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SISTEMA FONATÓRIO: ANATOMOFISIOLOGIA E PATOLOGIAS

O Sistema Fonatório possui uma anatomia complexa que engloba o osso


hioide, a laringe e estruturas que se associam em que é necessário o
conhecimento básico para compreender e inferir sobre as patologias que
acometem esse conjunto. Ligamentos, membranas e músculos se associam ao
osso hioide para movimentos de elevação, abaixamento, anteriorização e
posteriorização da laringe.
Na laringe encontram-se nove cartilagens sendo elas a tireóidea, epiglote,
cricóidea, aritenóideas, corniculadas e cuneiformes, juntamente associadas às
membranas e ligamentos. Duas articulações laríngeas são importantes a
Cricoaritenóidea e a Cricotireóidea, pois proporcionam importantes movimentos
para a fonação.

.A membrana intrínseca da laringe forma duas porções em que são formados


importantes ligamentos em seus rebordos, o ventricular e o vocal, na
membrana quadrangular e no cone elástico respectivamente.

Os músculos da laringe possuem importante papel na fonação, os intrínsecos


compreendem o Tireoaritenóideo (TA) conhecido como músculo do grave, o
Cricoaritenóideo posterior é o único musculo abdutor das pregas vocais, o
Cricoaritenoideo lateral em ação conjunta aos músculos aritenóideos oblíquos
e transversos realizam o movimento de adução das pregas e o Cricotireóideo
conhecido como músculo do agudo devido movimento da tireóide e resultante
tensão nas pregas vocais. Os músculos extrínsecos podem ser supra-hióideos
como o Digástrico e o estilo-hióideo, ou infra-hióideos como Tireo-hióideo e
esterno-hióideo. A inervação da laringe envolve quatro nervos cranianos, o
facial (VII), o hipoglosso (XII), o trigêmeo (V) e o vago (X).
A laringe é a principal estrutura do sistema Fonatório, a mesma realiza
duas funções principais ou biológicas: mecanismo de proteção e válvula
durante a fixação torácica. Dentre os conceitos básicos está pressão subglótica
(componente crucial na mecânica das pregas vocais). Além de suas funções
especificas, a laringe pode realizar dois ajustes fundamentais para regular o
tom da voz, dentre eles esta a Tensão Longitudinal, que se refere á
quantidade de tensão que é gerada pelas mudanças no comprimento das
pregas vocais; e a Compressão Medial, que se refere á pressão gerada pela
adução das pregas vocais. Os músculos, especificamente os Intrínsecos,
realizam a adução das pregas gerando a fonação. O processo de fonação pode
ser dividido em duas fases; a fase Pré-fonação, período de tempo durante o
qual as pregas vocais se movem para uma posição quase que aduzidas, e a
fase de Ataque, que começa no momento em que as pregas estão aduzidas.
Diante da avaliação da fisiologia da fonação referente a atividade de fala típica,
existem ainda outras formas de atividade vocal, com por exemplo, falar ou
cantar em falsete, no qual a mesma envolve a produção de frequências da
extremidade superior da tessitura vocal, e a fisiologia do Sussurro, realizada
pela contração dos cricoaritenóideos laterais.
Os distúrbios da voz são discutidos a partir de uma perspectiva etiológica e são
categorizados em psicogênico ou orgânico. Ospsicogênicos podem ser
subsequentes ou sintomas de distúrbio de personalidade e ajuntamentos como
o estresse e a ansiedade. Enquanto que, os distúrbios orgânicos são descritos
como consequência de lesões ou condições neurológicas, tendo a presença de
doença estrutural ou fisiológica. Algumas etiologias orgânicas que geram
consequências na voz do paciente são: inflamação, tumores e traumas. Os
casos de distúrbios da voz acontecem de forma temporária ou permanente, e
podem acometer as pessoas de qualquer faixaetária. Nas crianças é frequente
o diagnóstico de nódulos vocais, nos adolescentes são geralmente
encontrados casos de papiloma e nos idosos é frequente a presbifonia mais
associadaadoençasdo que deterioração fisiológica. Em relação à prevalência a
rouquidão e nódulos vocais são os principais distúrbios de voz encontrados na
população.

