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Parte 1
Ori=cabeça; xá=força, energia.
Há muitas definições para dizer o que significa um orixá. Contudo, digo sinteticamente que
Orixá é uma entidade intermediária entre o Deus supremo (Olorum) e o mundo material. Os
Orixás são encarregados de administrar a criação e se comunicam com o homem por meio de
rituais, alguns complexos, outros nem tanto.
Anjos, Orixás, astros... Todos se interligam; daí a correspondência nas diversas culturas e ou
mitologias.
EWÁ
_ De personalidade tão instável quanto o clima, apesar de encantadora, era indiscreta e
tagarela. Diz-se, pois, que os filhos de Ewá são: encantadores, tagarelas, inquietos, não
sabem ceder, são temperamentais, tentam ser o centro das atenções, irritam-se além da conta
quando estão doentes, fazem um "carnaval" por tudo e por nada, querem tudo ao tempo e à
hora, não querem envelhecer. Mas nem tudo é defeito num filho de Ewá.
Dia da semana: segundo alguns, quarta-feira; segundo outros, terça-feira, com o que
concordo por ser este dia também destinado a Oxumarê. Assim, este dia é o aconselhável
para pedidos e oferendas.
Fiz questão de falar sobre Ewá, antes de qualquer Orixá, porque ela é pouco conhecida, por
isso mesmo pouco cultuada no Brasil, nem por isso deixa de ser fascinante, tanto que é a parte
feminina de Oxumarê cobra-arco-íris, deus da riqueza, do qual oportunamente falarei. Seu
número é 14.
A Magia, como ciência de alta luz, sempre existiu desde todos os tempos e assim continuará
por todos os tempos. Por agora, ainda repleta de mistérios profundos.
Os Orixás viveram na Terra e eram humanos com qualidades paranormais e repletos de
intensa força xamânica.
Assim também os Anjos viveram entre nós, como, aliás, não podia deixar de ser, pois até o
mestre Jesus, principal construtor deste planeta, aqui viveu, amou, sofreu, exemplificou...
Os arquétipos se conectam, daí a correspondência em várias culturas, mitologias... Na verdade,
os mitos são exemplos, modelos para o comportamento humano. Eles contêm mensagens
profundas que, às vezes, podem parecer absurdas, infantis, ridículas, mas representam, com
certeza, as "chaves de grandes mistérios". Jung, inclusive, reconheceu o que agora
singelamente estou afirmando. Felizmente, quase ao final da era de Peixes, todos estão
começando a buscar a cultura espiritual, compreendendo que o resto virá por acréscimo.
Voltando a Ewá, ela tem o nome de um rio da Nigéria; aliás, ele é que traz o seu nome,
porque quando ela nele se banhava, conheceu Oxumarê que a envolveu. Diz a lenda que
Oxumarê batizou o rio com o nome de Ewá em homenagem à amada. Oxumarê também
paquerou Ewá, assim como acontece com os apaixonados nos tempos modernos. Primeiro ele
aparecia todos os dias em forma de arco-íris quando ela se banhava no rio, e assim ficou
durante algumas semanas. Depois ele apareceu como um lindo príncipe, e ai sim começaram a
namorar e nunca mais se separaram.
Parte 2
Assim como os deuses do Olimpo, os Orixás amam, odeiam, favorecem, atrapalham...
Contudo, astros, Orixás, Anjos e os homens de boa vontade estão querendo ajudar a
sociedade e a cada um a aprender o real significado das palavras amor, solidariedade,
amizade, fraternidade...
Assim, no dia 31 de outubro de 1999, dia consagrado às bruxas, estiveram reunidos os líderes
católicos e luteranos, desejosos de ressaltar as idéias iguais. O ecumenismo florescendo, todos
aprendendo a conviver com as diferenças, todos buscando a cultura espiritual, com certeza,
também voltarão seus olhos benignos, a consciência, o coração para os Orixás, para a
linguagem das plantas, dos sonhos, dos símbolos, dos sinais. Certamente Olorum, Deus, fará
com que todos ouçamos Sua voz através do nosso anjo, de todos os anjos, e, assim, cheios
de ternura e caridade, chegaremos ao amor, à luz, à verdade. Por causa disto, leiam a lenda
de Ewá:
Ela era uma linda mulher que residia num reino distante de Ifé. Com seu jeito de princesa,
causava admiração por onde passava. Vivia às margens de um rio e por seus poderes, para
favorecer as colheitas, invocava as forças do vento, da chuva, da lua, da natureza enfim.
