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UNIVERSIDADE DE VASSOURAS

CURSO ENGENHARIA QUÍMICA- 6° PERÍODO


PROFº IRINEU VIEIRA DA SILVA JÚNIOR

SEMINÁRIO DE PROCESSOS UNITÁRIOS:


ÁLCOOL-AÇÚCAR

JANAINA MARTINS THEODORO


LUCAS PEREIRA LADEIRA

VASSOURAS-RJ
2018

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................4
2. HISTÓRIA DO ÁLCOOL- AÇÚCAR .....................................................5
3. PROCESSO PRODUTIVO DO ALCOOL E AÇÚCAR .........................8
3.1 Matéria-prima .....................................................................................8
3.2. Plantio................................................................................................9
3.3. Colheita............................................................................................13
3.4. Lavagem ..........................................................................................18
3.5. Moagem...........................................................................................20
3.6. Tratamento do caldo ........................................................................21
3.6.1. Sulfitação ......................................................................................22
3.6.2. Caleação ......................................................................................23
3.6.3. Aquecimento .................................................................................25
3.6.4. Fosfatação ....................................................................................26
3.7. Decantação .....................................................................................27
3.8 Filtração ............................................................................................28
3.9. Evaporação......................................................................................30
3.10. FABRICAÇÃO DO AÇÚCAR .........................................................31
3.10.1 Cristalização ................................................................................31
3.10.2. Cozimento ..................................................................................32
3.10.3. Centrifugação .............................................................................34
3.10.4. Secagem.....................................................................................35
3.10.5. Refinaria .....................................................................................36
3.10.6. Armazenamento e transporte .....................................................38
3.11. FABRICAÇÃO DO ÁLCOOL ..........................................................38

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3.11.1 Fermentação ...............................................................................39
3.11.2. Destilação ...................................................................................41
3.11.3. Desidratação ..............................................................................42
3.11.4. Armazenamento e transporte .....................................................42
4. PRODUTOS .......................................................................................44
4.1. Etanol ..............................................................................................44
4.2. Açúcar .............................................................................................46
5. SUBPRODUTOS ................................................................................52
6. CONCLUSÃO .....................................................................................58
7. TABELA DE ASPECTOS E IMPACTOS .............................................59
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................60

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1.INTRODUÇÃO

Com toda a preocupação nos dias atuais com o esgotamento das


fontes renováveis de energia, como o petróleo, a indústria sucroalcooleira
se destaca por apresentarem recursos renováveis e sustentáveis.
Praticamente toda cana-de-açúcar que o mundo produz vira álcool ou
açúcar. Esse processo é relativamente simples, basta moer a cana para
fazer escorrer o açúcar em estado líquido, o famoso caldo de cana.

Se este caldo for fervido, o excesso de água evapora e ele se


transforma em açúcar, ajudando na economia. Se ele for fermentado, vira
álcool, menos poluente relacionado a gasolina. Essa fermentação nada
mais é, que o uso de microrganismos (leveduras) para quebrar as
moléculas do caldo e ajudar na fabricação do álcool.

As usinas que trabalham com a cana-de-açúcar aproveitam


praticamente tudo da planta. Após retirar o caldo da cana, o que sobra é
chamado de bagaço. Atualmente ele é utilizado pelas usinas para gerar
energia elétrica e, em menor escala, biogás. Pesquisas promissoras
mostram que este bagaço pode também virar álcool, o famoso etanol
celulósico. (Nova Cana, 2013)

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2. HISTÓRIA DO ÁLCOOL- AÇÚCAR

A cana de açúcar foi um dos produtos mais cobiçados e disputados


pelos homens das civilizações antigas, pois se trata de uma planta cuja
matéria-prima dá origem aos diferentes tipos de açúcar e também ao
álcool (hoje chamado de etanol). Com estas extrações é possível produzir
os mais variados pratos doces para consumo alimentício, bebidas
alcoólicas e combustíveis para meios de transporte.

A planta da cana de açúcar surgiu na Nova Guiné e posteriormente


foi para a Índia muitos séculos antes de Cristo. Mais tarde, a matéria-
prima foi descoberta pelo império macedônico e disputada durante as
cruzadas, resultando na expansão da mesma para a Grécia, França,
Sicília, Itália, Espanha, Holanda, Portugal e Egito. Foram os egípcios que
começaram a processar o caldo da cana para obter o açúcar da forma
como é comercializado hoje em dia. (Bebida Express Blog, 2013)

Nesta época, consumir o açúcar extraído da produção do caldo de


cana do açúcar era privilégio dos reis e povos nobres da Europa, que
inclusive registravam o produto em seus testamentos como herança.
Além disso, os médicos forneciam a matéria-prima para aliviar os
sintomas de algumas doenças. Muitos anos depois, durante a gripe
espanhola, eles utilizaram o álcool para curar outros males, sendo este o
princípio, junto com o limão e o açúcar, da criação da bebida alcoólica
caipirinha. (Bebida Express Blog, 2013)

A cana de açúcar chegou à República Dominicana no ano de 1493


quando Cristóvão Colombo voltou para a América do Sul pela segunda
vez. Os europeus esqueceram a planta por causa da descoberta do ouro
e da prata, então o Brasil passou a monopolizar a produção e a exportar

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açúcar e álcool para os demais países. Quem trouxe para o nosso país
tropical foi Martim Affonso de Souza, no ano de 1532. Assim surgiram os
engenhos, onde se utilizava mão-de-obra escravizada indígena e
africana, que só chegou ao fim quando o foco mudou para o café. Os
escravos foram deslocados para as fazendas e os engenhos foram
substituídos pelas usinas. (Bebida Express Blog, 2013)

Fonte: https://www.novacana.com/cana-de-acucar

Na américa do Norte, o açúcar foi extraído pela primeira vez em


1689, utilizou-se cana proveniente das Índias Ocidentais, já em 1751
cultivava-se cana no continente. Moendas e moinhos movidos a vapor,

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foram introduzidos no final do século XVIII, já a vaporização a vácuo foi
inventada por Howard, em 1824. (SHREVE,1998)

Em 1747 foi descoberto o açúcar de beterrabas, mas sua introdução


nos Estados Unidos só ocorreu em 1830, e nenhuma usina foi operada
com êxito até 1870. A primeira preparação da dextrose, em 1811, levou
ao desenvolvimento da indústria do açúcar de milho nos Estados Unidos.
A primeira fabricação foi no princípio de 1872, sendo o produto a glicose
líquida. Até 1918, entretanto, não foram produzidas quantidades
apreciáveis de dextrose cristalina e pura.

(SHREVE,1998)

O caule da cana de açúcar é processado com a finalidade de se


extrair o caldo, que ao ser fervido e cristalizado, se torna diferentes tipos
de açúcares, como: cristal, refinado granulado, amorfo, graçúcar,
invertido, mascavo, demerara, hidratado, anidro, bruto e neutro. Os
produtos são utilizados para produzir energia elétrica, alimentos doces,
alimentos salgados, combustíveis, aditivos, cosméticos, rações, adubos,
vinhaças, proteínas, metanos, solventes e bebidas alcoólicas como
a cachaça e o rum. Já o bagaço do caule pode ser mastigado, pois possui
várias proteínas benéficas para a saúde, e depois descartado. (Bebida
express blog, 2013)

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3. PROCESSO PRODUTIVO DO ALCOOL- AÇÚCAR

Processo produtivo da cana de açúcar

Fonte: http://botanicaeconomica.blogspot.com/2015/04/impactos-ambientais-da-producao-
de.html

3.1 MATÉRIA PRIMA

A cana-de-açúcar é conhecida por suas características peculiares:


uma planta fina de formato cilíndrico, folhas grandes e pode alcançar até
seis metros de altura.