Paralisia de prega vocal:


A paralisia de prega vocal pode ocorrer a partir de lesões em qualquer ponto
da trajetória do nervo vago que envolva a inervação laríngea. Pode ser definida
como uni ou bilateral. A paralisia unilateral é mais comum, com causas
neoplásica, traumáticas e idiopáticas, apresenta voz rouca e soprosa, porém
sem obstrução da via respiratória e, qunado necessário consiste em
procedimentos cirúrgicos para aduçãodas pregas vocais.
A paralisia bilateral é decorrente de traumas, cirurgias, doenças
neuromusculares e neurodegenerativas, suas características são voz de boa
qualidade, porém com limitação na intensidade e modulação, já a via
respiratória é inadequada, seu tratamento consiste no reestabelecimento de
uma via respiratória adequada.

A Laringite consiste na inflamação da laringe, podendo ser aguda ou crônica.


Dentre as causas da aguda estão as infecções das vias aéreas superiores, o
esforço vocal, reações bacterianas e alérgicas. A laringite crônica, geralmente
tem causas associadas a substâncias irritantes com o decorrer do tempo,
podendo causar tensões, tumores e lesões das pregas vocais, associadas ao
tabagismo, uso excessivo da voz, abuso de álcool, dentre outros. Alguns dos
sintomas são: afonia, diplofonia e rouquidão. O tratamento ocorre por meio do
uso controlado da voz e acompanhamento médico.
A Disfonia espasmódica define-se como um distúrbio de voz advindo
de movimentos involuntários de um ou mais músculos da laringe ou do trato
vocal. Causa alteração na voz com quebra de sonoridade. A disfonia pode ser
adutora, com o fechamento das pregas vocais, onde a voz é forçada, e a
abdutora, onde as pregas se abrem, devido aos espasmos, culminando em
escape de ar para os pulmões, sendo assim, apresenta voz fraca, sussurrada e
soprosa. Tem início a partir dos trinta anos e as mulheres são mais afetadas.
De causa desconhecida, seu tratamento inclui a terapia vocal, cirurgia injeção
de pequenas quantidades de toxinas botulínicas nos músculos da laringe, para
o enfraquecimento da contração.
A laringe é dividida em três partes: a supraglote, subglote e a glote, onde
prevalece o câncer mais comum que é na prega vocal. O sintoma mais
frequente é a rouquidão, porém pode apresentar soprosidade, baixo pitch,
afonia intermitente, diplofonia, sensação de nódulo na garganta e dispneia. A
causa é desconhecida, mas alguns fatores de risco são a inalação de
substâncias cancerígenas, a exemplo do tabaco e álcool. O tratamento se
baseia de acordo com a localização e a extensão do câncer, através de
cirurgia, radioterapia e ou quimioterapia. A laringectomia total implica na perda
da voz fisiológica e em traqueostomia definitiva. Mesmo em pacientes
submetidos à laringectomia total é possível a reabilitação da voz com o uso de
próteses fonatóriastráqueo-esofágicas.
Úlceras de contato:
As úlceras de contato são feridas abertas na membrana mucosa que envolve
as cartilagens, às quais as pregas vocais estão associadas. Elas podem ser
provocadas ou agravadas pelo abuso vocal, refluxo gastroesofágico e
intubação endotraqueal podendo tornar-se granulamos. Os sintomas são: dor
na área laríngea posterior, soprosidade, baixo pitch, e afonia intermitente.
O tratamento consiste no repouso vocal. Para evitar reincidências é
importante a fonoterapia. Se a pessoa tiver refluxo gastroesofágico, o
tratamento inclui em tomar antiácidos, e, antibióticos podem ajudar a prevenir
infecções bacterianas, enquanto as úlceras cicatrizam.

