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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO SEBASTIÃO
FORO DE SÃO SEBASTIÃO
2ª VARA CÍVEL
Rua Emídio Orselli, 333, ., Varadouro - CEP 11611-627, Fone: (12)
3892-2561, Sao Sebastiao-SP - E-mail: saoseba2cv@tjsp.jus.br
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1001277-58.2019.8.26.0587 e código 698C385.
DECISÃO
Processo Digital nº: 1001277-58.2019.8.26.0587

Classe - Assunto Ação Civil Pública Cível - Dano ao Erário
Requerente: Ministério Público do Estado de São Paulo
Requerido: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO SEBASTIÃO e outros
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Guilherme Kirschner
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por GUILHERME KIRSCHNER, liberado nos autos em 29/04/2019 às 13:27 .
Vistos.
Trata-se de ação civil pública de improbidade administrativa na qual o

Ministério Público imputa ilegalidades na contratação da empresa responsável pela
realização do concurso público para preenchimento de cargos na administração pública
municipal. Segundo o Ministério Público três foram as ilegalidades: indevida utilização da
modalidade de carta convite em face do valor do contrato para escolha da empresa
responsável pela realização do concurso; indevido recolhimento das taxas de inscrição
diretamente para a empresa contratada; violação à Lei de Responsabilidade Fiscal.
É o relatório.
Decido.
Em um primeiro momento há de se distinguir o processo de contratação

da empresa RBO SERVIÇOS PÚBLICOS E PROJETOS MUNICIPAIS EIRELI EPP e o
concurso público em si.
Sobre a contratação da empresa, imputa o Ministério Público duas

ilegalidades: indevida utilização da modalidade carta convite em face do valor alcançado
do contrato e o recolhimento da taxa de inscrição diretamente aos cofres do contratado.
Em relação ao recolhimento da taxa de inscrição diretamente aos cofres

do contratado, embora haja aparente irregularidade, não tem ela o condão de inquinar de
eiva todo o processo administrativo em si, de modo a ensejar a anulação da contratação e
cancelamento do concurso público, mormente quando se observa o prejuízo que trará aos
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candidatos e à própria administração pública. Mesmo porque, ao cabo, a quantia auferida
com as inscrições iriam para os cofres da empresa como forma de pagamento pelo serviço
prestado, nos termos do respectivo edital.
Já em relação à modalidade licitatória escolhida, carta convite, embora

chame a atenção a discrepância entre a previsão inicial do valor do contrato e aquele ao
final alcançado, quase dez vezes a maior, três são as opções facticas: extraordinário e
imprevisto numero de candidatos inscritos, subdimensionamento doloso ou
subdimensionamento culposo. Matéria a ser analisada durante o processamento do feito,
mediante o contraditório e a ampla defesa.
De qualquer sorte, ainda que se reconheça ao final ilegalidade na forma

de contratação da empresa e eventual ato de improbidade, não se vislumbra fundamento
para anulação do concurso público em si, a ensejar a concessão da liminar neste sentido.
Isto porque, como já acima fundamentado, não há noticia de vícios no concurso público em
si, de onde, ainda que se anule o contrato administrativo e condene-se alguém nas penas da
improbidade administrativa, há de se manter a validade do concurso público, vez que tal
medida é a que melhor aproveita os interesses da administração pública.
De outra banda, o único fundamento esposado na inicial apto a ensejar a

anulação do concurso público em si é a suposta violação à Lei de Responsabilidade Fiscal.
E neste diapasão, o numero de cargos postos em concurso 160 não se

mostra tão exacerbado, mormente em face das justificativas apresentadas pela Prefeitura
para a realização do concurso: grande numero de vacâncias nos quadros da administração
pública decorrentes de exonerações em cargos comissionados, aposentadorias, demissões.
Mas tal fundamento vestibular poderá ser, de forma plausível, elidido

pelos requeridos, quando então nenhuma mácula sobrecaira no concurso em si. Mas o risco
de ser reconhecida a violação apontada existe, de modo a ensejar a anulação do concurso
público quando do julgamento do feito.
Assim a cautela recomenda que se suspenda o concurso, mas tão somente