É com ela que se faz dois produtos essenciais para a economia


mundial: o açúcar, parte indispensável da alimentação humana, e o

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álcool, utilizado nas bebidas alcoólicas como a cachaça, o vinho e a
cerveja, ou como combustível para abastecer os carros, também
conhecido como etanol.

A altura que essa espécie atinge está diretamente ligada à


quantidade de sol que ela recebe diariamente. Cultivados em locais de
clima tropical ou sub-tropical, os pés de cana-de-açúcar são da mesma
família de plantas como o milho, o arroz e a cevada. A cultura pode se
desenvolver até em solos sem muitos recursos, como o cerrado. A cana
produzida hoje é resultado de diversas melhorias genéticas feitas através
do cruzamento de suas espécies. (Nova Cana, 2013)

Os produtos obtidos pela cana de açúcar, são diretamente


influenciados pelo seu plantio, crescimento da cana (clima, temperatura,
luz solar e índice pluviométrico), transporte da matéria prima, os
processos unitários.

3.2 PLANTIO

Primeiramente é necessário fazer o planejamento da área que a cana


será plantada, com um levantamento topográfico e o plantio da cana pode
ser efetuado manualmente ou mecanicamente. (ROSSETO e SANTIAGO
- Embrapa)

 Espaçamento e profundidade

O espaçamento adequado contribui para o aumento da produção, pois


interfere favoravelmente na disponibilização de recursos como luz, água

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e temperatura. No caso da cana-de-açúcar, o espaçamento entre sulcos
pode variar de um metro a 1,8 metro, com as seguintes recomendações:

 A profundidade do sulco deve variar entre 20 e 30 centímetros;


 Em solos arenosos, espaçamentos mais estreitos como 1 metro ou
1,20 metro são mais indicados.
 Se a colheita for mecanizada, o espaçamento deve ser de ao
menos 1,5 metro para evitar o pisoteamento e a compactação das
linhas de cana pelas rodas das máquinas.
 Em solos férteis, o espaçamento mais comum é de 1,5 metro.

- Espaçamento único: quando a distância entre os sulcos de plantio é


constante em toda a área plantada.

- Espaçamento combinado: quando num mesmo talhão combinam-se


faixas de espaçamento uniforme com faixas de espaçamento alternado,
a fim de propiciar condições para o controle do tráfego. Para a cultura da
cana é comum o chamado espaçamento abacaxi, onde duas linhas de
cana são plantadas a 30-60 centímetros de distância uma da outra, com
espaçamento da entrelinha por volta de 1,50 metro. (ROSSETO e
SANTIAGO- Embrapa)

Fonte: http://www.agriambi.com.br/revista/v18n08/v18n08a03.pdf

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 Época de plantio

A escolha adequada da época de plantio é fundamental para o bom


desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, que necessita de
condições climáticas ideais para se desenvolver e acumular açúcar. Para
seu crescimento, a cana necessita de alta disponibilidade de água,
temperaturas elevadas e alto índice de radiação solar. A cultura pode ser
plantada em três épocas diferentes: sistema de ano-e-meio, sistema de
ano e plantio de inverno. (ROSSETO e SANTIAGO- Embrapa)

- Sistema de ano-e-meio (cana de 18 meses): A cana-de-açúcar é


plantada entre os meses de janeiro e março. Nos primeiros três meses, a
planta inicia seu desenvolvimento e, com a chegada da seca e do inverno,
o crescimento passa a ser muito lento durante cinco meses (abril a
agosto), vegetando nos sete meses subsequentes (setembro a abril),
para, então, amadurecer nos meses seguintes, até completar 16 a 18
meses. Este período (janeiro a março) é considerado ideal para o plantio
da cana-de-açúcar, pois apresenta boas condições de temperatura e
umidade, garantindo o desenvolvimento das gemas. Essa condição
possibilita a brotação rápida, reduzindo a incidência de doenças nos
toletes. (ROSSETO e SANTIAGO- Embrapa)

- Sistema de ano (cana de 12 meses): Em algumas regiões, a cana-de-


açúcar pode ser plantada no período de outubro a novembro. Esse
sistema de plantio precisa ser utilizado de forma restrita.

- Sistema de plantio de inverno: Com o uso da torta de filtro que contém


cerca de 70 a 80% de umidade, aplicada no sulco de plantio, é possível
plantar a cana-de-açúcar mesmo no período de estiagem. A torta fornece

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a umidade necessária para a brotação. Se ainda for feita uma fertirrigação
com vinhaça, ou mesmo irrigação, o plantio da cana pode ocorrer
praticamente o ano todo.

Como a cana-de-açúcar é uma cultura semi-perene, o plantio é a


ocasião de preparar o solo criteriosamente para o cultivo da cana que
ocorrerá nos cinco ou seis anos subsequentes. É a oportunidade de
aplicar calcário e incorporá-lo e controlar pragas como cupins, migdolus e
plantas daninhas, que são controladas pelo uso de inseticidas, iscas
tóxicas e nematicidas. (ROSSETO e SANTIAGO- Embrapa)

 Condições ambientais para o crescimento

Chuva: Um total de chuva entre 1100 e 1500 mm é adequado se a


distribuição for certa. Durante o período de crescimento ativo, a chuva
motiva um crescimento de cana rápido, alongamento da cana e formação
de entrenós. Porém durante o período de amadurecimento, muita chuva
não é desejável porque isso leva a qualidade de suco pobre, motiva o
crescimento vegetativo, formação de shoots de água e aumento da
umidade do tecido. (Sugarcanecrops)

Temperatura: Em temperaturas altas uma reversão de sacarose em


frutose e glicose pode ocorrer levando a menos acúmulo de açucares.
Climas frios severos inibem a brotação da gema e prende o crescimento
de cana.

Umidade relativa: Alta umidade (80 - 85%) favorece um


alongamento de cana rápido durante o período de crescimento. Um valor
moderado de 45 - 65 % junto com um suprimento de água limitado é
favorável durante a fase de amadurecimento. (Sugarcanecrops)

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Luz Solar: Alta intensidade de luz e longa duração promovem o
perfilhamento enquanto dias curtos e nublados afetam de forma inversa.
O aumento do índice de área da folha é rápido durante o terceiro e quinto
mês, coincidindo com a fase formativa do cultivo e alcança seus valores
de pico durante a fase de crescimento precoce. (Sugarcanecrops)

Ventos: O alto índice de ventos pode causar acamamento da cana,


podendo dificultar a colheita dependendo do tipo que é utilizado.

3.3 COLHEITA

A colheita e o transporte da cana-de-açúcar podem comprometer,


significativamente, a qualidade do produto final e os seguintes cortes.

Os cortes da cana de açúcar podem ser:

Corte manual: É o modo mais comum de colheita da cana-de-açúcar,


porém é alvo de muitas polêmicas relacionadas à queima da cana antes
da colheita, que visa facilitar o corte.

O trabalhador utiliza uma ferramenta que pode ser denominada folha,


podão ou facão. Inicialmente, o trabalhador corta o material sem interesse
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para a usina, o que ocorre no caso da colheita da cana-crua. Em seguida,
o cortador faz o corte dos colmos da cana na altura basal e o corte dos
ponteiros, lançando a cana cortada sobre o terreno para a formação dos
leitos. (ROSSETO- Embrapa)

Colheita Manuel sem queima e com queima

Fontes: Rosseto- Embrapa e revista Globo Rural

Sistema semi- mecanizado: envolve o corte manual e o transporte


efetuado por caminhões, carretas e rodotrens.