Tremor vocal:
O Tremor vocal é incluído na categoria de síndromes associadas a outros
sinais neurológicos. Entre as síndromes neurológicas o tremor essencial é a
patologia de maior prevalência sendo uma doença do sistema nervoso central,
geralmente genética e acomete adultos com mais de 45 anos. Possui casos
leves, na qual o tremor vocal apresenta-se perceptível em vogais prolongadas,
e casos mais severos com tremor perceptível em todas as tentativas. Os
principais sintomas são: entonação trêmula, quebras de fonação, tremor rítmico
e laringoespasmos em casos severos. O tratamento se baseia em uso de
medicação que pode resultar em alguma melhora e a terapia de voz.
Granuloma:
O granuloma apresenta coloração amarelada, esbranquiçada ou avermelhada
de forma variável. Essa lesão é encontrada na superfície medial das pregas
vocais, recobrindo o processo vocal da cartilagem aritenóidea. Ele pode ser
unilaterais ou bilaterais e é resultado de lesões nas pregas vocais devido a
refluxo gastroesofágicoou danos da intubação endotraqueal. Apresenta
sintomas como soprosidade, baixo pitch, diplofonia, disfonia leve, tensão e som
metálico. O tratamento consiste em evitar irritação laríngea e repouso vocal,
pode ser necessária terapia vocal por um fonoaudiólogo. Muitos granulomas
desaparecem sem tratamento. Os granulomas que não desaparecem podem
ser removidos cirurgicamente, mas tendem a reaparecer.
Os cistos intracordais são sacos preenchidos por líquido,localizados na
superfície das pregas vocais, geralmente unilaterais (quando bilaterais não
pareados), advindos de alguma obstrução de canal. A voz apresenta pitch
baixo, tensão, aspereza, soprosidade e diplofonia. O tratamento depende do
tamanho da lesão, grau da disfonia, demanda vocal e expectativa do paciente.
Como normalmente o cisto vocal está acompanhado de postura vocal
inadequada, a fonoterapia é uma opção quando a lesão é pequena e não
compromete o fechamento glótico ou deforme a borda livre da prega vocal. Em
casos de cistos volumosos, o tratamento cirúrgico se faz necessário.
A intervenção visa a retirada completa do cisto com agressão mínima à
mucosa sadia.
Nódulos vocais:
Nódulos vocais são lesões inflamatórias fonotraumáticas que ocorrem
habitualmente devido a abuso ou uso incorreto da voz durante a fala ou canto.
Ocorrem principalmente em crianças do sexo masculino, mulheres jovens e
profissionais da voz. Infecções de vias aéreas superiores, alergia, distúrbios da
tireoide e refluxo faringolaríngeo podem estar associados à formação dos
nódulos. Os nódulos vocais, denominados popularmente como “calos”, estão
caracteristicamente presentes em ambas as pregas vocais, com aspecto
simétrico, e estão associados à rouquidão, soprosidade, perda de alcance
vocal (por exemplo, atingir os agudos durante o canto), bem como maior
esforço para falar gerando fadiga vocal. São lesões benignas que costumam
responder bem a exercícios de fonoterapia. O tratamento cirúrgico pode ser
indicado em casos específicos.