Um dia, quando se banhava no rio, um arco-íris se formou diante dela. O brilho intenso da luz
a impressionou, principalmente porque, além da luz, sentiu algo a envolvê-la. Correu
encantada para contar às pessoas o que lhe acontecera. Disse-lhes que o arco-íris
desaparecera deixando três moedas no local. Esta mesma cena se repetiu durante sete dias.
Intrigada, resolveu seguir o arco-íris para ver onde ele terminava. Nadou por três dias e três
noites até chegar à outra ponta do rio; lá havia uma coroa de ouro que ela, curiosa e
fascinada, tomou nas mãos. Então Oxumarê, o Orixá da riqueza, apareceu diante dela em
forma de príncipe, e ambos se encantaram, porque, de fato, eram ambos lindíssimos.
Apaixonada, Ela disse que não mais queria se separar dele. Ficou então sendo sua alma
gêmea, sua cobra-fêmea, sua parte feminina, inclusive no espaço, onde ele vive como arco-
íris.
OXUMARÊ
Porque estou falando de Ewá, devo agora falar de Oxumarê. Nana, querendo demais ter um
filho de Oxalá, concebeu o primogênito Obaluaiê, o qual por sua feia aparência foi por ela
desprezado. Então consultou Ifá (o Orixá da adivinhação) e este lhe disse que numa segunda
tentativa ela teria um filho lindíssimo, tão formoso quanto o arco-íris, mas este não ficaria a
seu lado, porque ela estava indo contra as leis da natureza: Oxalá era de Iemanjá,
Orunmilà havia traçado isto no céu. Aliás, o próprio Oxalá tentou, inutilmente, dissuadi-la
desta relação. Conforme previsto por Ifá, nasceu Oxumarê, maravilhoso. Durante seis meses,
assumia a forma de um arco-íris, levando água para o castelo de seu pai, que morava em Orun
(céu). Nos outros seis meses, voltava a Terra sob a forma de uma cobra, aquela que mordia a
própria cauda, dando a volta em torno da Terra. Ela teria gerado o movimento de rotação do
planeta, bem como o trânsito dos corpos celestes no espaço. É a serpente da bíblia, da magia,
e representa polaridades opostas: masculino/feminino, inverno/verão, noite/dia, bem/mal,
sendo que, por ser extremamente generoso, Oxumarê coloca no coração e na consciência do
homem a certeza de que só o Bem é a luz, o amor. Sendo assim, o Bem é tudo de que os bons
precisam para se tornar fortes; na verdade, o mal só existe porque os bons são tímidos. A
lenda continua dizendo que Oxumarê deu um reino a seu irmão e que lhe fez uma roupa
muito bonita para esconder sua aparência. Carinhoso, amoroso, não deixa que seus filhos
passem privações, e se os mesmos estão sujeitos ao carma ou à "Lei", ele procura consolá-los,
ajudando-os a suportar as provas.
Parte 3
OXÓSSE
Conta-se que houve no reino de Ijexá uma grande festa para comemorar a abundância das
colheitas. Nela o rei oferecia aos súditos cocos, milho verde, mel... Acontece que o soberano
não convidou as feiticeiras que ficaram furiosas; por isso, para lá mandaram um grande
pássaro, um pássaro gigante, o qual começou a atacar o povo, causando grande tumulto,
interrompendo tão alegre comemoração. Preocupado, o rei chamou os dois caçadores mais
famosos, ordenando-lhes que exterminassem a ave. O primeiro atirou vinte flechas, mas tudo
inútil. O rei, irritado, mandou-o embora. O segundo atirou quarenta flechas, mas tudo também
foi inútil. Então disseram ao soberano que havia nas proximidades um caçador de nome
Oxossi e que este, apesar de usar apenas uma flecha vermelha, certamente não falharia.