Sistema mecanizado: utiliza cortadoras de cana e carretas de


transbordo empregando somente mão-de-obra especializada como
operadores de máquinas e tratoristas, sem a necessidade do emprego de
trabalhadores braçais. Ainda assim, esse tipo de colheita apresenta suas
limitações:

- Desvantagens: perdas elevadas de matéria-prima, baixa qualidade da


matéria-prima (palhiço e terra), elevado investimento, baixa estabilidade
direcional e ao tombamento das colhedoras, danos às soqueiras e ao
solo.

- Vantagens: permitir a colheita da cana crua, viabilizando a produção


perante a legislação ambiental vigente; apresentar custos de colheita

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competitivos e ser a única opção disponível no mercado com oferta de
peças e serviços suficientes para viabilizar as operações. (Nova Cana,
2013)

Colheita mecanizada
Foto: Patrícia Cândida Lopes- Embrapa

Vantagens e desvantagens da queima da palha:

Fonte: feito pelos autores

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 Remoção de colmos da plantação

O processo de colheita da cana-de-açúcar envolve uma sequência


de operações, entre as quais se encontra a alimentação da colhedora,
que consiste na remoção dos colmos da plantação.

A tecnologia de colheita de cana picada empregada atualmente


utiliza um processo de alimentação que envolvem cinco etapas que
envolvem mecanismos motorizados em cada uma delas, como mostra na
figura: (BRAUNBECK E CORTEZ, 1999):

Processo de alimentação da colhedora de cana picada

Fonte: https://www.novacana.com/cana/colheita-da-cana-producao-acucar-etanol/

-Levantamento e alinhamento: um par de separadores-levantadores


helicoidais elevam e empurram os colmos ainda presos à raiz;

-Tombamento: um defletor ou batedor rotativo efetua o tombamento


dos colmos no sentido do avanço para viabilizar sua entrada na
máquina;

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-Corte de base e alimentação: um par de discos com facas periféricas
que giram em sentidos opostos efetua o corte de base e auxilia na
alimentação;

-Levantamento: um rolo aletado levanta o extremo inferior dos colmos


e os conduz até o primeiro par de rolos puxadores;

-Puxamento: uma cascata de rolos limpadores puxa e completa o


ordenamento paralelo dos colmos, transportando-os até o picador.
(Nova Cana, 2013)

Desvantagem do uso da colhedora: perdas de matéria-prima


significativas e elevada demanda de potência, peso e custo de
equipamentos.

 Sistemas de transporte

Dentre os veículos disponíveis para o transporte da cana, os


caminhões são os mais utilizados:

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2011000100006

Existem também o transporte ferroviário, não muito utilizado no


brasil por falta de infra-estrutura, assim como o transporte hidroviário,

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desvantagem pelo tempo gasto podendo perder a qualidade da matéria
prima.

Diagrama do processo produtivo de álcool-açúcar

Fonte: Feito pelos autores

3.4. LAVAGEM

A cana colhida inteira (corte manual) é normalmente lavada para


diminuir as impurezas (que afetam negativamente o processamento da
cana) na própria mesa de recepção da cana; no caso de cana picada
(corte mecanizado), a cana não pode ser lavada, pois as perdas de
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sacarose seriam muito elevadas, por isso algumas usinas estão
começando a utilizar o sistema de limpeza a seco, baseado em jatos de
ar sobre a cana. (Nova Cana, 2013)

Fonte: http://mundodacana.blogspot.com/2009/01/processo-de-limpeza-e-preparo-da-
cana.html

Nivelador: O nivelador tem a finalidade de regularizar a distribuição da


cana no condutor e nivelar a camada a uma medida certa e uniforme,
evitando enganos nas facas. (GORNI- Cola da Web)

Picadores de Cana: Sobre a esteira condutora de cana são instalados 2


conjuntos de picadores, pelos quais a cana passa, dividindo-se em
pedaços pequenos e curtos, iniciando o processo de desintegração, de
suma importância, porque permite maior extração do caldo, fornecendo à
moenda um material finalmente dividido. Na Usina, o picador é acionado
por uma turbina a vapor. (GORNI- Cola da Web)

Desfibrador: Têm como objetivas a preparação e a desintegração da


cana, retalhando-a e fazendo-a em fragmentos, facilitando a extração
pelas moendas.

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Separador Magnético: Tem a finalidade de atrair e reter os pedaços de
ferro que passam pelo seu campo de ação. (GORNI- Cola da Web)

3.5 MOAGEM

Moagem da cana de açúcar

Fonte: https://www.portaldoagronegocio.com.br

A moagem, acionada por turbinas a vapor, é um processo de


extração do caldo que consiste em fazer a cana passar entre dois rolos,
com uma pressão pré-estabelecida aplicada a eles. A moenda deve
extrair o caldo, como também produzir bagaço, no final do processo, com
um grau de umidade que permita sua utilização como combustível nas
caldeiras. (Nova cana, 2013).

É formada por três cilindros, dois se encontram situados à mesma


altura, girando na mesma direção, recebendo o nome de anterior (por
onde entra a cana), e posterior (por onde sai), o terceiro cilindro chamado
superior está colocado entre os dois, em plano superior, girando em
sentido contrário. Cada grupo de 3 rolos compõe uma moenda ou terno,

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um conjunto de ternos forma um tandem com 6 ternos. (GORNI- Cola da
Web)

A cana preparada é encaminhada a 1ª moenda, onde sofre duas


compressões. Uma entre o cilindro superior e o de entrada e a outra entre
o rolo superior e de saída. Neste 1º terno é possível obter de 50 a 70%
de extração.

O bagaço ainda contendo caldo é conduzido para uma Segunda


moenda onde passa novamente por 2 compressões e um pouco mais de
caldo é extraído nesta 2ª unidade esmagadora. Para aumentar a extração
de sacarose, uma embebição com água e caldo diluído ao bagaço é
sempre realizada. A embebição ocorre entre uma moenda e outra com a
finalidade de diluir a sacarose remanescente. (GORNI- Cola da Web)

3.6 TRATAMENTO DO CALDO

O caldo de cana, quando sai do processo de extração, contém uma


quantidade de impurezas que tem de ser reduzida para deixá-lo numa
qualidade adequada para seu processamento na fábrica de açúcar e na
destilaria. (Nova Cana, 2013)

Para o tratamento do caldo, são feitos os seguintes processos:

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Esquema de tratamento do caldo

Fonte: https://pt.scribd.com/doc/134360010/Operacoes-Unitarias-na-Producao-de-Acucar-e-
Alcool-rev2-1

3.6.1 SULFITAÇÃO

O caldo misto resultante da moagem tem um aspecto verde escuro


e viscoso; é rico em água, açúcar e impurezas, tais como: bagacilhos,
areias, coloides, gomas, proteínas, clorofila e outras substâncias
corantes. Seu pH varia entre 4,8 a 5,8. O caldo é aquecido de 50 a 70º C
e bombeado para o sulfitador para ser tratado com SO2. (GORNI- Cola da
Web)

O gás sulfúrico tem a propriedade de flocular diversos coloides


dispersos no caldo que são os corantes e formar com as impurezas do
caldo produtos insolúveis. O SO2 é adicionado em uma corrente em
sentido contrário até que o pH abaixe entre 3,4 a 6,8. O gás sulfuroso age
no caldo como purificador, neutralizador, descorador e preservativo.
(GORNI- Cola da Web)
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Produção de SO2: O gás sulfuroso é produzido por um queimador
rotativo de enxofre que consta de um cilindro giratório no qual se faz a
combustão do S.

