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PLANEJAMENTO E CONTROLE DA
PRODUÇÃO: UM ESTUDO À LUZ DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA
GISELE REGINA PEREIRA (FAE)
gisele.grp@gmail.com
Wagner Domingos Barbosa (FAE)
wagnerdbarbosa@yahoo.com.br
Everton Drohomeretski (FAE/PUCPR)
profeverton.d@hotmail.com
1. Introdução
Estudos relacionados ao planejamento e controle das operações têm apresentado um gradativo
automento ao longo dos anos. De acordo com Kyrillos et al. (2010) planejar, controlar e
produzir significam unir a organização produtiva para que se obtenha um sistema integrado de
trabalho em toda a cadeia, estruturado para a simplificação das atividades e eliminação de
tempos e atividades desnecessárias. Planejamento pressupõe projetar e formalizar atividades e
aspirações futuras, sendo fundamental a existência de controles e a eventual adoção de
correções, para que se concretize e se confirmem os planos.
Pode-se acrescentar que para algumas corporações tornou-se um setor de muito investimento
devido a necessidade de responder imediatamente a alguma informação necessária à empresa.
Quando se busca um melhor entendimento entre vendas e fábrica essa ponte sempre se torna
muito importante para o desenvolvimento da empresa.
O presente trabalho visa analisar a evolução científica na área de Planejamento e Controle da
Produção (PCP) no Brasil nos últimos dez anos e identificar as principais características dos
estudos relativos ao tema, tendo como fonte de pesquisa anais do ENEGEP, SIMPEP e
SIMPOI.
O trabalho contempla várias áreas do PCP mostrando a evolução ao longo dos anos e, em
como diferentes situações nos levaram ao atual modelo de Planejamento e Controle de
Produção.
Segundo dados apresentados e de acordo com Sprakel e Severiano Filho (1999) o PCP
mostra-se um sistema em constante evolução. Por abordar homens, máquinas e técnicas de
gerenciamento, qualquer contribuição que ocorra no campo operacional, administrativo ou
das relações humanas, faz com que o PCP passe por alguma evolução.
2. Referencial Teórico
O PCP é o departamento especializado em manter a produção de acordo com a demanda da
empresa, visando a busca contínua por produtividade e resolução da produção. Da definição
de PCP e da estrutura do PP e do CP, pode-se ver segundo Fernandes e Godinho (2010) que
resumidamente as principais atividades do PCP são:
a) Prever a demanda (previsão);
b) Desenvolver um plano de produção agregado (Planejamento Agregado da Produção);
c) Realizar um planejamento da capacidade que suporte o planejamento agregado
(planejamento de Capacidade de médio prazo, também chamado RRP (Resource
Requirements Planning);
d) Desagregar o plano agregado (Desagregação);
e) Programar a produção no curto prazo em termos de itens finais (Programa Mestre de
Produção – MPS) e analisar a capacidade no nível MPS;
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f) Controlar por meio de regras de controle (por exemplo, regras de controle de estoques) ou
programar as necessidades em termos de componentes e materiais e avaliar/analisar a
capacidade no nível SCO;
g) Controlar a emissão/liberação das ordens de produção e compra, determinando se e quando
liberar as ordens (atividade chamada na literatura de revisão e liberação de ordens – Order
Review and Release – ORR);
h) Controlar estoques;
i) Programar/sequenciar as tarefas nas máquinas (dispatching ou scheduling).
Segundo Fernandes e Godinho (2010) o PCP envolve uma série de decisões com o objetivo de
definir o que, quanto e quando produzir, comprar e entregar, além de quem e/ou onde e/ou
como produzir. Sendo que essas decisões possuem uma estrutura hierárquica mostrada nas
Figuras nas 1 e 2.
Planejamento da
Planejamento agregado da
Planejamento capacidade de médio
produção
prazo
Controle do suprimento de
Plano desagregado da Capacidade
itens com leadtime de
produção instalada
suprimento longo
Estrutura de
Controle da produção
produtos
Roteiros de
fabricação
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1. Programar a
produção em termos de
itens finais
Entradas:
2. Programar ou
carteira de
organizar/explodir as NÃO
pedidos, relatórios
necessidades em
previsão de
termos de
curto prazo,
componentes
plano Acompanhamento O REAL É IGUAL AO
desagregado dos níveis de PROGRAMADO OU
3. Controlar a emissão/
da produção, produção e estoques ESPERADO
liberação de ordens
lista de
materiais,
4. Programar/ SIM
roteiros de
sequenciar as tarefas
fabricação etc.