Papiloma:
O papiloma afeta a membrana mucosa do trato respiratório, caracterizando-se
por papilomas escamosos múltiplos e recorrentes, é parecido com verrugas e
tem forma e textura de framboesa. A laringe é o sítio mais comum de
papilomatose, sendo as pregas vocais e a subglote os locais mais acometidos.
Acredita-se que as lesões sejam de etiologia viral, atribuída ao vírus do
papiloma humano (HPV), sendo a causa mais comum de tumores laríngeos
benignos. Os sintomas são: soprosidade, baixo pitch, tensão, afonia e
rouquidão. O tratamento consiste em quimioterapia, cirurgia e terapia de voz. O
laser de CO2 é o tratamento mais aceito para lesões na laringe, faringe e
traquéia superior, pois vaporiza a lesão com pouco sangramento e baixos
riscos de danos às pregas vocais. Papilomas pedunculados devem ser
removidos com pinças frias e técnica conservadora.
Pólipos vocais:
Os pólipos vocais podem ser divididos em dois tipos: pólipos
mucosos (gelatinosos ou fibrosos) e pólipos angiomatosos, os primeiros são
lesões translúcidas, de aspecto gelatinoso, amolecidas, insufladas e cheias de
material liquefeito. Já os pólipos mucosos fibrosos apresentam coloração
rósea ou esbranquiçada de paredes espessas. Pólipos angiomatosos são
lesões escuras, avermelhadas e apresentam vascularização abundante.
Geralmente, o paciente refere um quadro de disfonia persistente associado a
períodos de afonia aguda. O impacto da qualidade vocal depende do tamanho,
localização e mobilidade da lesão. A disfonia é variável, podendo se apresentar
como rouca, soprosa, “pitch instável” e dificuldade na variação de intensidade.
O tratamento do pólipo vocal é essencialmente cirúrgico e a fonoterapia após o
tratamento cirúrgico é importante na identificação, reconhecimento e remoção
de hábitos vocais indesejáveis, além de eliminar mecanismos compensatórios
previamente adquiridos.

PATOLOGIAS RESPIRATÓRIAS E NEUROLÓGICAS


Obstrução das Vias Aéreas:
Asmas
• Dificuldade em expirar o ar;
• É uma Obstrução de Via Aérea Inferior
• Há sensibilidade anormal do Músculo liso ao redor dos bronquíolos
• Está associada a um chiado e queixa concomitante do paciente de
aperto no peito, esse chiado emana de passagens pulmonares.

Movimento Paradoxal das pregas vocais (mppv)


• Dificuldade em inspirar o ar;
• Obstrução de via aérea superior, ocorrendo secundário a espasmos
adutores súbitos das pregas vocais
• O som associado ao MPPV é um estriado inalatório esse som emana da
laringe;
• Pode ocorrer dispnéia ou cessação completa da respiração
• Possíveis desencadeadores : Grito/tosse; exercício físico; refluxo ácido.
Respiração de ar frio; fumo e poluição de ar; questões neurológicas.

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
A Bronquite crônica é superprodução contínua de muco em virtude das
mudanças estruturais dos brônquios por causa de poluentes ambientais e
alérgenos, como o fumo.

O Efisema provoca o rompimento de paredes dos sacos aéreos , resultando


em aglomerados de alvéolos e diminuição da área de superfície para troca
gasosa.

Indivíduos que tem a DPOC

• Fazem uso de menos palavras por expiração: quantidade de fala medida


pelo número de sílabas ou palavras produzidas por uma única
respiração;
• Ficam mais fatigados com a fala devido à diminuição de oxigênio na
corrente sanguínea;
• Podem ser tratados através da administração de medicamentos em
inaladores e nebulizadores, melhorando a ventilação.
• Apresentam a respiração controlada, porém, não pode ser melhorada
com o uso de oxigênio suplementar.