S + O2 ⇒ SO2

SO2 + H2O ⇒ H2SO3 ⇒ H+ + HSO3 –

Devido a energética ação inversiva do H2SO4 é preciso evitar a sua


formação, durante a sulfitação do caldo.
Os ácidos diluídos no caldo sobre a sacarose sofrem um efeito hidrolítico,
pelo qual uma molécula de sacarose com outra de água dão uma de
glicose e uma de levulose.

C12H22O11 + H2O ⇒ C6H12O6 + C6H12O6

Esse é um fenômeno de inversão e o açúcar, invertido. (GORNI-


Cola da Web)

3.6.2 CALEAÇÃO

O caldo depois de sulfitado é encaminhado para o tanque de


calagem, recebendo leite de cal.
A caleação é um dos processos na qual se utiliza cal como
agente de clarificação do caldo. A cal é obtida através da dissociação
térmica do carbonato de cálcio em fornos especiais. A transformação do
carbonato de cálcio em óxido de cálcio (CaO) ocorre em função da
temperatura de calcinação. Por via de regra, esta temperatura varia de
900 a 1300ºC. (BRANCO, 2013)

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O tratamento de caldo com leite de cal não somente provoca a
floculação e favorece a decantação das impurezas, mas também protege
os equipamentos contra a corrosão. Em relação ao pH a ser
alcançado, quanto mais se aproxima de sete, maior é a remoção de
nutrientes do caldo e o excesso de cal pode afetar o crescimento da
levedura em cultura. O pH ideal é por volta de 6,5, sendo ótimo para
conduzir para as operações seguintes. Se ele for baixo a inversão de
sacarose aumenta com rapidez e se for alto ocorre o aumento de
viscosidade, de cor e perda de substâncias de açúcares redutores
(frutose).

A caleação é conduzida continuamente pela mistura do leite de cal


com o caldo no tanque de calagem, sendo a dosagem automaticamente
controlada pelo monitoramento do pH do caldo calado. (BRANCO, 2013)

CaO + CO2 ⇒ CaCO3


CaCO3 + H2O ⇒ CO2 + Ca(OH)2
Ca(OH)2 ⇒ Ca2+ + 2OH–
Ca2+ + OH- + HSO3- ⇒ CaSO3 + H2O

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3.6.3 AQUECIMENTO

Aquecedores do caldo

Fonte: https://pt.scribd.com/doc/134360010/Operacoes-Unitarias-na-Producao-de-Acucar-e-
Alcool-rev2-1

O caldo sulfitado e caleado segue para os aquecedores (04


aquecedores de cobre), onde atinge temperatura média de 105º C.

Os principais objetivos do aquecimento do caldo são:

 Eliminar micro-organismos por esterilização;


 Completar reações químicas;
 Provocar floculação.

Os aquecedores são equipamentos nos quais tem a passagem de


caldo no interior dos tubos e a circulação do vapor pelo casco. O
vapor cede calor para o caldo e condensa-se. (BRANCO, 2013)

Os aquecedores podem ser horizontais ou verticais, sendo os


primeiros, os mais utilizados. Esses equipamentos constam de um cilindro
fechado nas duas extremidades por chapas perfuradas de cobre ou ferro
fundido, chamadas de chapas tubulares ou espelhos, onde são
mandriados ou soldados os tubos de circulação do caldo.

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A temperatura do caldo deve ser superior à 103º C. se o
flasheamento não ocorre, bolhas de gás aderidas aos flocos diminuirão a
velocidade de decantação. (BRANCO, 2013)

O aquecimento do caldo pode ser prejudicado pela presença de


incrustação nos tubos dos aquecedores. Para isso são realizadas
limpezas periódicas nos mesmos.

A remoção dos gases incondensáveis e a descarga dos


condensadores também são necessárias para uma boa transferência do
calor do vapor para o caldo em um aquecedor, por isso esses
equipamentos possuem válvulas no seu corpo para retirada dos mesmos.

O vapor utilizado nos aquecedores é o vapor sangrado dos pré


evaporadores (vapor vegetal). A pressão do vapor vegetal é em torno de
0,7 Kgf/cm2 com temperatura de 115º C. Pressões baixas incorrem em
baixas temperaturas, afetando a eficiência dos trocadores de calor.
(BRANCO, 2013)

3.6.4 FOSFATAÇÃO

Consiste na correção do teor de fosfato no caldo, quando


necessário, a fim de se manter um teor mínimo por volta de 300 ppm
(parte por milhão). O objetivo da fosfatação é auxiliar na remoção de
materiais corantes no caldo após reagir com o hidróxido de cálcio, pela
formação de fosfato de cálcio que é um sal que se insolubiliza em pH
neutro e se precipita na decantação.

A utilização se uma fonte de fosfato se faz necessário quando o


caldo primário ou misto não apresenta um nível de concentração ideal,

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sendo assim é feita a correção. A concentração de P2O5 no caldo
clarificado abaixo de 30 ppm indica que se teve uma boa clarificação, ou
seja, os flocos formados pelos sais insolúveis ocorreram de forma
satisfatória, eliminando esses sais no lodo. (Payne,1989)

 Teor de P2O5 no caldo ideal é de 250 a 300 ppm.


 Teor de P2O5 no caldo clarificado é menor que 30 ppm
(BRANCO, 2013)

3.7. DECANTAÇÃO

Após o aquecimento, o caldo passa pelos balões de flash e entram


para os decantadores, onde na câmara aquecedora, na entrada do
decantador é aquecido e recebe o polímero.

Os principais objetivos da decantação, do ponto de vista prático são:

 Precipitação e coagulação tão completa quanto possível dos


coloides;
 Rápida velocidade de assentamento;
 Máximo volume de lodos;
 Formação de lodos densos;
 Produção de caldo, o mais claro possível. (GORNI- Cola da Web)

Na decantação é onde ocorre a precipitação dos flocos formados,


eliminados pelo fundo do decantador na forma de lodo. O caldo clarificado
sai pela parte superior das bandejas, já isento da maioria das impurezas
encontradas no caldo primário ou misto. O tempo de retenção do caldo
nos decantadores varia de 0,5 a 4 horas. Atualmente se utilizam
decantadores rápidos que trabalham com um tempo de retenção menor.

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No processo de decantação adiciona-se floculante que é um polímero
de alto peso molecular e polaridade negativa, isto é, aniônico, pois os sais
formados nas reações químicas são de polaridade positiva, catiônicos.
Este tem por objetivo promover o agrupamento dos flocos já formados
através da diferença de carga elétrica tornando-os maiores e mais
pesados. Desse modo, acelera-se a velocidade de decantação dos flocos
diminuindo o tempo de retenção nos decantadores e como consequência,
menor inversão da sacarose. (BRANCO, 2013)

Decantador do caldo da cana

Fonte:https://pt.scribd.com/doc/134360010/Operacoes-Unitarias-na-Producao-de-Acucar-
e-Alcool-rev2-1

3.8 FILTRAÇÃO

A filtração tem por objetivo recuperar uma quantidade de açúcar


contida no caldo proveniente do lodo extraído dos decantadores. Este
processo é realizado pelos filtros rotativos a vácuo ou por filtros tipo
prensa, cujo princípio de operação é a retenção do lodo em uma
superfície de filtragem através de vácuo formado por bombas ou multi-
jatos. (BRANCO, 2013)

28
A decantação separa o caldo tratado em duas partes:

 Caldo claro (ou sobrenadante);


 Lodo, que se espessa no fundo do decantador;

O caldo claro após peneirado estaticamente, segue para a Destilaria /


Fábrica, enquanto o lodo é filtrado para que se separe o caldo do material
precipitado, contendo os sais insolúveis e bagacilhos. (GORNI- Cola da
Web)

O lodo separado no decantador é de caráter gelatinoso, não podendo


ser submetido diretamente à filtração, sendo necessário adicionar uma
certa quantidade de bagacilho. Está servirá como elemento de filtração,
aumentando a porosidade do bolo. O bagacilho é retirado das moendas e
é misturado ao lodo na caixa misturadora, tomando o mesmo passível de
filtração, uma vez que proporciona ao lodo consistência e porosidade.

