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Winnicott e a Abordagem Psicossocial do Desenvolvimento Humano: Falhas no

Ambiente Social e Desenvolvimento

Winnicott and the Psychosocial Approach to Human Development: Failures in the


Social Environment and Development

Artigo científico apresentado


como trabalho de conclusão
do curso de Psicologia na
Universidade Federal de
Alagoas, sob orientação do
prof.

Maceió
2019
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Winnicott e a Abordagem Psicossocial do Desenvolvimento Humano: Falhas no


Ambiente Social e Desenvolvimento

Hélcia Emanuelly dos Santos

Resumo

Este artigo tem como objetivo a investigação da contribuição da teoria em psicanálise de


Donald Winnicott para a compreensão do papel do ambiente sociocultural nos processos
de desenvolvimento humano, através de uma leitura crítica de seus textos e outros
materiais importantes, para permitir a análise de seu potencial como ferramenta
conceitual relevante para uma abordagem psicossocial do desenvolvimento humano.
Explicitando alguns conceitos importantes como ambiente suficientemente bom, que
seria aquele relacionado com a relação mãe-bebê em que a mãe suficientemente boa
possui os elementos necessários para adaptar-se às necessidades de seu bebê e responder
de maneira satisfatória às suas demandas, através de um processo de ilusão-desilusão da
ideia de onipotência do bebê, que o permite desenvolver sua capacidade criativa através
da percepção do ambiente cultural que lhe é apresentado e seus estados de unidade e
separação com o mesmo. Essa resposta positiva do ambiente está relacionada com outro
conceito presente na teoria de Winnicott, a provisão ambiental, que é essa capacidade do
ambiente de permitir positivamente o desenvolvimento psíquico do indivíduo. Na medida
em que essa provisão ambiental falha, o indivíduo torna-se submisso e adaptado ao
ambiente que impede o desenvolvimento de sua capacidade criativa, seja por sua privação
ou invasão nessa vivência criativa. O sujeito inserido no contexto de falha de provisão
ambiental adapta-se ao seu ambiente e sua expressão criativa é substituída pelos
elementos contidos no ambiente, destituídos de espontaneidade, inventividade e
singularidade.
Palavras-chave: Winnicott. Desenvolvimento. Ambiente. Psicanálise.

Abstract

This article aims to investigate the contribution of Donald Winnicott's theory of


psychoanalysis to the understanding of the role of the sociocultural environment in human
development processes, through a critical reading of his texts and other important
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materials, to allow the analysis of their potential. as a relevant conceptual tool for a
psychosocial approach to human development. Explaining some important concepts as a
good enough environment, which would be related to the mother-baby relationship, in
which the good enough mother has the necessary elements to adapt to her baby's needs
and respond satisfactorily to her demands, through a The illusion-delusion process of the
baby's idea of omnipotence, which allows him to develop his creative capacity through
the perception of the cultural environment presented to him and his states of unity and
separation with it. This positive response from the environment is related to another
concept in Winnicott's theory, environmental provision, which is this ability of the
environment to positively allow the individual's psychic development. To the extent that
this environmental provision fails, the individual becomes submissive and adapted to the
environment that hinders the development of his creative capacity, either through his
deprivation or through invasion into this creative experience. The subject inserted in the
context of failure of environmental provision adapts to his environment and his creative
expression is replaced by elements contained in the environment, devoid of spontaneity,
inventiveness and uniqueness.
Keywords: Winnicott. Development. Environment. Psychoanalysis.
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Introdução

Winnicott (1971) nos apresenta uma compreensão importante acerca dos


processos de desenvolvimento psicossocial humano. Ao manter o foco na relação mãe-
bebê em seus contextos mais primitivos, é possível entender a importância a capacidade
do ambiente em fornecer ao bebê os elementos necessários para seu desenvolvimento
psíquico.
Com essa compreensão podemos estabelecer as consequências de falhas na
provisão ambiental, levando também em conta a importância de um contexto social
ampliado, entendendo que a relação do sujeito com o ambiente estende-se além da relação
mãe-bebê, apesar de poder ser compreendida a partir desta, incluindo também nessa
relação o pai, a família e a sociedade enquanto ambiente. Dessa forma é possível
analisarmos a possibilidade de elaboração de medidas para uma intervenção no contexto
sociocultural.
Este artigo busca investigar a contribuição da teoria psicanalítica de Donald
Winnicott para a compreensão do papel do ambiente sociocultural nos processos de
desenvolvimento humano, buscando analisar o seu potencial como ferramenta conceitual
relevante para uma abordagem psicossocial do desenvolvimento humano.
Como objetivos específicos desta pesquisa podemos listar:
1. Explicitar uma abordagem psicossocial do desenvolvimento humano ancorada
nos conceitos winnicottianos, focalizando os conceitos de “ambiente suficientemente
bom” e “provisão ambiental”.
2. Investigar, na teoria de Winnicott, as consequências de falhas na provisão
ambiental do contexto social mais amplo para o desenvolvimento individual.

