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Para começar, devemos lembrar que a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), alterando a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que trata
das sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente.
Um dos objetivos estabelecidos é a prioridade dada à gestão dos resíduos, que deixa de ser
voluntária e passa a ser obrigatória, estabelecendo a diferença entre dois conceitos:
Rejeito - Deve receber uma disposição final, visto que não apresentam qualquer possibilidade de
reaproveitamento.
A PNRS tem como objetivo principal a proteção da saúde e da qualidade ambiental, valendo-se,
portanto, dos princípios da Ecologia Industrial a respeito da não geração, redução, reutilização,
reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como das formas adequadas de disposição final
dos rejeitos.
A Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a PNRS, que buscou regulamentar uma gestão
integrada e o gerenciamento dos resíduos sólidos, no sentido de proteger a saúde pública e a
qualidade do ambiente.
Assim, a partir dos princípios da Ecologia Industrial, a lei coloca como objetivos a não geração,
redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final responsável
dos rejeitos.
O projeto de lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos tramitou por aproximadamente 20 anos no
Congresso Nacional, até sua promulgação.
Vários estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará e Pernambuco, já haviam promulgado leis
estaduais determinando diretrizes e normas de prevenção e controle da poluição.
Essa lei é ampla e contempla os anseios da sociedade em prol da preservação ambiental, tal como
vem expresso na Constituição Federal (art. 225)Estão sujeitas à sua observância pessoas físicas e
jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de
resíduos sólidos e aquelas que desenvolvem ações relacionadas à gestão integrada ou ao
gerenciamento de resíduos sólidos (art. 1º, § 1º).
Sabemos que as indústrias são alimentadas por energia, matéria-prima e água, cuja transformação
resulta em produtos e resíduos.
A ideia de Ecologia Industrial está voltada para ações cujo objetivo seja evitar o desperdício de
materiais e energia, minimizando a geração de resíduos e encontrando formas de reincorporá-los
aos ciclos produtivos.
Portanto, o estudo da Ecologia Industrial visa dinamizar a circulação desse fluxo de materiais,
aumentando seu aproveitamento e balanceando os fluxos de entrada e saída, de modo que o
equilíbrio do ambiente seja preservado.
Assim, evitam-se impactos ambientais, o que entendemos como a base para o desenvolvimento
sustentável, de modo a gerenciar a produção de resíduos e rejeitos, desde a obtenção da matéria-
prima, a manufatura, até o consumo e o descarte final.
Outro ponto importante é o gerenciamento dos resíduos sólidos nos aspectos econômico e social.
Temos observado que ainda não há um mercado capaz de assimilar os custos para a separação e
armazenamento de alguns materiais descartados considerados resíduos ou rejeitos.
Esta questão necessita ser abordada, de modo que receba o suporte de estudos focados na
viabilização econômica dos procedimentos, na caracterização dos resíduos, em ações que
promovam a educação ambiental e o envolvimento do terceiro setor.
Novo conceito
A Ecologia Industrial é uma nova forma de relação entre a indústria e o meio ambiente, observada
nos países industrializados, ainda que seja relativamente desconhecida nos meios acadêmico e
empresarial.
Até os anos 1950, os estudos ligados às atividades industrializadas concentravam-se apenas nas
consequências da poluição produzida, esquecendo-se de levar em consideração as causas.
Tal comportamento é hoje conhecido como “tratamento de fim de tubo”, expressão que tem sido
utilizada a partir do inglês, end of pipe, relativo a processos industriais que possuem controle apenas
na etapa final.
Um exemplo é a instalação de filtros para a retenção de poluentes em chaminés nas fábricas,
enquanto as várias etapas do processo industrial continuam gerando poluentes.
Isto promoveu a paulatina substituição desta forma de procedimento por tecnologias limpas, que
proporcionam menores custos de produção e minimizam os riscos ambientais.
A Ecologia Industrial, portanto, adota uma abordagem mais realista, inserindo os sistemas industriais
no ambiente, uma vez que ele depende dos recursos naturais, e não pode ser visto de forma
dissociada da natureza.
Não temos um consenso quanto à definição da Ecologia Industrial, mas não há como negar que se
trata de um sistema com uma visão integrada com a biosfera, salientando sobretudo o substrato
biofísico (lugar e ambiente) das atividades humanas e os limites da capacidade de carga do planeta e
da região na qual se projeta um empreendimento.