Sua mãe, ao saber do chamado, consultou um babalaô que lhe disse que seu filho caçador
teria sucesso se fizesse uma oferenda às feiticeiras, a qual consistia no sacrifício de uma
galinha. A oferenda foi feita, e o sucesso foi total. Oxossi lançou apenas uma flecha e o
pássaro, ferido mortalmente no peito, caiu no chão para a alegria de todos e principalmente do
rei que deu ao caçador metade de suas riquezas e uma cidade para governar: Kêtu, a terra dos
panos vermelhos. Governou esta cidade até a morte. Sempre foi querido por todos, porque era
alegre, leal, corajoso, caçador de aventuras, de animais, de idéias... Apaixonava-se muitas
vezes e facilmente. Como Ogum, era guerreiro; como Ossaim, morava na floresta. O único
amor de sua vida foi Oxum. Ele talvez tenha ficado leviano, inconseqüente, namorador,
porque Xangô lhe roubou sua amada Oxum.
Oxossi - sincretismo - São Sebastião.
Era filho de Iemanjá.
Dia da semana: quinta-feira.
Além de Oxum, era também muito encantado por Oxumarê (fêmea, Ewá).
Gostava das folhas e tinha também o dom da cura, muito embora seja Ossaim o Orixá da
medicina.
Parte 4
XANGÔ
No espiritualismo, para purificar o ar, o ambiente, as pessoas, há sete tipos de purificações ou
higienizações, sendo os mais usados: incensos, velas, água, sal... Por agora direi que o sândalo
é um incenso muito apreciado pelos Pretos-Velhos, bem assim como a essência e o perfume. O
patchouly é preferido pelos "caboclos". Em geral, Candomblé, Umbanda prefere incensos à
base de ervas. Anjos, Fadas e companhia preferem incensos florais e à base de frutas. É claro
que, para cada caso há um incenso, da mesma forma que as velas.
Vamos falar de Xangô?
Xangô reinou na cidade de Oyó, mas depois se transferiu para Kossô, onde ergueu um palácio
com cem colunas de bronze para viver com suas três mulheres: Obá (amorosa e prestativa e
também a mais velha), Oxum (linda, faceira, coquete...) e Iansã (amiga, cúmplice,
guerreira). Xangô tinha o dom da oratória, da persuasão e da sedução. Tinha uma dupla vista
além do normal, pois sabia, num rápido olhar ou mesmo de olhos fechados, quando alguém
roubava, mentia; tanto que se achava o maior justiceiro. Prepotente, autoritário, queria sempre
que sua opinião prevalecesse. Querendo ampliar seus poderes ainda mais, pediu a um famoso
babalaô de Oyó uma fórmula. Este, então, lhe deu uma caixinha de bronze com a ordem
expressa de abri-la em caso de extrema necessidade ou de legítima defesa. Xangô contou a
Iansã sobre o pedido e o presente, e os dois, não contendo a curiosidade, resolveram abrir a
caixa sem respeitar as recomendações. Imediatamente, trovões, relâmpagos, tempestades tão
fortes destruíram a população e a cidade, salvando-se apenas os dois e uma parte do palácio.
Algumas "nações" dizem que Xangô, não suportando tanta tristeza, se enforcou na única
árvore de Obi que restou no jardim destroçado de seu palácio igualmente em ruínas, para que
se cumprisse a justiça. Quando seu espírito passeia pela Terra, o único lugar que ele não visita
é aquele onde estava seu palácio. Dizem outras "nações" que a terra se abriu e ele de
propósito nela se afundou. Tanto ele quanto Iansã tornaram-se os Orixás dos raios, dos
trovões, das tempestades, enfim. Ela, porém, é chamada a "Senhora dos Sete Raios" por ter
conseguido dominá-los sem os exterminar. Não seguiu imediatamente com Xangô para o
mundo espiritual. Ficou na Terra por mais algum tempo ainda. Por ter evoluído e ter sentido
tanto a dor de uma injustiça, recebeu de Olorum o prêmio de ser o Orixá da justiça.
Há muitos tipos ou qualidades de Xangô, mas todos eles têm a justiça e a fé como principais
atributos. Na verdade, há sete qualidades ou tipos e assim acontece em relação a todos os
Orixás. Os tipos mais conhecidos de Xangô são: Xangô Agodô, Xangô Caô e Xangô Oberi,
respectivamente São Pedro, São João Batista, São Jerônimo.