Metodologia

Esta pesquisa teve como proposta metodológica a leitura aprofundada de textos


de Winnicott, e através desta leitura a investigação da contribuição de sua teoria para o
entendimento do papel do ambiente no desenvolvimento humano. Foram privilegiados
neste contexto os conceitos de ambiente suficientemente bom e provisão ambiental. Do
mesmo modo foi dada importância para a análise das consequências de falhas na provisão
ambiental do contexto social mais amplo para o desenvolvimento individual.
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Foi feito um levantamento dos textos considerados importantes para a


investigação dos conceitos citados e feita posteriormente uma análise crítica dos mesmos
através de discussões acerca de suas implicações para o desenvolvimento psicossocial
individual, em equipe. A obra de Winnicott priorizada foi o texto “O Brincar e a
Realidade” (1971), mas também foram utilizados outros textos que se mostraram
relevantes para a compreensão e desenvolvimento dos objetivos desta pesquisa.
As reuniões aconteceram nas dependências físicas do Instituto de Psicologia da
Universidade Federal de Alagoas, com as participação da equipe da pesquisa e membros
do grupo de pesquisa.

Resultados e discussões

Para Winnicott (1971) ao longo do processo de desenvolvimento emocional do


bebê acontece a elaboração do objeto transicional, como parte do processo de
experimentação dos fenômenos transicionais que ocorrem no chamado espaço
transicional. O objeto de desejo é considerado pelo bebê como parte de si mesmo, não há
diferenciação. Essa relação de não diferenciação do eu e não-eu cria para o bebê a
percepção de onipotência e independe do objeto escolhido, aquilo só existe por e através
de sua criação.
Nessa relação com o objeto algumas particularidades se estabelecem, a
conservação do objeto garante ao bebê esse poder absoluto sobre o mesmo, e a garantia
de que somente ele pode modifica-lo através de expressões de ódio ou amor. Dessa forma
o bebê pode então utilizar-se desse objeto como uma defesa contra a ansiedade. Essa
ilusão da onipotência experimentada pelo bebê é resultado do estímulo à criativa do bebê,
papel desempenhado pela mãe.
Winnicott nos coloca que é papel da mãe adaptar-se às necessidades do bebê e
mostrar-se capaz de atendê-las, apresentando o conceito de “mãe suficientemente boa”.
Ao mesmo tempo é necessário que a mãe seja capaz de diminuir sua adaptação de maneira
gradativa, na medida em que o bebê consegue lidar com a frustração de sua ausência, de
tal maneira que o bebê tenha compreensão de que sua frustração não é permanente. A
mãe suficientemente boa permite que o bebê acredite que as respostas dadas por ela são
criadas por ele, como reflexo de sua onipotência, fruto de sua habilidade e sob seu
controle. Ao oferecer o seio ao bebê somente quando ele o demanda, a mãe permite a
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elaboração de que o seio foi criado por ele, algo subjetivamente concebido, o seio que o
bebê ‘queria criar’.
A gradual desilusão gradativa da onipotência do bebê deve ser feita na mesma
medida em que o bebê consegue lidar com a ausência da mãe, e seu fracasso em atender
suas demandas. É possível então a percepção objetiva da existência de um mundo externo
a ele, e que não anula sua realidade psíquica interna e sua capacidade criativa. Esses dois
“mundos” se relacionam através dos fenômenos transicionais. É papel da mãe
suficientemente boa o processo de ilusão-desilusão, permitindo a emergência dos
fenômenos transicionais.
Quando essa relação falha, e o papel da mãe suficientemente boa de provisão
ambiental ás necessidades do bebê não é possível, sua capacidade de viabilizar o processo
de ilusão-desilusão é prejudicada. A ausência completa da mãe, ou por um período de
tempo superior à capacidade do bebê de superar essa ausência, revela o ambiente incapaz
de atender às necessidades do bebê. A expressão subjetiva da criança se transforma em
uma expressão submissa e adaptada ao ambiente. O ambiente se transforma em um
reflexo dessa ausência, impedimento do desenvolvimento da capacidade criativa do bebê.
De uma maneira saudável, a aflição gerada pela ausência da mãe é corrigida se a mãe
demora o tempo considerável suficiente para retornar e que o bebê possa superar sua