nas máquinas
5. Análises de
capacidade de curto
prazo
Volte a programar somente para o
próximo período ou mantenha as regras
de controle
Segundo Corrêa et al. (2009) pode-se colocar o PCP como um setor de vendas dentro da
empresa, pois os envolvidos do setor têm que saber datas, prazos de entrega dos produtos aos
clientes. Normalmente a produção de qualquer fábrica quer grandes lotes e quer antecipar
para não correr riscos de perda de produção. Já o setor de vendas quer maior flexibilidade e
diversidade para atender as constantes mudanças do mercado. O PCP é um setor instável
devido às enormes mudanças que ocorrem no dia a dia das empresas, além de ser muitas
vezes obrigado a produzir mais com menos, já que algumas vezes o prazo já chega ao limite e
não podendo realizar HE acaba tendo que produzir muito mais com menos recursos, jamais
deixando de atender os clientes. Uma das grandes dificuldades do PCP refere-se ao
planejamento de matéria-prima, a falta de algum material para a produção pode gerar muitos
transtornos e muitas vezes parar a produção.
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Fonte: Os Autores
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Fonte: Os Autores
Figura 4: Quantidade Eventos x Métodos
A Figura 5 ilustra como ao longo dos anos as publicações em distintos eventos mostra
consideráveis oscilações em publicações mas sempre com grandes buscas na área pesquisada.
Fonte: Os autores
Figura 5 – Publicações Evento x Ano
Na Figura 6 avalia-se o método da pesquisa, onde mostra a diferença do método nos eventos
que utilizamos como fonte de nossa pesquisa. Pode-se verificar que os percentuais são
parecidos dos três eventos, mostrando como hoje é realizado as pesquisas.
Fonte: Os autores
Figura 6: Método e Pesquisa
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Fonte: Os autores
Figura 7: Autores com o maior numero de publicações.
De acordo com a Figura 7, pode-se verificar uma grande dispersão entre os autores da área.
Parte desta dispersão justifica-se pela abrangência que a área tem dentro da área de operações.
Como podemos avaliar pela Tabela 3, as áreas estudadas estão definidas com os percentuais
de cada evento.
Evento
Áreas
ENEGEP SIMPOI SIMPEP
PCP 58,78% 44,44% 44,85%
MRP 19,08% 27,78% 16,18%
TOC/
8,40% 16,67% 12,50%
OPT
PMP 6,87% 8,33% 11,76%
JIT 3,82% 2,78% 9,56%
Kanban 3,05% 0,00% 5,15%
Fonte: Os Autores
Tabela 3: Área estuda nos eventos ENEGEP, SIMPOI e SIMPEP
Com base na Tabela 3 o tema mais estudado de acordo com os eventos analisados é o PCP de
forma geral. Ou seja, boa parte dos autores buscam estudar aplicações do PCP de uma forma
mais ampla abrangendo várias das suas atividades. Em seguida vem estudos relacionados ao
MRP objetivando demonstrar sua aplicação, impactos no estoque gerado estoque com
mudanças do lead time, simulação de alterações na estrutura de materiais, entre outros.
5. Conclusão
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Com o estudo realizado nota-se que a área de PCP hoje é considerada parte importante no
processo produtivo das indústrias e na pesquisa acadêmica devido aos estudos realizados que
encontramos em nossa pesquisa. As empresas buscam a qualidade em seu processo produtivo
e as Instituições de Ensino incentivam aos graduandos, mestres e doutores, a realizarem
pesquisas nessas áreas devido a sua rápida evolução na última década por exemplo.
Os participantes dos eventos citados buscam várias maneiras de publicar seus artigos. Sendo o
ENEGEP o que possui o maior número de artigos publicados para este estudo. Sendo
observado que o método mais utilizado no ENEGEP é o Estudo de Caso com 61,83%, já o
SIMPOI está em 58,82%, e o SIMPEP em 60,98%. Também se observa que a pesquisa
acadêmica apesar de se desenvolver muito com a publicação de muitos artigos em todas as
áreas ainda é lenta com relação a velocidade que as indústrias buscam melhorar seus
processos, devido a alta concorrência, entre outros.
Avaliando o artigo para sua contribuição com a sociedade e o meio acadêmico podemos
destacar que buscamos mostrar que ferramentas existem e muitas na área de PCP e que ao
longo dos anos os processos foram modificados através da melhoria continua da ferramenta já
existente. Para a contribuição de futuras pesquisas nesse campo tão vasto que é o PCP.
Este artigo limita-se aos dez anos pesquisados, sendo que, a avaliação de alguns artigos pode
ter sido diferente da do autor com relação ao método e a área. Levando assim a erros que
podem dificultar a analise correta do mesmo. Sendo que o artigo sugere para futuros trabalhos
desenvolver estudos nessa área devido a quantidade de informações existentes e a
possibilidade de aplicações no meio acadêmico e industrial.
Referencial
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