Xangô roubou Oxum de Oxossi e Iansã de Ogum.
Vinícius de Morais, Dorival e Danilo Caymi, Jorge Amado são alguns famosos filhos de Xangô.
Além dos incensos, também os defumadores (que, na verdade, são incensos de uma forma
mais primitiva), nas religiões afro, são até mais usados que os incensos, com certeza.
Se a mata é o lugar preferido de Oxossi, as rochas, pedreiras e cachoeiras são os lugares
preferidos de Xangô. A cachoeira, principalmente, porque lá vive Oxum, e ele sempre se
encantou muito por ela, apesar de ser Iansã sua melhor cúmplice, sua companheira mais
constante, isto quando se trata de São Jerônimo, quando ele está na vibração dos raios e dos
trovões. Quando ele vai atrás de Oxum, é São Pedro.
Quero dizer com isso que cada qualidade é atribuída por causa das vibrações, das
circunstâncias, das afinidades e dos atributos adquiridos por determinado espírito. Cada Orixá
tinha seis amigos, daí formarem sete falanges que se subdividiram e se subdividiram
indefinidamente. Contudo, há, segundo alguns, sete, e segundo outros, oito; outros ainda,
dezesseis, e por último, trinta e dois Orixás principais. Acho, porém, que os principais são os
nossos Orixás e que os demais devem merecer nossa atenção pelo que fazem em prol da
natureza e da humanidade.
Parte 5
NÃNÃ
Em Iorubá, Nana quer dizer "grande senhora". Esta é a maneira pela qual o africano a
reverencia. Este tratamento só é dado às Orixás de grande importância. Nana é a mãe de
Obaluaiê, ambos são responsáveis pelo equilíbrio do mundo, pois cuidam do nascimento, da
morte e do acompanhamento do espírito após sua desencarnação. Tanto ela quanto seu filho
usam colares (brajás ou ibajás). No Brasil, ela é representada ou sincretizada, em algumas
regiões, como Santana, avó de Jesus, em outras, como Santa Teresa e ainda em outras como
Nossa Senhora do Carmo (pouco provável). Há também uma qualidade de Nana sincretizada
com Madalena. Talvez tenha sido esta que tenha seduzido Oxalá com vinho de palma, pois
estava muito apaixonada por ele e queria ter um filho seu. Oxalá, fiel a Iemanjá, achou que
isto não estava correto. Nana, porém, tanto fez que, desta sedução, nasceu Obaluaiê. Antes
de seu nascimento, um babalaô preveniu-a de que este primeiro filho seria horrível e que só na
segunda tentativa ela seria mais feliz. Se assim foi dito, assim aconteceu. Seu segundo filho
nasceu lindo e é o deus da riqueza, o arco-íris, Oxumarê. No começo, ela rejeitou Obaluaiê
que viveu longo tempo abandonado. Dizem uns que foi Iansã que o rei integrou no meio dos
Orixás; outros dizem que foi seu irmão Oxumarê. Oxumarê deu-lhe um reino e também
uma roupa de palha-da-costa. Ele sempre andava com a cabeça toda coberta para ocultar sua
aparência, principalmente nas festas.
Com o tempo, Nana percebeu as muitas afinidades existentes entre ela e seu filho que, apesar
de não ser bonito, tinha-lhe grande amor. Ela é a protetora das avós. Quando dança parece
estar apoiada num bastão, mas na verdade não está, ele é imaginário, visto apenas por
aqueles que têm "olhos de ver". As contas dos seus colares e dos seus adornos vão do azul-
claro ao azul-marinho e também branco-opaco. Nas iniciações dos seus filhos, a terra é
invocada como elemento e como planeta. Sua principal qualidade é a justiça.
A saudação a Nana se faz da seguinte forma: "SALUBBA NÃNÃ!"
