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O que é um IPO?
IPO é uma sigla (do inglês “initial public offering”). Em português, IPO pode ser
chamado de oferta pública inicial de ações. Este nome é utilizado para
caracterizar quando as empresas, pela primeira vez, listam as suas ações ao
público em geral, ofertando as suas ações na Bolsa de Valores.
É sempre uma excelente notícia ter novas ações vindo à Bolsa de Valores, visto
que isto se traduz em mais opções de investimento. Após um ano de 2018 com
um número de IPOs abaixo do esperado, novas empresas se preparam para vir
ao mercado em 2019.
Uma oferta primária ocorre quando novas ações são emitidas e, de fato, entram
recursos líquidos para a empresa utilizar em suas operações.
Relatório de IPO
caixa da empresa, mas sim um pagamento de recursos aos acionistas
vendedores.
No caso deste IPO, a maior parte das ações negociadas dizem respeito a uma
oferta secundária. Considerando a oferta base, do total de 70.854.983 ações a
serem negociadas, 51.960.321 serão de atuais acionistas vendendo suas
posições. Ou seja, 73% da oferta será secundária, o que é um número bastante
elevado. Os acionistas vendedores dispõem ainda de dois dispositivos,
chamados de lote adicional e lote complementar. O lote adicional está à
disposição para venda caso os acionistas vendedores optem por assim fazê-lo.
Já o lote suplementar pode ser utilizado somente em caso de excesso de
demanda da oferta, quando os atuais acionistas novamente podem vender mais
uma quantidade de ações. Caso o lote adicional e o lote complementar sejam
exercidos, o percentual da oferta secundária em relação à oferta total será ainda
maior.
Fonte: Prospecto
Fonte: Prospecto
Relatório de IPO 2
Considerando o preço médio de R$ 23,29, a empresa irá captar, a partir da oferta
primária, ou seja, irá entrar para o caixa da companhia, o total de R$ 407 milhões.
Segundo a Vivara, este recurso será utilizado para: Abertura de lojas físicas
(65%), expansão do parque fabril (15%), lançamento de uma nova marca
(12,5%) e investimento em tecnologia e inovação (7,5%).
História
Com o término da Segunda Guerra Mundial, a família Kaufman, de origem
romena, decidiu imigrar para o Brasil. Com várias gerações de experiência em
joalherias, a família era constituída por ourives habilidosos e decidiu investir
nesse setor para se estabilizarem no país.
Dessa forma, a primeira loja Vivara foi inaugurada, no centro de São Paulo, no
ano de 1962. A proposta inicial era criar peças de excelência para que pudessem
deixar a sua marca dentro do mercado de joalherias brasileiro.
Relatório de IPO 3
Em 2003, a marca já contava com 47 lojas espalhadas por todo o território
brasileiro. Nesse ano, a Vivara inaugurou a sua maior e mais luxuosa unidade,
localizada no Shopping Morumbi.
Desse modo, com o passar dos anos, a companhia foi investindo cada vez mais
em marketing, apostando em nomes como Gisele Bundchen, Grazi Massafera e
Isabeli Fontana como garotas-propaganda da marca.
Fonte: RI da empresa
Perfil corporativo
A Vivara hoje é uma companhia líder em market share no varejo especialista em
joias e relógios no Brasil. Essa liderança abrange tanto o aspecto de receita
líquida quanto em termos de número de lojas físicas e próprias.
Relatório de IPO 4
A empresa tem uma excelente reputação no site “Reclame Aqui” para o seu
segmento físico e uma boa reputação para o segmento online. Ainda, a
companhia foi premiada 3 vezes como tendo o melhor atendimento ao
consumidor na categoria “Joalherias e Relojoarias” pela Associação Brasileira de
Lojistas de Shopping. O fato de a empresa possuir um bom relacionamento com
o seu consumidor é algo extremamente positivo.
Fonte: Prospecto
Relatório de IPO 5
democrático e reconhecimento, a Vivara possui uma faixa de preço que pode
variar desde R$ 150,00 a mais de R$ 100.000,00.
Essa flexibilidade, no entanto, deve ser muito bem gerida pela gestão da
companhia. Isto pois, ao popularizar em excesso a sua marca, a empresa corre
o risco de perder o seu status de produto premium, o que é essencial para uma
marca de joias.
Relatório de IPO 6
Vantagens competitivas
• Posição de liderança no setor de joalheria no Brasil: como já foi dito, a
Vivara possui uma posição de destaque dentro do mercado de joalherias
no Brasil. Esse posicionamento favorece a execução do modelo de
negócios verticalizado e coloca a companhia em uma posição privilegiada
para melhor se aproveitar das oportunidades proporcionadas pelo
mercado.