ausência. Essa ausência é benéfica na medida em que permite ao bebê a elaboração da
separação eu e não-eu. Quando a mãe retorna, é o ato de mimar que permite ao bebê a
reparação do ego e a reutilização de símbolos de união. Quando a ausência da mãe se
prolonga além do que é considerado razoável pelo bebê, seu retorno não corrige o estado
de aflição experimentado pelo bebê em sua ausência; esse estado de privação produz no
bebê a reorganização de suas defesas contra o retorno dessa ansiedade. Isso é apontado
por Winnicott como a experimentação de um estado de loucura pelo bebê.
Winnicott nos mostra que o brincar está localizado no espaço potencial entre a
mãe e o bebê, através da manifestação da criatividade. A criatividade aqui referida não
está relacionada simplesmente com domínio e manipulação de produtos da mente e do
corpo, como produções artísticas visuais e escritas, mas com a criatividade relacionada
ao viver e à vida, a experiência da criatividade. O gesto criativo permite a vivência
criativa, aquela que se apresenta de maneira não intencional, não mecanizada, ou
automatizada. Na clínica podemos relacionar o brincar e a experiência criativa com a
associação livre, brincar com palavras e pensamentos, inicialmente percebidos como
desconexos, mas vindo de um contexto espontâneo e de relaxamento, é papel do analista
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fornecer esse espaço assim como na relação mãe-bebê, é papel da mãe suficientemente
boa promover a elaboração criativa do bebê. O analista não deve organizar aquilo que é
dito ou apresentado e que possa parecer absurdo, apenas observar. O analista falha em
sua provisão ambiental quando enche o ambiente de interpretações desnecessárias,
desfazendo o lugar de relaxamento e repouso do paciente, que havia sido elaborado
através do sentimento de confiança no analista em prover esse lugar. A mãe que se
comporta de maneira invasiva em resposta ás demandas do seu bebê, impedindo sua
ilusão de onipotência, também falha em sua provisão.
Para que o paciente em análise possa existir como unidade, e ter uma experiência
criativa através da associação livre, ele produz um movimento de busca de si mesmo, de
elaboração do self. Nesse lugar de experiência criativa, a confiança nas relações baseada
na vivência, a atividade criativa, física e mental que se manifesta através do brincar, e a
soma dessas duas condições, que formam a base do eu (self).
Para Winnicott, aquilo que é objetivamente percebido e aquilo que é
subjetivamente concebido, estão relacionados com a maneira como o mundo externo se
apresenta para o indivíduo e como é concebido internamente. Na medida em que o bebê
faz a elaboração do processo de separação eu e não-eu, ou não fundição, com a mãe, ela
deixa de ser um elemento subjetivamente concebido no mundo interno do bebê, para ser
algo objetivamente percebido. A percepção de unidade e fundição que o bebê tem em
relação à mãe é consequente de uma provisão ambiental suficientemente boa, soma de
cuidados maternais satisfatórios e da capacidade da mãe em estar disponível às demandas
do bebê. Quando o ambiente falha, o indivíduo tende a experimentar a submissão,
adaptação e ajuste a uma realidade externa preexistente, não vivenciando sua experiência
criativa. Há sujeitos tão profundamente adaptados ao ambiente que perdem contato com
o mundo subjetivo, com a abordagem criativa da realidade.
A criatividade está relacionada com estar vivo, como um sinal de saúde
emocional, e da maneira através da qual o indivíduo é capaz de experimentar o mundo
externo. O ambiente que falha prejudica o processo de vivência criativa, sufocando a
criatividade do indivíduo. O indivíduo que experimenta o mundo externo criativamente,
é capaz de tomar parte das questões de sua comunidade, tornando-se uma pessoa ativa. O
indivíduo em sofrimento experimenta um sentimento de abandono da esperança, a perda
da percepção criativa do mundo através da destruição da criatividade. Dessa forma, o
sucesso ou falha das provisões ambientais nas fases primitivas da experiência de vida do
bebê, irão permitir que ele viva criativamente.
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A relação do homem com o ambiente social mais amplo é equivalente à relação


