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A temática saúde e ambiente no processo

ARTIGO ARTICLE
de desenvolvimento do campo da saúde coletiva:
aspectos históricos, conceituais e metodológicos

The thematic of health and environment in the


process of development in the field of public health:
historical, conceptual and methodological aspects

Anamaria Testa Tambellini 1


Volney de Magalhães Câmara 2

Abstract This article presents and discusses the Resumo Neste artigo, pretende-se apresentar e
area of environmental health with special em- discutir a incorporação da temática saúde e
phasis to the relation between production, envi- ambiente no campo de conhecimento e práticas
ronment and health. The discussion comprises de intervenção da “Saúde Coletiva”. Essa dis-
historical aspects a particular approach to con- cussão implica numa abordagem de questões
ceptual and methodoligcal questions, the scien- teórico-conceituais, de aspectos históricos e dos
tific results of developed studies and the produc- resultados científicos em termos dos estudos
tion of knowledge in the area. It also comprises realizados nesta área. Compreende, também,
a brief description of recommended basic ac- uma rápida incursão sobre as ações preconiza-
tions for the mitigation prevention and control das para mitigação, prevenção e controle das si-
of environmental situations potencially harm- tuações ambientais potencialmente causadoras
ful to health as well as of the proper health haz- de agravos à saúde e destes próprios agravos. O
ards and effects. eixo principal de abordagem será aquele das re-
Key words Environmental Health, Occupa- lações entre a produção, o ambiente e a saúde,
tional Health; Environment; Public Health; enfatizando algumas possibilidades metodoló-
Prevention gicas deste campo do conhecimento científico.
Palavras-chave Saúde Ambiental; Saúde do
Trabalhador; Ambiente; Saúde Coletiva; Pre-
venção
1 Professora Adjunta do
Departamento de Medicina
Preventiva da Faculdade
de Medicina (UFRJ),
e do Núcleo de Estudos
de Saúde Coletiva (UFRJ).
Professora Titular
aposentada da Escola
Nacional de Saúde Pública.
2 Professor Titular do
Departamento de Medicina
Preventiva da Faculdade de
Medicina (UFRJ), e do
Núcleo de Estudos de
Saúde Coletiva (UFRJ).
Pesquisador do CNPq.
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Tambellini, A. T. & Câmara, V. M.