Porém, cabe ressaltar que o segmento de joias nos Estados Unidos passa por
uma desaceleração do seu crescimento. De 1961 a 1980, o setor cresceu 11,8%
Relatório de IPO 7
ao ano, de 1980 a 2000, cresceu 6,4% ao ano e, de 2000 até 2018, cresceu
somente 2,5% ao ano.
Esta desaceleração vista nos Estados Unidos pode se dever ao fato de que os
indivíduos estão buscando, cada vez mais, gastar a sua renda com serviços ao
invés de bens de consumo, em especial os bens que podem ser considerados
supérfluos, como é o caso das joias.
Mesmo com essa desaceleração nos Estados Unidos, o segmento de joias ainda
é bastante relevante. No Brasil, a “Euromonitor Internacional” projeta um
crescimento de 4,8% ao ano nos próximos 5 anos para o setor de joias finas.
Já a receita líquida dos seis primeiros meses de 2019 foi de R$ 523,7 milhões,
incremento de 12,8% frente ao mesmo período de 2018. Esse aumento na receita
foi devido à maturação das 15 lojas abertas nos últimos 12 meses, bem como ao
crescimento nas vendas das mesmas lojas.
Fonte: Prospecto
Relatório de IPO 8
O EBITDA ajustado atingiu R$ 223,2 milhões no ano de 2018, praticamente
estável em relação ao ano de 2017. Já em relação ao primeiro semestre de 2019,
o EBITDA ajustado totalizou R$ 99,77 milhões, aumento de 9% em relação aos
seis primeiros meses de 2018.
Por fim, o lucro líquido dos primeiros seis meses do ano de 2019 foi de R$ 186
milhões, contra R$ 76,8 milhões reportados no mesmo período do ano anterior.
Esse resultado, expressivamente maior no lucro líquido, se deveu ao não
recorrente referente a um ganho da ação de exclusão do ICMS da base
PIS/COFINS no valor de R$ 103,7 milhões.
Fatores de risco
• A companhia pode não responder de forma rápida e bem-sucedida às
mudanças nas tendências da moda: A Vivara compete com outras lojas
de varejo em relação a estilo, qualidade, preço, experiência de compra,
localização, entre outros fatores. Desse modo, as vendas da empresa
dependem de sua habilidade em gerenciar estoques, prever, identificar e
responder com rapidez às mudanças nas tendências da moda e nas
preferencias do consumidor.
Relatório de IPO 9
Valuation
A Vivara será a primeira empresa de joias a figurar na Bolsa de Valores. Dessa
forma, a principal base de comparação para a sua precificação tende a ser com
companhias do mesmo setor listadas fora do país.
A relação valor de mercado / receita estaria em 4,5 vezes a receita. Isto indica
quantas vezes mais a companhia vale em relação à sua receita anual.
P/L
22,57
20,05
9
6,13
O fato é que a Movado e Signet possuem operações que podem ser consideradas
distintas da Vivara. Também elas são muito distintas no que se compara à
rentabilidade e margens, sendo a Vivara muito mais efetiva.
Relatório de IPO 10
Sendo assim, iremos concentrar as nossas comparações com a Tiffany, uma
empresa consolidada, com presença global e que possui uma marca muito forte.
Vivara vs Tiffany
22,57
21,34
20,05
12,82
5,65
4,5
3,48
2,55
Tiffany Vivara
Fica claro que a Vivara negocia com um valuation mais caro em todas as
métricas. É fato que a empresa brasileira possui um grande potencial de
crescimento com a abertura de novas lojas e retomada do consumo no Brasil,
além de possuir um ROIC maior que a Tiffany, o que justifica uma maior relação
P/VP.
Há duas varejistas no Brasil que atuam com níveis de margem Ebitda e ROIC
similares aos registrados pela Vivara, são elas: Lojas Renner e Arezzo.
Relatório de IPO 11
A Lojas Renner negocia a cerca de 38 vezes o lucro e a Arezzo negocia a cerca
de 30 vezes o lucro. Lembrando que a Vivara tende a vir ao mercado por cerca
de 22,5 vezes o lucro projetado para 2019.
Conclusão
É inegável que a Vivara se trata de uma excelente empresa. A companhia possui
algumas características de que nós gostamos bastante, como margens altas e
alta rentabilidade sobre o capital. Além disso, a empresa tem conseguido elevar
o seu número de lojas, nos últimos 8 anos, de forma muito relevante, e deve
seguir em ritmo de crescimento, se aproveitando da retomada do consumo no
Brasil.
Outro fator que nos leva a não recomendar a ação no momento é um fato da
grande parte da operação ser derivada do mercado secundário, com os principais
acionistas vendendo uma quantidade expressiva de ações. Com isso, apenas
uma pequena parcela do IPO estará indo para o caixa da empresa. Gostaríamos
de observar uma oferta com mais saldo de oferta primária e que, assim, a
empresa fosse capaz de realizar um plano de expansão mais agressivo.
Relatório de IPO 12