OBALUAIÊ
Todas as manhãs, quando o sol vem surgindo, Obaluaiê ergue as mãos e os olhos para os
céus, numa atitude de amor e de respeito, saudando seus ancestrais, os demais Orixás, sua
mãe Nana e o próprio sol. Obaluaiê e Omulu são nomes do mesmo Orixá: Omulu quando
velho; Obaluaiê quando jovem. Nana e Obaluaiê são os Orixás da transformação e do
equilíbrio. Ele representa bem o ciclo vital: saúde-doença-juventude-velhice-vida-morte
(renascimento). Ele é o médico dos Orixás (Onixegum), mas é Ossaim, entre os Orixás, que
é considerado "o deus da medicina" por conhecer todas as ervas; contudo é Obaluaiê que
tem, depois de Olorum, o poder, vida e morte, pois, na Terra, toma conta das pessoas e na
hora do desenlace é ele quem as ajuda no desprendimento do corpo. Embora pareça
paradoxal, ele tanto pode trazer a saúde quanto a doença.
Sincretismo: quando novo, São Lázaro; quando velho, São Roque. Suas contas são pretas e
brancas às vezes; e às vezes vermelhas e pretas.
Parte 6
IEMANJÁ
"Dundalunga Iemanjá!" Isto quer dizer: Salve, Iemanjá!
Sobre este Orixá, que é feminino, há muito que se dizer, que se contar, porque, na verdade,
ela é reverenciada pelo mundo inteiro, já que é a Rainha da terra, do mar, do céu da Terra,
mãe da natureza!
Ísis, Sofia, Maria, Iemanjá!... São estes os seus nomes mais conhecidos, ela que, na
verdade, tem mais de mil nomes. Um dia Gandhi falou: "No Hinduísmo, conheço os mil nomes
de Deus; mas depois de refletir, de meditar, compreendi que, em verdade, Ele não tem
nome". Talvez com Iemanjá se dê o mesmo. O nome, porém, é necessário, porque é a coisa,
o espírito manifestado.
15 de agosto, 31 de dezembro, 2 de fevereiro são os dias oficiais de Iemanjá, embora sejam
seus todos os minutos, de todos os tempos.
Iemanjá é tão mágica e tão forte que, desta ou daquela forma, desperta todos os interesses
desde os comerciais aos sentimentais. A Bahia é o berço predileto desta rainha. Mas o seu
palco é o Rio de Janeiro.
Foi com Iemanjá que a vida teve início. Ela é a senhora das Grandes Águas e mãe de todos
os Orixás. A coreografia de sua dança representa o movimento das ondas do mar, e seu canto
é tão harmônico e tão suave que encanta a todos que sabem ouvi-lo. Por esta razão, dizem
que é muito perigoso ouvir "o canto da sereia". Há sobre ela muitas lendas, muitas verdades e
muito folclore.
O dia consagrado a seu culto na Bahia é 2 de fevereiro quando saem os barcos repletos de
presentes, do rio vermelho, se estendendo por todas as praias. Colares, rendas, fitas, flores,
leques, perfumes, pulseiras... Eis alguns dos presentes que ela gosta de receber. Os baianos
dizem água-de-cheiro quando querem se referir a perfume. Na Bahia e no Rio Grande do Sul,
ela é sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes. Em São Paulo, nossa Senhora da
Conceição e no Rio de Janeiro, Nossa Senhora da Glória. Iemanjá é Rainha das Sereias, para
uns, e das Ondinas, para outros.
Os filhos de Iemanjá perdoam sempre, amam muito, são bons amigos, bons esposos, gostam
da natureza, respeitam as pessoas, as tradições, são organizados, generosos, dificilmente têm
problemas psicológicos, tratam com carinho até os objetos, gostam de enfeitar suas casas,
gostam de roupas de seda bordadas, são vaidosos, especialmente com os cabelos, e as
mulheres gostam de tê-los compridos. Têm muita intuição, choram por qualquer coisa, adoram
estar atualizados e dificilmente são feios. Quase sempre são morenos. Se pudessem, fariam
cirurgia para corrigir todos os defeitos. Têm poucos problemas de saúde, mas sabem superá-
los com alegria, energia e paciência. Têm muitos problemas com os seios. Atualmente as filhas
de Iemanjá se esforçam para ser esbelta. São sensuais e, às vezes, se tornam tântricas,
gostam de uma adoração antes do sexo, porque se sentem como deusas e o são.