Sua proposta é completar os ciclos de vida dos materiais através da sua reutilização ou reciclagem
após sua utilização, de forma a aproveitar ao máximo o valor dos resíduos, que se tornam matéria-
prima para outra atividade.
Trata-se de uma visão sistêmica que pretende aprimorar o ciclo de materiais, desde a matéria-prima
até seu processamento e fim de vida.
Desse modo, busca-se prevenir a poluição, promover a reciclagem e a reutilização, o uso eficiente
dos recursos e insumos para a produção e estender a vida dos produtos industriais.
Partimos do princípio de que é possível organizar todo o fluxo de matéria e de energia que circula no
sistema industrial, de maneira a torná-lo um circuito quase inteiramente fechado, a partir do
relacionamento de indústrias entre si.
Assim, o calor produzido em uma empresa, antes dissipado no ambiente, pode servir para o
processo produtivo em outra empresa.
O rejeito de uma atividade industrial pode ainda tornar-se insumo ou matéria-prima de uma terceira
empresa, revelando uma dinâmica integrada entre parques ecoindustriais.
A Ecologia Industrial mostra que não se pode continuar realizando avaliações fragmentadas de
impactos ambientais causados pela produção industrial.
Devemos notar que a análise do produto deve ser acompanhada da avaliação do processo de
produção para que, sob a visão sistêmica, as interações do projeto com o meio ambiente possam ser
compreendidas tanto em sua dimensão espacial como temporal.
As normas da família ISO 14.040 contêm as diretrizes, requisitos, princípios e estruturas voltados
para a aplicação na ACV.
Desmaterialização da produção
A ideia de desmaterialização da produção surge como forma de se tentar obter mais serviços e bens
a partir de uma quantidade menor de matéria-prima, além de ter em vista o prolongamento da
durabilidade do produto, aumentando sua vida útil.
É, sem dúvida, uma atividade fundamental para a implantação de um sistema de gestão ambiental.
Ecoeficiência
O conceito também está relacionado ao uso de tecnologias que utilizam recursos renováveis e
processos de baixo ou nenhum impacto ambiental e a tecnologias que buscam eficiência energética
ou a utilização de recursos naturais alternativos.
A ecoeficiência corresponde a um novo conceito de gestão, que tende a promover maior eficiência
nos processos produtivos de uma empresa, visando ao aumento da qualidade dos produtos e dos
serviços prestados, intensificando sua competitividade.
No Brasil, esse movimento tem se fortalecido a partir do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável). http://cebds.org/
Outra ferramenta da Ecologia Industrial que pode ser utilizada na indústria é o Projeto para o
Ambiente (Design for the Environment, ou DfE), que examina todo o ciclo de vida do produto e
propõe alterações no projeto, de forma a minimizar o impacto ambiental do processo, integrando a
preocupação com o meio ambiente em cada etapa do ciclo de vida do produto.
Os resíduos produzidos durante o processo produtivo, ou durante o consumo dos produtos, podem
ser reaproveitados como insumos na cadeia produtiva, por meio de processos de reciclagem.
Torna-se, por isso, outra ferramenta da ecologia industrial: o tratamento e disposição final dos
resíduos não utilizáveis e rejeitos.
Materias Primas
Industrias Vidreiras
Envasadores
Embalagens
Distribuição
Consumidores
Coleta
Limpeza Seleção
Trituração
Por meio das ferramentas logística reversa e remanufatura os resíduos podem ser reaproveitados
diretamente na manufatura do produto.
Com o emprego das ferramentas da Ecologia Industrial, observamos que os produtores passam a
conhecer mais profundamente o processo do qual fazem parte.
As práticas de produção mais limpa e prevenção à poluição podem melhorar o desempenho, uma
vez que se voltam para a análise do detalhamento do processo.
Assim, nos dão a oportunidade de pensar e utilizar abordagens mais sofisticadas e adequadas, que
antes não seriam levadas em consideração graças a um planejamento menos atento ao que se tem
desenvolvido nesta área nas últimas décadas
Certamente uma abordagem sistêmica permite visualizar que produtos e processos não impactantes
ao ambiente não são somente aqueles que foram produzidos a partir de técnicas inovadoras que
minimizam o impacto imediato causado pela fabricação, mas também os que são devidamente
planejados com responsabilidade ambiental.
A origem do petróleo;
As formas de exploração e refino do petróleo;
As características químicas do petróleo.