Aspectos históricos te período pode ser caracterizado pelo cresci-


mento dos movimentos ecológicos (ONGs e
A relação entre o ambiente e o padrão de saú- outras formas organizadas de luta da socieda-
de de uma população define um campo de co- de civil pela preservação do ambiente e da saú-
nhecimento referido como “Saúde Ambien- de) que passaram a ganhar mais espaço na mí-
tal” ou “Saúde e Ambiente”. Segundo a Orga- dia. Estes fatos demonstram e tornam explí-
nização Mundial da Saúde esta relação incor- citos o convencimento político e da socieda-
pora todos os elementos e fatores que poten- de em si da importância da questão ambien-
cialmente afetam a saúde, incluindo, entre ou- tal em seus desdobramentos, inclusive para a
tros, desde a exposição a fatores específicos saúde, em todo o planeta.
como substâncias químicas, elementos bioló- Pode-se dizer que a idéia do ambiente co-
gicos ou situações que interferem no estado mo elemento importante para o campo da saú-
psíquico do indivíduo, até aqueles relacionados de é antiga, porém sua caracterização em ter-
com aspectos negativos do desenvolvimento mos técnico-científicos tem sido suficiente-
social e econômico dos países (OPS, 1990). mente vaga e imprecisa para admitir variadas
Do ponto de vista institucional, as ques- formas e concepções na elaboração de sua (do
tões ambientais tradicionalmente relaciona- ambiente) possível relação com a saúde pro-
das à saúde foram durante muitos anos, nes- priamente dita. Invariavelmente, este ambien-
te século, uma preocupação quase que exclusi- te tem sido visto como meio externo, muitas
va de instituições voltadas ao saneamento bá- vezes considerado como simplesmente o ce-
sico (água, esgoto, lixo, etc.) no Brasil, estan- nário onde se desenrolam os acontecimentos
do presentes nas propostas governamentais e ou os processos especiais de uma determina-
vinculadas a diversos espaços dentro do apare- da doença ou grupo delas. Estas constatações
lho de estado, notadamente em alguns minis- já haviam sido explicitadas por vários auto-
térios como o da Saúde e do Interior, Secreta- res em nossa realidade desde a década de 70
rias Estaduais e Municipais, além de algumas (Arouca, 1976; Quadra, 1979).
Universidades. Na década de 70, com o agra- A Epidemiologia, enquanto disciplina mo-
vamento dos problemas ambientais causados derna do conhecimento científico, teve papel
pelo crescimento industrial surgiram novas decisivo na elaboração de questões que abri-
instituições como a Companhia Estadual de ram espaço para a incorporação da relação
Tecnologia em Saneamento Ambiental (CE- Ambiente-Saúde, nos termos atuais, no cam-
TESB) e a Fundação Estadual de Engenharia po da Saúde Coletiva. Inicialmente, a noção
do Meio Ambiente (FEEMA), que contribuí- de ambiente é aquela associada a uma visão
ram para o desenvolvimento de ações de con- ecológica tradicional, ou seja, a de um ambien-
trole da poluição, mas sem um vínculo direto te natural onde flui a energia produzida pelas
com o sistema de saúde. Por outro lado, no relações dadas entre processos bióticos e abió-
mundo acadêmico crescia a elaboração de no- ticos que vão constituir uma cadeia alimen-
vas teorias e abordagens que renovavam seu tar e delimitar ecótopos estabelecidos para as
aporte institucional, principalmente associa- diferentes espécies que compõem o ecossiste-
do a outras organizações civis no interior da ma. Funda-se uma “teoria de nidalidade” (Pa-
luta pela redemocratização do país (Ministé- vlovsky, 1939) para explicar as diversas epien-
rio da Saúde, 1985). demias1 que teriam seus condicionantes esta-
Com o crescimento da área de Saúde do belecidos pela entrada do homem nos ecóto-
Trabalhador, a partir do final da década de 70 pos de outras espécies animais vetoras, trans-
e durante toda a década de 80, ficou explícito missoras ou dos próprios agentes de doenças
o elo existente entre estas questões e o siste- infecto-parasitárias, ou seja, é a intromissão
ma de saúde, abrindo o caminho para a incor- do homem nas coisas da natureza ou por ela
poração de uma Saúde Ambiental moderna no conservadas – ecossistemas – que cria as con-
setor (Câmara & Galvão, 1995). O período que dições de aparecimento e difusão das doenças
antecedeu a realização da Conferência das Na- causadas por agentes etiológicos biológicos.
ções Unidas sobre o Meio Ambiente e Desen-
volvimento (UNCED) em 1992, no Rio de Ja-
neiro, também contribuiu para um aumento 1 Aqui está implícito o significado de epidemia como visi-
das preocupações com os problemas de saúde ta, que é desenvolvida por diversos autores desde os tratados
relacionados com o ambiente. Além disso, es- sobre as epidemias de Hipócrates.
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Esta noção permeia todo um desenvolvimen- saúde – brasileira e latino-americana – forne-
