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Apresentaremos as tecnologias utilizadas na educação e no ensino das artes, tendo como

referencia o acervo do antigo museu pedagogico da Escola Caetano de Campos, que foi uma
escola modelo.Para compreendermos a historia dos instrumentos tecnologicos , tentar-se-á
inseri-los na cultura material da qual não podem ser separados

Analisaremos os filosofos e educadores que foram referencia na reforma do ensino publico, a


partir da Republica Velha.

Primeira exposição pedagogica do Rio de Janeiro (1883)

Cultura Material- arqueologos e historiadores utilizam mais tal expressão. Entretanto J. Perez
adverte que os arqueologos “ não a definem, ou pelo menos não dão uma definição nominal
que dê conta brevemente e de maneira adequada da significação da expressão. Eles se limitam
a empregar a noção como se os termos pelos quais é designada bastassem para defini-la, sem
outra explicação”

Isso por que estes especialistas preocupam-se em levar “sobretudo a circunscrever o campo de
pesquisa e a precisar o projeto proposto ao estudo da vida material”

O empreendimento de uma analise historica e critica das funções das tecnologias do ensino a
partir do acervo do antigo museu pedagogico da Escola Caetano de Campos, bem como a
relação com a área das artes visuais e seu ensino, torna-se um desafio diante da tentativa de
redescobrir como tais instrumentos foram utilizados; acervo em estado precário atualmente e
que vem sendo destruido pelo abandono e irresponsabilidade de dirigentes que aplicam
politicas inadequadas de preservação- contem ainda mais de 100 anos da cultura material da
escola publica de são paulo.

O reencontro com estes instrumentos relegados e esquecidos denunciam que são mais que
um utilitario insignificante, mas um aspecto significativo da cultura material. Salienta-se que
estes objetos “ manisfestam um certo modo de entender e praticar o ensino, além de
instruirem um discurso e um poder, eles informam valores e concepções subjacentes à
educação e são tomados muitas vezes como possibilidade e limite do processo ensino-
aprendizagem

A existencia de uma multiplicidade e abundancia de materiais escolares está relacionado a


determinadas teorias pedagogicas. Desta menira, tais objetos fizeram parte das grandes
questões do ensino intuitivo acerca da organização pedagogica do ensino na reforma publica

Ensino intuitivo-educação pelos sentidos desenvolvida por Pestalozzi em meados do século


XVIII. Graças aos seus discipulos , este metodo “ difundiu-se na Alemanha a partir de 1825 e ao
longo do século XIX, por toda a Europa e Estados Unidos, chegando a ser considerado o
metodo pedagogico por excelencia

Assim, como desassociar o estudo do método intuitico de seus instrumentos e museus


pedagógicos? Segundo o dicionario de Buisson, museu pedagógico é definido como uma
instituição que abrange , de uma parte, uma biblioteca de obras de educação e de
administração escolar, como de obras classicas propriamente ditas; de outra,, coleções
materiais de ensino e mobiliario escolar. E o verbete “ museu escolar” aplica-se à coleção de
toda a natureza constituida pelo mestre com vista ao ensino. Assinala, principalmente, os
objetos usuais que o mestre utiliza no processo de ensino conhecido por lições de coisas

Rio de Janeiro foi palco da primeira exposição pedagogica do Brasil, que se realizou de 29 de
julho a 30 de setembro de 1883, com o objetivo de “ dar a conhecer as novidades pedagógicas
nacionais e internacionais e implementar a renovação do ensino no país”

Este acontecimento apresenta o interesse dos nossos intelectuais com relação ao progresso do
ensino publico, no periodo anterior a Proclamação da república.

Collichio faz uma breve discrição daquela Exposição:

No recinto, conferências improvisadas levantaram problemas, discutiram a situação do ensino


e propuseram soluções. O material exporto por algumas escolas brasileiras revelou notavel
empreendimento no setor do ensino particular, com a utilização de metodos pestalazzianos e
froebelianos, apoio de laboratorios de física e química, uso amplo de mapas cartograficos,
material de ginastica, bibliotecas, museus e caixas econômicas.

No livro imagens do Brasil, de Carl Von Koseritz, podemos encontrar relatos de sua vvisita à
exposição Pedagógica do Rio de Janeiro.( Jornalisra e politico alemão que veio ao Brasil com 21
anos) Ele salienta que foi uma grande exposição e ocorreu no edificio da imprensa nacional,
um admiravel pálacio que entre os grandes edificios do Rio ocupa um lugar de honra. Collicho
acrescenta : “ A exposição alcançou visitação incomum de escolares, elementos da sociedade,
do ensino e do Governo” ainda informa que estava previsto um notável Congresso da
instrução que foi cancelado
às vesperas de sua abertura, devido ao boicote dos republicanos contra o evento.

Esta situação se radicalizou com a nomeação do conde D’Eu para a Presidência do congresso,
no dia 23 de dezembro, koscritz o descreve “como homem esguio e feio,que fala mal e que
parece tão tedioso quanto o seu discurso. Um homem obscuro e honrado, e vivia como
médico sem clientes”

D. Pedro II vinha sofrendo constante pressão por parte dos republicanos. Tentava formar os
membros do ministério, fato este que se deu em 24 de maio de 1883

KOSERITZ

“ Devo acentuar que o imperador perdera o sono nas ultimas três noites , tanto o aflingiu a
situação, na verdade grave, pois o pais esteve dez dias sem governo. Se fosse sua intenção
dissolver a câmara e chamar os conservadores nada teria sifo mais fácil, mas disto ele quis
saber, sob nenhuma condição. Desejou que as necessáraias reformas fossem conduzidas pelos
liberais.
A alegação para o concelamento do congresso foi que a verba utilizada para o evento era
oriunda dos donativos à instituições públicas por particulares, de acordo com a lei do
orçamento, porém , com a formação de um novo ministerio, o ministro considerava necessário
um pedido de aprovação da Assembleia para as despesas já realizadas pela mesa do congresso
e uma verba de impostos para despesas excedentes do evento, a referida mesa deliberou,
assim se constituiu uma nova comissão, encarregada de, exclusivamente com verbas de
donativos particulares coletados, dar continuidade
à execução da Exposição Pedagógica.

Em virtude da precariedade do ensino publico primario, a comissão organizadora sabia da


necessidade de estes dois eventos acontecerem simultaneamente. “o congresso de instrução e
exposição pedagogica, funcionando ao mesmo tempo e no mesmo edificio, eram duas
instituições que reciprocamente se completariam” Assim, o cancelamento do congresso, a
exposição perdeu importantes funções contextuais, ilustrativas e exemplificativas dos métodos
e questões que seriam debatidos. Restringiu-se então a interpretação desta exposição aos
visitantes que não fossem detentores de tais conhecimento ( pela falta de preparo do corpo
docente e as precárias condições de instrução publica que o congresso abordaria)

Para as escolas do governo e os respectivos professores não haverá seguramente nenhuma


utilidade. Estes senhores e senhoras se apresentam ali com seus alunos e alunas que
atravessam a sala em fila dupla e a passo de ganso, de olhos baixos e sem parada, sem nada
observar. Os preofessores também não veem nada, eles acompanham seus alunos no passeio
e as coisas expostas não lhes provocam o menor interesse

Como o pais tem 6 mil escolas públicas e uma coleção complera para instrução não custa
menos de 500 mil, seria necessária uma despesa anual de 3 mil contos, porque os objetos no
correr de um ano se estragram ou ficam fora de uso. Este é um encargo que o governo não
pode assimir e assim as escolas públicas nada aproveitarão da exposição

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