Orixá é também uma força, uma energia da natureza cósmica. Iemanjá é tudo isso e muito
mais. Dizem que nas noites de luar ela canta para atrair os pescadores para o fundo do mar.
Há quem diga, maldosamente, que ela tem muitos homens, mas isto está longe de ser
verdade. Eles ficam para as sereias ou para as ondinas que moram em suas águas.
Realmente ela transborda de encantos, mas pertence apenas a Oxalá.
Dias dedicados a Iemanjá: segunda e sábado. Há ainda quem lhe consagre o domingo por
causa de Oxalá.
Outra saudação para Iemanjá: "Odoiá!"
Ela é filha de Olokun (mar). Ela e Oxalá teriam criado o mundo. Quando dançam, abrem os
braços como se estivessem nadando no mar, depois colocam as mãos na testa, levantando-as
para o céu como se quisessem também erguê-lo. Os muitos nomes que ela tem se devem à
profundidade dos mares, às localidades...
Insígneas: leque e espelho. Seu número é o número 5. O mesmo número de Oxum.
Iemanjá significa "filha de peixe". Ela teve dez filhos, todos Orixás. Talvez tenha tido muitos
mais. Os mais conhecidos, porém, são dez. Diz uma das muitas lendas a seu respeito que por
amamentá-los ficou com vergonha de seu marido, porque seus seios ficaram enormes e, por
isso, fugiu de Ifé rumo a oeste e foi dar no reino de Okerê. O rei se apaixonou por ela e se
casaram, mas ela lhe pediu que não a ridicularizasse. Ele prometeu que não o faria, mas certo
dia se embriagou e começou a zombar dos seios dela. Iemanjá fugiu novamente e se lembrou
de uma garrafa que sua mãe Olokun, deusa do mar, lhe havia dado com uma porção mágica
para ela tomar em caso de perigo. Porque ela estivesse correndo, caiu, quebrou a garrafa e
assim se transformou em um rio, indo parar no mar. Okerê, apaixonado, e não querendo
perdê-la, se tornou uma montanha para impedir o curso das águas. Contudo, ela pediu ao filho
Xangô para livrá-la deste amor, e ele partiu a montanha para ajudar a mãe. Xangô tudo
quebra com seu Oxé (machado).
Parte 7
Quando os africanos chegaram aqui, acorrentados nos porões dos navios negreiros, se não
trouxeram bens materiais, trouxeram sua religiosidade, sua cultura, suas tradições, enfim,
aquilo que o pai Olorum lhes deu e, na Terra, ninguém pode roubar ainda que o queira.
Apesar das chicotadas cruéis dos brancos, jamais os negros esqueceram a beleza dos seus
cantos, a graça das suas danças nem o poder dos seus Orixás.
Mãe Oxum amparava todas as escravas na hora do parto e também as sinhás brancas. Se
assim não fosse, as negras teriam morrido sem remédios, sem recursos, sem alimentação, sem
higiene nem repousou adequado; e as brancas, cheias de dores, não agüentariam a vinda de
alguma curiosa para ajudá-las. Se o bondoso Oxalá não tivesse dado paz e força aos pobres
escravos, os quais tinham de se curvar às malvadas mãos dos feitores, todos teriam sucumbido
e nosso país, com certeza, não seria hoje metade do que é. Apesar dos maus tratos, os negros
não deixaram de ser fiéis aos seus deuses-ancestrais, aos seus Orixás, às suas raízes,
mesmo assistindo às missas que os seus senhores mandavam celebrar para não serem
tomados como bárbaros ou desumanos. Claro está que os negros faziam isto coagidos.
As principais vertentes das religiões afro-brasileiras são a Umbanda e o Candomblé, pois os
africanos espertos, e não podendo desprezar o poder, a força e a proteção dos seus "Maiores",
passaram a associar os santos católicos aos Orixás que mais conheciam ou que mais os
ajudavam, surgindo assim o sincretismo. Com a convivência, grande parte dos católicos
também embarcaram nessa, e como!
