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EM461 MECÂNICA DOS FLUIDOS – EXAME – 10/12/2008

NOME_________________________________________RA._______________TURMA_______

1) Um filme de líquido com espessura constante δ e densidade ρ escoa, pela δ


ação da gravidade, junto à parede interna de um tubo cilíndrico de raio R. Na
R
parte inferior do tubo há um êmbolo que desloca axialmente com velocidade
Ue, mas em sentido contrário à queda do filme, acumulando o líquido. Pede-
δ
se determinar a velocidade VL da fronteira livre (a-a) relativa a um referencial
que se desloca com o êmbolo. As velocidades do filme e do êmbolo, medidas
a partir de um referencial inercial (fixo) são, em módulo, Uf e Ue. Uf

g
VL
(a) (a)

Ue

Ref Inercial

Solução: X

Superfície de Controle como mostrada na linha pontilhada da figura: δ


• A face S se desloca junto ao êmbolo.
• A face N se deforma continuamente de modo a seguir a superfície livre
Uf
do líquido.
S.C.
Equação da conservação da massa:

( )
d r r Face N

dt ∀∫ ∫ r gn dA = 0
ρd∀ + ρ V VL
SC

Ue
1. O termo transiente:
Face S
d
dt ∫∀
ρd∀ ≡ ρVL A onde A = πR 2

2. O termo de fluxo de massa.


Note que na face S a velocidade relativa da fronteira é nula portanto o termo de fluxo de massa
reduz apenas ao cálculo do fluxo na face N.

( )
r r
∫ r gn dA ≡ −ρ ( U f + U e + VL ) A onde A = π ⎡⎣( R ) − ( R − δ ) ⎤⎦
2 2
ρ V * *

SC

Substituindo os termos transiente e o fluxo na Eq. da massa encontra-se que a velocidade relativa é:

⎛ A* ⎞ ⎡ 1 ⎤
VL = ( U f + U e ) ⎜ * ⎟
ou em termos de δ, V = ( U + U ) ⋅ ⎢ − 1⎥
⎝A−A ⎠ ⎢⎣ (1 − Rδ )
L f e 2
⎥⎦
EM461 MECÂNICA DOS FLUIDOS – EXAME – 10/12/2008

NOME_________________________________________RA._______________TURMA_______

2) Um jato líquido de velocidade Vj e


área Aj atinge uma única concha do θ
rotor de uma turbina que gira com concha
velocidade angular ω. O atrito do jato Vj
com a concha é desprezível. Deduzir
uma expressão para a potência W& Aj
fornecida ao rotor nesse instante, em
função dos parâmetros do sistema. ω
Como a sua análise mudaria se R
houvesse muitas conchas no rotor, de
modo que o jato fosse atingido
continuamente por pelo menos por
uma concha?
rotor

Solução:

a) No instante indicado temos:


Vr1 = V j − ωR
A1 = A2 = A j
Não havendo atrito: Vr2 = Vr1
Da equação da quantidade de movimento-x: R x = −( u 2 − u1 ) | ρVr1 A j |
Com:
u1 = V j − ωR e u 2 = ( V j − ωR ) cos θ
Assim
R x = −[( V j − ωR ) cos θ − ( V j − ωR )] ρ ( V j − ωR ) A j ou
144244 3
m& j

Logo: R x = −(cos θ − 1 )( V j − ωR ) ρA j2

A potência é W& = F ωR = − R ωR .
x x

b) Com muitas conchas pode-se considerar que toda a vazão que sai do bocal atinge continuamente
uma concha na posição indicada na figura, ou seja:
u1 = V j − ωR e u 2 = ( V j − ωR ) cos θ
e: R x = −( u 2 − u1 ) | ρV j A j |
Logo: R x = −( V j − ωR )(cos θ − 1 )ρA jV j
123
m& j

e a potência será: W& = Fx ωR = − R x ωR .