A quantidade e o tamanho do bagacilho a ser adicionado são muito


importantes para a eficiente retenção do filtro. (GORNI- Cola da Web)

Em seguida, a mistura é filtrada em dois filtros rotativos à vácuo e um


filtro prensa para a separação do caldo e da torta. A retenção indica a
porcentagem de impurezas que ficaram retidas na telados filtros. O
restante passa a ser o caldo filtrado e retorna para o processo.

O filtro rotativo é um equipamento constituído por um tambor rotativo


que gira ao redor de um eixo horizontal, sendo construído na forma
cilíndrica, em chapa de aço carbono ou inoxidável. (GORNI- Cola da Web)

29
Fonte:https://pt.scribd.com/doc/134360010/Operacoes-Unitarias-na-Producao-de-Acucar-e-
Alcool-rev2-1

3.9 EVAPORAÇÃO

Os evaporadores correspondem a 4 ou 5 corpos de evaporação de


funcionamento contínuo

Com a finalidade principal de remoção da maior parte da água existente


no caldo clarificado, que saído dos decantadores é enviado para um
reservatório e através de bombeamento chega ao 1º corpo de evaporação
numa temperatura de mais ou menos 120 – 125º C sob pressão e por
intermédio de uma válvula regulada para passar para o 2º corpo, até o
último sucessivamente. (GORNI- Cola da Web)

Observa-se que o primeiro corpo de evaporadores é aquecido por


intermédio de vapor vindo das caldeiras ou vapor de escape que já
passou por máquina a vapor ou turbina.

Ao sair da última caixa de evaporação o caldo já concentrado até 56 a


62º brix é chamado de Xarope. (GORNI- Cola da Web)

30
Evaporadores do caldo

Fonte: https://pt.scribd.com/doc/134360010/Operacoes-Unitarias-na-Producao-de-
Acucar-e-Alcool-rev2-1

3.10 FABRICAÇÃO DO AÇÚCAR

O processo inicial na fabricação de açúcar consiste na cristalização,


cozimento, centrifugação, secagem e refinaria antes de seu
armazenamento e distribuição.

3.10.1 CRISTALIZAÇÃO

Esta operação tem por objetivo gerar cristais de açúcar


relativamente uniformes através da propriedade da sacarose de formar
soluções supersaturadas extraordinariamente estáveis, sendo que os
cristais se desenvolvem a partir da deposição da sacarose no núcleo
destes cristais. O processo de cristalização é feito através da
concentração do licor mãe (xarope ou mel) dentro do tacho de cozimento,
onde as condições de temperatura e pressão são determinantes neste
processo. Quando o licor mãe é concentrado em um cozedor, em
determinado momento atinge o seu ponto de saturação. (BRANCO, 2013)
31
Deste ponto os cristais não aparecem imediatamente e nesta
condição chamamos de zona insaturada, não permitindo a formação dos
cristais. Se continuar a concentrar o licor mãe, passara para a zona
saturada, tendo uma mudança de estado. Se adicionarmos cristais de
açúcar estes se desenvolverão e passará para a zona supersaturada.
Continuando a concentrar o licor mãe, passa para a zona metaestável,
onde os cristais continuarão crescendo sem a formação de cristais
espontâneos. (BRANCO, 2013)

Continuando a concentrar o licor mãe, este passará da zona meta


estável para a zona lábil, nesta condição os cristais existentes continuarão
a crescer, entretanto existe a formação de cristais espontâneos. A
distinção entre estas fases dentro do processo de cristalização é crucial
na eficiência de recuperação da fábrica e na qualidade do açúcar. O
tamanho do cristal é determinado pelo tempo de cozimento, pureza do
licor mãe, viscosidade da massa cozida e zona de saturação.

3.10.2 COZIMENTO

O cozimento é efetuado com pressão reduzida, a fim de evitar a


caramelização do açúcar e também a temperaturas mais baixas para uma
cristalização melhor mais fácil.

. O processo empregado que proporciona uma maior recuperação


da sacarose é o de três massas (A, B e C) (BRANCO, 2013)

Cozimento A:

Consiste em esgotar a sacarose do xarope, que contém uma pureza


média de 80 a 90. Este cozimento tem início com o magma do cozimento
32
C, que são cristais de 0.3 milímetros, que ao crescerem, esgotam a
sacarose do licor-mãe. Ao final do cozimento, o açúcar A deve ter um
tamanho de 0.8 a 1milímetro que está misturado com o seu licor-mãe.
Essa massa cozida A será centrifugada para separação do açúcar e seu
licor-mãe (mel rico). O açúcar produzido é o de melhor qualidade possível
na planta (quanto à pureza, polarização, cor, cinzas, etc.) (BRANCO,
2013)

Cozimento B:

Consiste em esgotar a sacarose do mel rico extraído do cozimento


A. Tem início com o magma do cozimento C e o processo é igual ao
cozimento A, porém ao final do cozimento, o açúcar B deve ter um
tamanho médio de 0.7 milímetros que está misturado com o seu licor-
mãe. Essa massa cozida B será centrifugada para separação do açúcar
e seu licor-mãe (mel pobre). O açúcar B é mais pobre, por isso
normalmente não é comercializado. Normalmente é refundido para ser
misturado ao xarope (aumentar a pureza) ou para fabricação do açúcar
refino granulado. (BRANCO, 2013)

Cozimento C:

Consiste em esgotar a sacarose do mel pobre extraído do


cozimento B.

Este cozimento tem início com mel pobre ou rico, aonde será
concentrado até uma determinada supersaturação, onde será introduzida
a semente (cristais com 0.1 milímetro), que ao crescerem, esgotam a
sacarose do licor-mãe. Ao final do cozimento, o açúcar C deve ter um
tamanho médio de 0.3 milímetros que está misturado com o seu licor-

33
mãe. Essa massa cozida C será centrifugada em centrifuga contínua ,
para separação dos cristais e seu licor-mãe (mel final). (BRANCO, 2013)

Deixando-a em repouso nos cristalizadores, a sacarose ainda


contida no licor-mãe continua a depositar-se sobre os cristais
(cristalização a frio). O tempo de residência nos cristalizadores é
determinante para completar a formação dos cristais e aumentar o
esgotamento do licor-mãe.