to da Epidemiologia que tinha as doenças in- cidas pelo conhecimento então existente não
fecto-parasitárias como objeto privilegiado de eram suficientes e, até, algumas vezes, dificul-
estudo (Schaefer, 1994). tavam ou distorciam o próprio entendimen-
A concepção epidemiológica de uma tría- to. As diferenças de ordem política, econômi-
de “ Hospedeiro-Ambiente-Agente” expres- ca e social em relação aos países onde se pro-
sando a interação dos elementos julgados fun- duzia conhecimento e as próprias formas de
damentais na gênese das doenças, fornece a conhecer, tornaram premente a necessidade
base para a elaboração de uma História Natu- de um pensamento original sobre a saúde que
ral da Doença proposta inicialmente por Lea- pudesse levar em conta, em nosso ponto de
vell e Clark (1965). Esta seria uma das tenta- vista, suas dimensões políticas e econômicas
tivas de articular um pensamento moderno, e contribuíssem para o redesenho também de
qual seja o da Epidemiologia à sua aplicação seus conteúdos e formas de intervenção con-
em uma prática médica de cunho privado creta.
(Medicina Preventiva) que se queria integral Estas são superficialmente algumas das di-
no cuidado do paciente, pois que supunha vá- mensões que se remetem a nosso objeto de
rios níveis de prevenção de acordo com o avan- preocupação e que estão presentes no proces-
ço do processo de doença no doente. Tal mo- so de recriação na América Latina do campo
delo criado e amplamente difundido nas dé- da saúde que se propõe coletiva, querendo sig-
cadas de 50 e 60 pelos norte-americanos, tor- nificar pública, preventiva e integral, comu-
nou-se, posteriormente em nossa realidade, nitária, eqüitativa, constituída de coletivos so-
uma peça importante nas análises críticas pio- cialmente distribuídos, politicamente atuan-
neiras que contribuíram grandemente para a tes e sadios – uma Saúde Coletiva.
criação de modelos alternativos em saúde. Es- Algumas concepções de ambiente ficaram
tes, por sua vez, foram peças importantes no fora do foco central de preocupações de uma
desenvolvimento de concepções mais elabo- Saúde Coletiva emergente, como, por exem-
radas e complexas da doença, enquanto pro- plo, aquela que o compreendia no âmbito de
cesso, onde também se modifica o conceito de um espaço definido geograficamente que so-
ambiente (Arouca, 1976; Donnangelo, 1976; mente foi, em parte, recuperada e assumida
Tambellini-Arouca, 1976; Laurell, 1982). posteriormente em trabalhos recentes (Sabro-
A valorização do componente social como sa et al., 1992; Silva, 1997), principalmente ten-
dimensão importante na explicação deste pro- do em vista as novidades que a “Geografia Crí-
cesso facilitou a entrada das Ciências Sociais, tica” (Santos, 1992) tem revelado em suas pro-
em termos teóricos e metodológicos, na área posições a partir do final da década de 80. A
de Saúde Pública (Nunes, 1986), possibilitan- dimensão ecológica desta abordagem é a que
do a discussão de outras concepções do am- tem sido menos desenvolvida, atualmente en-
biente principalmente vinculadas à noção de tre nós, ainda que alguns esforços tenham si-
“coletivo” com o enfrentamento teórico e ideo- do feitos neste sentido, especialmente naque-
lógico e o debate com as categorias “popula- las áreas que têm como objeto as doenças pa-
ção” ou “grupos populacionais” tradicional- rasitárias que já eram a preocupação princi-
mente adotadas pela Epidemiologia. Apesar pal dos antigos médicos/biólogos e geógrafos.
disso, ainda prevalecia uma visão de ambien- Por outro lado, bastante desfocada deste
te como externalidade ao sujeito, embora já contexto, subsistia ainda de forma marginal à
discutida e criticada nas próprias áreas que a recém-nomeada Saúde Coletiva, uma concep-
adotavam. A própria emergência de uma Saú- ção de Saúde Ambiental moldada nos mode-
de Coletiva é fruto, em parte, de processos de los epidemiológicos tradicionais. Em sua ver-
produção de conhecimento que têm como são mais avançada, essa noção alinhava fato-
uma das raízes a tomada de posição teórica de res de risco ambientais a doenças e agravos à
modificação do curso do pensamento de base saúde em populações expostas a agentes físi-
empírica, até então dominante nessa área. Por- co-químicos determinados em situações defi-
tanto, mudanças conceituais e metodológicas nidas como não-ocupacionais. Em outros con-
tornaram obrigatória a renomeação do pró- textos, porém, esta disciplina avançava no pla-
prio campo de preocupações. Outra raiz se en- no do conhecimento articulando as novas
contra no convencimento racional e afetivo de questões da clínica representadas por agravos
que as explicações sobre nossa realidade de à saúde, tendo como base a capacidade bioló-
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Tambellini, A. T. & Câmara, V. M.