EM461 MECÂNICA DOS FLUIDOS – EXAME – 10/12/2008

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3) Em qualquer ponto de uma  


tubulação ou dispositivo
projetado para operar com um L = 4 m 
H = 1 m
líquido, a pressão absoluta
óleo
nunca deverá ser inferior à viscoso D = 75 mm 
pressão do ponto de bolha bomba
desse líquido (pressão abaixo
da qual aparecem as primeiras
bolhas). A figura mostra o tubo
de sucção de uma bomba que deve operar com óleo ultra-viscoso proveniente de um tanque
aberto à atmosfera. As propriedades do óleo são:

Propriedade Valor a 20 oC
Massa Específica (kg/m3) 950
Viscosidade Absoluta (Pa.s) 2
Pressão do Ponto de Bolha (Pa abs) 1000

Para os dados indicados na figura, determine a vazão máxima que pode ser bombeada. Considere
o coeficiente de perda na entrada do tubo como 0,5.

Solução:
A equação da energia entre a superfície do tanque (“1”) e a entrada da bomba (“2”) fornece:
⎛ p1 ⎞ ⎛ p 2 α 2V22 ⎞ ⎛ L ⎞ V22
⎜⎜ + g H ⎟⎟ − ⎜⎜ + ⎟⎟ = ⎜ f + Ke ⎟
⎝ρ ⎠ ⎝ ρ 2 ⎠ ⎝ D ⎠ 2
Com tamanha viscosidade, o escoamento do óleo é presumivelmente laminar, logo:
64 64μ
f = = e α2 = 2
Re ρV2 D
Substituindo na expressão acima e considerando que, para a vazão máxima, a pressão na entrada da
bomba será a mínima possível (= pbolha) obtém-se:
p atm − pbolha 32 μLV2 V22
+gH = + (α + K )
ρ ρD 2
2 e
2
Ou, em termos numéricos:
101000 − 1000 32 × 2 × 4 × V2 V22
+ 9 ,81 ×1 = + (2 + 0 ,5 ) ⇒ V2 = 2 ,27 m/s ⇒ Re = 80 laminar
950 950 × 0 ,075 2 2

2,27 × π × 0,075 2
Portanto a vazão máxima será: Q = = 10 L/s = 36 m 3 /hora
4

(Se os termos quadráticos em V2 fossem desprezados, o resultado seria V2 = 2,4 m/s).


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4) Alguns segundos após seu lançamento horizontal, uma “gaivota” de papel (massa M) está
planando no ar em movimento retilíneo uniforme com velocidade constante Vp (observe a
trajetória inclinada descendente indicada na figura) – sem nenhum tipo de motor ou propulsão.
Se, em determinado instante ela está a uma altura H = 3m, qual distância L ela percorrerá antes
de aterrisar? Com que ângulo (θ) ela atinge o solo?

Vp Aw
g b
H
c

Coeficiente de Sustentação CL = 1,2. Coeficiente de Arrasto CD = 0,2. A área de referência para sustentação
e arrasto é a área planificada da asa Aw mostrada na figura, onde c = 30 cm e b = 20 cm.

Na medida em que a “gaivota” desce, ela perde energia potencial gravitacional e ganha energia cinética?
Sim/Não? Por que?

Solução:

Força de Sustentação FL = CLAw ρVp 2/2 FL


FD
Força de Arrasto FD = CDAw ρVp 2/2
θ
Equilíbrio de forças:
θ Vp
(transversal : condição de planeio governada pela sustentação – contrapor-se à gravidade)

FL = Mg.cosθ
Mg

(in-line – resistência ao movimento, dissipação de energia, contrabalançada pela gravidade)

FD = Mg.senθ

Resulta em duas equações para as variáveis θ e Vp:

Mg.senθ = CDAw ρVp 2/2 e Mg.cosθ = CLAw ρVp 2/2

(há várias maneiras de resolvê-las; uma delas seria tomar a razão das duas, eliminando os fatores comuns)

tg θ = CD/CL = 0,2/1,2 = 1/6

sendo: H
θ
H/L = tg θ L = 6H = 18m L
ainda:
θ = arctg(0,166..) = 9,46o

Resposta – a energia cinética permanece constante, devido à contínua dissipação de energia causada pela
viscosidade (que gera a força de arraste), que é exatamente igual à variação da energia gravitacional.

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