Cozedores do açúcar

Fonte: https://pt.scribd.com/doc/134360010/Operacoes-Unitarias-na-Producao-de-Acucar-e-
Alcool-rev2-1

3.10.3 CENTRIFUGAÇÃO

Os cristalizadores têm a função de pulmão para a alimentação das


centrifugas de açúcar, sendo que a alimentação das centrifugas ocorre
por ação da gravidade. Nesta etapa ocorre a separação por processo
físico dos cristais gerados no cozimento do licor da massa. Esta operação
é realizada em centrifugas de secagem, que são chamadas de turbinas
ou centrifugas. (BRANCO, 2013)

34
3.10.4 SECAGEM

O açúcar comercial saindo das centrífugas contém em média, uma


umidade de 0.5 a 2%, Quando passa do limite de umidade acima de 1%
ocorrem problemas como empedramento e o amarelamento do açúcar,
havendo problemas de especificação da qualidade.Com a operação de
secagem do açúcar é possível diminuir a umidade para 0.1 a 0.2%,
obtendo uma melhor qualidade e conservação do açúcar (BRANCO,
2013)

Um secador compreende um aquecedor de ar com ventilador e é


dividido em uma parte de secagem e outra de esfriamento. A secagem
por insuflação de ar quente aquece o ar para absorver mais a água e
evaporando a umidade, havendo secadores verticais e horizontais. O
secador horizontal é formado por um tambor rotativo com telas no interior
e uma leve inclinação que facilita a progressão do açúcar. O ar quente
penetra em contracorrente ao açúcar para secagem do mesmo, o ar que
sai contém uma poeira muito fina de açúcar, por isso é enviado para uma
coluna de lavagem para recuperação do açúcar. (BRANCO,2013)

Fonte: https://pt.scribd.com/doc/134360010/Operacoes-Unitarias-na-Producao-de-Acucar-e-
Alcool-rev2-1

35
3.10.5 REFINARIA

Fonte: SHREVE, 2014

O açúcar denominado refinado é um produto comercial de maior


valor agregado, a sua fabricação é proveniente da dissolução do açúcar
cristal

A afinação consiste na extração da película de mel que envolve a


superfície do cristal. O cristal em si consiste em uma sacarose com pureza
maior que 99,5%, porem a película de mel pode apresentar uma pureza
muito baixa em torno de 60%. O açúcar cristal é misturado com um xarope
denso 75 brix, para depois ser separado nas centrifugas, uma vez
eliminado este xarope na afinação, o cristal é lavado com água quente. O
açúcar lavado que saí da centrifuga de afinação é dissolvido em um
derretedor, onde o açúcar é diluído com água e vapor, dando origem a
calda comum brix médio de 65, que passará por um processo de
clarificação. (BRANCO,2013)
36
Normalmente a Clarificação é feita pelo processo de adição de cal
e ácido fosfórico, que permite uma excelente clarificação de boa
supressão de cor, porém o precipitado de fosfato é de difícil filtragem, por
isso são utilizados os clarificadores de espuma, que realiza uma aeração
da calda, para que contenha bolhas de ar finamente separadas, e após o
aquecimento da calda, o ar possa sair da solução.

A calda limpa é retirada da parte inferior do clarificador, para seguir


para o processo de filtragem. A calda que saí do clarificador possui uma
cor clara brilhante, mas com grande parte da cor do açúcar cristal. A cor
se suprime pela ação de meio de descoloração: carvão de osso animal,
resinas químicas, etc. Estas substâncias extraem a cor e parte das cinzas,
com muita eficiência. (BRANCO,2013)

Depois do processo de descoloração, a calda está praticamente


incolor e passa para os concentradores. A concentração da calda consiste
em aumentar o brix até 75, através de concentradores à placa ou através
da evaporação da água em um múltiplo efeito. A calda concentrada já
está pronta para a cristalização, podendo ser utilizada para a produção
do Açúcar Refinado Granulado ou do Açúcar Amorfo. O açúcar refinado
granulado é cristalizado em Cozedores à Vácuo, idênticos aos do açúcar
cristal, porém com algumas modificações para manejar massas com
maior pureza e viscosidade. A massa cozida de refino será centrifugada
em centrífugas automáticas, para separação dos méis.

O açúcar amorfo é concentrado em tachos com aquecimento e


vácuo, porém imediatamente após a cristalização é descarregado para
uma batedeira para afinação do açúcar, evitando a formação de grãos
grandes e empedrados. (BRANCO,2013)

37
3.10.6 ARMAZENAMENTO

Após a secagem, o açúcar pode ser armazenado a granel


temporariamente em silos e depois armazenados em sacos de 50Kg ou
Bigbags ou expedidos diretamente dos silos.

O açúcar é acondicionado em sacos, ao mesmo tempo em que é


pesado. As balanças podem ser comuns, mas já são utilizadas também
automáticas e semi-automáticas.

O armazém deve ser impermeável, sendo o piso asfaltado. As


paredes devem ser impermeabilizadas pelo menos até o nível do solo.
Não deve ter janelas e deve conter poucas portas, para uma mínima
ventilação, principalmente em lugares com umidade relativa alta.
(GORNI- Cola da Web)

Convém que os sacos empilhados apresentem a menor superfície


de exposição possível, por isso, as pilhas altas e grandes são as
melhores.(GORNI- Cola da Web)

3.11 FABRICAÇÃO DO ÁLCOOL

Fonte: SHREVE, 2014

38
A fabricação do álcool consiste em fermentação, destilação e
desidratação:

3.11.1 FERMENTAÇÃO

O açúcar presente no mosto (melaço e caldo de cana) é composto


em maior quantidade por sacarose, embora tenha glicose e frutose. A
sacarose para ser transformada em álcool precisa ser hidrolisada. Este
processo é feito pela levedura, que se encontra nas dornas de
fermentação. Esta transformação é realizada pela invertase, uma enzima
que está presente na parede celular das leveduras. O produto da hidrolise
da sacarose é a frutose e a glicose, que são moléculas menores, como
mostra na equação de invertase: (BRANCO, 2013)

Depois esse micro-organismo origina outra enzima, a zimase, que


catalisa a transformação da glicose e da frutose em etanol:
(FOGAÇA- Mundo Educação)

39
Nesse processo de fermentação, ocorre a liberação intensa de
bolhas. Isso ocorre pela presença do gás carbônico que foi liberado na
reação anterior. Essa reação também é bastante exotérmica, ou seja,
libera muito calor. (FOGAÇA- Mundo Educação)

Tanque de fermentação
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/processo-producao-alcool.htm

A fermentação alcoólica é composta por 3 fases: fermentação


preliminar, fermentação principal e fermentação complementar.
(Amorin,1981)

Fermentação Preliminar- esta fase tem início, quando o fermento


é adicionado e termina quando o desprendimento de gás carbônico CO2
se torna evidente. Nesta fase, apesar do fermento estar consumindo
sacarose do mosto, praticamente não há produção de álcool, por este
motivo deseja-se que a duração desta fase seja a menor possível.
40
Atualmente existem métodos de fermentação que se elimina esta fase.
(BRANCO, 2013)

Fermentação Principal- esta fase tem início, quando é


caracterizado o desprendimento do gás carbônico CO2. A produção de
CO2 vai aumentando progressivamente e com rapidez, dando a
impressão que o mosto está em plena ebulição, por este motivo há um
aumento de 20% do volume e na temperatura. Nesta fase a formação de
álcool é máxima e rápida, diminuindo o brix do mosto até o ponto da
fermentação complementar. (BRANCO, 2013)

Fermentação Complementar- fase quando ocorre a queda de


desprendimento do gás carbônico CO2 e com a diminuição da
temperatura do mosto. Fase em que se aparece infecções e a formação
dos álcoois superiores, devido ao óleo da cana. Isto quer dizer que a maior
rapidez desta fase, resultará em um álcool de melhor qualidade, mais fino.
Esta fase é controlada pelas medições de brix, até o ponto favorável para
a destilação. Quando termina a fermentação alcoólica, o mosto torna-se
vinho, pois não possui mais sacarose. (BRANCO, 2013)