gica de elaboração de um repertório de res- lho”, e que vem fortalecendo o desenvolvimen-


postas fisiológicas que iriam definir os pro- to, ainda incipiente, de uma área técnica de in-
cessos mórbidos, dada a interação do indiví- tervenção nos serviços públicos sob a deno-
duo com o ambiente, recolocando a Toxicolo- minação de Saúde Ambiental dentro do Mi-
gia em termos modernos. Talvez tenha sido es- nistério da Saúde.
ta forma particular da área de Saúde Ambien- Este movimento pela ampliação da relação
tal de se desenvolver cientificamente, sem levar entre produção e saúde não é ainda hoje com-
em conta as questões da subjetividade e as ex- partilhado por parcela significativa dos pro-
plicações das Ciências Sociais que explique seu fissionais da área de Saúde do Trabalhador,
afastamento e quase exclusão da Saúde Am- que relatam informalmente e em discussões
biental do âmbito da Saúde Coletiva, em seus em reuniões científicas, que esta ampliação da
primeiros momentos. população alvo é inoportuna e poderia dimi-
A reincorporação de uma “nova Saúde Am- nuir esforços na luta pela saúde dos trabalha-
biental”, como elemento integrante do campo dores que estão diretamente expostos a adoe-
da Saúde Coletiva, torna-se possível a partir cer devido a determinadas condições do pró-
do momento em que, já estabelecida como dis- prio trabalho. Utilizam, como argumentos, as
ciplina constituinte deste campo, a Saúde do condições ainda insalubres encontradas nos
Trabalhador aponta e se declara peça de uma ambientes ocupacionais em nosso país e o mo-
relação mais ampla que abrange a produção, mento de crescimento do campo da Saúde do
o ambiente e a saúde. A discussão científica e Trabalhador, o que é verdadeiro.
técnica de problemas contidos nesta relação De fato, os indicadores existentes, especial-
vinha sendo abordada, pelo menos de forma mente os de mortalidade e letalidade, eviden-
superficial, ao longo dos anos, sob diferentes ciam que as condições de trabalho no Brasil,
rótulos e visões teórico-ideológicas. Tal rela- e conseqüentemente o padrão de saúde das
ção delimita um campo de conhecimento e in- pessoas que trabalham, sejam preocupantes.
tervenção multidisciplinar e multiprofissio- É também indiscutível o crescimento da área
nal aberto a um leque variado de pesquisado- de Saúde do Trabalhador nos últimos 25 anos.
res e técnicos com diferentes tipos e níveis de Os Sindicatos passaram a incluir entre suas
formação que têm procurado, desde a década prioridades as questões da saúde relacionadas
de 70, desenvolver e sedimentar uma nova ati- com o trabalho (UNITRABALHO, 1997). No
tude e entendimento sobre a investigação em meio acadêmico, este fato pode ser compro-
saúde e a intervenção sanitária sistemática, vado pela expressiva participação deste campo
presente nos sistemas de atenção à saúde, no- do conhecimento na produção científica apre-
tadamente em seu setor público. sentada em publicações especializadas, nos
Além de alguns autores discutirem de for- congressos e em outros eventos da área de Saú-
ma eventual a possibilidade de que os efeitos de Coletiva (Lacaz, 1996). Em relação aos ser-
adversos sobre a saúde de processos produtivos viços, pode-se destacar a importância da im-
investigados pudessem extrapolar a área geo- plantação dos Programas de Saúde do Traba-
gráfica das empresas, foram publicados arti- lhador através do expressivo aumento do nú-
gos, dissertações e teses na área de Saúde Co- mero de doenças ocupacionais notificadas, que
letiva sobre problemas ambientais que tive- teve um crescimento de 5.217 casos em 1990
ram como origem os ambientes de trabalho. para um total de 20.967 em 1995. Até abril de
Gradativamente, foi crescendo a consciência 1997, segundo Trindade (1997) haviam sido
da importância da relação do trabalho com a cadastradas 3.600 consultas somente no Am-
saúde da população não-trabalhadora, uma bulatório de Doenças do Trabalho da Univer-
vez que são os profissionais da área de Saúde sidade Federal do Rio Grande do Sul. Dias
do Trabalhador e afins que detêm o conheci- (1994), em um estudo que visou compreen-
mento das metodologias e tecnologias para a der a criação e o desenvolvimento das práti-
avaliação e controle dos riscos originados a cas de atenção à saúde dos trabalhadores no
partir dos ambientes de trabalho. Esta é outra sistema de saúde, organizou um cadastro des-
das razões que levou grupos de instituições de tas atividades na rede pública que compreen-
pesquisa e ensino a definirem seu campo de dia 161 Programas ou atividades indicadas co-
atuação de forma mais abrangente, sob a de- mo de Saúde do Trabalhador. Estes Programas
nominação de “Produção/Ambiente/Saúde”; oferecem o acesso dos trabalhadores a servi-
“Trabalho, Ambiente e Saúde”; “Saúde e Traba- ços, antes inexistentes, que podem contribuir
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para a comprovação do nexo causal entre os tes esferas da vida e da sociedade; uma ainda
processos de produção e a doença. pouco numerosa produção de conhecimento
Embora tenham sido incorporados pela científico que possa fundamentar as ativida-
Saúde Ambiental, além dos trabalhadores, ex- des desta área no país como um todo e servir
postos aos riscos gerados no ambiente da pro- de elemento para a informação dos cidadãos;
dução, outros segmentos populacionais, tais a falta de conhecimento das populações sobre
como, gestantes, fetos através da barreira pla- seus direitos e deveres relacionados ao am-
centária, crianças e adolescentes em uma fase biente e suas conseqüências para a saúde. Por
de especial sensibilidade caracterizada pelo outro lado, enfatizamos a própria resistência
desenvolvimento físico e mental e os idosos interna do setor em ampliar seu leque de res-
que possuem menor resistência orgânica, é im- ponsabilidades e atividades neste campo que
portante enfatizar que em qualquer análise de nos parece ligada a outros problemas de or-
riscos à saúde a partir dos processos produti- dem econômica, política e ideológica.
vos, os trabalhadores são os mais afetados atra-
vés da exposição direta. Portanto, continuam
a representar o grupo populacional prioritá- Aspectos teórico-conceituais
rio para investigações e ações de caráter pre-
ventivo. Neste artigo, adota-se a conceituação de Saú-
Atualmente a área de Saúde Ambiental em de Coletiva elaborada por Tambellini (1996b),
sua feição inovada começa a aparecer com cer- qual seja: como um campo de práticas teóri-
ta densidade institucional nas universidades e cas e de intervenção concreta na realidade que
centros de pesquisa, nos programas educacio- tem como objeto os processos de saúde e de
nais de primeiro e segundo graus e nas áreas doença nas coletividades. Portanto, que admi-
de intervenção dos serviços públicos de saú- te duas funções principais:
de, entre outros, em níveis federal, estadual e 1) A produção de conhecimentos e de tec-
municipal, além de sua presença em entida- nologias sobre a saúde e a doença humana e
des da sociedade civil, tais como as já citadas seus determinantes em termos coletivos, ten-
ONGs. Recentemente, um significativo apor- do por base sua natureza complexa que inte-
te de conhecimentos e técnicas estão sendo gra as dimensões do ecológico, do biológico,
fornecidos pela Saúde Ambiental ao campo da do social e do psíquico, articulando as expe-
Saúde Coletiva via instituições da área (Orga- riências e as vivências coletivas do aconteci-
nização Mundial da Saúde, Environmental mento “doença”.
Protection Agency, entre outras). Trata-se das 2) A intervenção concreta na coletividade,
propostas de gestão de risco ambiental que no indivíduo ou em qualquer elemento do
abarcam questões de tecnologia ambiental e contexto que compõe o complexo de determi-
são estudadas sob a luz da legislação e normas, nantes e condicionantes dos processos de saú-
das políticas econômicas e sociais, demográ- de/doença, tendo por base a produção cientí-
ficas e de saúde (para citar as principais) uti- fica sobre o particular.
lizando-se de instrumentos da administração Em outras palavras, e de acordo com Tam-
e gestão de bens e serviços com o intuito de bellini (1995), a visão de saúde construída a
promover mudanças ambientais relacionadas partir da Saúde Coletiva é bastante ampla, le-
à prevenção da saúde. vando em conta dimensões biológicas, sociais,
Entretanto, é no setor saúde propriamen- psíquicas e ecológicas, trabalhando e articu-
te dito onde parece haver maiores dificulda- lando as faces individual e coletiva que cor-
des para sua efetiva implantação e desenvol- respondem respectivamente à doença vivida
vimento. Algumas hipóteses já foram por nós pelo doente e ao processo saúde-doença. Por-
explicitadas, porém acreditamos que várias tanto, procura-se olhar a saúde, enquanto
outras razões contribuem para tal desfecho. questão, a partir de uma Medicina Social que
Entre elas, o baixo aporte de recursos finan- vai entender este processo pensando a produ-
ceiros, além dos instrumentais e humanos em ção e distribuição de agravos à saúde em suas
quantidade e qualidade insuficientes para as várias formas, dimensões e conteúdos pre-
atividades requeridas; a ausência de uma le- sentes na sociedade. Propõe-se que os agra-
gislação específica e clara que dê conta de ma- vos sejam decorrentes das próprias estrutu-
neira ampla e detalhada da questão ambien- ras e dinâmicas sociais existentes e atuantes,
tal e seus desdobramentos relativos às diferen- sendo também considerados como resultan-
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Tambellini, A. T. & Câmara, V. M.

