a existência
de seres humanos. Esta observação é, obviamente, pacífica. Se o universo não fosse de
modo a permitir a existência humana, não estaríamos cá. A versão forte faz uma
afirmação muito mais controversa, a saber: nós, os observadores, estamos cá porque o
universo foi feito de modo a permitir a existência de seres humanos. Assim, a existência
dessas constantes é uma prova de desígnio e, por sua vez, a melhor explicação para este
desígnio é um projectista cósmico que, consoante os autores, tem características mais ou
menos cristãs.
Complexidade irredutível
Bibliografia
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[Trad. port: "A improbabilidade de Deus", in Filosofia e Educação
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(http://www.filedu.com/rswinburneargumentosdodesignio.html)]
Robin Le Poidevin, Arguing for Atheism, Londres, Routledge, 1996.
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