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EMPRESARIAL II
Introdução
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), criada pela Lei nº. 6.385, de 7 de
dezembro de 1976, é, em síntese, uma entidade supervisora do sistema
financeiro nacional que fiscaliza as sociedades por ações, podendo ser
considerada o Banco Central do mercado mobiliário no Brasil.
A CVM tem como objetivos estimular investimentos, assegurar o
funcionamento da bolsa de valores, proteger acionistas contra emissão
fraudulenta e fiscalizar e fortalecer o mercado de ações. Por meio dessa
autarquia, são viabilizados diversos valores mobiliários, como ações,
debêntures e quotas de investimento.
Neste capítulo, você vai ler sobre a CVM, o seu papel perante as so-
ciedades anônimas, as suas atribuições e a sua estrutura.
A CVM foi criada em pleno regime militar. Segundo Vidor (2016, p. 31):
Poderes sancionatórios.
Poder de examinar e extrair cópias de registros contábeis,
livros ou documentos, de pessoas naturais e jurídicas que
Principais integram o sistema de distribuição de valores mobiliários e das
prerrogativas companhias abertas.
conferidas por Requisitar informações de órgão público, autarquia ou
lei à CVM empresa pública.
Poder de apurar, mediante processo administrativo, atos ilegais.
Suspender a negociação de valores determinados ou decretar o
recesso da Bolsa de Valores.
Art. 1º [...]
I — a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado;
II — a negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários;
III — a negociação e intermediação no mercado de derivativos;
IV — a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas de Valores;
V — a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas de Merca-
dorias e Futuros;
VI — a administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários;
VII — a auditoria das companhias abertas;
VIII — os serviços de consultor e analista de valores mobiliários (BRASIL,
1976, documento on-line).
consultiva;
fiscalizadora;
registrária;
de fomento;
regulamentar.
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4 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
Além disso, nos termos do art. 15, § 1º, da Lei nº. 6.385/1976, compete à
CVM definir (BRASIL, 1976):
advertência;
multa;
inabilitação temporária, até o máximo de 20 anos, para o exercício de
cargo de administrador ou de conselheiro fiscal de companhia aberta,
de entidade do sistema de distribuição ou de outras entidades que de-
pendam de autorização ou registro na CVM;
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 5
R$ 50 milhões;
o dobro do valor da emissão ou da operação irregular;
três vezes o montante da vantagem econômica obtida ou da perda
evitada em decorrência do ilícito;
o dobro do prejuízo causado aos investidores em decorrência do ilícito.
Art. 19 [...]
I — a utilização de listas ou boletins de venda ou subscrição, folhetos, pros-
pectos ou anúncios destinados ao público;
II — a procura de subscritores ou adquirentes para os títulos por meio de
empregados, agentes ou corretores;
III — a negociação feita em loja, escritório ou estabelecimento aberto ao
público, ou com a utilização dos serviços públicos de comunicação (BRASIL,
1976, documento on-line).
Valores mobiliários
São valores mobiliários os títulos que a sociedade anônima emite para obtenção
dos recursos de que necessita, como:
debêntures;
partes beneficiárias;
bônus de subscrição.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 9
Coelho (2016, p. 179) afirma que os “Valores mobiliários podem ser defi-
nidos, inicialmente, como ‘títulos de investimento’ que a sociedade anônima
emite para obtenção dos recursos de que necessita”.
No início da década de 1970, eram poucos os valores mobiliários atin-
gidos pela CVM. A Lei nº. 6.385/1976 não trazia detalhes sobre o conceito
de valor mobiliário e consideravam-se apenas os títulos privados, emitidos
por sociedades anônimas e expressamente previstos pela Lei de Sociedades
por Ações (BRASIL, 1976). Segundo Silva ([20--?], documento on-line), “A
Lei nº. 6.385/76, em suas primeiras versões, não apresentava expressamente
um conceito de valor mobiliário, optando por estabelecer um rol de ‘valores
mobiliários sujeitos ao seu regime’”.
Porém, com o decorrer do tempo, passou-se a ampliar o conceito de valor
mobiliário, aumentando também a fiscalização pela CVM, de forma que a lei
não diz mais que os valores mobiliários são criados ou emitidos por sociedades
anônimas. A lei ainda reconhece expressamente como valores mobiliários
os títulos que podem ser emitidos por sociedades limitadas, como nas notas
comerciais, ou por entidades sequer constituídas sob a forma de sociedade,
como as cotas de fundos de investimento em valores mobiliários.
Nos termos do art. 2º da Lei nº. 6.385/1976, são valores mobiliários:
Art. 2º [...]
I — as ações, debêntures e bônus de subscrição;
II — os cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento
relativos aos valores mobiliários referidos no inciso II;
III — os certificados de depósito de valores mobiliários;
IV — as cédulas de debêntures;
V — as cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de clubes
de investimento em quaisquer ativos;
VI — as notas comerciais;
VII — os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos
subjacentes sejam valores mobiliários;
VIII — outros contratos derivativos, independentemente dos ativos subja-
centes; e
IX — quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos ou contratos
de investimento coletivo, que gerem direito de participação, de parceria ou
de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendi-
mentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros (BRASIL, 1976,
documento on-line).
10 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
Além disso, nos termos do art. 8º da Lei nº. 6.385/1976, compete à CVM:
Art. 8º [...]
I — regulamentar, com observância da política definida pelo Conselho Mo-
netário Nacional, as matérias expressamente previstas nesta Lei e na lei de
sociedades por ações;
II — administrar os registros instituídos por esta Lei;
12 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
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Ao presidente, incumbe:
Por meio do Ofício Circular nº. 11, de 19 de setembro de 2018, a CVM diz quais fundos
podem investir indiretamente em criptomoedas no exterior. Veja mais a respeito
acessando o link abaixo.
https://qrgo.page.link/KK2Ay
TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial: teoria geral e direito societário. 8. ed. São
Paulo: Atlas, 2017. v. 1.
VIDOR, G. A história da CVM pelo olhar de seus ex-presidentes. Rio de Janeiro: ANBIMA;
BM&FBOVESPA, 2016.
Leituras recomendadas
BRASIL. Decreto nº. 6.382, de 27 de fevereiro de 2008. Aprova a estrutura regimental e
o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções gratificadas da CVM,
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 fev. 2008. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6382.htm.
Acesso em: 24 jun. 2019.
BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedade por Ações.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 24 jun. 2019.