tes de processos históricos, vale dizer, data- entendimento que o supunha natural porque
dos e singulares. Em termos gerais, os agra- não atingido pelas sociedades humanas, tor-
vos são considerados contingentes, dadas as na-se subvertido em sua naturalidade ao ser
possibilidades de vivências definidas vital e penetrado e utilizado pelos processos produ-
socialmente nos planos biológico, psíquico e tivos. Estes processos estabelecem as relações
ecológico. sociais e técnicas que submetem as coisas e os
Neste espaço da Saúde Coletiva, o concei- seres (da natureza) e seus vínculos aos desíg-
to fundamental pode ser e passa a ser visto nios desta produção (econômica e social), sem
concretamente, ou seja, é categorizado e ana- levar em conta seus limites de sobrevivência. O
lisado do ponto de vista científico como pro- ambiente natural ou social é, pois, o elemento
cesso saúde-doença com seus determinantes interativo, por excelência, das relações produ-
e condicionantes históricos, genéticos e estru- ção/ambiente/saúde (Tambellini, 1996a).
turais (biopsíquicos, sociais e ecológicos) que Esta forma diferente de pensar o aconteci-
neste processo se manifestam. Assim, ao inte- mento e o conceito/a realidade e sua explica-
ragirem tais condicionantes (externos ao su- ção levou à configuração de novas possibili-
jeito ou internalizados) com o seu próprio al- dades de intervenção técnica no campo de saú-
vo (indivíduo/coletividade) e no interior de de. Neste artigo, assume-se, especificamente,
um processo complexo, ocorre sua particula- a Saúde do Trabalhador e a Saúde Ambiental,
rização na dependência dos elementos em jo- intrinsecamente unidas, como as dimensões
go e suas características específicas (capacida- técnicas da intervenção do campo de preocu-
de de produzir dano/lesar, capacidade de se pações Produção/Ambiente/Saúde. Neste sen-
defender/responder), obedecendo a determi- tido, a preocupação do ponto de vista do co-
nadas normas biológicas e sociais e produzin- nhecimento de delimitar perfeitamente as
do o doente/a doença. Portanto, o processo- duas áreas técnicas citadas não se coloca, prin-
objeto de estudo considerado pela Saúde Co- cipalmente se levarmos em consideração as re-
letiva é aquele que constitui a doença tal qual centes mudanças no mundo do trabalho que
é encontrada nas coletividades sob estudo. incidirão certamente nas formas de tratar os
Considera-se também a saúde como um problemas sanitários dos trabalhadores e da
bem em si, um valor humano desejado, uma população em geral, notadamente em termos
meta ideal (a realização e gozo do potencial das políticas públicas, legislação e serviços de
humano) e, portanto, além das contingências saúde.
do ambiente ou do sistema social. Mas tam-
bém fica claro que os níveis de saúde encon-
trados nas coletividades são conseqüências do Aspectos metodológicos
jogo complexo de interações que se desenvol-
vem no interior de formações sociais defini- Este enfoque das relações Produção/Ambien-
das. E é neste sentido que o nível de saúde de te/Saúde propicia, facilita e legitima determi-
uma coletividade é contingente em termos am- nados encontros disciplinares produtivos,
bientais e sociais às relações de produção e sua criando novos enfoques teóricos e pontes me-
dinâmica que, ao se relacionarem e/ou sub- todológicas para uma mesma questão, no pla-
meterem os indivíduos e seus coletivos, distri- no da saúde. Por outro lado, o desenvolvimen-
buem possibilidades diferenciadas de exposi- to de linhas de investigação e estudos basea-
ções a agentes, cargas e riscos, fase pretérita- dos nestas novidades só se concretizam na de-
iniciante dos processos mórbidos. Assim, a pendência do esforço e da habilidade dos pro-
questão da saúde passa a apontar para o pla- fissionais, de sua formação e competência. Em
no das relações entre produção, ambiente e resumo, esta nova concepção torna possível
saúde. pensar para além dos limites dados pelas con-
É ao ambiente pensado em termos de uma tingências.
nova ecologia que é dada a função conectiva As questões metodológicas que exporemos
de articular as duas lógicas do modelo de aná- referem-se à procura das explicações sobre co-
lise formulado – a lógica da natureza e a lógi- mo ocorrem as relações entre o ambiente e a
ca da sociedade – pois é onde se dá, via pene- saúde e apontam as possibilidades de inter-
tração da técnica, a “desnaturalização da na- venção concreta consubstanciada em ações
tureza” (Becker, 1992). Desta maneira, um am- preventivas para mitigação dos riscos, incluin-
biente antes natural, assim considerado pelo do os programas sistemáticos de prevenção e
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controle e excluídos os estudos e propostas de Este elevado número de variáveis que de-
avaliação e gestão de riscos. vem ser consideradas mostra a complexidade
Os profissionais interessados em realizar destes estudos e inviabiliza qualquer possibi-
pesquisas em Saúde Ambiental devem levar lidade de trabalho solitário, requerendo uma
em consideração algumas especificidades me- abordagem necessariamente multi, inter ou
todológicas, que estão representadas pelo po- transdisciplinar. Um grande elenco de disci-
luente, ambiente, população exposta e a infra- plinas ou áreas do conhecimento pode ser ne-
estrutura do setor saúde, como pode ser ob- cessário para o desenvolvimento de estudos
servado no Quadro 1. sobre exposição e efeitos de poluentes ambien-
Deve-se salientar, em relação ao poluente, tais. Utilizando como exemplo um estudo so-
que a sua grande capacidade de se modificar, bre exposição a emissões atmosféricas de mer-
aliada à variedade das estruturas químicas e cúrio metálico numa população não-trabalha-
ao seu poder patogênico, é tal que a simples dora proveniente da queima de amálgamas ou-
troca de um radical da substância química po- ro-mercúrio em lojas que comercializavam ou-
de alterar completamente o desenho de um es- ro (Câmara et al., 1997), mostramos que foi
tudo para avaliar a exposição. Como exem- necessária a contribuição de diversos campos
plo, o mercúrio metálico tem o seu monito- do conhecimento, a saber: a Meteorologia, no
ramento biológico realizado principalmente cálculo da direção dos ventos, de fundamen-
através da análise dos seus teores em amos- tal importância para seleção de expostos ao
tras de urina, enquanto no caso do metil-mer- mercúrio; a Toxicologia, para definição das for-
cúrio o tipo de amostra prioritária é o cabelo. mas do metal a ser estudado; a Biologia, na
Quanto ao monitoramento ambiental, o ar é análise dos elementos da natureza relaciona-
utilizado principalmente para avaliar polui- dos com a possibilidade de metilação do mer-
ção por mercúrio metálico, enquanto a bio- cúrio; a Geologia, a Geoquímica, a Química e a
ta, notadamente os peixes, são utilizados pa- Tecnologia de Mineração, para a análise da di-
ra medir exposição ao metil-mercúrio como nâmica ambiental e cálculo das concentrações
se pode observar no estudo de Câmara et al. de mercúrio em solos, ar e poeira; a Epidemio-
(1997). logia, no desenvolvimento da metodologia uti-