As patologias neurológicas são numerosas e diversificadas, podem atingir tanto


o Sistema Nervoso Central (SNC) quanto o Sistema Nervoso Periférico (SNP).
Lesão na medula espinal (LME), a mesma se apresenta como um trauma
medular, geralmente secundário a uma lesão nas vértebras, que interfere na
respiração, independente do local da lesão, mas que quando afeta as vertebras
cervicais, os danos podem ser mais severos. Falando sobre a sua etiologia, ela
pode ter causas variadas, desde quedas à acidentes com veículos motores. A
LME apresenta impactos no tecido cinzento e na substância branca do SNC,
bem como nos nervos espinais do SNP. Por isso, manifesta interrupções no
sistema sensorial, motor e autônomo. Pode ser classificada, ainda, como
completa ou incompleta, a depender do funcionamento abaixo da lesão. Na
musculatura, pode apresentar paralisia ou fraqueza nos músculos respiratórios
importantes para fala.
Seguindo, agora com as doenças neurológicas progressivas, tem-se a Ataxia
de Friedreich (AF), que é caracterizada como um distúrbio degenerativo
espinocerebelar
hereditário, de origem autossômica recessiva. Indivíduos que portam essa
patologia manifestam perda progressiva do equilíbrio e da coordenação, bem
como uma posterior atrofia muscular que acarreta uma escoliose. Com a
progressão da doença, a fala e a deglutição também são afetadas, isso porque
ocorre uma falta de coordenação da musculatura essencial para essas funções
estomatognáticas.
Esclerose Múltipla (EM) apresenta-se como uma doença progressiva que
acarreta desmielinização no SNC. Podendo afetar o encéfalo, a medula espinal
e os nervos ópticos. O tecido cicatricial que substitui as porções de mielina
destruídas é conhecido como placas de EM. As lesões na EM podem se
manifestar de diferentes formas, dependendo, então, do local lesionado,
podendo ocasionar perda de visão unilateral, perda sensorial e/ou fraqueza
muscular e espasticidade.
Doença de Parkinson (DP), essa se apresenta como um distúrbio progressivo
do SNC que interferem no funcionamento do gânglios basais, degenerando a
substância negra. Devido a isso, há uma manifestação de bradicinesia, rigidez
e tremor de repouso em portadores da DP, além disso, apresentam uma
curvatura na postura corporal, essa flexão acaba interferindo no processo
respiratório. Na fala, esses indivíduos com DP encontram problemas na
fonação, articulação e prosódia. a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), cuja
mesma é definida como uma doença progressiva dos neurônios motores.
Provoca sintomas nos neurônios motores superiores e inferiores. Pessoas com
ELA manifestam franquezas nos membros e nos músculos da cabeça e
pescoço, levando, então, a problemas na fala e na deglutição.

PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO SISTEMA ARTICULATÓRIO/ DE


RESSONÂNCIA
O sistema articulatório/ de ressonância compreende o trato vocal, com
cavidades e estruturas que amplificam e modulam os sons da fala.
“Articulação envolve a precisão, a direção e o tempo dos movimentos das
estruturas do trato vocal para produzir os sons”.
“Ressonância envolve a modificação do tom de voz, como resultado da
vibração forçada conforme o ar passa pelas cavidades do trato vocal”.

Distúrbios estruturais que podem afetar o sistema articulatório/ de


ressonância:

Fissura labial e/ou palatina: Estão entre as anomalias congênitas mais


comuns. A incidência da fissura difere de acordo com a etnia. Uma fissura
ocorre quando dois ossos maxilares não se fundem entre a oitava e a décima
segunda semana do desenvolvimento embrionário. As fissuras podem envolver
apenas o lábio superior (chamada de fissura labial), apenas o palato duro
(fissura palatina), o lábio superior e o palato duro (labiopalatal). Fissuras na
região pré-palatal (o lábio e a crista alveolar) podem ser unilaterais ou
bilaterais. Com um entendimento da anatomia de lábios, dentes, palato duro e
véu palatino, deve-se supor que uma fissura provavelmente terá um efeito
adverso na articulação e/ou ressonância.
Fissuras do lábio ou da crista alveolar, sem envolvimento do palato duro ou
mole, podem acarretar alguns erros articulatórios em virtude da probabilidade
da dentição do indivíduo estar afetada de modo prejudicial. Deve-se observar
que muitas crianças com fissura palatina também têm crises crônicas de perda
auditiva condutiva, pois a tuba auditiva corre da cavidade da orelha média para
a nasofaringe. No caso de fissura palatina, a comida ou bebida que é deglutida
pode ser injetada na nasofaringe por causa da abertura criada pela fissura. Se
a comida ou bebida for injetada na tuba auditiva, pode levar a infecções na
orelha média, conhecida como otite média. O resultado pode ser uma perda
auditiva condutiva. Essa perda auditiva também pode prejudicar adversamente
a produção de fala.