Parte 8
Apesar da Astrologia tradicional estabelecer conexões com a Mitologia greco-romana, ou talvez
por causa disso, seja possível associar cada signo do zodíaco a um Orixá que, certamente,
concederá bênçãos especiais, nascidas em seu período de regência, sem, contudo deixar de
atender aos que a ele recorrem ou aos necessitados que ainda não sabem pedir, por orgulho
ou por falta de fé.
Preste atenção, amigo, vou lhe dizer o Orixá do seu signo e, ao longo desta macro-série, irei
também colocando sua oração e algumas particularidades dele.
ÁRIES: Ogum (São Jorge)
TOURO: Oxossi (São Sebastião)
GÊMEOS: Ibeji (Cosme e Damião)
CÂNCER: Oxum (Nossa Senhora da Conceição)
LEÃO: Xangô (neste signo, Arcanjo Miguel)
VIRGEM: Obaluaiê (São Lázaro, com os anjos Rafael e Regina).
LIBRA: Oxumarê (São Bartolomeu, trabalhando com São Mateus e todos os anjos)
ESCORPIÃO: Nana (Senhora Santana, mãe de Maria, avó de Jesus, trabalhando com os
anjos Azrael, Asaril e Joyce)
SAGITÁRIO: Iansã (Santa Bárbara trabalhando com São Jerônimo, São Tomé e o reino
angelical).
CAPRICÓRNIO: Omulu (São Roque - Obaluaiê velho)
AQUÁRIO: Oxalá (Jesus)
PEIXES: Iemanjá (Nossa Senhora da Glória e Nossa Senhora dos Navegantes)
_ PARTICULARIDADES E INDICAÇÕES _
ÁRIES (OGUM)
Senhor das Guerras e das Competições; daí sua coragem, sua determinação, disposição para
tudo... Luta sempre contra o mal, jamais se omite. Você é assim?
Dia deste Orixá: terça-feira.
ORAÇÃO
Pelo poder do fogo e do aço, por Ogum, sempre venci, venço e vencerei, porque tu, meu
Orixá, és fiel amigo de Jesus e da Virgem Maria que te deram toda a força, todo o poder, pois
só queres o bem. Ogunhê! Patacory, meu pai! Com sua lança de aço e com sua espada de
prata, abra meus caminhos, limpe meu corpo, minha alma e me livre dos falsos amigos, dos
perigos, dos inimigos, visíveis ou não, tanto do mundo material quanto do espiritual. Dê-me
seu Axé, ó Grandioso Orixá, para que com sua ajuda eu consiga... Poderoso senhor do ferro e
do aço, vencedor de demandas, que eu tenha paz e prosperidade e que jamais me deixes
fraquejar para que eu sempre consiga realizar tudo que desejo. Que o Grande Oxalá te
ilumine e a mim também. Patacory, Patacory, Patacory! Salve Ogum, Salve São Jorge,
Matador de Dragão, Exterminador do Mal, junto com o Arcanjo Miguel e com todos os anjos
do céu.
TOURO (OXOSSE)
Carisma, intuição, sensibilidade. Orixá da Fartura, Senhor das Matas. Tenha cuidado com
amigos falsos e procure manter a harmonia familiar.
Dia do ritual para o Orixá: quinta-feira.
ORAÇÃO
Okê, Okê! Oxossi! Faça de mim uma pessoa bem sucedida. Que nada falte em meu lar. Que eu
tenha sempre sabedoria para agir, força para jamais desanimar e paz para conseguir meus
ideais; vigiar, trabalhar e orar. Ó Rei da Mata, da Lua, do Céu Azul... De tanta coisa linda e
forte. Faça-me livre como o vento, leve como os pássaros, direto (a) como sua flecha. Caçador
do Bem, que eu sempre vença, mesmo perdendo. E que eu sempre seja feliz, mesmo
chorando.
Okê, Oxossi! Salve São Sebastião!
Se você é de Ogum, procure comer inhame; se for de Oxossi ou de Ossaim, milho, folhas...
Ah! Não se esqueçam de cantar para os anciãos e de lhes levar carinho, consolo, amor.
Câncer (oxum)
Deusa dos Rios, das Cascatas, do Amor, dos Encantos... Este Orixá lhe oferece charme,
amor, doçura, intuição, sensibilidade... É só entender e aproveitar.