Quadro 1
Exemplos de categorias de variáveis relacionadas às exposições e efeitos por poluentes ambientais.

Poluente
Tipo, fonte, concentração, local, estado físico, poder de volatilização, odor, padrão de ocorrência,
cinética ambiental, dispersão, tipo de solubilidade, transformação (biodegradabilidade, sedimentação,
ação de microorganismos, adsorção a partículas, interação com outras substâncias, persistência
ambiental, vias de absorção, distribuição, biotransformação (oxidação, redução, hidrólise, acetilação,
metilação, conjugação), acumulação, tempo de latência, vias de eliminação, tipos de efeitos adversos, etc.

Expostos
Sexo, idade, suscetibilidade individual, grupos especiais, estado nutricional, raça, escolaridade,
características sócio-econômicas, ocupação, padrões de consumo, hábitos, doença prévia, etc.

Ambiente
Condições hidrográficas, geológicas, topográficas e meteorológicas: Aspectos físico-químicos dos
compartimentos ambientais, temperatura, ventos, umidade, permeabilidade dos solos, drenagens,
concentração populacional, vegetação, águas superficiais e profundas, etc.

Infra-estrutura
Recursos humanos, equipamentos, apoio laboratorial, programas de prevenção e controle, programas
de reabilitação, seguridade social, etc.
Fonte: Câmara, V. de M., 1997.
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Tambellini, A. T. & Câmara, V. M.

lizada; a Demografia, na seleção de grupos po- Atualidade dos problemas e estudos


pulacionais para o plano amostral na área cen-
tral da cidade, segundo a direção dos ventos Grandes questões de âmbito mundial são ho-
circunscrita a uma distância de 400 metros (lo- je discutidas enfatizando o relacionamento das
cal de maior exposição); a Sociologia e o Ser- características do ambiente com a saúde. Mui-
viço Social, através da determinação de condi- tas foram incorporadas na luta pela cidada-
ções de vida da população residente; a Nutri- nia, entre as quais podem ser destacadas: as al-
ção, com destaque para o cálculo da ingestão terações terrestres e do ecossistema aquático
de peixes potencialmente poluídos por metil- provocando mudanças de condições específi-
mercúrio; a Ictiologia, na determinação dos ti- cas envolvidas em agravos à saúde particula-
pos de peixes selecionados para análise labora- res e/ou gerais; o aumento da prevalência de
torial; a Bioquímica, na análise de amostras de câncer de pele associado à destruição da ca-
urina; a Educação, na definição do tipo de ins- mada de ozônio pelo uso do CFC (clorofluo-
trumento elaborado para a coleta dos dados rocarbonos); as mudanças da temperatura no
da pesquisa no que se refere aos níveis de co- planeta e sua influência em larga escala na dis-
nhecimento da população sob estudo acerca persão de contaminantes, além da ocorrência,
das questões abordadas; a Estatística, para de- magnitude e distribuição de várias patologias,
finição do plano amostral e métodos para aná- com destaque para a re-emergência de certas
lise dos dados; a Odontologia, para o cálculo doenças infecciosas, entre outras, causadas pe-
do número de amálgamas dentárias que tam- la interferência ambiental na presença de veto-
bém estão relacionadas com a exposição ao res, sua virulência e patogenicidade (Epstein
mercúrio; o Direito, para os aspectos éticos re- et al., 1995). Ainda de forma tímida, surgiram
gulados em Lei; a Medicina e a Genética, para também novas preocupações sobre o papel da
análise dos efeitos adversos para a saúde. No poluição intradomiciliar causada por produ-
caso da Medicina, além da Clínica Geral e da tos de combustão, cigarros, animais domésti-
Medicina do Trabalho, foi necessário buscar o cos, compostos orgânicos como pesticidas, me-
apoio de várias especialidades, tais como, a tais pesados, etc. (EPA, 1993).
Nefrologia, a Neurologia e a Pediatria. Embora as populações possam ser afeta-
A análise das situações de riscos e efeitos das por desastres naturais, tais como erupções
ambientais originados a partir dos processos vulcânicas ou depósitos naturais de substân-
produtivos requer metodologias específicas cias de elevada toxicidade, na quase totalidade
quando envolve a população não trabalhado- das vezes as poluições ambientais de grandes
ra. Estes aspectos são reunidos em três grupos proporções têm como principal origem os pro-
principais de elementos que integram a rela- cessos produtivos. Esta relação entre os pro-
ção Produção/Ambiente/Saúde sob a ótica da cessos produtivos e a saúde ambiental pode
Saúde Coletiva, a saber: população alvo (he- ser mais bem compreendida através de uma
terogeneidade quanto a sexo, idade e níveis so- análise de quatro casos selecionados de gran-
cioeconômicos e de saúde e de dispersão); ex- des epidemias causadas por poluentes quími-
posição aos poluentes (identificação de fon- cos no mundo (Quadro 3): Metil-mercúrio em
tes de emissão, tipos de exposição, identifica- Minamata, Japão; Metil-mercúrio no Iraque;
ção dos expostos e vias de absorção das subs- PCB (difenilpoliclorados) no Japão; e Chum-
tâncias tóxicas); e abordagem epidemiológica bo, nos Estados Unidos e na Austrália (WHO,
(acesso a dados de morbidade e possibilidade 1994).
de seguimentos). Ainda utilizando a produ- O caso da Baía de Minamata talvez sirva
ção de ouro como exemplo, o Quadro 2 apre- como o melhor exemplo da inter-relação entre
senta uma comparação das características os processos produtivos, o ambiente e a saú-
abordadas nos estudos nesta atividade econô- de da população. Processos de biomagnifica-
mica com aquelas desenvolvidas nos ambien- ção nas águas desta Baía transformaram rejei-
tes não ocupacionais (ambiente global cons- tos industriais de um sal de mercúrio, lança-
tituído por trabalhadores e não-trabalhado- do a partir de 1932, em uma forma metilada,
res), e nos ambientes industriais urbanos (so- mais agressiva ao homem. Este processo de
mente trabalhadores). metilação, que para ocorrer depende de uma
série combinada de situações que incluem, so-
mente a título de exemplos, a presença de al-
guns microorganismos e determinado pH na
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Ciência & Saúde Coletiva, 3(2):47-59, 1998


Quadro 2
Características selecionadas dos elementos que integram a relação produção, ambiente e saúde em alguns tipos de estudos
em ambientes ocupacionais e não-ocupacionais.