3.11.2 DESTILAÇÃO

Na fermentação do melaço, obtém-se o chamado mosto


fermentado, que, por sua vez, é levado para a destilação fracionada. Esse
é um processo de separação dos componentes de misturas homogêneas,
por meio dessa técnica, obtém-se o álcool comum a 96% de etanol e 4%
de água.
Para medir a pureza do álcool fabricado, costuma-se utilizar um
alcoômetro, que é um aparelho com as graduações na parte externa de
41
seu tubo de vidro e com chumbo na parte inferior que fica submerso em
um líquido. (FOGAÇA- Mundo Educação)

A vinhaça, resíduo do processo de destilação do álcool, é gerada à


razão de 12 litros por cada litro de álcool e apresenta: temperatura
elevada, pH ácido, corrosividade, alto teor de potássio, nitrogênio, fósforo,
sulfatos, cloretos, que se despejados em rios e lagos provoca eutrofização
e morte dos peixes. (RAMOS e JUNIOR- Embrapa)

Após a destilação, se pretender usar o álcool com 100% de etanol,


o álcool anidro, precisa retirar toda sua água. (FOGAÇA- Mundo
Educação)

3.11.3 DESIDRATAÇÃO

Um solvente é colocado ao álcool hidratado, sendo ele misturado


apenas com a água e são evaporados juntos, surgindo o álcool anidro,
com graduação alcoólica em cerca de 99,5%, utilizado misturado à
gasolina como combustível. (Nova Cana, 2013)

3.11.4 ARMAZENAMENTO

O etanol anidro e hidratado são armazenados em enormes tanques,


até serem levados por caminhões que transportam até as distribuidoras.
Os resíduos produzidos durante toda a fabricação do etanol também
podem ser aproveitados pelas indústrias. Os resíduos sólidos, como
bagaço, podem ser reutilizados energeticamente como biomassa. Já o

42
dióxido de Carbono (CO2), derivado do processo de fermentação, pode
ser utilizado à produção de refrigerantes. (Nova Cana, 2013).

O álcool utilizado para outros produtos, como bebidas, cosméticos,


solventes, produtos de limpeza, etc, são obtidos da mesma maneira,
passando posteriormente por outros processos que o transformam no
produto final. (Nova Cana, 2013)

Transporte de etanol

Fonte: estradas.com.br/comissao-da-camara-aprova-politica-nacional-de-transporte-
rodoviario-de-combustiveis/

43
4. PRODUTOS

Os principais produtos obtidos pela cana de açúcar são:

4.1 ETANOL

Propriedades

Fórmula química C2H6O

Massa molar 46.06 g mol-1

Aparência líquido sem cor

(Massa Específica 20°C)


Densidade
0,789 g cm-3

Ponto de fusão −114.3 °C, 159 K, -174 °F

Ponto de ebulição 78.35 °C, 352 K, 173 °F

Solubilidade em água miscível

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Etanol

O etanol pode ser usado como combustível de veículos em três


maneiras: etanol comum, etanol aditivado e etanol misturado à gasolina.
(Nova Cana, 2013)

44
 Etanol hidratado (etanol comum)

Mistura de álcool e água que precisa ter de 95,1% a 96% de


graduação alcoólica. Esse é o mesmo tipo de álcool utilizado na produção
de bebidas, alimentos, cosméticos, aromatizantes, produtos de limpeza,
remédios, vacinas, entre outros produtos, mudando nesses casos o
processo de pós-fabricação.

Para ser vendido, o álcool precisa cumprir uma série de pré-


requisitos estabelecidos pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), como:
precisa ser límpido, transparente, isento de impurezas, com graduação
alcóolica entre 95,1% e 96%, PH neutro, mínima presença de minerais e
metais como ferro, sódio e cobre. Agentes comerciais que descumpram
esses quesitos podem sofrer multas. (Nova Cana, 2013)

 Etanol anidro (etanol na gasolina)

Álcool com graduação alcoólica de no mínimo 99,6%, praticamente


álcool puro, está presente como combustível em sua mistura com a
gasolina. Ele passa, após a fermentação, pela desidratação para retirar a
água. Pode também ter utilidade industrial, estando nos solventes, tintas
e aerossóis.

Para ser diferenciado facilmente, é obrigatória a adição de um


corante laranja no álcool anidro. Em relação à sua graduação alcoólica, o
álcool anidro precise ter no mínimo 99,6% de álcool puro.

 Etanol aditivado

Álcool hidratado com aditivos que proporcionam melhor rendimento


e um desgaste menor do motor. Uma das grandes vantagens do
45
combustível aditivado é a melhora de sua lubrificação. A taxa de água
presente no álcool hidratado faz com que sua capacidade lubrificante seja
menor que a do álcool anidro, o que pode reduzir o tempo de vida útil do
motor. Com a adição de lubrificantes, essa deficiência é minimizada. Uma
outra vantagem do etanol aditivado é relação ao rendimento, que melhora
cerca de 3% em relação ao álcool comum. Combustíveis aditivados
precisam utilizar os aditivos permitidos pela regulamentação da ANP.

4.2 AÇÚCAR

Propriedades

Fórmula química C12H22O11

Massa molar 342.24 g mol-1

Aparência cristais brancos

Densidade 1,57 g/cm3 (30 °C)

Ponto de fusão 160–192 °C (decompõe-se)

Solubilidade em água 1970 g·l-1 a 20.0 °C

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sacarose
46
 Refinado:

É obtido a partir da diluição do açúcar cristal. Ele passa pelo


peneiramento, a parte mais fina produz o açúcar de confeiteiro e o
restante se transforma em açúcar refinado, cuja granulometria é fina e a
dissolução rápida. Adicionam-se aditivos químicos, como o enxofre, para
deixa-lo branco, porém elimina vitaminas e minerais. (AGUIAR et al-
Saúde-iG)

Fonte: draritz

 Confeiteiro e impalpável:

Açúcar de confeiteiro é obtido da moagem maior do açúcar refinado,


com acréscimo de 3% de amido, para evitar a agregação dos cristais. É
branco e bastante fino. E o Impalpável é geralmente feito com açúcar de
confeiteiro moído ao qual se adiciona fécula de milho. Sua textura é bem
mais fina que o de confeiteiro. (Portal São Francisco)

47
Fonte: Tudoreceitas

 Cristal:

Não passa por algumas fases do refino, o que resulta em pequenos


cristais, de cor branca. É encontrado também em cubos, obtidos a partir
da compressão com xarope de açúcar, a fim de manter os cristais unidos.
(Portal São Francisco)

Fonte: guiadacozinha

48
 Mascavo:

Açúcar mais bruto, passando por menos etapas de filtração e


centrifugação, por isso, mantém a cor do caldo da cana (mais escura).
Quanto maior o número de etapas incluídas no processamento do
alimento, mais claro se torna o cristal. (AGUIAR et al- Saúde-iG)

Fonte: saudedica

 Demerara:

Assim como o açúcar mascavo, seus cristais têm uma coloração


marrom clara e possuem bons valores nutricionais, já que mantém alguns
nutrientes. Isso porque passam por um refinamento leve, recebendo
pouco ou nenhum aditivo químico. (AGUIAR et al- Saúde-iG)