Faça da sua vida um motivo de alegria. Não se entristeça nem se aborreça por tolices. Beba
muita água, afinal, ela é o elemento do seu signo. Não abuse do seu charme. Seja encantadora
como Oxum, e não uma pessoa vulgar.
Dia para o ritual: sábado.
ORAÇÃO
Saravá Oxum! Senhora Dourada, de pele e de alma. Sei que suas águas são benditas, por isto
peço que elas me livrem de todas as impurezas, lavem minhas mágoas, minhas chagas e
também todo o planeta. Divina Rainha, Linda Orixá, que as suas mãos me tragam os lírios da
paz, da bondade, da esperança e que você me faça doce, amorosa, sedutora, rica e
carismática como você é. Mamãe Oxum proteja-me! Que eu ame e seja amada. Que eu ame
tudo quanto existe. Ai Iê-ieu mamãe Oxum! Livre-me de toda bruxaria, de toda maldade, de
toda feitiçaria. Obrigada, Senhora do Mais Puro Axé!
LEÃO (XANGÔ)
O Senhor da Justiça, do Fogo e dos Trovões.
Se você se deixar guiar por este Orixá, será uma pessoa firme, franca, verdadeira. Cuidado
para não se tornar autoritária, prepotente, nem querer ser a dona da verdade. Tenha menos
vaidade para não ter inimigos implacáveis e ter amigos leais. Desta ou daquela forma, você
será sempre um líder.
Dia para o ritual: quarta-feira. Procure comer quiabo, cenoura ralada e tomar chá de maçã.
No dia dos rituais, não coma quiabo, porque ele é o prato do Orixá.
ORAÇÃO
Xangô, Caô, Caô, meu Pai! Senhor dos Raios e da Justiça Divina! Não permita que meus
inimigos atinjam meu corpo nem minha alma. Que eu não faça nem sofra injustiças. Ó Senhor
do Machado Sagrado! Por seu Oxé, eu peço:... (faça o pedido). E peço mais: quero ter o
coração puro e a força das rochas que sempre estão sob seu domínio. Proteja-me, Senhor do
Fogo e da Vida, para que não me faltem a coragem, a alegria de viver, a fé e a caridade.
Abençoe-me, Grande Orixá, e interceda sempre por mim. Caô Xangô, Caô!
Parte 9
ALGUMAS PALAVRAS USADAS PELOS ORIXÁS
Abebé: espelho usado por Oxum;
Abelê: leque usado por Oxum;
Adoxu: estado em que o iniciado já pode incorporar o orixá;
Amorim: pano virgem;
Axé: força invisível; mágica e sagrada; está sendo usada vulgarmente como paz, sucesso...
Bori: cerimônia destinada a reforçar a cabeça do iniciante;
Brajá: colar de búzios com aparência de escamas de serpente, utilizado por Oxumarê;
Ejé: sangue derramado na cerimônia de iniciação;
Elegun: eleito preferido do Orixá;
Epô: azeite de dendê;
Erukerê: rabo-de-cavalo usado só pelos reis, característico de Oxossi;
Ifá: orixá da adivinhação e do destino, mensageiro de Deus;
Igbá: bacia usada na cerimônia de iniciação do iaô-elegum;
Iká: tipo de reverência do iniciado do sexo masculino;
Ilé: casa;
Iyó: sal.
Orixás da Paixão fortaleçam meu corpo, minha cabeça, minha emoção, para que possa viver
em mim muita paixão, toda paixão!
Quero ter toda paixão por mim, por meu trabalho, por meus estudos, pela vida, por meu
amado... Quero a paixão dentro de mim e também caminhando comigo, do meu lado.
Quero ter a sensualidade de Iansã, o encanto de Oxum, a doçura de Iemanjá, a força de
Ogum, o charme de Ewá...
Lua, Lua-Luar! Vem me ajudar! Quero apaixonar e me apaixonar. Quero enlouquecer e me
enlouquecer; quero, enfim, deixar viver, fazer viver e também viver.
Pai Oxalá, tu que governas este mundo, um dia, um dia... Transforma toda esta paixão no
amor mais profundo. Um dia! Um dia! E saravá, todos os Orixás, os que são da paixão e os
que não são.
Clara Luz