Características selecionadas Ambiente não-ocupacional Ambiente ocupacional Ambiente global em áreas


urbano-industrial de produção de ouro
População alvo
Sexo Masculino e feminino Predomínio masculino Quase totalidade masculino
Faixa etária Todas as idades Predomínio de adultos Predomínio de adolescentes
e adultos jovens
Condições sócio-econômicas Variadas Tendendo à homogeneidade Predominantemente baixas
Níveis de saúde Variado Aparentemente sadios Morbidade elevada por
doenças infecciosas
Colaboração para a realização Necessita convencimento Necessita colaboração Necessita convencimento
de estudos

Exposição: poluente/exposição
Identificação de fontes de poluição Difícil: fontes variadas Factível: fontes restritas Difícil: fontes numerosas
e dispersas ao interior da empresa e dispersas
Tipos de exposição a substâncias Baixas doses por tempo Altas doses por tempo Altas doses por tempo
tóxicas prolongado variado prolongado
Identificação de expostos Difícil: situações Fácil: trabalhadores Difícil: atividade informal
diversificadas contratados e consumo não regulado
Vias de penetração de substâncias 1a Digestiva 1a Respiratória 1a Respiratória
tóxicas 2a Respiratória 2a Dérmica 2a Digestiva

Efeitos: abordagem epidemiológica


Acesso a dados de morbidade Sistema público de saúde Serviços médicos Nenhuma ou informais
ocupacionais (privadas)
Possibilidade de seguimento Difícil: factível em situações Fácil: população sob Difícil: mobilidade
(estudos longitudinais) particulares contrato da empresa populacional sem controle
Fonte: Adaptado de Câmara & Corey, 1992.

água, atingiu pela cadeia biológica os peixes; doença por um número de pessoas que pode
alimento preferido pela população que resi- elevar de quase 3 mil para um número apro-
dia nesta região (Harada, 1991). ximado de 8 mil vítimas. Quanto aos níveis de
Este caso de Minamata mostra duas lições exposição, foram os não ocupacionalmente
importantes e relacionadas com a persistên- expostos os mais atingidos, uma vez que o me-
cia ambiental e biomagnificação dos poluen- til-mercúrio ingerido nos alimentos é muito
tes e sobre a população mais afetada. Quanto mais tóxico que a forma original de lançamen-
à persistência e poder de biomagnificação, va- to no ambiente.
le observar que embora os resíduos tenham si- Outra grave epidemia por metil-mercúrio
do lançados a partir da década de 30, somen- ocorreu no Iraque no período entre 1971 e
te na década de 60 foi configurado o quadro 1972, quando uma grande quantidade de se-
de uma epidemia por intoxicação por metil- mente de trigo foi tratada com um fungicida
mercúrio, que causou um número aproxima- mercurial e enviada como doação internacio-
do de mil mortes, provocou o nascimento de nal para uso no plantio, e inadvertidamente
crianças com defeitos congênitos, causou abor- utilizada diretamente para produção de ali-
tos e deixou seqüelas graves por lesões neuro- mentos. Mais de seiscentas pessoas foram hos-
lógicas. Existem, até o presente momento, so- pitalizadas, das quais, 460 morreram. Ainda
licitações judiciais para reconhecimento da no Japão, o consumo de óleo de arroz conta-
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Tambellini, A. T. & Câmara, V. M.

Quadro 3
rado de penetração e instalação das relações
Casos selecionados de epidemias por poluentes ambientais de produção capitalista modernizadoras na
Amazônia e caracterizadas como novas fron-
Poluente: Metil-mercúrio teiras de expansão econômica que trouxeram
mudanças bastante pronunciadas no ambien-
Fonte: rejeitos industriais te característico da região de modo a determi-
Local: B. Minamata, Japão
nar agravamentos do quadro endêmico e epi-
Período: 1932 a 1997
Expostos: todos/dieta peixe dêmico de determinadas morbidades (Meirel-
Total de vítimas: cerca de 3.000 a 8.000 (1.000 mortes) les, 1987), como por exemplo demonstra Saw-
Efeitos: teratogenia, sistema nervoso e rins yer (1987) em seu estudo sobre a mudança dos
padrões de malária e os novos projetos de co-
Poluente: Metil-mercúrio lonização, e Couto (1996), em relação ao des-
florestamento e queimadas na Amazônia; os
Fonte: ingestão de alimentos
depósitos de lixo urbano e de resíduos peri-
Local: Iraque
Período: 1971-1972 gosos que contaminam o solo por metais pesa-
Total de vítimas: 6.900 hospitalizados e cerca de 460 mortes dos (Sissino & Moreira, 1996); a utilização de
Efeitos: teratogenia, sistema nervoso e rins substâncias químicas de elevada toxicidade,
tais como pesticidas na agricultura, chumbo
Poluente: PCB (difenilpoliclorados) e benzeno e outros na indústria e mercúrio em
atividades de mineração, que levam a quadros
Fonte: óleo de arroz
Local: Japão
sanitários com agravos de diferentes gravida-
Período: 1968-1973 des (Augusto, 1995; Câmara et al., 1997; Car-
Total de vítimas: 1.200 (22 mortos) valho et al., 1986; Galvão, 1992; Hacon, 1996;
Efeitos: oculares, cutâneos, sistema nervoso Hofmeister et al., 1992; Mendes, 1996; Porto
& Freitas, 1997; Trapé, 1997).
Poluente: Chumbo Quanto aos pesticidas, além dos riscos ge-
rados no desenvolvimento do trabalho agrí-
Fonte: tintas
Local: EUA e Austrália cola e consumo dos produtos, foram acrescidas
Período: 1892 a 1971 novas situações relacionadas com seus resí-
Principais expostos: crianças duos. No Rio de Janeiro, uma população apro-
Total de vítimas: ignorado ximada de mil pessoas de uma localidade de-
Efeitos: déficit intelectual, anemia e sistema nervoso. nominada “Cidade dos Meninos” ficou expos-
Fonte: Câmara, V. de M., 1997. Adaptado de Major Poisoning Episodes ta a resíduos de hexaclorociclohexano (HCH)
from Environmental Chemicals, WHO, 1994. abandonados por uma fábrica de pesticidas.
Foram detectados resíduos de α-HCH (0,16-
15,67 µg/L) e β-HCH (1,05-207,3 µg/L) em
minado por PCB durante o período entre 1968 amostras de sangue de 184 crianças (Oliveira,
a 1973 causou a intoxicação de um total de 1994; Brilhante & Oliveira, 1996). Também na
1.200 vítimas (22 mortes). Finalmente, um nú- localidade de Samaritá, Baixada Santista, São
mero incontável de pessoas, principalmente Paulo, habitada por cerca de 42 mil pessoas,
crianças, foram atingidas pelo chumbo utili- uma indústria química despejou resíduos con-
zado na fabricação de tintas. O fato do núme- tendo hexaclorociclohexano. A média dos ní-
ro de crianças intoxicadas ter sido tão eleva- veis de HCB no sangue neste local foi de 4,095
do deve-se ao costume das crianças de ingerir µg/L, enquanto no restante da região variou
quantidades relevantes de poluentes através entre 0,341 a 0,414 µg/L (Silva, 1994).
do hábito de comer objetos e coisas impró- No caso do mercúrio, sua utilização como
prias para o consumo alimentar, e também amálgama na produção de ouro alcançou ní-
pelo fato de constantemente levarem a mão à veis elevados até o início da década de 1990.
boca. Foram estimados cerca de 500 mil garimpei-
No Brasil, as principais questões ambien- ros expostos ocupacionalmente ao mercúrio
tais relacionadas com as condições de saúde metálico, enquanto as projeções sobre o nú-
incluíram o aumento da poluição atmosféri- mero dos expostos não ocupacionalmente ao
ca nas grandes cidades e sua relação com a metil-mercúrio, ou seja, as populações ribeiri-
morbidade e mortalidade, notadamente dos nhas que consumiam peixes e os habitantes de
idosos (Saldivar et al., 1995); o processo acele- centros urbanos onde existiam lojas que co-
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Ciência & Saúde Coletiva, 3(2):47-59, 1998