do bebê com a mãe, como um todo formador de uma unidade. As experiências culturais
como uma ampliação dos fenômenos transicionais, do brincar, e do viver criativo. Essa
nova relação está conectada com a experiência de eu e não-eu com o objeto e tudo que
está diretamente ligado a essa relação, como a dependência e a confiança na provisão
ambiental e a ideia de onipotência na manipulação dos objetos e o narcisismo. Na clínica,
é preciso estabelecer essa relação de confiança, similar à confiança na provisão ambiental
típica da dependência mãe-bebê. Quando a mãe é capaz de fornecer as condições
necessárias para o desenvolvimento do bebê os objetos podem ser descobertos, em caso
de falha na provisão ambiental, o bebê é incapaz de formar vínculos com a herança
cultural e não poderá contribuir para a formação do fundo cultural. A criança mostra-se
inquieta e incapaz de brincar, e há o empobrecimento da experiência cultural. Winnicott
nos fala da possibilidade de uma existência submissa e adaptada à realidade externa,
compreendendo que quanto mais prematuro for o estado de privação o espaço potencial
passa a ser preenchido com o que vem dos outros, do mundo externo, e não do bebê,
caracterizando o surgimento de um falso self.
A relação de objeto é consequente da identificação e projeção do indivíduo
esvaziado e capaz de encontrar algo de si mesmo no objeto. Essa relação é identificada
na relação de fusão mãe-bebê, onde o bebê não passou pela desilusão de sua onipotência,
e elaboração eu e não-eu. Na medida em que o objeto é colocado fora da área de controle
do bebê, através da desilusão de sua onipotência, o bebê reconhece então a existência do
objeto, tão somente pela sobrevivência do mesmo a essa destruição. Quando o bebê já
passou pelo processo de fundição com a mãe, há o uso do objeto, algo real, não fruto e
projeções. A mãe suficientemente boa permite ao bebê ser capaz de usar os objetos, agora
observados como diferentes de si mesmo. Na clínica o analista deve esperar e permitir
que o paciente chegue à compreensão criativamente. O paciente é capaz então de usar o
analista. É papel da mãe, e do ambiente colocar elementos da herança cultural à
disposição do bebê.
No cenário de provisão ambiental satisfatória, em que a mãe suficientemente boa
é capaz de prover os cuidados maternos necessários para o desenvolvimento do bebê, e
responder satisfatoriamente suas demandas, o bebê ao olhar para a mãe vê a si mesmo,
refletido naquilo que ele projeta na relação de objeto com a mãe, no humor da mãe e na
atenção que lhe dedica. Serralha (2007) apresenta a importância do pai, da família e da
sociedade enquanto ambiente, responsáveis por fornecer à mãe os meios necessários para
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a que ela possa fornecer ao bebê a provisão ambiental suficientemente boa. Quando o
ambiente social amplo falha em sua provisão, e apoio às capacidades da mãe, o bebê não
é capaz de ver a si mesmo refletido quando olha para a mãe, vendo apenas o reflexo do
humor da mãe, ou suas próprias defesas. Isso impede a formação de unidade com a mãe
e traz prejuízo para sua capacidade criativa. O bebê evitará o contato visual, tendo em
vista que esse movimento representa o caos em que ele é confrontado com a ideia de que
aquele mundo existe independe dele, não mais concebido por ele.

Conclusões

O ambiente suficientemente bom é aquele que está diretamente relacionado ao


papel desempenhado pela mãe em sua relação mãe-bebê, e pelo ambiente ampliado ao
pai, a família e a sociedade. Essa relação entre a mãe e o bebê é espaço potencial para a
elaboração de sua existência (self) e é através dessa elaboração que o indivíduo consegue
experimentar criativamente suas vivências. Essa relação mãe-bebê é destacada por um
estado primitivo fusional de unidade, onde a mãe suficientemente boa possui os meios
para tornar-se capaz de responder satisfatoriamente as demandas do bebê, permitindo que
o bebê elabore a ideia de onipotência e ação criativa dos objetos com os quais se relaciona
e com os quais não possui separação eu e não-eu.
Nessa fase de relação fusional podemos destacar dois momentos importantes de
falha na provisão ambiental. O primeiro, quando da ausência da mãe além do período de
tempo que o bebê é capaz de suportar, e o segundo, quando do movimento invasivo do
ambiente, ambos impedem a ideia onipotente de criação do bebê de que o ambiente ao
seu redor faz parte dele e foi criado por ele.
Com o desenvolvimento das capacidades do bebê, é papel da mãe a desilusão da
onipotência do bebê para que ele possa então enxergar os objetos como algo separado de
si mesmo, e não um reflexo de seu eu. Através dessa percepção o bebê inicia o movimento
de separação eu e não-eu, preenchendo esse espaço potencial com o brincar criativo.
Quando o ambiente falha em sua capacidade de provisão, o bebê é impedido de
desenvolver sua capacidade criativa através da ideia de onipotência. Dessa forma o bebê
passa a assimilar elementos do ambiente como dele mesmo, de maneira submissa e
adaptada, o falso self se estabelece como medida de defesa do bebê, na medida em que
ele é confrontado com um ambiente invasivo ou de privação. A provisão satisfatória do
ambiente responsável por estimular o desenvolvimento da capacidade criativa do
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indivíduo, o brincar e a experiência cultural são únicos para cada indivíduo, em casos de
privação, ou quando o ambiente é intrusivo o indivíduo não estabelece uma relação de
unidade com a sua existência.
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Referências bibliográficas

DE ARAÚJO, Conceição A. Serralha. Uma abordagem teórica e clínica do ambiente a


partir de Winnicott. 2007. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica). Núcleo de
Práticas Clínicas, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

WINNICOTT, Donald. (1971) O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

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