no que diz respeito à promulgação final dos resultados, respectiva homologação e posterior
posse dos candidatos aprovados, mantendo-se o calendário de provas. Vale lembrar a
expectativa de milhares de candidatos que se preparam para o concurso, com gastos em
material didático, viagens, hospedagens, etc, e a probabilidade de não ser o concurso
público em si anulado ao final.
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Portanto, neste ponto concedo a liminar para manter o calendário de
provas, mas suspender a divulgação dos resultados finais, homologação do concurso e,
por consequência, a posse de qualquer dos eventuais aprovados, até ulterior decisão.
Passa-se à analise do pedido de indisponibilidade.
E neste tópico, não se vislumbram presentes os requisitos da tutela

liminar almejada.
No presente feito sequer se cogita em superfaturamento ou ausência de

prestação dos serviços, a ensejar enriquecimento ilícito. Assim, ainda que se anule ao final
o processo licitatório e o respectivo contrato, não haverá de se falar em devolução dos
valores pagos à empresa, salvo eventual lucro, pois tal medida ensejaria o enriquecimento
sem causa da administração pública, já que os serviços foram efetivamente prestados. Trata-
se de matéria assentada na jurisprudência.
O decerto de indisponibilidade de bens é medida extremamente gravosa,

que deve ser deferida com cautela e em face de elementos seguros de prejuízos concretos à
administração pública, o que não se verifica in casu.
Poderia se mencionar o pedido de indenização por dano moral coletivo,

mas tal pedido, em face do todo acima fundamentado, não traz elementos de
verossimilhança seguros, a ensejar o decreto de indisponibilidade.
Assim, fica indeferido o pedido liminar de indisponibilidade de bens

formulado pelo Ministério Público e deferido o pedido de suspensão do concurso público,
nos termos acima fundamentados e delimitados (suspensão da divulgação dos
resultados, homologação do concurso e posterior posse dos eventuais aprovados).
Expeça-se o necessário.
Sem prejuízo, intime-se a Prefeitura de São Sebastião, na pessoa de seu

Procurador Chefe, para os fins do art. 17, § 3º, Lei 8.429/92 c/c art. 6º, § 3º, Lei 4.717/65
(intervir no processo, querendo, em 15 dias).
Notifiquem-se os requeridos para que ofereçam, querendo, manifestação

por escrito em 15 dias, nos moldes preconizados no art. 17, § 7º, da Lei 8.429/92.
5. Ciência ao Ministério Público.

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2ª VARA CÍVEL
Intime-se.
Sao Sebastiao, 29 de abril de 2019.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,

CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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Trata-se de ação civil pública de improbidade administrativa na qual o

Em um primeiro momento há de se distinguir o processo de contratação

Sobre a contratação da empresa, imputa o Ministério Público duas

Em relação ao recolhimento da taxa de inscrição diretamente aos cofres

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Já em relação à modalidade licitatória escolhida, carta convite, embora

De qualquer sorte, ainda que se reconheça ao final ilegalidade na forma

De outra banda, o único fundamento esposado na inicial apto a ensejar a

E neste diapasão, o numero de cargos postos em concurso 160 não se

Mas tal fundamento vestibular poderá ser, de forma plausível, elidido

Assim a cautela recomenda que se suspenda o concurso, mas tão somente

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Passa-se à analise do pedido de indisponibilidade.

E neste tópico, não se vislumbram presentes os requisitos da tutela

No presente feito sequer se cogita em superfaturamento ou ausência de

O decerto de indisponibilidade de bens é medida extremamente gravosa,

Poderia se mencionar o pedido de indenização por dano moral coletivo,

Assim, fica indeferido o pedido liminar de indisponibilidade de bens

Sem prejuízo, intime-se a Prefeitura de São Sebastião, na pessoa de seu

Notifiquem-se os requeridos para que ofereçam, querendo, manifestação

5. Ciência ao Ministério Público.

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