mercializavam ouro variavam entre 1 a 5 mi- luentes, os grupos de risco, as características
lhões de pessoas. Como exemplos da possibi- do ambiente e os fatores específicos de risco e
lidade de exposição da população a este me- que, a partir do processamento e análise des-
tal, pode-se citar que populações ribeirinhas tes dados, proponham-se a disseminar as in-
da bacia hidrográfica do Rio Tapajós, Estado formações e produzir ações concretas, incluin-
do Pará, e expostas ao metil-mercúrio, apre- do, entre outras, tratamento de pessoas aco-
sentaram teores de mercúrio no cabelo, que metidas, medidas corretivas, preventivas, edu-
alcançaram, para um valor de referência de 6 cativas e legislativas.
µg/g, até 90,4 µg/g (Santos, 1997). Quanto à b) Desenvolvimento de redes de monito-
poluição intradomiciliar por este metal, Câ- ramento de emissões ambientais, biológicas e
mara et al. (1997) encontraram em popula- clínicas dos poluentes que gerem informações
ções urbanas da cidade de Poconé, Estado de adequadas para avaliação das ações de preven-
Mato Grosso, e não ocupacionalmente expos- ção e controle dos programas de vigilância.
tas, teores de mercúrio na urina que atingiram c) Criação de programas específicos de
até 102 µg/L. Nas casas das mesmas pessoas atenção à saúde na rede pública de serviços.
que apresentavam concentrações elevadas do d) Implantação de Centros de Informação
metal na urina, foram obtidos também os Toxicológica e fomento à criação de laborató-
maiores valores de mercúrio em solos (9,8 rios toxicológicos com controle de qualidade
µg/g) e em poeira da casa (100,8 µg/g). analítica.
A apresentação dos estudos anteriores não e) Formação e capacitação de recursos hu-
esgota a produção científica nacional e inter- manos.
nacional sobre este assunto, e teve apenas co- f) Incentivo a realização de avaliações e ge-
mo objetivo enfatizar a relação entre as situa- renciamento de risco que possam contribuir
ções de risco inerentes aos processos produti- para o estabelecimento de normas ambientais
vos mediados pelos ambientes – desde a ex- sobre níveis seguros de exposição.
tração das matérias-primas até o consumo e g) Desenvolvimento de avaliações de im-
desuso dos seus produtos – com a saúde da po- pacto ambiental associadas aos projetos de de-
pulação. senvolvimento e instalação de empresas.
h) Realização de avaliações periódicas dos
riscos por resíduos de substâncias perigosas,
Ações para mitigação das situações oferecendo capacidade de resposta para locais
de risco e efeitos contaminados e indivíduos expostos a estes
produtos perigosos.
As situações de risco ambiental que interfe- i) Elaboração e execução de plano para
rem no quadro de morbidade e mortalidade combater emergências químicas.
da população são complexas e exigem, no pla- j) Desenvolvimento de programas de edu-
no de intervenção concreta da realidade, um cação ambiental voltados para a saúde.
trabalho integrado e mecanismos de coorde- Enfim, é necessário e urgente que se im-
nação intergovernamental das diversas insti- plemente no plano das ações concretas um
tuições envolvidas nesta questão, tais como o programa e uma agenda de atividades e de rea-
Sistema Único de Saúde, e os Ministérios, co- lizações baseadas em uma política ambiental
mo os da Saúde, Meio Ambiente, Seguridade que privilegie as questões decorrentes das re-
Social e Trabalho. lações Produção/Ambiente/Saúde em nosso
Tendo em vista que estas situações de ris- país. A elaboração desta política e seus conse-
co têm sua origem de forma hegemônica, se- qüentes desdobramentos práticos, pela pró-
gundo o ponto de vista de muitos autores en- pria natureza e âmbito dos problemas com que
tre os quais nos incluímos, nos ambientes de se defrontam, devem levar em conta também
trabalho, devem ser priorizadas as ações vol- as novas formas e conteúdos das relações in-
tadas para os processos produtivos. Entre os ternacionais que o processo de globalização,
elementos que conformam estratégias para mi- independentemente de sua aceitação política e
tigação das situações de risco e efeitos para a pública, impõe em seu atual estágio de desen-
saúde de poluentes ambientais originados a volvimento, tendo em vista a realidade regional
partir dos processos produtivos, destacam-se: (América Latina) em que está mergulhado.
a) Implantação de Sistemas de Vigilância
que possam gerar informações sobre os po-
58
Tambellini, A. T. & Câmara, V. M.

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