Síndrome de Apert: a síndrome de Apert ou acrocefolossindactilia, é uma


anormalidade craniofacial que ocorre em aproximadamente um em100.000
nascidos vivos. As características proeminentes são: cabeça pontiaguda fora
do comum e dedos das mãos e/ou pés com membranas. Esse distúrbio afeta
sobretudo a mandíbula e a maxila, e a face pode ser achatada ou côncava.
Pode haver deformidades do palato fora do comum, incluindo fissuras. A
faringe tende a ser rasa, o que pode levar a uma via aérea comprometida. A
perda auditiva é comum. Em termos de produção de fala, pode haver inúmeros
erros nos sons da fala em virtude de diversos fatores: integridade
comprometida do mecanismo velofaríngeo, estruturas orais malformadas e
deficiência auditiva. O fonoaudiólogo será o responsável em acompanhar o
desenvolvimento da linguagem e da audição, promovendo maior qualidade de
vida ao paciente, facilitando a integração com o meio no qual a criança
vive.Além disso, este profissiional acompanha o pré e o pós nas cirurugias de
mandíbula e bochechas, tratando de edemas, restrições de abertura da boca,
dificuldades na mastigação, deglutição e fala, além de dores orofaciais.

Síndrome de Crouzon: é semelhante à síndrome de Apert, mas é menos


severa. Ela ocorre com mais frequência do que a síndrome de Apert, em
aproximadamente 1 a cada 25.000 nascidos vivos.
Os dedos das mãos e dos pés com membranas, que são observados na
síndrome de Apert, não estão presentes na disostose craniofacial. Contudo, a
fusão prematura dos ossos cranianos observada na síndrome de Apert também
é vista aqui. Características faciais adicionais que em geral se observam na
síndrome de Crouzon são olhos amplamente espaçados, órbitas rasas, nariz
parecido com bico e ponte nasal achatada. As órbitas rasas fazem os olhos
parecerem protraídos. Em termos de estruturas orais, a pessoa com síndrome
de Crouzon terá a maxila pequena e o espaço nasofaríngeo mais curto.
Kreiborg descobriu que fissuras labiais e/ou palatinas são raras, mas não
impossíveis nessa síndrome. Se a fissura realmente ocorrer, pode-se esperar
desvios na ressonância oronasal. De modo semelhante, a malformação de
estruturas orais pode manifestarse por uma variedade de erros articulatórios.

Síndrome de ectrodactilia, displasia ectodérmica e fissura labiopalatal: se


manifesta pela deformidade das mãos e pés, pouco pelo no corpo, pele seca e
ausência ou malformações de unhas e dentes. A fonoaudiologia tem
participação no tratamento dessa síndrome, pois uma das possíveis
características é a fissura labiopalatal e a perda auditiva condutiva também
pode ocorrer, devido a algumas anomalias dos ossos da orelha média (martelo,
bigorna e estribo) Síndrome de Pierre Robin: não aparenta ser um caso
genético, por isso tecnicamente não é uma síndrome. Durante o período de
desenvolvimento fetal, o crescimento da mandíbula falha, fazendo com que a
língua não desça para cavidade oral, consequentemente em U ou V. Síndrome
Velocardiofacial: os indivíduos portadores dessa síndrome tendem a ter
problemas cardíacos e características faciais atípicas, como um nariz
proeminente, face longa, queixo retraído e cabeça excepcionalmente pequena.
Para a fonoaudiologia, o envolvimento do véu palatino é a maior preocupação,
pois o indivíduo pode ter uma fissura ou pode haver incompetência
velofaríngea congênita, decorrente do palato mole tão curto, não conseguindo
aproximar da parede faríngeas posterior para fornecer equilíbrio adequado
entre a ressonância oral e nasal. O indivíduo pode também exibir substituições
articulatórias compensatórias, como a parada glotal e a fricativa faringal.
Glossectomia: consiste na remoção da língua, para o tratamento do câncer de
língua. Quando o tumor é pequeno é realizada apenas a glossectomia parcial,
mas para tumores de maiores dimensões, a língua inteira pode precisar ser
removida, procedimento chamado de glossectomia total.

DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS:
Danos ao nervo glossofaríngeo: esse nervo está minimamente envolvido no
processo de ressonância e deglutição. O estilofaríngeo é o único músculo,
implicado nesses processos, inervado por esse nervo. Diversos músculos
estão envolvidos nas ações de dilatar, elevar, relaxar e tensionar a faringe, por
isso, é provável que o dano apenas ao nervo glossofaríngeo tenha um efeito
mínimo na ressonância ou na deglutição.
Danos aos nervos acessório e vago: há uma ligação quase inexorável entre o
nervo vago e o acessório, quando se trata da região da cabeça e do pescoço.
O nervo vago desemprenha um grande papel na fonação por meio dos nervos
recorrente e faríngeo; também inerva diversos músculos que integram a
mediação dos movimentos da faringe, palato mole e língua. Danos ao nervo
vago apresenta maior probabilidade de afetar o palato mole e faringe, pois esse
nervo é a fonte principal de inervação dos músculos dessas estruturas; e
desempenha um papel menor na inervação dos músculos que mediam o
movimento da língua. Para o entendimento de quais estruturas serão afetadas
é importante associar o local do dano ao nervo. Se o dano for abaixo do nível
onde o ramo faríngeo sai do nervo vago, então, o dano será confinado à
laringe, pois o nervo ainda está intacto no nível do ramo faríngeo.
Se o dano dor confinado apenas ao ramo faríngeo, então a laringe não será
afetada, mas o palato mole e a faringe serão; e o resultado provavelmente será
o movimento reduzido dessas duas estruturas. Se o palato mole não consegue
se elevar e abaixar de modo apropriado, a consequência será a ressonância
oronasal inadequada; num indivíduo com paralisia, o palato mole
provavelmente terá algum grau de hipernasalidade. Em termos de deglutição, a
incapacidade de elevar o palato mole pode fazer com que o bolo seja injetado
para a nasofaringe quando ele for forçado pela língua para a faringe, o que
pode provocar otite média.
A paralisia dos músculos faríngeos pode afetar adversamente a ressonância e
a deglutição; visto que a faringe desempenha um papel nesses processos, de
modo semelhante ao palato mole. O dano ao nervo vago (e, em menor grau, ao
nervo acessório) provavelmente não terá um efeito tão negativo na articulação
quanto na ressonância e deglutição.
Danos ao nervo hipoglosso: seu papel está quase exclusivamente associado
aos movimentos da língua, com exceção da inervação do músculo genio-
hióideo. O mesmo inerva todos os músculos intrínsecos e extrínsecos da
língua; ou seja, um dano a esse nervo levará a consequências sérias para a
estrutura principal da articulação e ressonância oral. Articulação, mastigação,
ressonância e deglutição serão todos prejudicialmente afetados pelo dano ao
nervo hipoglosso. Distúrbios motores da fala: um distúrbio motor da fala é
resultado de uma deficiência neurológica na qual o planejamento motor, a
programação, o controle neuromuscular ou a execução da fala são
prejudicialmente afetados (Duffy, 2005). Acidente vascular encefálico, doença
degenerativa, lesão encefálica traumática e neoplasia são as etiologias mais
comuns dessa condição. Duas neuropatologias são classificadas como
distúrbios motores da fala: apraxia da fala (ADF) e disartria. Diversos nervos
cranianos podem estar envolvidos ou o dano pode ser mais difuso, pois o local
da lesão tende a ser mais central, na maioria dos casos de disartria. Algumas
características diferenciam os distúrbios motores da fala. Em primeiro lugar, o
local da lesão é diferente entre os dois.

