PROF. DR. MAIRAN GONÇALVES MAIA JUNIOR PROF. ASSISTENTE DR. FELIPE CURY
DIREITO DE SUPERFÍCIE
SEMINÁRIO 3
1. Explique quais são as semelhanças e as diferenças entre a
locação e o direito de superfície. Na ótica do possuidor direto (superficiário e locatário), quais são as vantagens práticas em outorgar o direito de superfície, em comparação com o contrato de locação.
R: São diversas as diferenças entre a locação e o direito
de superfície.
1ª. A primeira e mais aparente é quanto ao seu instituto,
pois enquanto a superfície é direito real de gozo ou fruição (incidente sobre a coisa, nesse caso o imóvel), a locação é direito obrigacional (incidente sobre o contrato firmado entre locador e locatário).
2ª. Vê-se que a superfície é um direito mais consolidado
e duradouro do que a locação, é por isso que para que ela exista é necessário seu registro no Cartório de Registro de Imóveis, mediante escritura pública e o pagamento do ITBI no valor de 2% do valor do imóvel, enquanto que a locação pode ser firmada por simples
ALLAN VIEIRA SANTANA RA00188031-NB8
instrumento particular e inexiste pagamento de imposto, com eventual registro no Cartório de Imóveis.
3ª. Outra diferença relevante é que o valor pago ao
direito de superfície é fixo, sendo pago à vista ou parcelado, enquanto o valor pago à locação é mensal – na forma de aluguel – e atualizado anualmente.
4ª. A superfície até pode ser gratuita, mas a locação não,
ela é sempre onerosa.
5ª. A superfície pode durar por tempo indeterminado
ou determinado (nesse caso prorrogável somente com ajuste e de comum acordo). Já a locação só por tempo determinado, salvo se passado mais de 5 anos, pois nesse caso é possível a prorrogação judicial.
6ª. O superficiário é responsável pelo pagamento dos
encargos e tributos inerente à qualidade de proprietário, diferente do locatário que apenas paga àquilo que fora acordado no contrato de locação.
7ª. Uma das características marcantes do direito de
superfície é a possibilidade de cessão a terceiros pelo superficiário, sem anuência do proprietário, o que é vedado ao locatário, afinal o locatário precisa da anuência do locador para sublocar.
Na ótica do superficiário é mais vantajoso outorgar o
direito de superfície por conta da abrangência, afinal é possível construir e plantar sobre o imóvel, e por conta da segurança jurídica, no qual a força das vontades entre as partes é mais latente, em razão de ser um direito real. O que se faz necessário, na prática, é o que o superficiário deseja, se uma relação pormenorizada e ALLAN VIEIRA SANTANA RA00188031-NB8 muito bem negociada, como é o direito de superfície, ou uma relação sem muitas pretensões, como é a locação, praticamente avençada mês a mês, sendo mais flexível e por isso insegura.
2. É possível a aquisição do direito de superfície por usucapião,
seja na forma ordinária como na extraordinária? Em sendo possível, citar exemplos.
R: Não há menção expressa no Código Civil brasileiro a
respeito da aquisição do direito de superfície por usucapião, portanto é possível que tal omissão seja intencional. No entanto, há uma situação que pode sustentar o cabimento de usucapião. Tal situação é quando eivado o justo título, de aquisição do direito de superfície, de nulidade e o possuidor direto que rogado de boa-fé e justo-título em mãos, há pelo menos 10 anos sobre a posse direta da superfície, pode pleitear a usucapião pela forma ordinária, e adquirir-lhe a propriedade.
3. Qual a consequência para o descumprimento do direito de
preferência inerente ao direito de superfície? É possível reivindicar a própria coisa de terceiro ou caberá unicamente indenização?
R: A consequência para o descumprimento do direito de
preferência, previsto no art. 1.373 do Código Civil, é o pagamento pelo fundieiro de perdas e danos para o superficiário, se este não fora notificado pelo fundieiro ,por isso diz o enunciado 510 da CJF que “ao superficiário que não foi previamente notificado pelo proprietário para exercer o direito de preferência previsto no art. 1.373 do CC/2002 é assegurado o direito de, no prazo de seis meses, contado do registro da alienação, adjudicar para si o bem mediante depósito do preço.”