Fonte: tudoela

49
 Invertido:

Xarope obtido pela ação de ácidos e uma enzima na sacarose, o que


resulta na quebra da molécula de sacarose em glicose e frutose. Melhora
o processo de produção de refrigerantes, biscoitos, sucos, sorvetes,
molhos e doces, evitando a cristalização. (Portal São Francisco)

Fonte: bistronozmoscada.wordpress

 Açúcar orgânico:
Seu plantio não usa adubos ou fertilizantes e no processo de
produção industrial não utiliza enxofre, ácido fosfórico e outros elementos.
A embalagem deve ser biodegradável. (AGUIAR et al- Saúde-iG)

Fonte: emagrecerjadicas

50
 Açúcar light:
Não tem tanta sacarose como o açúcar refinado e apresenta adição
de adoçantes artificias. (AGUIAR et al- Saúde-iG)

Fonte: hatandapron.wordpress

51
5. PRODUTOS E SUBPRODUTOS

Bagaço: resíduo fibroso da extração do caldo pelas moendas. A


quantidade produzida depende do teor de fibra da cana processada,
apresentando, em média, 46% de fibra e 50% de umidade. O bagaço
constitui-se em um dos mais importantes subprodutos para a indústria
sucroalcooleira. Suas principais aplicações são: combustível para
caldeira, produção de celulose e na alimentação de gado confinado.

Torta de filtro: resíduo da filtração mecânica do lodo na fabricação do


açúcar e também na do álcool direto, quando o caldo é submetido ao
tratamento de clarificação. É utilizada como fertilizante, rica fonte de
fósforo. (ALCARDE- Embrapa)

Melaço (ou mel final): constitui-se no principal subproduto da indústria


do açúcar. No Brasil, o melaço é utilizado, na fabricação de álcool etílico,
sendo aproveitado, também, em outros processos biotecnológicos como
matéria-prima para a produção de proteína, rações, levedura prensada
para panificação, antibióticos, entre outros. (ALCARDE- Embrapa)

Óleo fúsel: constituído de álcoois (álcool etílico e superiores), furfural,


aldeídos, ácidos graxos etc. É matéria-prima para processamento de
refinação, de onde se extraem álcoois com diversos graus de pureza e
para obtenção de outras substâncias químicas, como, por exemplo,
solventes. (ALCARDE- Embrapa)

Álcool bruto: constituído por uma mistura impura de água e álcool. O


álcool bruto encontra aplicação na produção de álcoois extra-fino e
neutro, sendo também empregado como combustível. (ALCARDE-
Embrapa)

52
Levedura seca: obtida da secagem de uma parte do leite de levedura
sangrado no processo de condução da fermentação, possui em sua
composição 35% de proteína e alto teor de vitaminas do complexo B,
aplicando-se na composição de rações animais. (ALCARDE- Embrapa)

Vinhaça: resíduo da destilação do vinho Ele representa o resíduo pastoso


e malcheiroso que sobra após a destilação fracionada do caldo de cana-
de-açúcar fermentado, para a obtenção do etanol (álcool etílico).

Suas principais aplicações são para a alimentação de animais, produção


de proteínas (biomassa), produção de metano e fertilização de solos,
sendo esta última a mais utilizada.

Há usinas que já aplicam vinhaça em 70% da sua área de cultivo, e


há outras com valores bem menores (NETO, 2005). De maneira geral, a
cada safra, a área com uso de fertirrigação das usinas aumenta na busca
do uso racional da vinhaça, visando maior produtividade agrícola e
redução no uso de fertilizantes químicos.

O uso controlado do vinhoto e da torta de filtro é reconhecidamente


uma boa prática na cultura da cana do ponto de vista ambiental e
produtivo, pois permite a total reciclagem dos resíduos industriais
(vinhoto, torta de filtro e água de lavagem – de limpeza do chão, de purga
do circuito fechado e condensados remanescentes), aumento da
fertilidade do solo, redução da captação de água para irrigação, redução
do uso de fertilizantes químicos e custos decorrentes.

No início do Proálcool, são reconhecidos os impactos causados pelo


vinhoto na contaminação das águas e solos quando se descartava
diretamente nos cursos de água e de forma descontrolada sobre os solos.
Combinando legislação, que reconheceu os problemas ambientais do uso
53
do vinhoto, e maior percepção dos usineiros quanto aos benefícios do uso
controlado do vinhoto e da torta de filtro, a fertirrigação controlada passou
a fazer parte cada vez maior das práticas agrícolas. Mesmo assim, a
fiscalização e o controle sobre a fertirrigação são medidas essenciais para
garantir a sustentabilidade ambiental.

O vinhoto, além de fornecer água e nutrientes, age como


recuperador da fertilidade do solo, inclusive em profundidade.

Recentemente, em São Paulo, a Secretaria do Meio Ambiente e o setor


produtivo desenvolveram uma Norma Técnica com o objetivo de
regulamentar a aplicação do vinhoto no estado de São Paulo. De acordo
com De Souza (2005), “Esta norma técnica busca uma forma segura de
da vinhaça (ou vinhoto), definindo os locais permitidos, as doses, o
revestimento de canais mestres e depósitos etc., e considerou os
resultados de anos de estudos na busca de processos seguros em
relação aos vários aspectos da proteção ambiental.

 Problemas identificados na utilização da vinhaça

O poder poluente do vinhoto, cerca de cem vezes maior que o do


esgoto doméstico, decorre da sua riqueza em matéria orgânica, baixo pH,
elevada corrosividade e altos índices de demanda bioquímica de oxigênio,
além de elevada temperatura na saída dos destiladores (de 85 a 90 °C);
é considerado altamente nocivo à fauna, flora, microfauna e microflora
das águas doces, além de afugentar a fauna marinha que vem à costa
brasileira para procriação (Da SILVA et al., 2007).

54
Oportunidades a serem exploradas nos canaviais

Existem muitas oportunidades para garantir a prática do uso


controlado do vinhoto nos canaviais. Com efeito, há bastante
conhecimento com relação às qualidades da vinhaça para a utilização
como fertilizante e há muitos anos que existe regulação para um plano de
manejo (FERRAZ, 2007). Uma das alternativas é usar a Norma Técnica
aprovada pela Secretaria de Meio Ambiente do estado de São Paulo, que
regulamenta sua aplicação. A Norma poderia ser adaptada e utilizada por
outros estados, inclusive em nível nacional.

Notícias sobre vazamento de vinhaça

Fonte: G1.globo

55
Fontes: G1.globo

- Lei 9605/98- Lei de Crimes Ambientais


Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências.

56
 Gráficos estatísticos de produtores de açúcar e álcool no
mundo

 Gráfico estatístico de consumidores de açúcar no mundo

57
6. CONCLUSÃO

O setor sucroalcooleiro tem destaque por utilizar recursos


renováveis. A qualidade do produto final está diretamente ligada à
qualidade da matéria-prima que deve ser avaliada através da amostragem
na recepção. Portanto deve-se procurar manter as características do
produto industrializado empregando um armazenamento coerente às
necessidades de temperatura e umidade do açúcar. O Brasil é um país
em destaque no setor sucroalcooleiro devido seu clima tropical.

O reaproveitamento dos subprodutos e resíduos da produção do


açúcar destacam-se como soluções o uso do bagaço como combustível
nas caldeiras e da torta de filtro na fertilização da lavoura canavieira,
diminuindo assim os custos de produção. Praticamente toda cana-de-
açúcar que o mundo produz vira álcool ou açúcar, ajudando na economia.

58
7. TABELA DE ASPECTOS E IMPACTOS

59
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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