A apraxia da fala é um distúrbio do sistema nervoso central, e o foco dessa


neuropatologia é o hemisfério cerebral dominante para linguagem. Em alguns
casos da disartria , o dano também ocorre no nível do córtex cerebral, mas, na
maioria deles, o dano é subcortical, bulbar, cerebelar e/ou periférico - uma
gama de possibilidades bastante ampla. Outra diferença é o fato de que a ADF
tende a ser confinada ao sistema articulatório, enquanto a disartria tende a
afetar cada aspecto da produção de fala, incluindo a respiração, fonação,
articulação e ressonância.
No caso da disartria, o paciente pode ter um distúrbio motor. Existem também
diferenças entre os dois tipos de distúrbio motor da fala em termos de sons de
fala que tendem a ser errados; tipos de erros articulatórios apresentados;
consciência dos erros articulatórios; e efeito de aumento do contexto linguístico
na fala do indivíduo. Dentro dos distúrbios tende a haver variabilidade de
pessoa para pessoa.

DISTÚRBIOS SENSORIAIS:
Os distúrbios auditivos são os que interferem nos processos de articulação e
ressonância. Neste contexto, já que através da audição é possível realizar o
monitoramento da fala, existe uma forte relação entre ambos. A deficiência
auditiva é descrita em termos de tipos (central, condutiva, mista e
sensorioneural); grau que vai do mais leve até o profundo; e a configuração
que se refere à extensão da perda auditiva em termos de frequências sonoras
que são mais afetadas pela perda. Os afeitos mais relevantes a produção da
fala são a maior severidade, perdas nas frequências médias, perda auditiva
isolada ou componente de outra anomalia, deficiência adquirida após o
desenvolvimento da fala, deficiência adquirida ou congênita antes ou durante o
desenvolvimento da mesma. Ademais, é possível afirmar alguns erros dos sons
da fala como por exemplo as emissões, substituições, neutralização das
vogais, incapacidade de distinguir entre consoantes orais e nasais, vozeadas e
desvozeadas. A ressonância também será afetada, pessoas com perda
auditiva profunda tendem apresentar além da de nasalidade, a ressonância cul-
desac, sendo a voz monótona ou abafada.

PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO SISTEMA NERVOSO

DEMÊNCIA
Distúrbio caracterizado por um declínio progressivo nas habilidades
cognitivas,
que em geral ataca em idade avançada. A dificuldade com a memória é
normalmente um dos processos cognitivos afetados mais cedo e mais
devastadoramente.
Podem ser classificadas de acordo com a localização principal do dano
encefálico em:
Demência corticais:
Alzheimer: responsável por aproximadamente 50% dos casos vistos. É
progressiva e irreversível. Afeta neurônios no lobo temporal medial e se
difunde por córtices de associação Resulta em atrofia progressiva do córtex
cerebral em decorrência da repartição de neurônios no nível celular.

Doença de Pick: está agrupada em um grupo de demência frontotemporais.


As
áreas afetadas do córtex permanecem localizadas no lobo frontal e anterior
temporal. Sintomas iniciais estão associados a funções de emoção e
linguagem.

Demência subcorticais
Estão associadas a doenças degenerativas
dos gânglios basais.

Doença de Huntington: afeta os gânglios


basais telencefálicos, provoca distúrbios
devastadores do movimento.

SINTOMAS
Mudanças na personalidade e na memória;
Dificuldade para reter o que acabou de ouvir ou ver;
Dificuldade para elaborar julgamentos e/ou codificar informações em
memória
de longo prazo.

- Etapa inicial: eles perdem sua orientação temporal, sua capacidade de


recuperar memórias recentes.

- Etapa intermediária: orientação temporal e espacial é impactada, no entanto


elas ainda sabe quem são. Os problemas de memória se tornam mais aparente
em conversação, com mais egocentrismo e menos perspectiva, menos
questionamento.

- Etapa Avançada: toda a orientação é perdida: pessoa, lugar e tempo. Eles


não conseguem formar novas memórias ou mesmo reconhecer membros da
família. A consciência das regras de engajamento social é perdida, assim como
o desejo de se comunicar.

APRAXIA DE FALA: Planejamento ou programação motora de movimentos


sequenciais para produção volutiva da fala.

DISARTRIA: Controle muscular da fala em virtude de paralisia, paresia,


fraqueza, lentidão, incoordenação e/ou alteração do tônus muscula

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